terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

33ª Jornada - CADES


Jornada 33

C  A  D  E  S [1]

“E partiram de Ezion-Geber, e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades”.
                                                                                                                    Números 33:36

Fonte de juízo
        Irmãos, continuamos com o Livro das Jornadas. Corresponde-nos hoje a jornada de Cades; vamos vê-la em Números 33:36: “E partiram de Ezion-Geber, e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades. A jornada de hoje se chama Cades, no deserto de Zim. Pensaríamos depois destas tremendas lições e jornadas que eles tem recorrido e que já deviam ter aprendido, que talvez não haveria necessidade de passar por outros túneis, mas esta jornada de hoje nos ensina que, apesar de todas as lições aprendidas, sempre existe a possibilidade de passar por algum túnel ou túneis. Porque não é o mesmo adquirir experiência e confiar na experiência que confiar somente em Deus, devido à experiência. A experiência que Deus nos dá não é para confiar na experiência; a experiência que Deus nos dá é para desconfiar de tudo, exceto no Senhor, e confiar somente no Senhor, em mais ninguém. Assim que não importa quanto avançado nos encontramos, nunca podemos confiar em nós mesmos por causa dos nossos avanços, temos que confiar somente em Deus; e a jornada de Cades que vamos ver hoje, ainda que foi uma jornada em que o povo do Senhor tornou a falhar, o mais grave aqui foi a falha dos líderes de vanguarda; é um túnel, pois, esta jornada de Cades vamos vê-la descrita com mais detalhes em Números 20:1-21. Ali está descrita com mais detalhe a jornada de Cades, o que aconteceu em Cades; a nova geração já está preparando-se para entrar, e boa parte, mas não toda, a antiga geração, tem ficado no deserto; mas deve ficar completamente no deserto, deve-se fazer esse translado por completo do velho para o novo, e ainda que a morte não seja uma coisa agradável, sem restrições, é pela morte que se passa do velho para o novo.
        Vamos fazer um seguimento em Números 20. “¹Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades;...”. O deserto é o de Zim e a cidade é uma cidade fronteiriça ao sul de Judá; o que no futuro seria Judá, é o que se chamou desde então Cades; antes não se chamava Cades, antigamente se chamava En-Mispate. Podemos constatar em Gênesis 14, onde aparece o antigo nome de Cades. Vocês veem ali a história daqueles reis, antes de Sodoma e Gomorra: “¹E aconteceu nos dias de Anrafael, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, ²Que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar). ³Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (que é o Mar Salgado). ⁴Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, (o rei de Elão) mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se. ⁵E ao Décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, e aos Zuzins em Hã, e aos emins em Savé-Quiriataim, ⁶E aos horeus no seu monte de Seir, até El-Parã que está junto ao deserto. ⁷Depois tornaram e vieram a En-Mispate (que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também aos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar”. Esta é uma terra onde habitavam gigantes, e Deus utilizou aqueles reis anteriores a Abraão e contemporâneos a Abraão, especialmente estes que mencionados nessa passagem, por haver vencidos os refaítas e a vários destes emitas e zuzitas que eram gigantes, e tomaram possessão dessa terra.
        Depois foi quando Israel, já passadas várias gerações, 430 e trinta anos depois de Abraão, agora na época de Moisés, o povo de Israel, os descendentes de Abraão, a semente de Abraão chega a Cades pela segunda vez. Já haviam chegado primeiro ao deserto de Cades chamado Ritma, onde não puderam entrar por incredulidade, e também por causa da presunção não puderam entrar em Rimom-Perez, senão que desde Cades tiveram que dar voltas e voltas pelo deserto, e depois de haver dado voltas por trinta e oito anos, agora estão, depois de haver aprendido muitas lições, outra vez em Cades, no deserto de Zim, mas na cidade de Cades, cidade fronteiriça, agora sim preparando-se para entrar. Aí em Cades é um ponto chave, porque desse deserto foi que eles, a primeira geração, foram rechaçados; e é nesse deserto onde tem que terminar essa geração e a nova se fortalecer para que possam realmente continuar. Eles não quiseram entrar, e agora coube aos filhos a possessão da terra, partindo do ponto donde a velha geração não entrou por incredulidade; isto é muito significativo. Se você não vence e não dá o passo que deve ser dado, você será posto de lado e outro será posto no teu lugar para dar o passo que você não deu e tomar a coroa que você desprezou. Esta é uma lição muito séria; é uma lição que temos que aprender aqui em Cades. Cades é um ponto fundamental.
         A palavra En-Mispate, que era o antigo nome da Cades na época dos gigantes, dos refaítas, dos emitas, dos zuzitas, significa fonte de juízo; esse é o ponto chave, essa foi a cidade fronteiriça do que seria Israel no normal, o lugar que há entre Abrona, Ezion-Geber e Cades; por esse lugar pelejavam; quando eram vencedores o conquistavam, quando eram derrotados, o perdiam; quando eram infiéis o perdiam; mas Cades já não era uma fronteira que se perdia ou se ganhava, senão que era a fronteira mínima. Quando Josué tomou a terra e Deus lhe traçou as fronteiras, no livro de Josué aparece Cades mencionada como fronteira do sul, a fronteira definitiva, a que não tem que diminuir. Cades era a fronteira do sul, e chegou a chamar-se Cades por causa da santidade de Deus. Em-Mispate, o nome antigo, quer dizer fonte do juízo, pois Deus é um Deus que não tem por inocente o culpado, senão que é um Deus que julga o pecado, ainda dos seus servos e dos seus servos mais queridos; e esse lugar onde Deus é santificado, o lugar de juízo, é o que chegou a chamar-se Cades, que quer dizer justamente Santidade. E olhem que coisa curiosa, Deus faz coincidir o nome Em-Mispate com o nome Cades; a fonte do juízo e a santidade de Deus; é por causa da santidade de Deus que há juízo. Se Deus não fosse santo, se ele fosse cúmplice do pecado, Ele não julgaria o pecado; as pessoas é que são cúmplices do pecado, as pessoas são servos do pecado, as que não julgam o pecado, as que deixam passar o pecado, mas não o Senhor; o Senhor não deixa passar o pecado, o Senhor julga o pecado, porque Ele é santo; por isso En-Mispate, a fonte de juízo é também Cades, o lugar de Santidade.
