Jornada
27
M O S E R O T E [1]
“E partiram de Hasmona, e acamparam-se
em Moserote”.
Números 33:30
Uma aparente contradição
Vamos estudar a Palavra com ajuda do Senhor.
Continuamos hoje, sexta, a série do Livro das Jornadas, e para isso vamos ao
capítulo base que é Números 33, versículo 30, que é o que corresponde a
presente jornada. Números 33:30 diz: “E
partiram de Hasmona, e acamparam-se
em Moserote”. Essa jornada para Moserote é outra das jornadas que
corresponde ao nível dos anciãos e à transição de uma geração antiga a uma
geração nova, e que somente no livro de Números é mencionado Moserote. Sem
restrição no livro de Deuteronômio há o que poderíamos chamar um agregado,
entre parênteses ao discurso de Moisés, onde se nos revela algo, tanto desta,
como das jornadas imediatas que se seguem. De maneira, pois, que convido a meus
irmãos me acompanharem no capítulo 10 do livro de Deuteronômio; e vamos ler com
extremo cuidado, porque aqui há um assunto que a primeira vista pode parecer
estranho até que o Espírito Santo o esclareça. Deuteronômio capítulo 10; quer
dizer, o relativo a estas jornadas imediatas desde Moserote, Bene-Jaacã,
Hor-Hagidgade, Jotbatá, que aparecem também mencionadas em Números 10, só que
ali aparecem alguns assuntos que é necessário tê-los em conta.
Então, para enriquecer Números 33:30
relativo a Moserote, vamos logo a Deuteronômio 10:6-7: “⁶E partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã a Moserá; ali
faleceu Arão, e ali foi sepultado, E Eleazar, seu filho, administrou o
sacerdócio em seu lugar. ⁷Dali partiram a Gudgodá, e de Gudgodá a Jotbatá,
terra de ribeiros de águas”. Vocês podem então se dar conta que ainda que a
ortografia nesta versão seja diferente, não é assim no original hebraico,
porque a palavra Gidgade é a mesma que se utiliza Gudgodá; é exatamente as
mesmas letras, somente que em Gudgodá se lê acrescentando a letra “he”no final
porque não está falando de Hor-Hagidgade; e aqui onde diz Moserá, o diz no
singular. Moserote é no plural, e esse plural e este singular nos ajudam a
entender um fenômeno que aparece aqui. Se Você o lê assim a primeira vista,
aparentemente pareceria que houve uma contradição; porque Números diz assim: “³⁰E partiram
de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.”; logo diz: “³¹E partiram de Moserote, e
acamparam-se em Bene-jaacã.”; logo diz: “³²E
partiram de Bene-Jaacã, e acamparam-se
em Hor-Hagidgade.”; e logo diz: “³³E
partiram de Hor-Hagidgade, e acamparam-se
em Jotbatá”. Vocês se dão conta que essas jornadas se deram naquele lugar,
mas aqui em Números 33, diz: “E partiram
de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.”,
e logo de Moserote acamparam em Bene-Jaacã; mas em Deuteronômio diz: “E partiram os filhos de Israel de
Beerote-Bene-Jaacã a Moserá; ali faleceu Arão,...”.
Eu quero que vocês observem comigo para
esclarecer isto outra vez em Números 33:38-39, que depois voltaremos a ele: “³⁸Então Arão, o sacerdote, subiu ao monte
Hor, conforme ao mandato do SENHOR; e morreu ali no quinto mês do ano
quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia
do mês. ³⁹E era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no
monte Hor”. Aqui aparece em Números 33, Arão morrendo no monte de Hor; em
Deuteronômio 10:6 aparece morrendo em Moserá; e aqui em Deuteronômio 10:6
aparece mencionado Moserá depois de Bene-jaacã e antes de Gudgodá e Jotbatá; e
em Números aparece Moserote antes de Bene-jaacã, e seguindo Bene-Jaacã, aparece
Hor-Hagidgade e Jotbatá. Isto que a primeira vista poderia parecer uma contradição,
temos que nos recordar que é inspirado pelo Espírito Santo. A fé do Senhor
Jesus disse: “Toda Escritura é divinamente inspirada, ...”[2] O Senhor Jesus
disse que nem um jota nem um til podem passar da lei, e que a Escritura não
pode ser anulada;[3] e o Espírito Santo depois
por Paulo diz: toda escritura é inspirada por Deus. Eles tinham estas mesmas
Escrituras que temos nós. A igreja e o povo de Israel tem tido estas mesmas
Escrituras desta maneira e assim as tem deixado. O que a primeira vista parecia
uma contradição, é justamente o que revela o nome Moserote; é uma coisa muito
interessante a que quero chamar a atenção. Em primeiro lugar, olhem uma coisa:
Diz Números 33:2: “E escreveu Moisés as
suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme ao mandato do SENHOR; e estas
são as suas jornadas, segundo as suas saídas.”; quer dizer, que a ordem
real das jornadas é a que aparece registrado aqui em Números 33, porque o
propósito do capítulo 33 era, por ordem de Deus, mencionar essas jornadas em
sua respectiva ordem, por ordem de saída; isso quer dizer que o propósito deste
capítulo que é tão minucioso, era este. Aqui é onde está a legítima ordem; portanto:
“E partiram de Hasmona, e acamparam-se em
Moserote.”; depois: “E partiram de
Moserote, e acamparam-se em Bene-Jaacã”. Agora vamos ver qual é o fenômeno
em deuteronômio capítulo 10: então vocês observem que isto que acabamos de ler
no versículo 6 é um parênteses em um discurso de Moisés; o parênteses vai desde
o versículo 6 até o versículo 9. Vocês podem ver o parêntese; esse parêntese é
agregado posteriormente. Vocês sabem que Moisés bem pôde agregá-lo, ou
inclusive o mesmo Josué, quando esteve copiando; pode haver, por inspiração
divina, agregado esta passagem neste contexto e graças a Deus, foi agregado
este parêntese. Agora observem que é um parênteses, porque Moisés está narrando
um discurso. Se eu salto o parêntese, vocês se dão conta como verdadeiramente
isto foi acrescentado posteriormente, guiado pelo Espírito Santo; pode ser pelo
mesmo Moisés ou por Josué quando copiou. Diz o livro de Josué que Josué copiou
isto e acrescentou suas palavras; isso o diz claramente o livro de Josué. De
maneira que pode haver sido o mesmo Moisés o que acrescentou ou Josué.
