terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

27ª Jornada - MOSEROTE


Jornada 27

M O S E R O T E [1]

“E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote”.
                                                                                                                                 Números 33:30
Uma aparente contradição
         Vamos estudar a Palavra com ajuda do Senhor. Continuamos hoje, sexta, a série do Livro das Jornadas, e para isso vamos ao capítulo base que é Números 33, versículo 30, que é o que corresponde a presente jornada. Números 33:30 diz: “E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote”. Essa jornada para Moserote é outra das jornadas que corresponde ao nível dos anciãos e à transição de uma geração antiga a uma geração nova, e que somente no livro de Números é mencionado Moserote. Sem restrição no livro de Deuteronômio há o que poderíamos chamar um agregado, entre parênteses ao discurso de Moisés, onde se nos revela algo, tanto desta, como das jornadas imediatas que se seguem. De maneira, pois, que convido a meus irmãos me acompanharem no capítulo 10 do livro de Deuteronômio; e vamos ler com extremo cuidado, porque aqui há um assunto que a primeira vista pode parecer estranho até que o Espírito Santo o esclareça. Deuteronômio capítulo 10; quer dizer, o relativo a estas jornadas imediatas desde Moserote, Bene-Jaacã, Hor-Hagidgade, Jotbatá, que aparecem também mencionadas em Números 10, só que ali aparecem alguns assuntos que é necessário tê-los em conta.
         Então, para enriquecer Números 33:30 relativo a Moserote, vamos logo a Deuteronômio 10:6-7: “⁶E partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã a Moserá; ali faleceu Arão, e ali foi sepultado, E Eleazar, seu filho, administrou o sacerdócio em seu lugar. ⁷Dali partiram a Gudgodá, e de Gudgodá a Jotbatá, terra de ribeiros de águas”. Vocês podem então se dar conta que ainda que a ortografia nesta versão seja diferente, não é assim no original hebraico, porque a palavra Gidgade é a mesma que se utiliza Gudgodá; é exatamente as mesmas letras, somente que em Gudgodá se lê acrescentando a letra “he”no final porque não está falando de Hor-Hagidgade; e aqui onde diz Moserá, o diz no singular. Moserote é no plural, e esse plural e este singular nos ajudam a entender um fenômeno que aparece aqui. Se Você o lê assim a primeira vista, aparentemente pareceria que houve uma contradição; porque Números diz assim: “³⁰E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.”; logo diz: “³¹E partiram de Moserote, e acamparam-se em Bene-jaacã.”; logo diz: “³²E partiram de Bene-Jaacã, e acamparam-se em Hor-Hagidgade.”; e logo diz: “³³E partiram de Hor-Hagidgade, e acamparam-se em Jotbatá”. Vocês se dão conta que essas jornadas se deram naquele lugar, mas aqui em Números 33, diz: “E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.”, e logo de Moserote acamparam em Bene-Jaacã; mas em Deuteronômio diz: “E partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã a Moserá; ali faleceu Arão,...”.
         Eu quero que vocês observem comigo para esclarecer isto outra vez em Números 33:38-39, que depois voltaremos a ele: “³⁸Então Arão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, conforme ao mandato do SENHOR; e morreu ali no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês. ³⁹E era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no monte Hor”. Aqui aparece em Números 33, Arão morrendo no monte de Hor; em Deuteronômio 10:6 aparece morrendo em Moserá; e aqui em Deuteronômio 10:6 aparece mencionado Moserá depois de Bene-jaacã e antes de Gudgodá e Jotbatá; e em Números aparece Moserote antes de Bene-jaacã, e seguindo Bene-Jaacã, aparece Hor-Hagidgade e Jotbatá. Isto que a primeira vista poderia parecer uma contradição, temos que nos recordar que é inspirado pelo Espírito Santo. A fé do Senhor Jesus disse: “Toda Escritura é divinamente inspirada,  ...”[2] O Senhor Jesus disse que nem um jota nem um til podem passar da lei, e que a Escritura não pode ser anulada;[3] e o Espírito Santo depois por Paulo diz: toda escritura é inspirada por Deus. Eles tinham estas mesmas Escrituras que temos nós. A igreja e o povo de Israel tem tido estas mesmas Escrituras desta maneira e assim as tem deixado. O que a primeira vista parecia uma contradição, é justamente o que revela o nome Moserote; é uma coisa muito interessante a que quero chamar a atenção. Em primeiro lugar, olhem uma coisa: Diz Números 33:2: “E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme ao mandato do SENHOR; e estas são as suas jornadas, segundo as suas saídas.”; quer dizer, que a ordem real das jornadas é a que aparece registrado aqui em Números 33, porque o propósito do capítulo 33 era, por ordem de Deus, mencionar essas jornadas em sua respectiva ordem, por ordem de saída; isso quer dizer que o propósito deste capítulo que é tão minucioso, era este. Aqui é onde está a legítima ordem; portanto: “E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.”; depois: “E partiram de Moserote, e acamparam-se em Bene-Jaacã”. Agora vamos ver qual é o fenômeno em deuteronômio capítulo 10: então vocês observem que isto que acabamos de ler no versículo 6 é um parênteses em um discurso de Moisés; o parênteses vai desde o versículo 6 até o versículo 9. Vocês podem ver o parêntese; esse parêntese é agregado posteriormente. Vocês sabem que Moisés bem pôde agregá-lo, ou inclusive o mesmo Josué, quando esteve copiando; pode haver, por inspiração divina, agregado esta passagem neste contexto e graças a Deus, foi agregado este parêntese. Agora observem que é um parênteses, porque Moisés está narrando um discurso. Se eu salto o parêntese, vocês se dão conta como verdadeiramente isto foi acrescentado posteriormente, guiado pelo Espírito Santo; pode ser pelo mesmo Moisés ou por Josué quando copiou. Diz o livro de Josué que Josué copiou isto e acrescentou suas palavras; isso o diz claramente o livro de Josué. De maneira que pode haver sido o mesmo Moisés o que acrescentou ou Josué. Originalmente Deuteronômio foi ditado e lido nos campos de Moabe; quer dizer, no futuro. Quando se escreveu Números, o objetivo de Números era contar as jornadas em sua ordem; em contra partida Deuteronômio tem outro propósito; o propósito de Deuteronômio é preparar o povo para tomar a terra.