Santidade de Deus nos espinhos
        Vamos ver em Números 20  o que aconteceu ali em Cades: “¹Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades;...”. Me chama a atenção que o Espírito Santo utilize no contexto, tanto aqui como no esquema de Números 33, o nome do deserto de Zim. Já mencionou Em-Mispate, em um sentido, a fonte do juízo; já mencionou Cades num sentido, a santidade, mas agora mencionou tanto aqui em Números 20, como em Números 33, que era o deserto de Zim. O significado dessa palavra, Zim, é muito significativo, e vocês vão entender porque é significativo. A palavra Zim significa espinho. Note que em Cades, onde está a fonte do juízo por causa da santidade de Deus, é onde estão os espinhos. Nos chama muito a atenção o caso de São Paulo, que era um grande servo de Deus, mas diz que, por causa da santidade de Deus, Deus lhe deu um espinho para guardá-lo em Santidade; esse espinho é a disciplina de Deus. Não é que essa pessoa seja perdida, não é que não seja um servo amado de Deus, senão precisamente porque é amado, o Senhor a quem ama disciplina. Diz na mensagem a Laodicéia: Deus disciplina a quem ama; e em Hebreus 12 diz que, os que não são disciplinados são bastardos, os que não são filhos verdadeiros; mas os filhos verdadeiros, amados, a estes se disciplina. Em Cades encontramos a disciplina: Somos julgados pelo Senhor para não ser condenados com o mundo; esse juízo, esse espinho, é a disciplina. Paulo foi usado pelo Senhor, recebeu grande revelação, por isso mesmo ele necessitava de um espinho que o desinflasse, para que não se inflasse. Diz: “... foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”. (2 Co 12:7); porque a tendência humana é, naturalmente exaltar-se. Se alguém é usado por Deus, cabe ao Senhor mantê-lo em equilíbrio, compensar a balança, por meio de um espinho; qual é esse espinho? O juízo ao pecado dos seus servos amados.
        Deus nunca passou por cima dos pecados dos seus servos amados como se nada tivesse acontecido, não tem esse registro na Bíblia; ficaram sim expostos, inclusive, a vergonha pública. Os pecados de Abraão estão na Bíblia, Deus não os omitiu, estão omitidos no céu, mas não na terra. Um irmão chamado Roland Buck teve uma vez experiência com anjos. O mesmo conta em seu livro “Anjos em missões especiais” que foi concedido a ele ser transladado aos lugares celestiais e lhe mostraram os livros. Vocês sabem que a Bíblia fala dos livros de nossas obras, e para que ele estivesse seguro de sua experiência, o Senhor lhe antecipou 120 eventos que sucederiam na vida dele e do mundo, das quais quando ele escreveu esse livro já se haviam cumprido 117. Entre as experiências que ele teve quando recebeu aquele translado aos céus e lhe mostraram os livros das pessoas, lhe perguntaram se ele queria ver alguns livros, e ele viu parte do livro dele e viu 120 sucessos do seu próprio futuro; mas lhe mostraram livros de outras pessoas, e um que ele queria ver foi o livro da vida de Abraão; e diz que quando ele leu esse livro, disse ao Senhor: Senhor, mas aqui há coisas que Abraão fez, que não foram registradas na Bíblia, mas que sim, foram registrados no céus. Isso é compreensível, porque na Bíblia só está registrado o que para a revelação proposicional concerne, mas as coisas da motivação de Abraão, como Abraão ajudava as pessoas e tudo o que não se conta na Bíblia, está registrado nos céus; e este irmão o viu; mas uma coisa que ele achou estranho foi: Senhor, mas há coisas que sim estão na Bíblia e que não estão aqui no livro de Abraão. Eram as falhas de Abraão.
As falhas que Deus registra na Bíblia para lição de Seu povo e santidade de Seu povo são para aprendermos aqui. Somos julgados aqui para não ser condenados lá; lá já não faz falta recordarmos isso. Por isso quando uma vez se contam os pecados de Salomão, se contam em Reis: mas quando torna-se a contar a história de Salomão em Crônicas, já não conta seus pecados, apostasia. Para que Deus vai contar os seus pecados duas vezes? Com uma vez já era suficiente; porque a intenção de Deus não é envergonhar Salomão senão ensinar-nos santidade para que participemos de Sua santidade; então no caso deste irmão, ele viu que na vida de Abraão não apareciam os pecados, e disse: Senhor, mas na Bíblia diz que ele pecou assim, que ele mentiu quando foi para o Egito, e enganou os egípcios, inclusive expôs sua esposa para que outro a tomasse; e diz que lhe foi dito: Eu não recordo; porque o Senhor tem posto nossos pecados no mar do esquecimento. O que tem sido perdoado por Deus já não existe, mas o que está registrado não é para o dia que estejamos lá, senão para sermos admoestados aqui. Então São Paulo diz que lhe foi dado um espinho; esse espinho era a disciplina que Deus submetia Paulo para mantê-lo no caminho e para fazê-lo partícipe da Sua Santidade, como diz em Hebreus 12, que aos que ama,  Deus os disciplina, e que nenhuma disciplina no momento em que se recebe é causa de alegria, mas depois dá fruto aprazível de justiça aos que são exercitados nela, a qual tem o propósito de fazer-nos partícipes da santidade do Senhor. Então é curioso que justamente no lugar, na fonte do juízo, Em-Mispate, Cades, é o lugar de Santidade, é o deserto do espinho. O espinho é essa disciplina que nos mantém como em um torno que nos está polindo; nem tudo é agradável, senão que Deus precisa de um torno para polir-nos, esse torno é este espinho.