Originalmente Deuteronômio foi ditado e lido nos campos de Moabe; quer dizer,
no futuro. Quando se escreveu Números, o objetivo de Números era contar as
jornadas em sua ordem; em contra partida Deuteronômio tem outro propósito; o
propósito de Deuteronômio é preparar o povo para tomar a terra.
Um parêntese explicativo
Olhem
o que estava fazendo Moisés desde o capítulo 10, verso 1 de Deuteronômio; vamos
captar a continuidade do discurso de Moisés. Moisés está no campo de Moabe, a
ponto de entrar na terra de Canaã, e aqui no campo de Moabe é onde ele ditou,
escreveu e leu Deuteronômio em uma boa parte: “Naquele mesmo tempo me disse
o SENHOR:...”; naquele tempo. Ao que está se referindo Moisés com esse;
naquele tempo? Pelo contexto, aqui nos campos de Moabe, Moisés está recordando
aos Israelitas o que aconteceu aqui no monte Sinai, ao sul da península; quer dizer,
que Moisés nos campos de Moabe, antes que o povo entrasse em Canaã, está
recordando aqui o que aconteceu no deserto de Sinai, especialmente no monte
Sinai. Observem no discurso de Moisés:
“¹Naquele mesmo tempo me disse o SENHOR:
(naquele tempo, não é agora, o que me disse?) Alisa duas tábuas de pedra, como as primeiras, (isso foi no mote
Sinai, se dão conta?) e sobe a mim ao
monte, e faze-te uma arca de madeira; ²E naquelas tábuas escreverei as palavras
que estavam nas primeiras tábuas, que quebraste, e as porás na arca. ³Assim,
fiz uma arca de madeira de acácia, e alisei duas tábuas de pedra, como as
primeiras; e subi ao monte com as duas tábuas na minha mão. ⁴Então escreveu nas tábuas, conforme à
primeira escritura, os dez mandamentos, que o SENHOR vos falara no dia da
assembleia, no monte, do meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim; ⁵E virei-me, e desci do monte, e pus as
tábuas na arca que fizera; e ali estão, como o SENHOR me ordenou”. Logo
seguimos o verso 10: “¹⁰E eu estive no
monte, como nos primeiros dias, quarenta dias e quarenta noites; e o SENHOR me
ouvia ainda por esta vez; não quis o SENHOR destruir-te. ¹¹Porém o SENHOR me
disse: Levanta-te, põe-te a caminho adiante do povo, para que entrem, e possuam
a terra que jurei dar a seus pais”.
Se
dão conta que esse é o discurso normal? Este discurso foi o que escreveu
inicialmente Moisés e foi o que leu Moisés ao povo; depois este discurso o
copiou Moisés outra vez, o copiou diante do povo e o entregou aos anciãos. É
possível que haja sido Moisés mesmo quem copiou isto para ilustrar a fidelidade
de Deus, apesar do que havia passado com o povo, quando eles foram infiéis e o
Senhor quebrou as tábuas de pedra. Pode ser o mesmo Moisés, ou pode ser talvez
depois Josué, quando ele copiou outra vez no monte, e que havia acrescentado
este parêntese. Note que esse parêntese está falando de outras coisas distintas
ao discurso. Diz: “E partiram os filhos
de Israel de Beerote-Bene-Jaacã ...”;
mas aqui não vinha falando ele disso, senão do monte Sinai; quer dizer, que o
objetivo deste parênteses não é histórico, serve para demonstrar o fiel que
Deus havia sido com os Israelitas. Porque observem até quando foi que chegou a
morrer Arão? Depois; ou seja, que o Senhor foi misericordioso, o Senhor olhou a
Moisés, o Senhor teve misericórdia e permitiu que Arão tivesse todo o tempo; e
recém morresse em Moserá, que é um dos lugares daquela cordilheira de Seir.
Então
o monte Seir é um monte que tem muitos lugares; uma parte desses lugares é o
monte Hor. Nesse monte Hor morreu Arão, e esse monte Hor é um dos Moserote;
porque Moserote é no plural e Moserá é no singular. Isso significa que Moserote
é o plural de Moserá, pois a terminação ote
(feminino) faz o plural em Hebraico. Então o monte Hor é o mesmo Moserá.
Moserá era um dos Moserote. Eles acamparam primeiramente em Moserote; logo de
Moserote passaram e Bene-Jaacã, logo regressaram outra vez, passando por Moserá,
para Hor-Hagidgade ou Gudgodá, e aí seguiram a Jotbatá. Eles fizeram uma entrada
antes de que Arão morresse; porque vocês se dão conta por Números 33, que a
morte de Arão foi depois de passar por Bene-Jaacã, por Hor-Hagidgade, por
Jotbatá, por Abrona, por Eziom-Geber, por Cades, e recém depois chegaram ao
monte Hor. Mas aí está o significado; eles passaram por um lugar que era
recordado depois como aquele no qual havia morrido Arão; mas logo eles tornaram
a passar. Aqui em Deuteronômio, não se está contando a ordem escrita das
jornadas, porque esse não é o propósito do parêntese; o propósito do parêntese
é recordar a fidelidade de Deus com Arão, reservando-o até depois, e depois com
os levitas, como vocês veem que diz ali, que ali os levitas tiveram águas e que
foram encarregados de levar a arca, etc. De maneira que o propósito dos
parênteses não era histórico geográfico; quando se menciona a morte de Arão em
Moserá, não está se mencionando no sentido de ordem cronológica.