Um parêntese explicativo
         Olhem o que estava fazendo Moisés desde o capítulo 10, verso 1 de Deuteronômio; vamos captar a continuidade do discurso de Moisés. Moisés está no campo de Moabe, a ponto de entrar na terra de Canaã, e aqui no campo de Moabe é onde ele ditou, escreveu e leu Deuteronômio em uma boa parte: “Naquele mesmo tempo me disse o SENHOR:...”; naquele tempo. Ao que está se referindo Moisés com esse; naquele tempo? Pelo contexto, aqui nos campos de Moabe, Moisés está recordando aos Israelitas o que aconteceu aqui no monte Sinai, ao sul da península; quer dizer, que Moisés nos campos de Moabe, antes que o povo entrasse em Canaã, está recordando aqui o que aconteceu no deserto de Sinai, especialmente no monte Sinai. Observem no discurso de Moisés:
“¹Naquele mesmo tempo me disse o SENHOR: (naquele tempo, não é agora, o que me disse?) Alisa duas tábuas de pedra, como as primeiras, (isso foi no mote Sinai, se dão conta?) e sobe a mim ao monte, e faze-te uma arca de madeira; ²E naquelas tábuas escreverei as palavras que estavam nas primeiras tábuas, que quebraste, e as porás na arca. ³Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, e alisei duas tábuas de pedra, como as primeiras; e subi ao monte com as duas tábuas na minha mão. ⁴Então escreveu nas tábuas, conforme à primeira escritura, os dez mandamentos, que o SENHOR vos falara no dia da assembleia, no monte, do meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim;E virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e ali estão, como o SENHOR me ordenou”. Logo seguimos o verso 10: “¹⁰E eu estive no monte, como nos primeiros dias, quarenta dias e quarenta noites; e o SENHOR me ouvia ainda por esta vez; não quis o SENHOR destruir-te. ¹¹Porém o SENHOR me disse: Levanta-te, põe-te a caminho adiante do povo, para que entrem, e possuam a terra que jurei dar a seus pais”.
         Se dão conta que esse é o discurso normal? Este discurso foi o que escreveu inicialmente Moisés e foi o que leu Moisés ao povo; depois este discurso o copiou Moisés outra vez, o copiou diante do povo e o entregou aos anciãos. É possível que haja sido Moisés mesmo quem copiou isto para ilustrar a fidelidade de Deus, apesar do que havia passado com o povo, quando eles foram infiéis e o Senhor quebrou as tábuas de pedra. Pode ser o mesmo Moisés, ou pode ser talvez depois Josué, quando ele copiou outra vez no monte, e que havia acrescentado este parêntese. Note que esse parêntese está falando de outras coisas distintas ao discurso. Diz: “E partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã ...”; mas aqui não vinha falando ele disso, senão do monte Sinai; quer dizer, que o objetivo deste parênteses não é histórico, serve para demonstrar o fiel que Deus havia sido com os Israelitas. Porque observem até quando foi que chegou a morrer Arão? Depois; ou seja, que o Senhor foi misericordioso, o Senhor olhou a Moisés, o Senhor teve misericórdia e permitiu que Arão tivesse todo o tempo; e recém morresse em Moserá, que é um dos lugares daquela cordilheira de Seir.
         Então o monte Seir é um monte que tem muitos lugares; uma parte desses lugares é o monte Hor. Nesse monte Hor morreu Arão, e esse monte Hor é um dos Moserote; porque Moserote é no plural e Moserá é no singular. Isso significa que Moserote é o plural de Moserá, pois a terminação ote (feminino) faz o plural em Hebraico. Então o monte Hor é o mesmo Moserá. Moserá era um dos Moserote. Eles acamparam primeiramente em Moserote; logo de Moserote passaram e Bene-Jaacã, logo regressaram outra vez, passando por Moserá, para Hor-Hagidgade ou Gudgodá, e aí seguiram a Jotbatá. Eles fizeram uma entrada antes de que Arão morresse; porque vocês se dão conta por Números 33, que a morte de Arão foi depois de passar por Bene-Jaacã, por Hor-Hagidgade, por Jotbatá, por Abrona, por Eziom-Geber, por Cades, e recém depois chegaram ao monte Hor. Mas aí está o significado; eles passaram por um lugar que era recordado depois como aquele no qual havia morrido Arão; mas logo eles tornaram a passar. Aqui em Deuteronômio, não se está contando a ordem escrita das jornadas, porque esse não é o propósito do parêntese; o propósito do parêntese é recordar a fidelidade de Deus com Arão, reservando-o até depois, e depois com os levitas, como vocês veem que diz ali, que ali os levitas tiveram águas e que foram encarregados de levar a arca, etc. De maneira que o propósito dos parênteses não era histórico geográfico; quando se menciona a morte de Arão em Moserá, não está se mencionando no sentido de ordem cronológica.