        Olhem o que foi que aconteceu em Cades. “... e Miriã morreu ali, e ali foi sepultada”. Miriã, a irmã de Moisés havia sido a principal mulher do clã dos israelitas no deserto, até que Moisés se casou com uma cusita. Vocês recordam que dentro dos egípcios, muitas das pessoas das terras, saíram com os israelitas, e seguramente esta mulher de Cus saiu com Israel e acompanhou o povo de Israel, mas seguramente chegou a estar tão perto de Moisés, que Moisés a tomou por esposa, uma mulher de raça negra e, claro, isso afastou Miriã de seu lugar, e houve aqueles problemas e veio o juízo de Deus sobre Miriã, e depois foram sete dias de vergonha e caminhou e Deus a usou muito; mas chegou o ponto em que havia de aproximar-se da terra, e nem Miriã, nem Arão, nem Moisés que representam a velha dispensação puderam entrar na terra; isso é muito significativo. Miriã morreu ali em Cades. Irmãos, nossos pecados nos alcançarão cedo ou tarde; uma coisa é o perdão dos pecados e a outra coisa é a consequência dos nossos pecados. Deus pode perdoar nossos pecados e Ele nos perdoa, mas se nossos pecados semearam algo que tem vindo ocorrendo desde que foi semeado, cedo ou tarde nos encontraremos com nossos próprios pecados; quando nos encontramos com o fruto de nossos próprios pecados, esse é o lugar do juízo, esse é o lugar do espinho e esse é o lugar de santidade. Podemos ser perdoados e Deus nos perdoa, mas às vezes o perdão de Deus tomado levianamente nos faz ser apressados e pensamos: Bem, Deus já me perdoou, e tornamos a pecar com facilidade, e se Deus não permite que nos pese o que temos feito, o faríamos facilmente de novo. Deus é sábio, ainda que ele nos perdoa de coração sincero e temos com Ele uma comunhão sincera e que não está interrompida porque houve reconciliação, sem restrição a sabedoria de Deus permite que nos encontremos com os problemas de nossos pecados. Talvez ela fornicou em sua juventude, teve uns filhos, o Senhor perdoou, tem perfeita comunhão com Deus, mas tem que cuidar desses meninos e enfrentar o problema desses meninos sem seu pai, um exemplo; ou talvez o pai que tem que ter esse menino ou essa menina sem a esposa, ou talvez a pessoa tenha dúvida e agora tem que estar pagando. Há muitos filhos de Deus perdoados por Deus, salvos, que vão para o céu, que estão no cárcere. A colheita temporal do que nós semeamos é parte de uma disciplina instrutiva que Deus nos permite para nosso bem e bem do povo de Deus.
Água da rocha
        Números 20: “²E não havia água para a congregação; então se reuniram contra Moisés e contra Arão”. Outra vez o mesmo problema de Refidim, o mesmo problema de Mara, o mesmo problema de Horebe; não é a primeira vez que se comete esse pecado. Pensaríamos que depois de tantas lições não tornaríamos a repetir os pecados; mas é possível que tornemos a cometer de novo alguns pecados, mesmo depois de ter aprendido lições duras. “³E o povo contendeu com Moisés, dizendo: Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o SENHOR!” Estes eram os que sobreviviam da antiga geração. Em Ritma disseram isso e ficaram aí, e os que sobreviveram todavia, seguiram dizendo o mesmo; pensaríamos que já haviam aprendido a lição, mas não haviam aprendido. “⁴E por que trouxestes a congregação do SENHOR a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?” Deus não os fez vir a este deserto; Deus os conduzia a terra que mana leite e mel; foram eles que não creram. “⁵E por que nos fizeste subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? Lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber. ⁶Então Moisés e Arão se foram de diante do povo à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do SENHOR lhes apareceu”. Irmãos, o que vem, a continuação a mim muito me impressiona; seguramente que às vezes o Senhor repreendeu Israel, nos pareceu muito forte; inclusive, eu recordo que um irmão (e não vou dizer o nome porque ele está aqui presente, se ele mesmo não diz, eu também não o digo) me disse: E hoje continuam os raios e trovões? Ou seja havia tido a impressão que estas jornadas eram como raios e trovões. Sem restrições, notem o que vem na continuação, olhem como é Deus; o povo havia falhado e voltou a falhar e voltou a falhar e voltou a falhar na mesma coisa outra vez, esperaríamos que Deus tomasse uma decisão final e o povo fosse totalmente destruído, e não foi assim. Olhem o que fez Deus. “⁷E o SENHOR falou a Moisés dizendo: ⁸Toma a vara, e junta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais”. Sem a menor reprovação. Toma a vara, falai a rocha e tirarás água e darás de beber a congregação.