Digamos
uma coisa: eu lhes conto uma viagem que fiz, por exemplo, à costa Atlântica;
então eu lhes digo: passei por Ciénega, cheguei a Santa Marta, onde morreu
Simón Bolívar; ali na quinta de São Pedro Alejandrino; e passamos a
Barranquilla e a Cartagena. Então mas como? É estranho, pode parecer estranho,
porque como vou eu para Ciénega, logo vou para um lado a Santa Marta, e ali
morreu Simón Bolívar, mas Simón Bolívar já havia morrido antes? Não, é que eu
não estou dizendo que morreu nesse momento, senão que foi ali onde ele morreu;
meu propósito não é dizer o horário, nem a cronologia, senão simplesmente
recordo que ele morreu ali, mas não nesse momento. Assim também quando nós
vemos aqui em Deuteronômio que passaram por Moserá, diz, todavia não havia
morrido, senão que está recordando que foi ali; quer dizer, que eles passaram
por Bene-Jaacã, por Gudgodá e por Jotbatá mas como havia uma entrada e saída,
porque eles passaram duas vezes por Moserá, na ida, passaram quando se chamou
Moserote, e aqui é plural. De maneira que o que estamos vendo hoje, é a passada
por Moserote.
Deve-se
ter em conta que são vários Moserote, vários lugares chamados Moserote; por
isso aparece no plural, e um desses é Moserá, que corresponde ao mesmo monte
Hor, onde depois morreu Arão; mas claro, ele está recordando que haviam passado
por ali; porque diz: De Hasmona passaram a Moserote, de Moserote a Bene-Jaacã,
de Bene-Jaacã a Gudgodá; mas é o mesmo se estamos falando aqui na Colômbia que
de Ciénega ir a Santa Marta, e logo de Santa Marta a Barranquilla, se passa
outra vez por Ciénega. Veem? Se algo sucedeu em Ciénega, podemos recordá-lo sem
dizer se foi na ida ou na volta; sabemos se foi na ida ou na volta pelos outros
versículos; sabemos que em Moserá morreu Arão, que é o mesmo monte Hor, um dos
Moserote, mas morreu na volta; quer dizer, a segunda vez que passaram por ali;
porque diz aqui em Números 33, que eles haviam passado antes de morrer Arão,
por Bene-Jaacã, Hor-Hagidgade, Jotbatá, Abrona, Eziom-Geber, Cades e monte Hor;
e ali foi quando cronologicamente morreu Arão; mas Arão já havia passado, e
aqui está o significativo; Arão já havia passado por onde havia de morrer. E
isso é muito expressivo, irmãos, porque é como se os anciãos recebessem da
parte do Senhor um aviso, um passo à frente, uma espécie de premonição para que
estejam preparados. Deus não os toma de surpresa. Aqui onde estás
agora, aqui, Arão, vais morrer; contudo não morreu; passou. Depois, quando
voltaram ali, rumo ao outro lado, aí recém foi que morreu. Dão-se conta? Eles
não passaram uma vez só por esse lugar, senão que é como se Deus lhes houvera
antecipado a questão; passaram primeiramente por aí. Então Moserote é uma
palavra muito significativa. Este Moserote, equivale a Moserá; só que Moserá no
singular, é um só, e Moserote é plural. Moserote é um lugar amplo desses
Moserote onde eles estiveram acampando na estação que estamos vendo hoje.
Nesses Moserote havia um dos Moserote, ou seja uma Moserá, que era o monte de Hor,
por onde eles primeiro passaram e todavia não morreu Arão; mas esteve onde ia
estar depois. Isto é como uma antecipação que Deus lhe dava.
Um jugo que
se leva com outro
Irmãos
é muito importante que os irmãos maduros, as pessoas que estão na frente da
obra do Senhor, recebam estas antecipações da parte de Deus. Em primeiro lugar
quero mencionar lhe o que significa a palavra Moserote; a palavra Moserote significa: cinta[4] ou prisões ou como
dizer um jugo que se leva com o outro. Cinta
é como dizer: levar o jugo com, ou seja, ser aprisionando, não preso no sentido
negativo, senão de ser conduzido no jugo com outro. Essa é a experiência
justamente dos anciãos quando estão chegando para o final; eles tinham essa
experiência de antecipação e de ser conduzidos como diz aqui.
Vamos
ver uns versos que nos ilustram estas prisões ou estas cintas. Vamos primeiro a
Isaías 28, para entender a que se refere esta experiência espiritual. Para
entender o contexto vou ler Isaías 28, desde o versículo 9 até o 13. Já no
contexto do repouso em Rissa havíamos visto este verso; mas agora veremos outro
aspecto no contexto de Moserote ou de prisões ou cintas, de ser levado preso,
como prisioneiro do Senhor. Diz aqui: “⁹A
quem, pois, se ensinaria o conhecimento? ... ”; quer dizer, Deus vai
ensinar, e esse ensino conduz a caminhar ao passo de Cristo, ao verdadeiro
repouso. Porque, que disse Jesus? “Tomai
sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração ...”.[5]
Quando
nós não levamos o jugo com Ele, não andamos no mesmo ritmo dEle; então nós não
somos conduzidos por Ele, temos que sofrer e aprender até caminhar com Ele e
ser conduzidos com Ele à morte de nós mesmos; chegar a ser prisioneiros de
Cristo até ser conduzidos a morrer, para os nossos próprios interesses, a nossa
própria pessoa. No princípio não, mas assim é; olhem o que diz: “⁹A quem, pois, se ensinará o conhecimento?