         Digamos uma coisa: eu lhes conto uma viagem que fiz, por exemplo, à costa Atlântica; então eu lhes digo: passei por Ciénega, cheguei a Santa Marta, onde morreu Simón Bolívar; ali na quinta de São Pedro Alejandrino; e passamos a Barranquilla e a Cartagena. Então mas como? É estranho, pode parecer estranho, porque como vou eu para Ciénega, logo vou para um lado a Santa Marta, e ali morreu Simón Bolívar, mas Simón Bolívar já havia morrido antes? Não, é que eu não estou dizendo que morreu nesse momento, senão que foi ali onde ele morreu; meu propósito não é dizer o horário, nem a cronologia, senão simplesmente recordo que ele morreu ali, mas não nesse momento. Assim também quando nós vemos aqui em Deuteronômio que passaram por Moserá, diz, todavia não havia morrido, senão que está recordando que foi ali; quer dizer, que eles passaram por Bene-Jaacã, por Gudgodá e por Jotbatá mas como havia uma entrada e saída, porque eles passaram duas vezes por Moserá, na ida, passaram quando se chamou Moserote, e aqui é plural. De maneira que o que estamos vendo hoje, é a passada por Moserote. 
         Deve-se ter em conta que são vários Moserote, vários lugares chamados Moserote; por isso aparece no plural, e um desses é Moserá, que corresponde ao mesmo monte Hor, onde depois morreu Arão; mas claro, ele está recordando que haviam passado por ali; porque diz: De Hasmona passaram a Moserote, de Moserote a Bene-Jaacã, de Bene-Jaacã a Gudgodá; mas é o mesmo se estamos falando aqui na Colômbia que de Ciénega ir a Santa Marta, e logo de Santa Marta a Barranquilla, se passa outra vez por Ciénega. Veem? Se algo sucedeu em Ciénega, podemos recordá-lo sem dizer se foi na ida ou na volta; sabemos se foi na ida ou na volta pelos outros versículos; sabemos que em Moserá morreu Arão, que é o mesmo monte Hor, um dos Moserote, mas morreu na volta; quer dizer, a segunda vez que passaram por ali; porque diz aqui em Números 33, que eles haviam passado antes de morrer Arão, por Bene-Jaacã, Hor-Hagidgade, Jotbatá, Abrona, Eziom-Geber, Cades e monte Hor; e ali foi quando cronologicamente morreu Arão; mas Arão já havia passado, e aqui está o significativo; Arão já havia passado por onde havia de morrer. E isso é muito expressivo, irmãos, porque é como se os anciãos recebessem da parte do Senhor um aviso, um passo à frente, uma espécie de premonição para que estejam preparados. Deus não os toma de surpresa. Aqui onde estás agora, aqui, Arão, vais morrer; contudo não morreu; passou. Depois, quando voltaram ali, rumo ao outro lado, aí recém foi que morreu. Dão-se conta? Eles não passaram uma vez só por esse lugar, senão que é como se Deus lhes houvera antecipado a questão; passaram primeiramente por aí. Então Moserote é uma palavra muito significativa. Este Moserote, equivale a Moserá; só que Moserá no singular, é um só, e Moserote é plural. Moserote é um lugar amplo desses Moserote onde eles estiveram acampando na estação que estamos vendo hoje. Nesses Moserote havia um dos Moserote, ou seja uma Moserá, que era o monte de Hor, por onde eles primeiro passaram e todavia não morreu Arão; mas esteve onde ia estar depois. Isto é como uma antecipação que Deus lhe dava.
Um jugo que se leva com outro
         Irmãos é muito importante que os irmãos maduros, as pessoas que estão na frente da obra do Senhor, recebam estas antecipações da parte de Deus. Em primeiro lugar quero mencionar lhe o que significa a palavra Moserote; a palavra Moserote significa: cinta[4] ou prisões ou como dizer um jugo que se leva com o outro. Cinta é como dizer: levar o jugo com, ou seja, ser aprisionando, não preso no sentido negativo, senão de ser conduzido no jugo com outro. Essa é a experiência justamente dos anciãos quando estão chegando para o final; eles tinham essa experiência de antecipação e de ser conduzidos como diz aqui.
         Vamos ver uns versos que nos ilustram estas prisões ou estas cintas. Vamos primeiro a Isaías 28, para entender a que se refere esta experiência espiritual. Para entender o contexto vou ler Isaías 28, desde o versículo 9 até o 13. Já no contexto do repouso em Rissa havíamos visto este verso; mas agora veremos outro aspecto no contexto de Moserote ou de prisões ou cintas, de ser levado preso, como prisioneiro do Senhor. Diz aqui: “⁹A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? ... ”; quer dizer, Deus vai ensinar, e esse ensino conduz a caminhar ao passo de Cristo, ao verdadeiro repouso. Porque, que disse Jesus? “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração ...”.[5] Quando nós não levamos o jugo com Ele, não andamos no mesmo ritmo dEle; então nós não somos conduzidos por Ele, temos que sofrer e aprender até caminhar com Ele e ser conduzidos com Ele à morte de nós mesmos; chegar a ser prisioneiros de Cristo até ser conduzidos a morrer, para os nossos próprios interesses, a nossa própria pessoa. No princípio não, mas assim é; olhem o que diz: “⁹A quem, pois, se ensinará o conhecimento? E a quem se daria a entender a doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado dos seios?” Não, são muito bebês; é difícil, com eles não; claro que não; então como vai ser? “¹⁰Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. ¹¹Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este povo. ¹²Ao qual disse: Este é o descanso; (este é o repouso, o andar com o Senhor) dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir”. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso”; mas não quiseram ouvir. Ah! então tem que aprendê-lo. Agora, como não se aprende de um dia para o outro andar com o Senhor, no repouso, então “¹³Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, (essa é a cruz) e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos”.