        Olhem um detalhe: A primeira vez, em Horebe, Deus lhe disse: golpeia a rocha, mas esta segunda vez, Deus simplesmente lhe disse: falai a rocha, não tem que golpear a rocha outra vez. Vocês sabem que 1 Coríntios 10:4 identifica quem era essa rocha que seguia a Israel no deserto; ali nos diz que essa rocha era Cristo. “E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”. A rocha da qual bebiam, era uma figura do Senhor Jesus Cristo. Agora, o Senhor Jesus, a rocha, somente necessitou morrer um só vez por nossos pecados para que graças à ferida na rocha, o povo possa ter águas vivas. Não faz falta que Cristo morra outra vez; por isso não tem que golpear outra vez a rocha, basta lhe falar. O Senhor já fez tudo o que tinha que fazer, a rocha já foi ferida uma vez e já saíram águas, assim que, para que golpearam a rocha outra vez?
Uma má representação
        Diz: falai;  era uma atitude de fé sobre o que já havia sido demonstrado pelo Senhor. Ao princípio, para que houvessem águas, a rocha devia ser ferida, e Cristo, que era essa rocha, foi ferido uma vez; como a rocha já foi ferida, como Jesus Cristo já foi crucificado uma vez para sempre e por todas as vezes, já não faz falta ferir de novo a rocha, somente falar. Falar é uma atitude de fé; é como quando Moisés se assustou diante do Senhor quando vinham os egípcios e o mar estava ali, e disse: Senhor, e agora que faço? E o Senhor lhe disse: Por que clamas a mim? Levanta a tua vara e abre o mar; atua em fé. Isso foi o que Deus estava pedindo a Moisés e a Arão, que atuaram em fé, simplesmente falaram sobre a base do compromisso de Deus. Deus disse: Simplesmente digam que essa rocha vai lhes dar água e vão beber, suficiente; Mas que aconteceu? “⁹Então Moisés tomou a vara de diante do SENHOR, como lhe tinha ordenado”. Até aqui ia bem. “¹⁰E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, (até aqui ia bem)  e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?” Aiaiai! Algo aconteceu aqui: primeiro, todavia Deus não havia dito rebeldes; aqui o temperamento de Deus não foi fielmente representado por Moisés. Até aqui as pessoas haviam recebido de Deus por Moisés, mas agora Moisés está atuando de uma maneira que Deus não concorda. Se Deus fica calado e passa por cima do erro de Moisés, as pessoas vão se confundir com Deus por causa de Moisés. Até aqui tinham conhecido a Deus graças a Moisés, mas por este erro de Moisés havia o perigo de entender mal a Deus; mas o que Deus quer é revelar-se e não ser mal entendido, por isso não é indiferente quando é mal representado. Se nós, irmãos, nos damos conta de que representamos mal a Deus, é melhor ficarmos mal e não fazer Deus ficar mal entendido; é melhor dizer: irmãos me equivoquei, isso foi eu, foi Gino, Deus não é assim; não foi Deus; e nós sabemos que Deus não é como o irmão Gino. Mas se o irmão Gino se faz de tonto, me equivoco e logo vou saindo de fininho, sem que ninguém se dê conta que me equivoquei e vou colocando panos quentes pouco a pouco e depois parece que não aconteceu nada. Porque é assim que somos nós, os seres humanos; em vez de dizer me equivoquei, assim e assim e assim e isso foi eu, não foi Deus, mas nós não fazemos isso; nós nos justificamos, colocamos panos quentes para que não fiquemos mal, e não nos importa que Deus fique mal representado contanto que não passemos vergonha. Aqui Moisés o amadíssimo de Deus trocou os pés pelas mãos.
        No salmos diz que foi por causa dos israelitas que irritou-se Seu Santo Espírito,  e aqui Moisés se irritou mais do que Deus. Às vezes Deus se irrita e nós não nos irritamos, aí também está sendo mal representado. Quando Deus não se irrita eu não tenho que me irritar, e quando Deus se irrita eu tenho que me irritar, porque nós devemos representar ao Senhor; mas se ele se irrita e eu sou diplomático e conivente, o representei mal; mas se Ele é misericordioso e eu sou duro e legalista e ofensivo, Ele tampouco o aprova, porque vamos distorcer a imagem de Deus. Às vezes os pais, as mães falam aos filhos: Deus não vai te querer mais se você fizer isto, e apresentamos a imagem de Deus como um bicho papão, que somos nós e não Deus; então esses meninos vão crer numa imagem distorcida de Deus pelos seus próprios pais. Agora, se Deus vai se revelar a esses meninos, logicamente que vai envergonhar esses pais. “... Ouvi agora, rebeldes,...”. Essa foi uma má representação; até aqui Deus não havia dito isso; isso foi Moisés. Deus não disse: “... Ouvi agora, rebeldes,...”, e também não disse: “... porventura tiraremos água desta rocha para vós?”, na forma de pergunta; aqui vacilou Moisés. Deus vai dizer mais adiante que Moisés e Arão não creram. Às vezes vem a palavra de Deus e não a cremos, e não a diz como temos que dizer para que a profecia seja como é e para que Deus seja glorificado, senão que eles a rebaixaram. Deus lhes disse: falai à rocha; eles deveriam haver dito: rocha dá-lhe de beber ao povo em nome de Jeová, mas eles não disseram isso; eles disseram: Vocês que dizem? Vamos fazer sair água desta rocha? Sim ou não, como quem diz, por se acaso não saem, pelo menos não disse eu que saía; mas que tal se eu digo saia e não sai. Isso foi incredulidade. Irmãos, às vezes o Espírito nos conduz para fazer algo e não queremos nos arriscar, não queremos ser envergonhados e não representamos o que devemos representar para não correr o risco de ficar mal. Não aconteceu algo parecido com Jonas?  Jonas, dentro de quarenta dias Nínive vai ser destruída, mas Jonas sabia que se eles se arrependessem, Deus lhes ia perdoar, e depois o que vão dizer de Jonas? Disse que dentro de 40 dias ia destruir a Nínive e não a destruiu; Jonas é um falso profeta. Não é que Jonas era um falso profeta, foi que Nínive se arrependeu, mas parece que Jonas preferia ficar bem com os homens, ainda que Nínive fosse destruída.
