E
T Ã
“E partiram de Sucote,
e acamparam-se em Etã, que está no
fim do deserto”.
Números 33:6
No
limite do deserto
Nesta série do Livro das
Jornadas, depois de haver visto com ajuda do Senhor uma visão panorâmica e do
sentido espiritual, que tem esse registro na Bíblia, nos detivemos um pouco,
primeiro em considerar Ramessés, e depois nos detivemos também um pouco em
considerar Sucote. Hoje mediante Deus, consideraremos também um pouco a Etã,
que é a terceira destas etapas. Vamos normalmente ao livro de Números, capítulo
33, verso 6: “E partiram de Sucote, e
acamparam-se em Etã, que está no fim do deserto”. Este versículo diz que “Partiram de Sucote e acamparam-se em Etã”,
e acrescenta aqui algo interessante, que é uma frase muito significativa
porque, é uma frase que nos confirma, por inspiração divina, a Etã. Houvera
podido dizer qualquer outra coisa de Etã nesse contexto, mas a frase chave que
se quis dizer foi “que está no fim do
deserto”; não é, todavia o deserto pleno, nem é tão pouco um lugar
completamente plácido, mas que é um lugar intermediário, entre o plácido e o
deserto. Certamente que no caminho das jornadas há deserto e no deserto há
estações. Aqui, todavia não começou o deserto, apenas está no limite do
deserto. Sucote era apenas a fronteira para sair do Egito. Sucote está a vinte
quilômetros de Ramessés e Etã está também a vinte quilômetros de Sucote.
Aqui no mapa que temos não aparece Etã, mas Etã é um pouco
mais para cima, nesta parte do mar, ali onde estão as marismas[2]; ali é onde fica Etã. É
muito interessante ver a maneira como o Espírito do Senhor lhes dirigiu.
Lembremo-nos que Moisés havia sido formado durante quarenta anos na corte do
Egito e que havia sido instruído em toda sabedoria dos egípcios, e uma das
tarefas que tinham os descendentes, os filhos, os sobrinhos de Faraó, era
treinamento militar, e Moisés conhecia muito bem a linha, na qual os militares
seguiriam. Se tomariam o norte, se tomariam o sul; e precisamente quando se
estuda a história do aspecto militar dos egípcios e se compara com essas
escalas que seguiu Moisés, Etã, depois Pi-Hairote, a pessoa se dá conta que
eles seguiram um caminho por onde não ocorreria aos militares egípcios seguir;
e esse é um ponto muito interessante, porque notem nessa frase chave: “Etã, que
está no fim do deserto”. Não está em pleno deserto, nem tão pouco na parte
bonita, senão no fim, uma parte intermediária. Vamos complementar isso para
entender um pouco melhor a circunstância de Etã. Vamos ao livro de Êxodo
capítulo 13, para ver as circunstâncias de Etã e o sentido espiritual que pode
ter para nós.
Etã tem uma parte bonita. Vamos ver primeiro a cara bonita,
mas aí perto está o deserto; não está dentro do deserto, mas aí está a entrada
do deserto. Graças a Deus que essas experiências começam a dar-se desde o princípio.
Observem que é apenas depois de Sucote. Depois de Sucote vem Etã e já vemos
algo agridoce; e ao princípio de nossa experiência cristã também experimentamos
algo agridoce; a parte doce é a seguinte. Vamos ler Êxodo 13, onde já nos
mostra como são as primeiras etapas nas jornadas do povo de Deus. Que cuidados
tem Deus! Porque não nos mete primeiramente no deserto e nos leva diretamente a
guerra, senão que nos mantém num ponto agridoce, com benefícios, mas ao mesmo
tempo treinando-nos, pouco a pouco no difícil. Se o Senhor nos colocasse “de
golpe” no difícil, retrocederíamos, mas se tudo fosse doce e não houvesse nada
acre na borda do deserto, tão pouco seria sábio.
Os
cuidados do Senhor
No princípio de nossa
experiência, o Senhor nos faz experimentar duas coisas, e vamos vê-las,
primeiramente o lado doce. Lemos em Êxodo 13:17-22: “¹⁷E
aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da
terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que
porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte ao Egito”.