Glorificar a Deus com a vida e com a morte
         Esse presos, essa é a lição, essas são as cintas, esse é Moserote, esse é ser preso; quer dizer, o Senhor nos está conduzindo ao descanso, mas no jugo de Cristo; quer dizer, ser levados até ser presos. Por isso Paulo não dizia que ele era prisioneiro de Nero; ele sabia que não era Nero o que o havia posto preso; ele se considerava prisioneiro de Cristo por vós os gentios. Isso significa que o Senhor o havia conduzido a andar em tal união com Cristo, a levar o jugo com Cristo, a morrer com Cristo, de tal maneira que ficou prisioneiro de Cristo; já não andava ao seu modo. Veem? Dietrich Bonhoeffer, um homem de Deus, mártir de Cristo, que foi martirizado no tempo de Hitler, um homem de Deus na Alemanha, ele disse uma frase que sintetiza isso: Quando Deus chama um homem, o chama para que venha e morra. Isto vamos entender melhor, lendo aqui em João.
         Vamos ao evangelho de João 21: 17-19. Aqui está a essência do que significa Moserote: cintas, prisioneiros, mas prisões nesse sentido; o Senhor te conduz para a morte de ti mesmo. Ao princípio olhem como era: “¹⁷Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas”. Aqui está um ancião, um ancião que não confia em si mesmo. Ele havia dito: Senhor, porei minha vida por ti; mas o Senhor lhe ensinou que ele não era confiável, que ele não estava pronto para ir onde a ele lhe parecia, senão que ele tinha que pôr o jugo do Senhor, porque ele não era confiável; o único confiável era o Senhor. Tinha que ser preso do Senhor e ser guiado pelo Senhor. Agora o Senhor lhe diz: Me amas? Pela terceira vez. Senhor, tu o sabes tudo; e se entristeceu Pedro; quer dizer, eu não confio em mim, confio em Ti; e o Senhor lhe disse: apascenta minhas ovelhas. Aqui está um ancião, aqui está Moserote. E lhe disse assim o Senhor: “¹⁸Na verdade, na verdade te digo que, quando era mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, (como dizia ali em Isaías, e cairão para trás, presos, essa é a cruz) e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras”.
         Quando eras jovem, você ia onde querias, mas à medida que o Senhor vai te agarrando, vai te apanhando, vai te apanhando, vai te apanhando, te prende, como dizia Bonhoeffer, te chama para morrer, para caminhar com Cristo e ser guiado por Cristo, em união com Cristo à morte de ti mesmo; quando era mais jovem ia onde querias, mas quando for velho, já quando for ancião, já não vais onde quer, já não vai ser você que organiza as coisas do seu modo, não vai ser você que manobra, senão que o Senhor vai te ter de tal maneira preso, que te vai levar contra sua própria vontade natural , e você estenderás os braços. Essa é a cruz. “... estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. ¹⁹E disse isto, significando com que morte ele havia de glorificar a Deus ...”. Não somente há que glorificar a Deus com a vida, senão que há que glorificar a Deus também com a morte; e Deus o faz entender de antemão. Arão passou por aí ele sabia que depois tinha que morrer aí; quer dizer, primeiro esteve aonde havia de morrer e não morreu; passar por Moserote foi uma antecipação, como uma premonição; porque depois foi aí que ficou. Se dão conta? “E, disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me”. Segue-me, aonde? A esta morte, segui-me a esta morte, põe-te em cinta comigo, sê prisioneiro Meu e deixa-te guiar a morte de ti mesmo.
         Irmãos, isso é verdadeiramente para onde somos conduzidos; e a verdadeira maturidade no corpo de Cristo não consiste em ir onde se quer, senão em ser levados mais e mais a morte de si mesmo; e o Senhor te avisa de antemão e você o entendes de antemão. Já sabes; todavia não tens chegado a isso, mas sabes que é aí onde tens que ir. Essa é a vontade de Deus. Antes ias e vinhas quando querias, mas quando for velho estenderás tuas mãos e outro te cingirá e te levará aonde você não queira. Aonde é isso? À morte, para glorificar a Deus com tua morte. De maneira, pois, irmãos, que esse ser preso a Cristo, prisioneiro de cristo, para ser conduzido a morte de si mesmo, isso é o que quer dizer Moserote: cintas, prisões, uma antecipação da morte; dando a entender com que morte havia de glorificar a Deus. Isso se diz aqui a respeito de Pedro. Agora Pedro começou a perguntar: E João? Então o Senhor lhe diz: “... Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu”. Alguém diz: Não, mas se ele não me pede perdão, eu tão pouco peço. Não, não, você pede, ainda que o outro não peça; você concerta tuas coisas, concertas as suas coisas primeiro, não espere que os outros as concerte; concerta você, porque isso é o que diz o Senhor: “²⁵Concilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. ²⁶Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. (Mateus 5:25-26) Ali está uma admoestação de Deus, não se fazer de bobo, não adiar as coisas. Põe-te de acordo com ele antes de tua morte; antes de morrer deve ter as coisas acertadas. Por isso diz: Lhes tenho dado tempo para que se arrependam, mas não quiseram; eis que a teus filhos ferirei de morte;[6] quer dizer, sempre há uma admoestação. Deus não quer a morte do ímpio, senão que se arrependa, e caminhar com Cristo, é caminhar para a morte de nosso próprio ego, e isso não podemos fazer por nós mesmos, senão colocando-nos o jugo com Cristo, as cintas; atados a Cristo e aprendendo com Ele a ser levados onde não queremos ir; quer dizer, contra a vontade do nosso “eu”, contra nossa disposição natural, à morte de nós mesmos, e entendendo-o primeiro; primeiro se entende; dando a entender com que morte, um pouco mais adiante, havia de glorificar a Deus.