        Mas se a rocha representa Cristo, e Cristo uma só vez tem que ser ferido, como vai ser golpeada uma vez e logo depois duas vezes, três vezes? É como se não fosse suficiente a morte de Cristo. Às vezes atuamos como se não bastasse o sacrifício de Cristo; essa é a incredulidade. “¹¹Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais”. Que misericórdia de Deus! O povo pecando, seus próprios servos representando-o mal e que paciência de Deus! Como é Deus! Mas claro agora vem a sobre mesa. “¹²E o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes tenho dado”. Para poder conduzir a geração à terra tem que crer. Se não crê e duvida e vacila, não pode introduzir o povo de Deus na terra da sua possessão, e isso aconteceu a Moisés e a Arão, e Deus disse qual foi o problema; não foi só a irritação, foi a incredulidade, um pouco, um vacilo. “... Porquanto não crestes em mim, para me santificardes...”; não falaram diretamente: rocha dá água para o povo beber em nome de Jeová; Deus haveria sido santificado; mas será que se bato, vai sair água ou não? Quem sabe. O que deveria ter sido uma palavra profética
se tornou uma provadinha; vamos ver se sai, pois saiu; mas se não sai eu fico tranquilo. “... não crestes em mim, para me santificardes...” por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes tenho dado”. Só por uma fé que santifique ao Senhor se pode conduzir o povo de Deus a tomar possessão da terra que Ele nos tem dado; e isto é uma lição para os líderes. Se o Senhor chama alguns de nós para liderança de Seu povo, não pensemos que as pessoas a quem servimos vão tomar possessão da terra se nós somos incrédulos; nós temos que crer em Deus para que aqueles a quem o Senhor nos encomendou possam ser conduzidos por nós; pela nossa fé que santifica o nome de Deus, que mostra que o nome de Deus é fiel, que se pode confiar em Deus e que se demonstra em nossa vida, então podemos ajudar as pessoas a tomarem possessão da terra, que representa Cristo; mas se nós mesmos somos incrédulos, se nosso tipo de serviço eclesiástico não confia mesmo em Deus, senão que se esconde em certos métodos, porque se falha Deus, pelo menos não falha a bolsa da junta administrativa; se não confiamos de verdade em Deus, como conduziremos ao povo também a crer e a tomar possessão da terra?
        “¹³Estas são as águas de Meribá, (esta é Meribá, mas são duas Meribá, duas rixas: uma em Horebe, que se chamou as águas de Meribá, e esta outra aqui em Cades) porque os filhos de Israel contenderam com o SENHOR; e se santificou neles”. Ele fez o que devia fazer com Seu povo, apesar de seu povo e apesar de seus líderes. Como é Deus! Ele guardou Seu humor. Ele poderia ter dito: Não, estou muito ofendido com Meu povo e com Meus líderes porque eles nem Me amam, nem creram em Mim, e os que são Meus líderes Me representaram mal. Se, nós somos infiéis, Ele permanece fiel.
Sepultar o homem adâmico
        Olhemos em Deuteronômio 2: 14-15. Ali Moisés diz umas palavras mui sérias, acerca do que significa precisamente Zim, Cades, Em-Mispate. Diz Moisés: “¹⁴E os dias que caminhamos, desde Cades-Barnéia (porque eles haviam chegado ao deserto de Cades em Ritma) até que passamos o ribeiro de Zerede, (isto é um pouco mais adiante da jornada de Cades, agora depois do tempo) foram trinta e oito anos, (ou seja, o ano que foram desde o Egito até o Sinai e o ano que passaram no Sinai: dois anos; indo até Cades e logo os trinta e oito, já são quase quarenta, então foram trinta e oito anos) até que toda aquela geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o SENHOR lhe jurara”. Deus havia jurado que o que não cresse, não entraria no repouso, e como eles não creram, então pereceram no deserto, e não só isso, senão que se fixem nesta frase do 15: “Assim também foi contra eles a mão do SENHOR, para os destruir do meio do arraial até os haver consumido”. Com a velha geração não há esperança: que significa isto? Adão, o adâmico, o velho homem, não pode ser educado, não pode ser melhorado, tem que ser sepultado; é somente o novo homem em Cristo; já não no Antigo Pacto, senão no Novo Pacto, já não Moisés, senão Josué, que é figura de Yeshua, Cristo, somente na nova criação há possessão verdadeira; por isso Moisés não podia entrar na terra, porque Moisés representava o Antigo Pacto, em contra partida Josué, cujo nome é muito semelhante ao nome de Jesus no Hebraico e é figura do Senhor Jesus, ele sim introduziria o povo na terra; porque não é a lei de Moisés, senão a graça e a verdade do Senhor Jesus as que introduzem o povo de Deus à terra prometida. Então o que havia de fazer com a velha criação? Simplesmente sepultá-la. Não há esperança em nada adâmico. A palavra do Senhor diz: a carne e o sangue não podem herdar o reino, é necessário nascer outra vez; só o que nasce da água e do Espírito de Deus, isso pode entrar; por isso Moisés tinha que ficar antes de entrar à terra; ele prestou um serviço, mas o serviço definitivo não correspondia a Moisés; Por isso Moisés disse: Profeta como eu, levantará o Senhor, a ele ouvireis; se referia a Cristo; mas Josué veio em figura do Senhor Jesus. Por isso não diz isso.