E a quem se daria a entender a doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado
dos seios?” Não, são muito bebês; é difícil, com eles não; claro que não;
então como vai ser? “¹⁰Porque é
mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra,
regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. ¹¹Assim por lábios gaguejantes,
e por outra língua, falará a este povo. ¹²Ao qual disse: Este é o descanso;
(este é o repouso, o andar com o Senhor) dai
descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir”. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração e achareis descanso”; mas não quiseram ouvir. Ah! então tem que
aprendê-lo. Agora, como não se aprende de um dia para o outro andar com o
Senhor, no repouso, então “¹³Assim, pois,
a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre
mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e
caiam para trás, (essa é a cruz) e se
quebrantem e se enlacem, e sejam presos”.
Glorificar a
Deus com a vida e com a morte
Esse
presos, essa é a lição, essas são as cintas,
esse é Moserote, esse é ser preso; quer dizer, o Senhor nos está conduzindo ao
descanso, mas no jugo de Cristo; quer dizer, ser levados até ser presos. Por
isso Paulo não dizia que ele era prisioneiro de Nero; ele sabia que não era
Nero o que o havia posto preso; ele se considerava prisioneiro de Cristo por
vós os gentios. Isso significa que o Senhor o havia conduzido a andar em tal
união com Cristo, a levar o jugo com Cristo, a morrer com Cristo, de tal
maneira que ficou prisioneiro de Cristo; já não andava ao seu modo. Veem?
Dietrich Bonhoeffer, um homem de Deus, mártir de Cristo, que foi martirizado no
tempo de Hitler, um homem de Deus na Alemanha, ele disse uma frase que
sintetiza isso: Quando Deus chama um homem, o chama para que venha e morra.
Isto vamos entender melhor, lendo aqui em João.
Vamos
ao evangelho de João 21: 17-19. Aqui está a essência do que significa Moserote:
cintas, prisioneiros, mas prisões nesse sentido; o Senhor te conduz para a
morte de ti mesmo. Ao princípio olhem como era: “¹⁷Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão
entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu
sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas
ovelhas”. Aqui está um ancião, um ancião que não confia em si mesmo. Ele
havia dito: Senhor, porei minha vida por ti; mas o Senhor lhe ensinou que ele
não era confiável, que ele não estava pronto para ir onde a ele lhe parecia,
senão que ele tinha que pôr o jugo do Senhor, porque ele não era confiável; o
único confiável era o Senhor. Tinha que ser preso do Senhor e ser guiado pelo
Senhor. Agora o Senhor lhe diz: Me amas? Pela terceira vez. Senhor, tu o sabes
tudo; e se entristeceu Pedro; quer dizer, eu não confio em mim, confio em Ti; e
o Senhor lhe disse: apascenta minhas ovelhas. Aqui está um ancião, aqui está
Moserote. E lhe disse assim o Senhor: “¹⁸Na
verdade, na verdade te digo que, quando era mais moço, te cingias a ti mesmo, e
andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos,
(como dizia ali em Isaías, e cairão para trás, presos, essa é a cruz) e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras”.
Quando
eras jovem, você ia onde querias, mas à medida que o Senhor vai te agarrando,
vai te apanhando, vai te apanhando, vai te apanhando, te prende, como dizia
Bonhoeffer, te chama para morrer, para caminhar com Cristo e ser guiado por Cristo,
em união com Cristo à morte de ti mesmo; quando era mais jovem ia onde querias,
mas quando for velho, já quando for ancião, já não vais onde quer, já não vai
ser você que organiza as coisas do seu modo, não vai ser você que manobra,
senão que o Senhor vai te ter de tal maneira preso, que te vai levar contra sua
própria vontade natural , e você estenderás os braços. Essa é a cruz. “... estenderás as tuas mãos, e outro te
cingirá, e te levará para onde tu não queiras. ¹⁹E disse isto, significando com
que morte ele havia de glorificar a Deus ...”. Não somente há que glorificar a
Deus com a vida, senão que há que glorificar a Deus também com a morte;
e Deus o faz entender de antemão. Arão passou por aí ele sabia que depois tinha
que morrer aí; quer dizer, primeiro esteve aonde havia de morrer e não morreu;
passar por Moserote foi uma antecipação, como uma premonição; porque depois foi
aí que ficou. Se dão conta? “E, disse isto,
significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto,
disse-lhe: Segue-me”. Segue-me, aonde? A esta morte, segui-me a
esta morte, põe-te em cinta comigo, sê prisioneiro Meu e deixa-te guiar a morte
de ti mesmo.
Irmãos,
isso é verdadeiramente para onde somos conduzidos; e a verdadeira maturidade no
corpo de Cristo não consiste em ir onde se quer, senão em ser levados mais e
mais a morte de si mesmo; e o Senhor te avisa de antemão e você o entendes de
antemão. Já sabes; todavia não tens chegado a isso, mas sabes que é aí onde
tens que ir. Essa é a vontade de Deus. Antes ias e vinhas quando querias, mas
quando for velho estenderás tuas mãos e outro te cingirá e te levará aonde você
não queira. Aonde é isso? À morte, para glorificar a Deus com tua morte. De
maneira, pois, irmãos, que esse ser preso a Cristo, prisioneiro de cristo, para
ser conduzido a morte de si mesmo, isso é o que quer dizer Moserote: cintas,
prisões, uma antecipação da morte; dando a entender com que morte havia de
glorificar a Deus. Isso se diz aqui a respeito de Pedro. Agora Pedro começou a
perguntar: E João? Então o Senhor lhe diz: “...
Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu”.