A escada do descanso
         Agora vamos completar isto com o que diz Pedro aqui em sua segunda epístola, capítulo 1. Vamos ler desde o verso 12 até o 15. Aqui está um apóstolo ancião, um apóstolo que sabe onde tem que ir, que está na etapa de entender que deve morrer totalmente. Diz o apóstolo Pedro assim: “¹²Por isso ...”. quer dizer, pelo que acabava de dizer antes, que é muito importante; observem o que acabava de dizer, que a fé havia que acrescentar a virtude, e a virtude o conhecimento, e ao conhecimento a temperança, e a temperança a paciência, e a paciência a piedade, e a piedade a fraternidade, e a fraternidade o amor. Que isso significa? Que Pedro era alguém que havia andado por este caminho, e por isso sabia que um jovem tem fé, mas não tem virtude; necessita acrescentar virtude; mas logo tem virtude, mas não sabe lidar; necessita acrescentar ciência; depois temperança mas, uma vez, depois duas vezes, depois três vezes, até que se torne paciência, e depois piedade, e depois fraternidade e depois amor; quer dizer, toda a escada dos sete degraus do descanso; porque esses degraus da casa de Deus não eram para subir , eram para descer. São sete degraus de descida para entrar no templo. Vocês o podem ler ali em Ezequiel. Quando se entrava pela porta, entrava e descia até o átrio onde estava o altar de sacrifício; desciam-se sete degraus: fé, virtude, conhecimento, vai descendo até o amor, a morte de si mesmo. Que se encontrava abaixo? Se encontrava o átrio com o altar de bronze; ou seja, a cruz, que é o verdadeiro caminho, e essa é a verdadeira maturidade.
         Diz Pedro aqui: “¹²Por isso (quer dizer, eu já conheço, já estou velhinho; é a segunda carta; aqui está o trabalho de um ancião) não deixarei de exortar-vos sempre acerca desta coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade”. Porque as saibais, todavia na mente, mas eu sei que necessita mais do que saber. Às vezes quando somos novos: Bem, irmão, diga as coisas. Ah! Eu já sei; e ficamos satisfeitos, porque o que não sabíamos já o suprimos; mas o Senhor não está satisfeito até que não sejamos presos até a morte do eu. Ficamos contentes quando aprendemos algo novo, mas o Senhor só está contente quando morremos com Cristo. Segue dizendo Pedro: “¹³E tenho por justo, (observem na linguagem de Pedro) enquanto tiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, (quer dizer, não estar dormindo) ¹⁴Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado”. O que era que sentia Pedro? Pedro já era um ancião; o Senhor lhe havia dito: Quando eras jovem você ia onde queria; agora outro te levará, te cingirá; e ele sabia. O Senhor me tem declarado, e em breve, daqui a pouco, quando passe outra vez por Moserá, daqui a pouco, em breve devo abandonar o corpo, como nosso Senhor Jesus Cristo me tem revelado.          Observem nessa experiência.
         O Senhor Jesus Cristo declara à pessoa, aos anciãos: Olha, já está perto, entende que já é o momento de pôr em ordem tua casa. Já é o momento de concertar tuas coisas, de deixar tudo em ordem, e se és um ancião diz: “E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, ... ”; quer dizer, em qualquer momento posso morrer; mas então o pouco tempo que tens, “... despertar-vos com admoestações, ¹⁴Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. ¹⁵Mas também eu procurarei em toda ocasião que depois da minha morte tenhais lembranças destas coisas”. Quando a pessoa é nova não se preocupa com isso, mas ele que já sabe que está para ir-se, que está vivendo seus últimos tempos, que há uma situação difícil, aí tem que pensar o que é mais essencial, o que é urgência, o que é principal; aí já não tem tempo de fazer todas as coisas que queria. Tem que fazer o que se deve, a coisa principal, unidos a Cristo na cruz; deixar todo o teu interesse e centrar-te no que renda fruto essencial para a causa de Cristo. “... procurarei em toda ocasião que depois da minha morte tenhais lembranças destas coisas”. Enquanto presente, lhes recordo; ainda que o saibam, insisto; mas eu vou morrer, já não vou estar mais, mas devo procurar que sempre se lembrem disso.
         Então Pedro pediu a Marcos que o que ele ensinava em Roma, e os santos em Roma lhe pediram também que o que Pedro ensinava o escrevesse Marcos. Por isso o evangelho segundo Marcos, é o de Pedro; Marcos era o intérprete de Pedro que escreveu a história de Jesus Cristo, segundo recordava Pedro. Essa é a origem do evangelho de Marcos, baseado em Pedro próximo a sua morte; e isso o diz Papías de Hiérapolis, nos fragmentos que tem sobrevivido de Papías de Hiérapolis. Essa foi a provisão, “procurará com diligência”. A pessoa quando está chegando a suas últimas não pode deixar as coisas desordenadas; tem a responsabilidade de ordenar as coisas.