        Em Números 20: 14-21 vemos outra lição que aconteceu em Cades “¹⁴Depois Moisés, de Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Sabes todo o trabalho que nos sobreveio, ¹⁵Como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muitos dias; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais; (aí está resumindo o final de Gênesis e o começo de Êxodo) ¹⁶E clamamos ao SENHOR, e ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, (este anjo é o anjo de Jeová, que é Cristo) e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos. (Tuas fronteiras, volto e assinalo: tuas fronteiras) ¹⁷Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos. ¹⁸Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que eu não saia com a espada ao seu encontro. ¹⁹Então os filhos de Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho aplanado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas águas, darei o preço delas; não desejo alguma outra coisa, senão passar a pé. ²⁰Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mão forte. ²¹Assim recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu termo; por isso Israel se desviou dele”.
        Isto se complementa em Deuteronômio 2. Por que Israel atuou dessa maneira? Porque já tanto em Elate, que é Abrona e Ezion-Geber, haviam recebido essa instrução do próprio Deus. Ali no capítulo 2 de Deuteronômio, quando Deus lhe disse: “Tendes rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte.”, e começaram a subir desde o Golfo de Acaba, rumo à terra prometida, disse Deus: “⁴E dá ordem ao povo, dizendo: Passareis pelos termos de vossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em Seir; e eles terão medo de vós; porém guardai-vos bem. ⁵Não vos envolvais com eles, porque não vos darei da sua terra nem ainda a pisada da planta de um pé; porquanto a Esaú tenho dado o monte de Seir por herança. ⁶Comprareis deles, por dinheiro, comida para comerdes; e também água para beber deles comprareis por dinheiro. ⁷Pois o SENHOR teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; estes quarenta anos o SENHOR teu Deus esteve contigo, coisa nenhuma te faltou. ⁸Passando, pois, por nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, desde o caminho da planície de Elate (que é Abrona) e de Ezion-Geber,...”. Deus já lhes havia dado esta ordem; não lhes parece muito importante, que por ser o povo de Deus, do Senhor não tem que exaltar-se achando que tem direitos sobre os direitos de outros? Porque às vezes nós pensamos: vamos cercar a propriedade de tal pessoa para que Deus nos dê; mas o Senhor disse: não cobiçarás nada do teu próximo, nem sua mulher, nem seu boi, nem sua terra, nem sua casa, nem sua fazenda, nem nada de teu próximo. No caminho, às vezes alguém se esquece e se crê; não, mas nós somos o povo de Deus e estes outros são os de Esaú, sem respeitá-los, mas Deus não é assim; estamos em um lugar que se chama Cades, onde se revela a santidade de Deus e o juízo contra o pecado; é ali onde o povo de Deus, por mais que seja o povo eleito, bendito por Deus, é um povo disciplinado por Deus e é um povo ao qual Deus exige que ande corretamente para com os demais; não por sermos o povo de Deus temos o direito de menosprezar os outros; e essa lição tem que aprendê-la em Cades, que significa a santidade de Deus. Hoje em Dia, a mim me entristece, e tenho que pedir,  que muitas pessoas influenciadas pela chamada teologia da prosperidade, estão pensando e falando e pronunciando palavras “positivas”, e às vezes as palavras positivas são cobiçando os bens alheios, falando palavras como se fora shamanismo para ficar com a propriedade de outras pessoas. É como trazendo maldição sobre outros e ficando com seus bens; o Senhor não permitiu que Israel fizesse isso com Edom, nem um pouco mais adiante com Moabe.
        Olhemos um pouco a relação que Jefté faz desta história no livro de Juízes capítulo 11. Aí houve uma disputa com os moabitas no tempo de Jefté, e Jefté respondendo aos questionamentos e acusações dos moabitas apela à memória da passagem de Israel por estas terras e diz o seguinte: “¹⁴Porém Jefté prosseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos de Amom, (no contexto estavam sendo acusados pelos amonitas de haver-lhes tirado a terra, como hoje em dia fazem os palestinos com Israel) ¹⁵Dizendo-lhe: Assim diz Jefté: Israel não tomou, nem as terras dos moabitas, nem a terra dos filhos de Amom. ¹⁶Porque, subindo Israel do Egito, andou pelo deserto até o mar vermelho, e chegou até Cades. ¹⁷E Israel enviou mensageiros ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não lhe deu ouvidos; enviou também ao rei dos moabitas, o qual igualmente não consentiu; e assim Israel ficou em Cades”. O que quer dizer isso? Que o povo de Deus que é santo e que é amado por Deus, não é um povo malcriado; porque às vezes nós cremos que como somos os preferidos de Deus temos o direito de fazer coisas que Deus não permite; ao contrário, o Senhor quando vai corrigir diz: comecem por meu santuário. O Senhor corrige primeiro aos que ama e depois de corrigir aos seus, corrige ao mundo; então primeiro o Senhor trata com os que ama, trata conosco. Se nós pensamos que somos o favorito de Deus e vamos ultrapassar os limites, Deus não vai permitir. Deus aos que ama, os disciplina e os mantém dentro de uma linha, tanto de santidade de Deus, como da representação de Deus e faz com que seu povo respeite o direito alheio. Quando eles, mais adiante, pediram permissão e não lhes deram, e lhes vieram atacar, foi que se defenderam e Deus lhes deu a terra; mas Deus lhes disse: não tomem possessão de Edom, porque já lhes dei por herança, eu lhes dei o monte de Seir. Agora vai a Moabe? Não, não passes por Moabe, pedi-lhe e se não te permite, da a volta por detrás, e eles o fizeram, eles se mantiveram no terreno da santidade de Deus. Porque sou um filho de Deus, então não vou pagar meus impostos; porque sou um filho de Deus, não vou respeitar as demais pessoas, não vou respeitar os direitos alheios; ao contrário, somos os primeiros de quem se exige integridade e inteireza, aos filhos de Deus e aos servos de Deus. O que fizeram eles? Respeitaram Edom, respeitaram Moabe, e ficaram em Cades até que Deus lhes dissesse o que havia de fazer. Devemos aprender a permanecer sob a disciplina do Senhor, até que o Senhor mesmo diga qual é o próximo passo que temos que dar. Eu penso que estas lições de Cades acerca da santidade de Deus, da disciplina de Deus, do juízo de Deus ao pecado, a manutenção do povo de Deus dentro dos limites da integridade, são lições que devemos ter gravadas em nosso coração, porque para nós se escreveram, os que temos alcançado o final dos séculos.