Alguém diz: Não, mas se ele não me pede perdão, eu tão pouco peço. Não, não,
você pede, ainda que o outro não peça; você concerta tuas coisas, concertas as
suas coisas primeiro, não espere que os outros as concerte; concerta você,
porque isso é o que diz o Senhor: “²⁵Concilia-te
depressa com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não
aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial,
e te encerrem na prisão. ²⁶Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás
dali enquanto não pagares o último ceitil”. (Mateus 5:25-26) Ali está uma
admoestação de Deus, não se fazer de bobo, não adiar as coisas. Põe-te de
acordo com ele antes de tua morte; antes de morrer deve ter as coisas
acertadas. Por isso diz: Lhes tenho dado tempo para que se arrependam, mas não
quiseram; eis que a teus filhos ferirei de morte;[6]
quer dizer, sempre há uma admoestação. Deus não quer a morte do ímpio, senão
que se arrependa, e caminhar com Cristo, é caminhar para a morte de nosso
próprio ego, e isso não podemos fazer por nós mesmos, senão colocando-nos o
jugo com Cristo, as cintas; atados a Cristo e aprendendo com Ele a ser levados
onde não queremos ir; quer dizer, contra a vontade do nosso “eu”, contra nossa
disposição natural, à morte de nós mesmos, e entendendo-o primeiro; primeiro se
entende; dando a entender com que morte, um pouco mais adiante, havia de
glorificar a Deus.
A
escada do descanso
Agora vamos completar isto com o que diz Pedro aqui em sua
segunda epístola, capítulo 1. Vamos ler desde o verso 12 até o 15. Aqui está um
apóstolo ancião, um apóstolo que sabe onde tem que ir, que está na etapa de
entender que deve morrer totalmente. Diz o apóstolo Pedro assim: “¹²Por isso ...”. quer dizer, pelo que
acabava de dizer antes, que é muito
importante; observem o que acabava de dizer, que a fé havia que acrescentar a
virtude, e a virtude o conhecimento, e ao conhecimento a temperança, e a
temperança a paciência, e a paciência a piedade, e a piedade a fraternidade, e
a fraternidade o amor. Que isso significa? Que Pedro era alguém que
havia andado por este caminho, e por isso sabia que um jovem tem fé, mas não
tem virtude; necessita acrescentar virtude; mas logo tem virtude, mas não sabe lidar;
necessita acrescentar ciência; depois temperança mas, uma vez, depois duas
vezes, depois três vezes, até que se torne paciência, e depois piedade, e
depois fraternidade e depois amor; quer dizer, toda a escada dos sete degraus
do descanso; porque esses degraus da casa de Deus não eram para subir , eram
para descer. São sete degraus de descida para entrar no templo. Vocês o podem
ler ali em Ezequiel. Quando se entrava pela porta, entrava e descia até o átrio
onde estava o altar de sacrifício; desciam-se sete degraus: fé, virtude,
conhecimento, vai descendo até o amor, a morte de si mesmo. Que se encontrava
abaixo? Se encontrava o átrio com o altar de bronze; ou seja, a cruz, que é o
verdadeiro caminho, e essa é a verdadeira maturidade.
Diz
Pedro aqui: “¹²Por isso (quer dizer, eu
já conheço, já estou velhinho; é a segunda carta; aqui está o trabalho de um
ancião) não deixarei de exortar-vos
sempre acerca desta coisas, ainda que
bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade”. Porque
as saibais, todavia na mente, mas eu sei que necessita mais do que saber. Às
vezes quando somos novos: Bem, irmão, diga as coisas. Ah! Eu já sei; e ficamos
satisfeitos, porque o que não sabíamos já o suprimos; mas o Senhor não está
satisfeito até que não sejamos presos até a morte do eu. Ficamos contentes
quando aprendemos algo novo, mas o Senhor só está contente quando morremos com
Cristo. Segue dizendo Pedro: “¹³E
tenho por justo, (observem na linguagem de Pedro) enquanto tiver neste
tabernáculo, despertar-vos com admoestações, (quer dizer, não estar
dormindo) ¹⁴Sabendo que brevemente hei de
deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem
revelado”. O que era que sentia Pedro? Pedro já era um ancião; o Senhor lhe
havia dito: Quando eras jovem você ia onde queria; agora outro te levará, te
cingirá; e ele sabia. O Senhor me tem declarado, e em breve, daqui a pouco,
quando passe outra vez por Moserá, daqui a pouco, em breve devo abandonar o
corpo, como nosso Senhor Jesus Cristo me tem revelado. Observem nessa experiência.
O Senhor Jesus Cristo declara à pessoa, aos anciãos: Olha, já está
perto, entende que já é o momento de pôr em ordem tua casa. Já é o momento de
concertar tuas coisas, de deixar tudo em ordem, e se és um ancião diz: “E tenho por justo, enquanto estiver neste
tabernáculo, ... ”; quer dizer, em qualquer momento posso morrer; mas então
o pouco tempo que tens, “... despertar-vos
com admoestações, ¹⁴Sabendo que brevemente hei de deixar este meu
tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. ¹⁵Mas também eu procurarei em toda ocasião
que depois da minha morte tenhais lembranças destas coisas”. Quando a
pessoa é nova não se preocupa com isso, mas ele que já sabe que está para
ir-se, que está vivendo seus últimos tempos, que há uma situação difícil, aí
tem que pensar o que é mais essencial, o que é urgência, o que é principal; aí
já não tem tempo de fazer todas as coisas que queria. Tem que fazer o que se
deve, a coisa principal, unidos a Cristo na cruz; deixar todo
o teu interesse e centrar-te no que renda fruto essencial para a causa de
Cristo. “... procurarei em toda ocasião
que depois da minha morte tenhais lembranças destas coisas”. Enquanto
presente, lhes recordo; ainda que o saibam, insisto; mas eu vou morrer, já não
vou estar mais, mas devo procurar que sempre se lembrem disso.
Então
Pedro pediu a Marcos que o que ele ensinava em Roma, e os santos em Roma lhe
pediram também que o que Pedro ensinava o escrevesse Marcos. Por isso o
evangelho segundo Marcos, é o de Pedro; Marcos era o intérprete de Pedro que
escreveu a história de Jesus Cristo, segundo recordava Pedro. Essa é a origem
do evangelho de Marcos, baseado em Pedro próximo a sua morte; e isso o diz
Papías de Hiérapolis, nos fragmentos que tem sobrevivido de Papías de
Hiérapolis. Essa foi a provisão, “procurará com diligência”. A pessoa quando
está chegando a suas últimas não pode deixar as coisas desordenadas; tem a
responsabilidade de ordenar as coisas.