Dentro do plano de Deus
         Lhes vou chamar a atenção sobre Abraão quando estava para morrer. Vamos ao livro de Gênesis e ali vamos encontrar algo muito claro; quando o patriarca Abraão, pai da fé, estava a ponto de morrer; que cuidados teve Abraão. Em Gênesis capítulo 25, está a morte de Abraão. Dos versos 1 ao 4 aparecem os filhos de Abraão: Havia tido primeiro a Ismael por Agar, depois a Isaque por Sara, depois por Quetura teve a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá, e logo desses vieram Seba e Dedã, ou seja os Árabes, etc. Mas no final do verso 4, diz: “... Estes todos foram filhos de Quetura”. Mas recordem-se o que havia dito Deus a respeito de Ismael: Não será este teu herdeiro, senão o que eu te darei. Olha, Abraão, até aqui Ismael foi fruto seu, mas Isaque foi fruto meu.
Eu não vou contar com o que brotou de ti; só vou contar com o que brotou de Mim, Eu te darei Isaque. Agora diz o verso 5: “Porém Abraão deu tudo o que tinha a Isaque;”. Ele tinha muitos filhos, mas os outros filhos dele não estavam dentro do plano central de Deus. O importante para Abrão era o plano de Deus, a continuidade do plano de Deus. Diz: “⁵Porém Abraão deu tudo que tinha a Isaque; ⁶Mas aos filhos das concubinas (Agar e Quetura) que Abraão tinha, deu Abraão presentes e, (olhem a precaução de Abraão) vivendo ele ainda, despediu-os do seu filho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra oriental”. quer dizer, Abraão fez diferença; ele não queria que as coisas ficassem misturadas; ele fez provisão para o que era de Deus se mantivesse claro, definido, separado de toda coisa contaminada, que não houvesse algo que perturbasse o plano de Deus; então ele tomou precauções para que os outros estivessem separados de seu filho Isaque. Em Isaque investiu tudo; com os outros ele foi responsável, lhes deu presentes, porque também era pai deles; ele assumiu responsabilidade do que ele havia produzido, lhes deu presentes, mas os enviou para longe de Isaque. Por que longe? Porque podiam chegar a perturbar a continuidade do plano de Deus. Deus o havia dito que o plano de Deus era com Isaque.
         É o que dizia Paulo a Timóteo em sua última carta. Olha Timóteo, segue a fé, a justiça, o amor, etc. com os que de coração limpo invocam ao Senhor; quer dizer, aqueles descendentes espirituais de Paulo como Timóteo, não deviam misturar-se com o que não era a linha do Espírito de Deus, a linha da economia de Deus. Essa era a preocupação de Abraão. Abraão tinha que estar ocupado para que quando morresse, o plano de Deus tivesse continuidade, não fosse perturbado, não fosse misturado. Quando Paulo estava despedindo a igreja em Éfeso, chamou os anciãos da igreja em Éfeso e lhes disse: Eu sei que depois da minha partida, virão lobos vorazes que não perdoarão o rebanho, portanto eu estou limpo do sangue de todos, não tenho deixado de anunciá-los todo o conselho de Deus.[7] Paulo insistiu em deixar um precedente claro nos distintos aspectos relativos ao plano de Deus, da economia de Deus, para que depois quando viesse satanás misturar as coisas, confundi-las, eles estivessem preparados. Como diz Pedro, que tivessem sempre memória destas coisas; ele estava sempre insistindo nisto. O mesmo faz Abraão aqui. Não fez isso o Senhor quando ia ascender? Os chamou e lhes disse: Isto não os havia dito porque estava convosco, mas agora vou ao que me enviou; então agora lhes dá as instruções finais.
      Leiam a segunda carta a Timóteo. Vocês veem Paulo dando instruções finais. Essa carta é como um testamento. Vejam que a segunda carta de Pedro também é como um testamento. Observem a atitude de Abraão que é como um testamento; quer dizer, deixando as coisas em ordem, de maneira que sirvam a causa de Deus, e satanás não as perturbe, não as desvie do seu propósito; porque isso é o que satanás sempre quer. De maneira que mandou para longe de Isaque, os seus outros filhos. Para quê? Para que não perturbassem o que era de Deus.
         Vamos ler outra passagem em Isaías, capítulo 38. Aqui mostra como o Senhor é mui fiel. Diz assim: “¹Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; ...”. Olhem para Deus; este é Deus; esta é a premonição de Deus; esta é a intervenção de Deus dizendo à pessoa: Não sejas insensata, põe em ordem as coisas; e diz: “... e veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás”. Assim é Deus. Diz que o ímpio será tomado de repente, por outro lado diz que o Senhor, para apartar ao homem da morte, lhe sinaliza seu caminho, de antemão lhe faz uma visitação para que a pessoa não seja insensata, a pessoa ganhe tempo, o tempo que tem o use no melhor, o use na economia divina, o use no Senhor, o use deixando as coisas claras para Deus, pondo em ordem sua vida; porque Deus quer encontrar-se com ele, sem ter nada que reprová-lo.