[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 16 de fevereiro de 2001.


32ª Jornada - EZION-GEBER


Jornada 32

EZION-GEBER [1]
“E partiram de Abrona, e acamparam-se em Ezion-Geber”.
                                                                                                                       Números 33:35
Espinha dorsal do gigante
       Vamos continuar o estudo da palavra do Senhor. Continuaremos com o Livro das Jornadas. Hoje estamos chegando a outra jornada que representa também outra experiência espiritual. Como diz 1 Coríntios a respeito das jornadas do povo de Israel: “Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.”; para este propósito se escreveram estas jornadas para nós. Vamos a Números onde nos assinala a jornada correspondente ao dia de hoje. Números 33:35: “E partiram de Abrona, e acamparam-se em Ezion-Geber”. Essa palavra que no espanhol se pronuncia geber, no hebraico se pronuncia gueber com a letra guimel. Hoje corresponde nos Ezion-Geber. Se me permitem o mapa um momentinho para mostrar-lhes onde fica Ezion-Geber desde o princípio, então não precisará sinalizá-lo mais. Aqui na parte norte do Golfo de Acaba sobre o Mar Vermelho, chamado Mar Vermelho por ser Mar de Edom que significa vermelho; também se chama Golfo de Acaba ou Golfo Elanítico; tem tido diferentes nomes, e aqui nesta ponta onde termina no norte o braço do Golfo de Acaba é onde está Ezion-Geber. A partir de Ezion-Geber e Elate, que era Abrona, começa o povo de Israel a subir; ou seja, que Ezion-Geber junto com Abrona são duas jornadas sumamente importantes, porque, com algumas outras, representam pontos chaves de inflexão no caminho. Então já localizam no mapa Ezion-Geber.
       Como podemos observar na vez passada quando estudamos Abrona, que significa a passagem, ou o cruzamento, o grande portão, ou o grande portal onde havia uma série de cruzamentos, onde as principais vias da região tinham ali um ponto chave, (entroncamento) e dali passava-se para a Arábia ou vinha-se da Arábia e passava para Gaza, ou passava do Golfo de Acaba para o canal de Suez, atravessando o norte da península do Sinai, ou se ia também em direção norte para o Mar Morto, para Jerusalém, pela Arabá para Moabe, ou descia-se para a península do Sinai; quer dizer, esse ponto de Elate, que é Abrona, é um ponto chave; mas sempre, todas as vezes que aparece Abrona ou Elate, aparece junto com Ezion-Geber; ou seja, essas duas localidades onde o povo de Israel teve estreitas experiências, estão muito relacionadas uma com a outra; quer dizer que há assuntos espirituais que se relacionam, porque isto representa situações espirituais. O natural, a jornada natural tipifica uma jornada espiritual do povo de Deus; esta experiência de Abrona que estudamos na vez passada está intimamente relacionada com essa experiência de Ezion-Geber que vamos ver hoje.
       Então, olhemos em Deuteronômio 2:8, para constatar com essas jornadas, a partir daqui deste ponto do Golfo de Acaba começam a dirigir-se em direção a terra de Moabe, agora já sem dar voltas. Até aqui, ao chegar ao Golfo de Acaba, em Abrona e em Eziom-Geber, eles haviam dado muitas voltas; mas depois de haver dado essas voltas, eles são conduzidos já de forma direta, já rumo à terra prometida, a partir destas duas últimas jornadas: Abrona e Ezion-Geber. Justamente no verso 3 diz: “Tendes rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte”. Aqui é onde Deus deu esta ordem, precisamente em Abrona. Agora diz aqui o verso 8: “Passando, pois, por nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, desde o caminho da planície de Elate ...”. Daqui em diante, desde Abrona que é Elate e Ezion-Geber, as jornadas vão ser através do caminho da Arabá que são os que vão desde o Golfo de Acaba para Moabe, ao oriente do Mar Morto e também do rio Jordão. Então diz: Passando, pois, por nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, desde o caminho da planície de Elate e Ezion-Geber, nos viramos  (porque eles haviam dado voltas pelo norte de Edom e logo haviam descido para o Golfo de Acaba, para o Mar Vermelho, mas agora voltaram-se ao norte) e passamos o caminho do deserto de Moabe. Então o SENHOR me disse: Não molestes aos de Moabe, e não contendas com eles em peleja, porque não te darei herança da sua terra; porquanto tenho dado a Ar por herança aos filhos de Ló”. E agora fixem no que fala neste contexto a partir da subida. Este é um parêntesis. “¹(Os emins dantes habitaram nela; um povo grande e numeroso, e alto como os gigantes. ¹¹Também estes foram considerados como os gigantes como os anaquins; e os moabitas os chamavam emins. ¹²Outrora os horeus também habitaram em Seir; porém os filhos de Esaú os lançaram fora, e os destruíram diante de si, e habitaram no seu lugar, assim como Israel fez à terra da sua herança, que o SENHOR lhes tinha dado.) ¹³Levantai-vos agora, e passai o ribeiro de Zerede. Assim passamos o ribeiro de Zerede”. E vou parar aqui, porque ali o que Moisés está fazendo é relembrando panorâmica e rapidamente todas aquelas jornadas. Queria chamar-lhes a atenção que nestes lugares por onde eles agora vão cruzar e a terra onde haviam de chegar, Canaã, havia gigantes; e isto é muito importante pelo significado da palavra Ezion-Geber. Ezion-Geber significa espinha dorsal de gigante. A palavra geber é a palavra que no plural se diz giborim.