Dentro do
plano de Deus
Lhes
vou chamar a atenção sobre Abraão quando estava para morrer. Vamos ao livro de Gênesis
e ali vamos encontrar algo muito claro; quando o patriarca Abraão, pai da fé,
estava a ponto de morrer; que cuidados teve Abraão. Em Gênesis capítulo 25,
está a morte de Abraão. Dos versos 1 ao 4 aparecem os filhos de Abraão: Havia
tido primeiro a Ismael por Agar, depois a Isaque por Sara, depois por Quetura
teve a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá, e logo desses vieram Seba e
Dedã, ou seja os Árabes, etc. Mas no final do verso 4, diz: “... Estes todos foram filhos de Quetura”.
Mas recordem-se o que havia dito Deus a respeito de Ismael: Não será este teu
herdeiro, senão o que eu te darei. Olha, Abraão, até aqui Ismael foi fruto seu,
mas Isaque foi fruto meu.
Eu não vou contar com o que brotou de ti; só
vou contar com o que brotou de Mim, Eu te darei Isaque. Agora diz o verso 5: “Porém Abraão deu tudo o que tinha a
Isaque;”. Ele tinha muitos filhos, mas os outros filhos dele não estavam
dentro do plano central de Deus. O importante para Abrão era o plano de Deus, a
continuidade do plano de Deus. Diz: “⁵Porém
Abraão deu tudo que tinha a Isaque; ⁶Mas aos filhos das concubinas (Agar e Quetura) que Abraão tinha, deu Abraão presentes e,
(olhem a precaução de Abraão) vivendo ele
ainda, despediu-os do seu filho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra
oriental”. quer dizer, Abraão fez diferença; ele não queria que as coisas
ficassem misturadas; ele fez provisão para o que era de Deus se mantivesse
claro, definido, separado de toda coisa contaminada, que não houvesse algo que
perturbasse o plano de Deus; então ele tomou precauções para que os outros
estivessem separados de seu filho Isaque. Em Isaque investiu tudo; com os
outros ele foi responsável, lhes deu presentes, porque também era pai deles;
ele assumiu responsabilidade do que ele havia produzido, lhes deu presentes,
mas os enviou para longe de Isaque. Por que longe? Porque podiam chegar a
perturbar a continuidade do plano de Deus. Deus o havia dito que o plano de
Deus era com Isaque.
É
o que dizia Paulo a Timóteo em sua última carta. Olha Timóteo, segue a fé, a
justiça, o amor, etc. com os que de coração limpo invocam ao Senhor; quer
dizer, aqueles descendentes espirituais de Paulo como Timóteo, não deviam
misturar-se com o que não era a linha do Espírito de Deus, a linha da economia
de Deus. Essa era a preocupação de Abraão. Abraão tinha que estar ocupado para
que quando morresse, o plano de Deus tivesse continuidade, não fosse
perturbado, não fosse misturado. Quando Paulo estava despedindo a igreja em
Éfeso, chamou os anciãos da igreja em Éfeso e lhes disse: Eu sei que depois da
minha partida, virão lobos vorazes que não perdoarão o rebanho, portanto eu
estou limpo do sangue de todos, não tenho deixado de anunciá-los todo o
conselho de Deus.[7] Paulo insistiu em deixar
um precedente claro nos distintos aspectos relativos ao plano de Deus, da
economia de Deus, para que depois quando viesse satanás misturar as coisas,
confundi-las, eles estivessem preparados. Como diz Pedro, que tivessem sempre
memória destas coisas; ele estava sempre insistindo nisto. O mesmo faz Abraão
aqui. Não fez isso o Senhor quando ia ascender? Os chamou e lhes disse: Isto
não os havia dito porque estava convosco, mas agora vou ao que me enviou; então
agora lhes dá as instruções finais.
Leiam
a segunda carta a Timóteo. Vocês veem Paulo dando instruções finais. Essa carta
é como um testamento. Vejam que a segunda carta de Pedro também é como um
testamento. Observem a atitude de Abraão que é como um testamento; quer dizer,
deixando as coisas em ordem, de maneira que sirvam a causa de Deus, e satanás
não as perturbe, não as desvie do seu propósito; porque isso é o que satanás
sempre quer. De maneira que mandou para longe de Isaque, os seus outros filhos.
Para quê? Para que não perturbassem o que era de Deus.
Vamos
ler outra passagem em Isaías, capítulo 38. Aqui mostra como o Senhor é mui
fiel. Diz assim: “¹Naqueles dias Ezequias
adoeceu de uma enfermidade mortal; ...”. Olhem para Deus; este é Deus; esta
é a premonição de Deus; esta é a intervenção de Deus dizendo à pessoa: Não
sejas insensata, põe em ordem as coisas; e diz: “... e veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim
diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás”.
Assim é Deus. Diz que o ímpio será tomado de repente, por outro lado diz que o
Senhor, para apartar ao homem da morte, lhe sinaliza seu caminho, de antemão
lhe faz uma visitação para que a pessoa não seja insensata, a pessoa ganhe
tempo, o tempo que tem o use no melhor, o use na economia divina, o use no
Senhor, o use deixando as coisas claras para Deus, pondo em ordem sua vida;
porque Deus quer encontrar-se com ele, sem ter nada que reprová-lo.
Eu
recordo uma vez que o Espírito do Senhor me pôs a pregar no Paraguai isto em
uma congregação. Me disse o Senhor: Prega isto. Eu não sabia por que ia pregar
isto; me pôs o Senhor. Ordena tua casa porque morrerás; pregue isto essa vez.