Quando ainda se é novo, o Senhor não o põe à frente da batalha; pode haver
pequenas guerras. Estamos ao lado do deserto, vamos ver esta parte também, mas
não é a linha de frente, todavia não é a guerra com os gigantes de Canaã; essa
é posterior. Aqui o Senhor, tinha o cuidado que nas primeiras etapas eles
estivessem mais ou menos cômodos, se sentissem bem; e por isso que quando se é
novo, se sente muito feliz, quase todas as experiências são de alegria, sente
paz, sente tranquilidade; agora consegui trabalho, agora já deixei isso, agora
sim começo a sentir a proteção de Deus e toda essa proteção é verdadeira; só
que há um aspecto da proteção de Deus que tem que se aprender depois, mas não
estamos preparados para aprender de golpe. Se o caminho começa muito difícil, alguém
se assustaria e não começaria. Por isso disse Deus: Para que não se arrependa o
povo quando veja a guerra; quer dizer, sim vai haver guerra, mas, todavia não,
então não os vou levar direto pelo caminho dos filisteus, porque ali entrariam
direto na guerra com os gigantes de Canaã, de maneira que vamos dar uma volta
com o povo, vamos levá-los por outro lado e vamos treinar o povo para a guerra.
Sim vai haver guerra depois, e guerras sérias, mas antes de entrar na guerra, o
povo tem que ser treinado; por isso no princípio o Senhor não nos coloca
diretamente na guerra, senão que temos etapas onde nos sentimos protegidos,
como vamos ler aqui.
“¹⁸Mas Deus fez o povo rodear pelo
caminho do deserto do Mar Vermelho; e armados, os filhos de Israel subiram da
terra do Egito”.
Todavia não se mete no deserto; antes de entrar na guerra o
povo deve ser treinado; porque o que se trata aqui, é de uma guerra; há um
conflito imenso, e do que se trata é de tomar posição nesse drama, mas então, o
Senhor tem que treinar-nos, e não nos levar diretamente a pelejar com os
gigantes de Canaã, senão que vai nos introduzindo, mas não de golpe, senão que,
pouco a pouco para o deserto, pouco a pouco vai nos treinando para que sejamos
soldados bem treinados, para que depois de haver passado pelas experiências
estejamos já preparados e possamos entrar na guerra.
“...e armados, os
filhos de Israel subiram da terra do Egito”; é dizer, que vai haver guerra
e estão armados, mas a guerra todavia não vai ser muito forte, a guerra vai ser
pequena, vai começar por casa como vamos ver agora.
“¹⁹E Moisés levou consigo os ossos de
José, porquanto havia este solenemente ajuramentado os filhos de Israel,
dizendo: Certamente Deus vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus ossos
convosco”.
Isto é muito interessante, porque ainda que eles não iam
diretamente para a terra; iriam a terra de Canaã, e aí os ossos de José que
representa Cristo e a esperança da ressurreição, esses ossos sim, iam para
Canaã, porque José não disse que os deixassem no Sinai, não. Deus os levará de
volta e para lá vão meus ossos, para a terra da ressurreição, mas pouco a
pouco, isso não é tão rápido, nisso se chega pouco a pouco.
“²Assim partiram de
Sucote, e acamparam-se em Etã, à entrada do deserto”.
Pensaríamos: Bem, agora que me converti ao Senhor...; sim,
verdade, no começo tudo é tão lindo, tão precioso, e não se imagina que tinha
que andar pelo deserto para poder estar preparado para vencer os gigantes
cananeus; mas Deus sim, sabe que não é necessário entrar em luta direta, mas
ser treinado pouco a pouco; e por isso o Senhor nos levou a entrada do deserto.
E disse ali que vieram a Sucote, logo saíram de Sucote e foram a Etã. Observem
como o Senhor permite que as primeiras experiências que começaram a ter foram
na parte bonita, na parte agradável.
“²¹E o SENHOR ia
adiante deles, de dia uma coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de
noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de
noite”.