         Eu recordo uma vez que o Espírito do Senhor me pôs a pregar no Paraguai isto em uma congregação. Me disse o Senhor: Prega isto. Eu não sabia por que ia pregar isto; me pôs o Senhor. Ordena tua casa porque morrerás; pregue isto essa vez. Havia uma irmã, que não era tão velha, tinha filhos pequenos, não tinha filhos grandes, seu esposo havia falecido como que a um mês, e agora havia ficado a irmã com filhos pequenos; mas o Espírito me disse: Prega isto; e diz a irmã que foi tão tocada por isso, que ela inclusive nos contou, que começou até a fazer roupa com sua roupa para seus filhos; começou a deixar todas as coisas ordenadas, e no próximo mês morreu a irmã. O Senhor foi tão misericordioso que lhe deu um mês para que ela não fosse insensata, e ela o levou tão a sério, com tanto carinho que inclusive começou a fazer vestes para seus filhos com sua própria roupa; é como dizer, não vou usar mais minha roupa. A irmã Deisy, esposa do irmão Ubaldo no Paraguai; e essa palavra foi a que o Senhor usou para que ela fosse avisada a tempo; antes de voltar a passar por aí o Senhor lhe antecipou: Em breve deves abandonar o corpo; assim que concerta as coisas, deixa as coisas em ordem. Irmãos, eu creio que este versículo é importante, Não é verdade? Porque nos ensina muito.
Compartilhando o pasto
         Já que estamos aqui pelos profetas, vamos a Ezequiel capítulo 34, desde o verso 17. A miúdo a alguns irmãos lhes tenho dito isto no passado, mas devo dizê-lo de novo aos irmãos e a outros. Esta é a opinião de Deus. Diz o Senhor: “¹⁷E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes”. E agora olhem estas palavras do Senhor às ovelhas gordas: “¹⁸Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que sujais o resto com os vossos pés? ¹⁹E quanto as minhas ovelhas elas pastarão o que haveis pisado com os vossos pés, e beberão o que haveis sujado com os vossos pés. ²⁰Por isso o Senhor DEUS assim lhe diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra. ²¹Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com os vossos chifres escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora. ²²Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. ²³E suscitarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. ²⁴E eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse”. Note o interesse de Deus. Deus não está contente se você é uma ovelha gorda que come para você só e bebe para você só.
         Irmão, como foi você no retiro? Oh! Maravilhoso, foi lindíssimo; e do que se tratou? De que foi que se tratou, que foi o que se pregou? Não nos lembramos; quer dizer, que perdemos o que deu o Espírito; não nos importa senão esse momento de eu comer e eu beber, mas deixo os pastos pisados, deixo as águas turvas, as ovelhinhas que vem atrás não encontram águas cristalinas como eu as encontrei, não encontram os pastos suculentos como eu os encontrei, senão que como e bebo; mas não penso nos que vem atrás; em contra partida Pedro dizia: procurei com diligência que tenhais sempre memória destas coisas; significa que existe uma responsabilidade para com as ovelhas; o que eu tenho recebido não é só para mim, é para que passe da mesma maneira fresco e transparente para as ovelhas débeis que vem atrás. Mas nós respondemos: sim, eu entendi. Não, irmão; ficou gravado em meu coração, na melhor das hipóteses por uma semana; depois que aconteceu aqui? Não há nada; o candeeiro foi tirado, não ficou nada. A gente não pensa na continuidade, não se põe no lugar dos que vem depois, e que também devem receber. Estas palavras do Senhor nos mostram que não falou só aos pastores, bem que falou duro aos pastores aqui, mas também no final fala às ovelhas, e lhes diz que fizeram mal quando não reservaram pastos bons para as outras; elas comeram mas não reservaram; elas beberam mas não deixaram as outras beberem. O Senhor quer que as águas claras que você bebe, você, ovelha, tenhais cuidado para que as outras as bebam da mesma maneira; que o pasto que você come, não pense em comer só você, senão que as outras ovelhinhas que vem atrás encontrem os pastos da mesma maneira.
         Vou dar-lhes um exemplo. Vamos a 3 João 9, 10 e início do 11. Diz São João assim: “Tenho escrito à igreja; ... ”. São João havia escrito uma carta a esta igreja onde Gaio era um ancião; provavelmente seja Corinto. Onde está esta carta de João? Que aconteceu com esta carta de João? Olhem comigo. “⁹tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. ¹⁰Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; ...”. Vocês creem que uma pessoa que não recebe os apóstolos, que tagarela contra eles, vocês creem que vão guardar uma carta deles, vocês creem que vai valorizar? Não a vai valorizar; por isso se perdeu a carta de João. “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, ... ”. Ele quer ser importante, não quer a influência de João nem de outros como João, então proíbe aos santos de receber João; e aos que o recebem, diz, os expulsa. “... e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja. ¹¹Amado, não sigais o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mal quem faz o mal não tem visto a Deus”. Eu creio que a razão pela qual não temos esta carta de João é porque Diótrefes não queria esta influência entre eles; então ele se desfazia deles para ter sua própria influência; ele não valorizava o que era de Deus, senão o que era de Diótrefes; ele não distinguia o que era de Deus em João, senão o dele próprio; de maneira que não lhe importava que a carta de João se perdesse, e nem recebia aos irmãos. Se dão conta?
         Também Paulo escreveu outra carta aos Coríntios, anterior a primeira. O podemos ver em 1 Coríntios 5:9-11: “⁹Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; ¹⁰Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. ¹¹Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que dizendo-se irmão, ...”; quer dizer, Paulo está esclarecendo algo nesta carta chamada primeira, que na realidade foi dito em outra antes desta. A primeira carta na realidade se perdeu, e qual era o ambiente para com Paulo em Corinto? Não apreciavam Paulo, e por isso essa carta se perdeu.