Havia uma irmã, que não era tão velha, tinha filhos pequenos, não tinha filhos
grandes, seu esposo havia falecido como que a um mês, e agora havia ficado a
irmã com filhos pequenos; mas o Espírito me disse: Prega isto; e diz a irmã que
foi tão tocada por isso, que ela inclusive nos contou, que começou até a fazer
roupa com sua roupa para seus filhos; começou a deixar todas as coisas
ordenadas, e no próximo mês morreu a irmã. O Senhor foi tão misericordioso que
lhe deu um mês para que ela não fosse insensata, e ela o levou tão a sério, com
tanto carinho que inclusive começou a fazer vestes para seus filhos com sua
própria roupa; é como dizer, não vou usar mais minha roupa. A irmã Deisy,
esposa do irmão Ubaldo no Paraguai; e essa palavra foi a que o Senhor usou para
que ela fosse avisada a tempo; antes de voltar a passar por aí o Senhor lhe
antecipou: Em breve deves abandonar o corpo; assim que concerta as coisas,
deixa as coisas em ordem. Irmãos, eu creio que este versículo é importante, Não
é verdade? Porque nos ensina muito.
Compartilhando
o pasto
Já
que estamos aqui pelos profetas, vamos a Ezequiel capítulo 34, desde o verso
17. A miúdo a alguns irmãos lhes tenho dito isto no passado, mas devo dizê-lo
de novo aos irmãos e a outros. Esta é a opinião de Deus. Diz o Senhor: “¹⁷E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim
diz o Senhor DEUS: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros
e bodes”. E agora olhem estas palavras do Senhor às ovelhas gordas:
“¹⁸Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de
vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que
sujais o resto com os vossos pés? ¹⁹E
quanto as minhas ovelhas elas pastarão o que haveis pisado com os vossos pés, e
beberão o que haveis sujado com os vossos pés. ²⁰Por isso o Senhor DEUS assim
lhe diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra.
²¹Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com os vossos chifres
escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora. ²²Portanto livrarei
as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas
e ovelhas. ²³E suscitarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu
servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. ²⁴E eu, o SENHOR,
lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o
SENHOR, o disse”. Note o interesse de Deus. Deus não está contente se você
é uma ovelha gorda que come para você só e bebe para você só.
Irmão,
como foi você no retiro? Oh! Maravilhoso, foi lindíssimo; e do que se tratou?
De que foi que se tratou, que foi o que se pregou? Não nos lembramos; quer
dizer, que perdemos o que deu o Espírito; não nos importa senão esse momento de
eu comer e eu beber, mas deixo os pastos pisados, deixo as águas turvas, as
ovelhinhas que vem atrás não encontram águas cristalinas como eu as encontrei,
não encontram os pastos suculentos como eu os encontrei, senão que como e bebo;
mas não penso nos que vem atrás; em contra partida Pedro dizia: procurei com
diligência que tenhais sempre memória destas coisas; significa que existe uma
responsabilidade para com as ovelhas; o que eu tenho recebido não é só para
mim, é para que passe da mesma maneira fresco e transparente para as ovelhas
débeis que vem atrás. Mas nós respondemos: sim, eu entendi. Não, irmão; ficou
gravado em meu coração, na melhor das hipóteses por uma semana; depois que
aconteceu aqui? Não há nada; o candeeiro foi tirado, não ficou nada. A gente
não pensa na continuidade, não se põe no lugar dos que vem depois, e que também
devem receber. Estas palavras do Senhor nos mostram que não falou só aos pastores, bem
que falou duro aos pastores aqui, mas também no final fala às ovelhas, e lhes
diz que fizeram mal quando não reservaram pastos bons para as outras; elas
comeram mas não reservaram; elas beberam mas não deixaram as outras beberem. O
Senhor quer que as águas claras que você bebe, você, ovelha, tenhais cuidado
para que as outras as bebam da mesma maneira; que o pasto que você come, não
pense em comer só você, senão que as outras ovelhinhas que vem atrás encontrem
os pastos da mesma maneira.
Vou
dar-lhes um exemplo. Vamos a 3 João 9, 10 e início do 11. Diz São João assim: “Tenho escrito à igreja; ... ”. São João
havia escrito uma carta a esta igreja onde Gaio era um ancião; provavelmente
seja Corinto. Onde está esta carta de João? Que aconteceu com esta carta de
João? Olhem comigo. “⁹tenho escrito à
igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe.
¹⁰Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra
nós palavras maliciosas; ...”. Vocês creem que uma pessoa que não recebe os
apóstolos, que tagarela contra eles, vocês creem que vão guardar uma carta deles,
vocês creem que vai valorizar? Não a vai valorizar; por isso se perdeu a carta
de João. “Tenho escrito à igreja; mas
Diótrefes, ... ”. Ele quer ser
importante, não quer a influência de João nem de outros como João, então proíbe
aos santos de receber João; e aos que o recebem, diz, os expulsa. “... e, não contente com isto, não recebe os
irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja. ¹¹Amado,
não sigais o mal, mas o bem. Quem faz o bem
é de Deus; mal quem faz o mal não tem visto a Deus”. Eu creio que a razão
pela qual não temos esta carta de João é porque Diótrefes não queria esta
influência entre eles; então ele se desfazia deles para ter sua própria
influência; ele não valorizava o que era de Deus, senão o que era de Diótrefes;
ele não distinguia o que era de Deus em João, senão o dele próprio; de maneira
que não lhe importava que a carta de João se perdesse, e nem recebia aos
irmãos. Se dão conta?
Também
Paulo escreveu outra carta aos Coríntios, anterior a primeira. O podemos ver em
1 Coríntios 5:9-11: “⁹Já por carta vos
tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; ¹⁰Isto não quer
dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os
roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do
mundo. ¹¹Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que dizendo-se
irmão, ...”; quer dizer, Paulo está esclarecendo algo nesta carta chamada
primeira, que na realidade foi dito em outra antes desta. A primeira carta na
realidade se perdeu, e qual era o ambiente para com Paulo em Corinto? Não
apreciavam Paulo, e por isso essa carta se perdeu.