Observem nessas palavras chaves: guiar-lhes e iluminar-lhes,
a fim de que andassem de dia e de noite. Há que aprender a andar; 20
quilômetros havia entre Sucote e Etã; e 20 quilômetros com crianças, com
animais; não é como ir de ônibus, muito menos em avião; isso era caminhando,
era uma jornada longa, assim que não era suficiente o dia, havia que andar de
dia e ao sol. Mas no sol; aí estava a nuvem e se havia que andar a noite na
escuridão, aí também estava a nuvem, mas em forma de fogo; ali estava Deus
começando a mostrar-lhes Seu cuidado; eles começavam a experimentar um cuidado
e uma providência sobrenatural em seus princípios. Claro que na providência
divina também estava passar por situações bem difíceis, onde só se podia
responder ao desafio unicamente com Deus, mas Deus se mostrava como o que os
guiava e, como diz aqui, como o que os iluminava, e essa era a parte positiva,
a experiência agradável.
Por isso quando nós vemos no livro Cantares de Salomão, se
vocês querem acompanhar-me, porque como tudo isso é espiritual, tudo isso se
corresponde. As primeiras palavras em Cantares quando ela fala, são
principalmente palavras de sentimentos agradáveis. Diz: “²Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do
que o vinho”; assim começa o Cantares, quando ela é novinha, isso é a
primeira coisa que diz. Ela estava apaixonada. Logo segue desde o versículo 3: “³Suave é o aroma dos teus unguentos; como
unguento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam. ⁴Leva-me
tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas câmaras; em ti nos
regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do
vinho; os retos te amam”. Observem nessas primeiras
experiências dela; são de sentimentos religiosos agradáveis. Quem ia imaginar
que por aqui, alguns capítulos mais adiante, ia ter outras experiências? Por
exemplo, diz no 5:7: “Acharam-me os
guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o manto
os guardas dos muros”. Como se ia imaginar que essa ia ser sua experiência
uns capítulos mais adiantes?
Tratamento
com a parentela
Ao princípio tudo era
suave, ninguém te feria, muito menos os guardas dos muros; a guardavam; agora
os mesmos guardas a ferem; é uma experiência difícil, contudo mais adiantada,
mais amadurecida. No princípio são sentimentos agradáveis, são sentimentos bonitos,
há proteção, há condução; mas observemos o que nos dizia, que Etã está no
confim do deserto, e diz aqui; na entrada, esse é o confim, não é algo terminado, senão
começa a entrar no deserto, sob a condução de Deus para aprender no deserto;
porque Deus quer que aprendamos a conhecê-lo por fé e não por vista. É
necessária a paciência, porque a paciência é que produz esperança. Notem agora
o outro lado; o deserto está perto, mas começa, como dizíamos, por casa. Sabe
que a palavra Etã é uma pronunciação mais egípcia da palavra Edom. A palavra
Edom era justamente a que se referia a todo o território deles; Edom ficava a
nordeste. A fronteira era em Sucote, atrás ficava o que se podia chamar Egito.
Por esta terra de ninguém era por onde andavam os edomitas; toda essa parte era
dos edomitas. Então se chamava não somente deserto de Sur, senão também deserto
de Etã. A palavra Sur, quer dizer, os beduínos. Muitos dos beduínos de Edom
vinham apascentar nas marismas, porque esta parte verde que aparece aqui no mapa
era a parte bonita, a parte onde havia alimento, onde havia peixes, onde havia
aves, onde havia alho poró, alhos, cebolas, água e também gaviões. Depois vamos
ver sobre os gaviões.
A palavra Etã é uma pronunciação mais egípcia da palavra
Edom. É interessante que o Senhor, de Sucote os levou a Etã; poderiam ter ido a
outro lado, mas a nuvem do Senhor através de Moisés levou a Etã, ou seja, Edom,
e quem era Edom? Era Esaú, o irmão gêmeo de Jacó que havia sido formado no
mesmo ventre, do mesmo pai, da mesma mãe; haviam nascido no mesmo Lar e haviam
convividos juntos; mas por essas “coisas da vida”, pela lição de Deus, Jacó foi
atraído primeiro para Deus. Sim, também veio logo uma benção para Esaú e vamos
ver isso depois. Pai, não tem outra benção? Sim, claro que sim, haverá outra
benção para ti, mas não essa; essas são as primícias, esses são os
primogênitos. Sim, você também será um povo forte e no final vai tirar o jugo
de teu irmão, mas o Senhor deu a primogenitura a seu irmão; no final
praticamente o jugo do primogênito vai ser de Jacó, vai ser tirado de você;
isso é depois, mas primeiro vai Jacó e depois Edom.