         Olhem em Colossenses 4:16: “E, quando esta (a dos Colossenses) epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também”. Vemos, pois, que Paulo também escreveu uma carta a Laodicéia; esta carta se perdeu. A primeira carta aos Coríntios se perdeu, a carta de João se perdeu. Por que se perdeu? Porque eles não valorizaram, porque eles não foram ovelhas que deixaram o pasto fresco às outras, nem águas fresca às outras; foram egoístas, e por algo pessoal deles, eles fecharam o pasto ao que era de Deus nos apóstolos. Irmãos, isso é triste quando nos cabe lutar e lutar para recuperar uma coisa. De onde é que se recupera o fogo? Dos tições que ficam debaixo das cinzas. Observem isso em Josué. Vamos a Zacarias 3, ali diz: “¹E Ele mostrou-me o Sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do SENHOR, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor”. Notem, esse é o trabalho de satanás, sempre acusar, sempre falar mal, sempre destruir; nunca construir, nunca preservar, somente acusar. “²Mas o SENHOR disse a satanás: (esse é o filho) O SENHOR te repreenda, (meu Pai te repreenda) ó Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo?” O incêndio se tornou em cinzas, e o estado do povo e da cidade e da casa de Deus era tudo um desastre; mas debaixo da cinza havia um tição que era Josué, cheio de vestiduras vis, cheio de problemas, e satanás não fazia nada senão acusá-lo, mas o Senhor repreende satanás. Por quê? Porque Ele vai mover essa cinza, vai avivar esse tição, lhe vai tirar as vestiduras vis, o vai vestir com traje de gala; e a casa de Deus vai ser restaurada. Como é que a casa de Deus se restaura no futuro? É que, o que se perde no caminho fica um remanescente, um tição debaixo da cinza. Se vocês veem a história dos avivamentos, sempre que um avivamento se apaga, sempre fica um tição, um remanescente do avivamento anterior; é o que começa o avivamento seguinte. Satanás sempre está dizendo: isto resultou em nada, isto não valeu nada, isto não durou nada; mas o Senhor tira e deixa um remanescente, um tição, e com esse tição acende o avivamento seguinte, e logo satanás trata de dizer ao Senhor, não; assim como Jó; esse te ama porque tu lhe dá isso e aquilo, mas deixa-me tratar com ele e verás. Esse é satanás; então vem e torna a cinza; mas o Senhor debaixo da cinza deixa um tição e com esse tição volta e prende o fogo e vem outro avivamento.
         Irmãos, por mais cinzas que haja, tem que guardar o tição debaixo da cinza porque esse tição vai servir de precedente para iniciar a continuidade da obra do Senhor. Satanás sempre está destruindo, mas o Senhor sempre quer que valorizemos o que é de Deus, o apreciemos, e depois de apreciá-lo Deus o multiplica. Tem que saber apreciar o que é de Deus, saber guardá-lo; especialmente quando estamos em tempos difíceis, às pessoas se vão.
Que tal se Mateus não houvesse escrito, nem Marcos houvesse escrito, nem Lucas houvesse escrito, nem João houvesse escrito, nem São Tiago, nem Pedro, nem os outros apóstolos, nem Judas; que difícil seria para nós; e que tal se o que o Espírito tivesse dado e não tivesse sido bem preservado o que se escreveu; porque satanás sempre vem querendo preservar mal, tirar, acrescentar. Até às Escrituras tem tratado de destruir. Tem que ter pressentimento do que vem. Eu sei que depois de minha partida satanás tratará de fazer isto, então vocês entendam, tenham sempre memória das coisas que são de Deus, do que se tem exortado como verdade de Deus, guardando para Glória de Deus e mantendo-o, não deixem que se perca, porque vocês não são responsáveis por vocês só, senão pelas ovelhas que vem atrás; elas necessitam os mesmos pastos e as mesmas águas. Por isso aqui segue dizendo: “³Josué, vestido de vestes sujas, estava diante do anjo. ⁴E então respondeu, aos que estavam diante dele, dizendo: Tira-lhe estas vestes sujas. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniquidade, e te vestirei de vestes finas. ⁵E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e vestiram-no das roupas; e o anjo do SENHOR estava em pé”. Isto é a restauração. De onde vem a restauração? Do que ficou do avivamento passado. 
         Então eu penso que essa palavra Moserote, cintas, é uma conjuntura de pressentimento de que as coisas estão por terminar-se, porque essa é uma jornada dos anciãos, numa mudança de uma geração para outra; quando os anciãos são guiados pelo Senhor a negar a si mesmos, a morrer, tem que deixar os precedentes claros para a geração que vem; como dizer: já em breve devo abandonar o corpo, eu procurei com diligência que sempre tenhais memória destas coisas. Eu penso que todos os anciãos chegam a um momento em que percebem que tem que deixar os precedentes claros e pôr em ordem a casa e isto significa Moserote: conjunta, ser prisioneiro de Cristo, conduzido à morte e deixar as coisas claras para que outras pessoas continuem, para glória de Deus. Amém.
"                                                                    COYUNDA"



[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 8 de dezembro de 2000.

[2] 2 Timóteo 3:16

[3] Referência a Mateus 5:18 e João 10:35b

[4] Coyunda em espanhol. Cinta ou correia forte e larga, ou corda de cânhamo, com a qual os bois estão unidos no jugo.
[5] Mateus 11:29

[6] Referência a Apocalipse 2:21-23

[7] Referência a Atos 20:17-31


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