Olhem
em Colossenses 4:16: “E, quando esta
(a dos Colossenses) epístola tiver sido
lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio
de Laodicéia lede-a vós também”. Vemos, pois, que Paulo também escreveu uma
carta a Laodicéia; esta carta se perdeu. A primeira carta aos Coríntios se perdeu, a
carta de João se perdeu. Por que se perdeu? Porque eles não valorizaram, porque
eles não foram ovelhas que deixaram o pasto fresco às outras, nem águas fresca
às outras; foram egoístas, e por algo pessoal deles, eles fecharam o pasto ao
que era de Deus nos apóstolos. Irmãos, isso é triste quando nos cabe
lutar e lutar para recuperar uma coisa. De onde é que se recupera o fogo? Dos
tições que ficam debaixo das cinzas. Observem isso em Josué. Vamos a Zacarias
3, ali diz: “¹E Ele mostrou-me o Sumo
sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do SENHOR, e Satanás estava à sua
mão direita, para se lhe opor”. Notem, esse é o trabalho de satanás, sempre
acusar, sempre falar mal, sempre destruir; nunca construir, nunca preservar,
somente acusar. “²Mas o SENHOR disse a
satanás: (esse é o filho) O SENHOR te
repreenda, (meu Pai te repreenda) ó
Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um
tição tirado do fogo?” O incêndio se tornou em cinzas, e o estado do povo e
da cidade e da casa de Deus era tudo um desastre; mas debaixo da cinza havia um
tição que era Josué, cheio de vestiduras vis, cheio de problemas, e satanás não
fazia nada senão acusá-lo, mas o Senhor repreende satanás. Por quê? Porque Ele
vai mover essa cinza, vai avivar esse tição, lhe vai tirar as vestiduras vis, o
vai vestir com traje de gala; e a casa de Deus vai ser restaurada. Como é que a
casa de Deus se restaura no futuro? É que, o que se perde no caminho fica um
remanescente, um tição debaixo da cinza. Se vocês veem a história dos
avivamentos, sempre que um avivamento se apaga, sempre fica um tição, um
remanescente do avivamento anterior; é o que começa o avivamento seguinte.
Satanás sempre está dizendo: isto resultou em nada, isto não valeu nada, isto
não durou nada; mas o Senhor tira e deixa um remanescente, um tição, e com esse
tição acende o avivamento seguinte, e logo satanás trata de dizer ao Senhor,
não; assim como Jó; esse te ama porque tu lhe dá isso e aquilo, mas deixa-me
tratar com ele e verás. Esse é satanás; então vem e torna a cinza; mas o Senhor
debaixo da cinza deixa um tição e com esse tição volta e prende o fogo e vem
outro avivamento.
Irmãos,
por mais cinzas que haja, tem que guardar o tição debaixo da cinza porque esse
tição vai servir de precedente para iniciar a continuidade da obra do Senhor.
Satanás sempre está destruindo, mas o Senhor sempre quer que valorizemos o que
é de Deus, o apreciemos, e depois de apreciá-lo Deus o multiplica. Tem que
saber apreciar o que é de Deus, saber guardá-lo; especialmente quando estamos
em tempos difíceis, às pessoas se vão.
Que tal se Mateus não houvesse escrito, nem
Marcos houvesse escrito, nem Lucas houvesse escrito, nem João houvesse escrito,
nem São Tiago, nem Pedro, nem os outros apóstolos, nem Judas; que difícil seria
para nós; e que tal se o que o Espírito tivesse dado e não tivesse sido bem
preservado o que se escreveu; porque satanás sempre vem querendo preservar mal,
tirar, acrescentar. Até às Escrituras tem tratado de destruir. Tem
que ter pressentimento do que vem. Eu sei que depois de minha partida satanás
tratará de fazer isto, então vocês entendam, tenham sempre memória das coisas
que são de Deus, do que se tem exortado como verdade de Deus, guardando para
Glória de Deus e mantendo-o, não deixem que se perca, porque vocês não são
responsáveis por vocês só, senão pelas ovelhas que vem atrás; elas necessitam
os mesmos pastos e as mesmas águas. Por isso aqui segue dizendo: “³Josué, vestido de vestes sujas, estava
diante do anjo. ⁴E então respondeu, aos que estavam diante dele, dizendo:
Tira-lhe estas vestes sujas. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniquidade,
e te vestirei de vestes finas. ⁵E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a
sua cabeça. E puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e vestiram-no das
roupas; e o anjo do SENHOR estava em pé”.
Isto é a restauração. De onde vem a restauração? Do que ficou do avivamento
passado.
Então eu penso que essa palavra Moserote, cintas,
é uma conjuntura de pressentimento de que as coisas estão por terminar-se,
porque essa é uma jornada dos anciãos, numa mudança de uma geração para outra;
quando os anciãos são guiados pelo Senhor a negar a si mesmos, a morrer, tem
que deixar os precedentes claros para a geração que vem; como dizer: já em
breve devo abandonar o corpo, eu procurei com diligência que sempre tenhais
memória destas coisas. Eu penso que todos os anciãos chegam a um momento em que
percebem que tem que deixar os precedentes claros e pôr em ordem a casa e isto
significa Moserote: conjunta, ser prisioneiro de Cristo, conduzido à morte e
deixar as coisas claras para que outras pessoas continuem, para glória de Deus.
Amém.
" COYUNDA"
[1]
Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo,
Bogotá D. C., Colômbia, 8 de dezembro de 2000.
[2]
2 Timóteo 3:16
[4]
Coyunda em espanhol. Cinta ou correia forte e
larga, ou corda de cânhamo, com a qual os bois estão unidos no jugo.
[5]
Mateus 11:29
[6]
Referência a Apocalipse 2:21-23
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