Edom simboliza aqui a parentela, e quero chamar a atenção
porque aqui começa algo. Vamos ver em Gênesis 12, a Sucote e a Etã, na saída de
Abraão. Quando Abraão estava saindo de Ur dos Caldeus, no livro de Gênesis, no
capítulo 12, observem como começa essa saída, por onde começa. Gênesis 12:1;
ali está o começo da saída, ou seja que esta parte do começo da saída das
pisadas de Abraão se corresponde também com as jornadas, porque recordem-se o
que Paulo nos ensinava das jornadas em 1 Coríntios 10, que era um exemplo para
nós. Mas o que nos diz Paulo em Romanos 4? Ali nos diz que nós seguimos as
pisadas da fé de nosso pai Abraão. Assim diz Romanos 4:12: “E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da
circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai
Abraão, que tivera na incircuncisão”. Não somente os que são da
circuncisão, quer dizer, para nós que somos gentios, mas crentes, senão que
também seguem, como Abraão teve certas pisadas; nós os crentes gentios também
seguimos as mesmas pisadas. Antes de Abraão ser circuncidado, antes de ser
livrado da sua carne, ele começou a ter umas pisadas da fé, e nós o povo
espiritual de Abraão, os gentios que cremos como Abraão, seguimos essas mesmas
pisadas de fé de Abraão; quer dizer que o povo de Deus segue as pisadas de
Abraão e também as jornadas de Israel, e as jornadas de Israel e as pisadas de
Abraão tem correspondência entre si porque refletem as etapas da caminhada do
povo de Deus.
Que sigamos as jornadas de Israel no deserto, que sigamos as
pisadas de Abraão, essas pisadas as seguimos nós, essas jornadas são um exemplo
para nós, de maneira que há uma correspondência entre as pisadas da fé de
Abraão e as jornadas de Israel no deserto, e essas primeiras pisadas, Sucote e
Etã, estão aqui quando começam as primeiras pisadas de Abraão. Em Gênesis 12:1
diz: “Ora, o SENHOR disse a Abraão:
sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu
te mostrarei”. Essa é a primeira etapa, aí está Sucote; Sucote é a
enramada, que quer dizer peregrinação; quer dizer, saímos do mundo e partimos
sem saber para onde vamos, mas vamos pela fé, atrás de Deus; Deus nos vai levar
a uma terra que Ele sabe, e nos pede para sair da nossa. Mas não só tem que
sair da terra; agora vem Etã. “¹...Sai-te
da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te
mostrarei. ²E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o
teu nome; e tu serás uma benção. ³E abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias
da terra”.
As famílias vão ser benditas, sim, mas depois que você
tenhas obtido a semente que eu te prometo; mas antes de que hajam obtido a
semente que eu te prometo, todavia as famílias não são benditas; por isso tem
que sair da tua parentela; tua parentela todavia não é bendita. Sim vai ser
bendita, quando receber a semente que eu vou dar a ti, o Cristo, então aí as
famílias serão benditas, mas não no princípio. Então as primeiras lutas que tem
os cristãos, são com sua própria parentela. É necessário sair da sua terra, aí
está Sucote. Notem que Ur dos Caldeus representa Ramessés, a estadia em Harã
representa Sucote, a primeira etapa da caminhada; mas em Harã todavia está
Terá. Até que Terá não morreu, Abraão não continuou. Só depois que morreu Terá
continuou Abraão, mas, todavia seguia caminhando para a terra prometida; é que
não se sabe de golpe, mas pouco a pouco.
Jesus
causa dissensão na família
Irmãos, este assunto de
parentela, sempre começa no princípio da vida cristã. Quando alguém se
converte, os primeiros com quem se começa a ter problemas é com os próprios
parentes; como disse o Senhor Jesus, que os inimigos do homem são os da própria
casa[3]. Se é mulher, seu marido;
se é pai, seus filhos, e se é mãe, seus filhos, ou se é homem, pode ser sua
mulher, e por isso o Senhor começa a dizer: “Se
alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”[4].
Quer dizer, que para começar no discipulado tem que colocar o Senhor primeiro
que a parentela, e por isso tem que tomar o caráter de peregrino em Sucote, e
deixar também a parentela em Etã, Edom seu parente próximo. Analise o Salmo 45. Deus diz o mesmo a
amada; esse é um Salmo de matrimônio, é onde se canta ao Rei no dia do seu
casamento. Claro que, como corresponde, nos primeiros versos se fala ao cabeça,
o marido. “¹O meu coração ferve com
palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei. A minha língua é a
pena de um destro escritor. ²Tu é mais formoso do que os filhos dos homens; a
graça se derramou em teus lábios; por isso Deus te abençoou para sempre”. E
começa a falar do rei, e fala do rei até que chega no versículo 9, mas no
versículo 10, diz: “Ouve, filha”,
esta é a esposa, porque observe como começou o Salmo. Ao músico principal,
sobre lírios. Masquil dos filhos de Coré, Canção de amores; e não há amores de
um só lado. Então a primeira parte é o marido, a segunda parte é ela, e diz: “Ouve, filha, e olha, e inclina os teus
ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pai. Então o rei se afeiçoará
da tua formosura, pois ele é teu Senhor; adora-o”.
Agora já não é como antes; antes não havia deixado tua
parentela, antes estava ao lado do governo de teu pai e de toda a família e do
seu clã; os costumes familiares; mas agora estás começando a sair após o
Senhor, seguindo as pisadas da fé de Abraão. Então tem que sair da terra e tem
que sair também da parentela. Irmãos, a Palavra do Senhor tem muitos versículos
onde nos fala de parentela; sim há promessas para a parentela, assim como há
promessas para Edom. Sim, não tens para mim outra benção? Sim claro, ali há
benção para você também, depois, e depois vai tirar o jugo, vai ser forte. Mas no
princípio, Edom não foi amigo de Jacó, e às vezes, ainda que no futuro nossos
parentes vão ser do Senhor, conforme a promessa crê em Jesus Cristo e serás (no
futuro) salvo tu e tua casa, enquanto essa palavra não se cumpre, enquanto essa
parentela chegue a crer e ser salva, e comece a experimentar o mesmo que tu
experimentaste, enquanto isso, essa mesma parentela vai te atrapalhar, essa
mesma parentela não vai te entender, vai te criticar, vai te criar problemas, e
por isso o deserto está aí, apenas está começando. Começa por casa; essa é a
entrada no deserto, o problema está aí, na entrada.
Ai! Se eu lesse para eles alguns versos! Não vou ler para
minha esposa, porque ela já passou o deserto, mas vou ler alguns versos, por
exemplo, no livro de Miquéias. Vamos ler no livro de Miquéias alguns versículos
que são bem sérios. Observe o que diz o Senhor a Seu próprio povo; note que é
Deus que nos manda ser sociáveis, mas é tão difícil ser; e nos diz Deus em
Miquéias 7:5-6: “⁵Não creias no amigo, nem confieis no
vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca.
(bem, mas pelo menos minha esposa. Quem disse? Deus) ⁶Porque o filho despreza ao pai, a
filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem
são os da sua própria casa”. Isso disse o Senhor Jesus, e dizia
primeiro através de Miquéias, que os inimigos do homem são os da sua casa. Esta
palavra de Miquéias demonstra que a luta do cristão no princípio, começa em
casa. Quando não se convertem ao mesmo tempo, quando um se converte primeiro,
se foi primeiro o marido, a esposa e os filhos vão lhe criar problemas. Se se
converte primeiro o filho, os pais e seus irmãos vão lhe criar problemas, vão
lhe criticar, vão lhe acusar, vão lhe atacar.
Esse é Etã, deixar a parentela. Essa é uma etapa que tem que
começar desde o princípio. Os inimigos do homem serão os de sua casa. Diz que
os filhos aborrecerão os pais, os entregarão alguns até para morrer; pode ser
que depois se convertam. Sim. Paulo esteve de acordo que matassem a Estevão,
mas se você observa o que registrou Lucas de Estevão no livro de Atos, vê o que
ensinou Paulo em suas cartas, já estava o germe no ensino de Estevão quando
morria; o que Estevão ensinou antes de ser apedrejado já contém a mensagem que
depois pelo Espírito Santo de Deus desenvolvera Paulo; mas observem que quando
Paulo escutou essa mensagem, não o olhou muito contente, cerrava os dentes
contra Estevão e aprovava que o matassem, e se encarregava de cuidar da roupa
para que o matassem a pedradas. Mas essa sementinha entrou e começou a molestar
e ele começou a recalcitrar contra os aguilhões, e recalcitrava e recalcitrava,
mas essa sementinha seguia cravando, seguia cravando, até que lhe disse o
Senhor: “... Dura coisa te é recalcitrar
contra os aguilhões”[5];
e assim nossos parentes pouco a pouco depois entenderão; há um aguilhãozinho que lhe está cravando, há uma promessa: “...Crê no Senhor Jesus Cristo e serás
salvo, tu e a tua casa”[6];
por isso está no futuro, enquanto isso, terá que suportar. Eu penso que cada um
aqui tem uma história para contar, e na verdade que foi desde o começo, desde
que se decidiu por Cristo, já começou o mal entendido, já começou o mal estar,
tens uma luta grande, são teus entes queridos, por isso é à borda do deserto,
apenas a entrada ao deserto, mas ai! ai! ai! Não há cunha que aperte mais que a
sua própria. Verdade irmãos? Agora, observemos em relação com esses versos de
Miquéias 7:5-6. Vamos a Mateus 10:34-39 e logo a Lucas 12:49-53. Diz Jesus em
Mateus 10:34-39: “³⁴Não cuideis que vim trazer a paz à
terra; não vim trazer paz, mas espada (quer dizer, assim como
está a terra agora, a dizer-lhes que estejam em paz, não, não; colham o que
vocês são, e se se converterem, sim, mas enquanto isso não vim trazer paz a
terra). ³⁵Porque
eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a
nora contra sua sogra”. Por causa de quem? Cristo. Eis que
tenho vindo, diz, para pôr em dissensão; vocês vão começar a pelejar por minha
causa. Por que foi que o imperador Claudio expulsou os judeus de Roma? Porque
discutiam acerca de Cristo. Assim diz o historiador Suetonio. E por causa das
discussões entre judeus e cristãos em Roma, que eles se alvoroçaram tanto, que
o imperador Claudio teve que expulsá-los, porque discutiam acerca de Cristo; e
além do historiador Suetonio, algo sobre esse assunto é mencionado em Atos dos
Apóstolos. Os crentes que começam, todavia tem que passar por muitas coisas,
tem que aprender muitas coisas.
“³⁶E assim os inimigos do homem serão
seus familiares. ³⁷Quem
ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou
a filha mais do que a mim não é digno de mim”. Onde começa essa
dissensão? Justo na borda do deserto, ao entrar no deserto; aí é onde tem que
tomar a decisão. Se por não incomodar aos pais, ou ao esposo, ficas no mundo
com eles, ou se decides ser peregrino e deixar tua terra e tua parentela. Então
diz: “³⁸E
quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. ³⁹Quem achar a sua vida perdê-la-á; e
quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”.
Em Mateus 16:24, também encontramos versos semelhantes: “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim,
renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”. Note-se que
foi dito no contexto de amá-lo, antes do pai, antes da mãe, antes dos filhos,
antes das filhas. Amém!
Agora vamos observar Lucas 12:49-53: “⁴⁹Vim
lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso? ⁵⁰Importa, porém, que seja batizado com
um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se! ⁵¹Cuidais vós que vim trazer paz à
terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; ⁵²Porque
daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois
contra três. ⁵³O
pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a
filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua
sogra”. Fixem-se porque foi necessário escrever a epístola
aos Hebreus, porque houve essa perseguição contra os crentes israelitas que se
converteram a Cristo; sem impedimento, começavam esses conflitos e não se
atreviam a dar o passo completo para a fé, e queriam voltar ao que estavam
acostumados, e especialmente no judaísmo; como consequência os deserdavam; os
mulçumanos também os deserdam, e às vezes até mandam matar. Por isso diz Paulo
aos tessalonicenses: “Porque vós, irmãos,
haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus
Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que
os judeus lhes fizeram a eles” [7].
Quer dizer, de nossa própria parentela, que nos deserdou e nos acusou. Por
exemplo, o que aconteceu com nosso irmão Nacho, Tão logo se converteu a Cristo,
o tiraram da casa, teve que ir viver com o irmão Sixto Lopez: e há muitos que
lhes tem acontecido isso; e não acontece depois, acontece no início da caminhada.
Por quê? Porque é algo que acompanha a conversão, e que pode seguir a Sucote
senão Etã? Porque Sucote é começar a ser peregrino, e quando se começa a ser
peregrino, de quem temos que se apartar em primeiro lugar? Não é da família, se
a família não o acompanha? Se a família o acompanha, não há problema; mas se
não; e se te atrapalha e se te acusa e se está contra você? Deve tomar uma
decisão.
Graças a Deus pelos que podem ir juntos, e cremos que assim
está bem; que aqueles que se opõe vão ser salvos, porque o Senhor disse: “... e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem...”[8];
e isso começa por casa. Os inimigos do homem serão os da sua casa; os que mais
lhes porão problemas serão os seus próprios. Então, que diz o Senhor? Tem que
deixar a terra. “Ouve, filha, e olha, e
inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pai. Então o
rei se afeiçoará da tua formosura...”. O Senhor deseja a beleza da esposa.
Em Etã se inicia uma experiência agradável, onde o Senhor
nos guia, onde o Senhor nos ilumina, onde o Senhor não nos leva à frente de
batalha; mas me leva ao começo da guerra, nos leva armados desde o princípio.
Saíram armados e não foram direto confrontar-se com os cananeus, os gigantes em
Israel, em Canaã, não. Foram por Etã, mas aí começava o deserto, aí começava a
luta com o deserto; depois é com o Egito, com o mundo, mas primeiro começa com
a família. Amém, irmãos! Então o Senhor está conosco, temos experiências
agradáveis; o Senhor não permite que tenhamos lutas muito difíceis; temos
experiências espirituais lindas. Recebemos perdão, graça, muitas coisas, mas ao
mesmo tempo um sabor agridoce; a parte acre é que não nos entendem. Eu pensava
que lhes ia contar e eles me entenderiam, mas não entenderam; ao contrário, o
que aconteceu foi que me insultaram e disseram que eu enlouqueci. Eu recordo
que uma vez estava aí na sala dobrando uns folhetos, desses que distribuímos
por toda parte, de evangelização, e veio minha irmã e agarrou o folheto e o
levou, e o primeiro que fez foi chamar minha mãe. Olha mamãe: Gino ficou louco. Esse foi o efeito do folheto para
ela; agora ela já se converteu, agora é uma filha de Deus, já é minha irmã na
fé e minha mãe também; meu pai também recebeu a Cristo, mas não foi assim no
princípio. Quando orei ao Senhor por eles, o Senhor deu-me eles, mas passaram
nove anos para que começassem a se converter desde que o Senhor me deu eles. Eu
orava ao Senhor e Ele me disse: Te dou eles. Eu cri. Senhor os recebo, recebo
minha família. Mas nove anos demorou até que chegou a converter-se a primeira,
que foi minha mãe; nove anos depois que o Senhor os tinha me dado. Então,
irmãos, por algo o Senhor menciona desde o começo a Abraão. Abraão, vamos
começar: Estás em Ur, é como dizer, Ramessés; bem, deixa tua terra, ou seja,
vamos ser peregrinos, passa para Sucote, mas também deixa tua parentela,
passemos a Etã. As primeiras pisadas da fé de Abraão e as primeiras jornadas de
Israel no deserto. Amém!
[1] Ensino
na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, América do Sul, 21 de
janeiro de 2000.
[2]
Espécie de Pântano de água salgada
[7] 1
Tessalonicense 2:14
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