       A primeira vez que aparece na Bíblia está em Gênesis capítulo 6. Ali podemos captar o sentido do que quer dizer Ezion-Geber. Leiamos os primeiros versos para que os irmãos tenham ideia de alguns fatos ocultos, malignos, que aconteceram na época pré-diluviana e como foi nos dias de Noé acontecerão de novo, parecidos nestes tempos finais: “¹E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, ²Viram os filhos de Deus (ou seja, os filhos de Elohim) que as filhas dos homens (diz o original “as filhas dos Adão”) eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. ³Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”. Agora vem a ênfase: Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes (giborim) que houve na antiguidade, os homens de fama”. Por isso quando se lê as antigas mitologias encontramos uma mistura tão misteriosa que a gente não sabe o que fazer com estas mitologias e prefere deixar as coisas sem tocá-las, mas todos esses fatos são recordados já como lendas destes acontecimentos que aqui Moisés de maneira muita sucinta os descreve.
Filhos da exfornicação
       Para entendê-lo um pouco melhor, vejamos na epístola de Judas o que nos diz pelo Espírito Santo este apóstolo, irmão do Senhor Jesus e de Tiago o justo. Diz no versículo 6, algo que aconteceu: “E aos anjos que não guardaram o seu principado,...”; estes anjos são aos que se chamavam na antiguidade de “filhos de Elohim”; vocês recordam daquele livro da época patriarcal, o patriarca Jó, onde diz que vieram apresentar-se diante de Jeová os filhos de Elohim, os filhos de Deus entre os quais veio também satanás. Então vemos que na época patriarcal, se chamavam filhos de Elohim a estes seres celestiais, como diz aqui em Judas: Anjos. Por isso também no livro de Jó diz que os filhos de Elohim se regozijavam quando o Senhor punha ordem na terra e traçava suas medidas. Diz: os filhos de Deus se regozijavam; estes filhos de Deus refere-se aos anjos. Então diz aqui São Judas: “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;”. Isto é o que na segunda epístola de Pedro se chama o tártaro, as prisões dos anjos que pecaram nos dias de Noé, com este pecado específico. Como; qual foi o pecado desses anjos? Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, (aqueles anjos) e ido após outra carne,...”. A palavra que diz aqui: “fornicação”, é uma tradução incompleta, porque esta palavra no grego não é pornéia, senão expornéia, que significa fornicação contra natureza; não foi uma relação natural de fornicação, dentro do mesmo gênero, senão uma exfornicação; se trata de uma fornicação de uma espécie com outra espécie. Uma exfornicação não é só entre indivíduos da mesma espécie, senão quando há uso de uma espécie por outra, é o que se chama exfornicação, não só fornicação; quer dizer, é uma abominação ainda maior.
       Então diz que em Sodoma e Gomorra houve esse tipo de perversidades, e é a mesma que haviam cometido estes anjos que abandonaram sua própria habitação e fizeram como Sodoma e Gomorra. Não é só fornicação, é uma fornicação grave, mas aqui fala de um tipo de fornicações com espíritos, que agora estão na moda outra vez, como nos dias de Noé; mas que nesse tempo foram terríveis. Então diz: “... foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”. Vocês veem que São Judas está se referindo a uns anjos que cometeram pecado contra natureza, contra sua natureza e contra a natureza que eles violaram; e o que nos diz em Gênesis 6 é que os filhos de Deus (no original hebraico, “filhos de Elohim”), como se chama os anjos na época patriarcal no livro de Jó; “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres ...”, e o que diz Gênesis 6:4: “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os giborim (os valentes) que houve na antiguidade, os homens de fama”. A estes valentes, se diz em Hebraico: giborim, em singular geber. Então Ezion-Geber significa espinha dorsal do gigante.
       Aqui tem uma coisa muito importante; vocês recordam que os hebreus vinham avançando por etapas até que chegaram a Ritma, e em Ritma então foram enviados espias a Canaã, e quando eles chegaram a Canaã encontraram os filhos dos gigantes em Canaã: então tomou-se para si o que agora se tem chamado complexo de gafanhoto. Começaram a dizer: mas nós éramos como gafanhotos ao lado destes gigantes, como vamos entrar nessa terra? Eles vão nos devorar, eles vão nos vencer, nos trouxeste aqui para destruir-nos, etc...; ou seja, houve um complexo de gafanhoto, sentiram-se como gafanhotos; eles não viram que Jeová era maior que qualquer um, ele tiveram medo de tomar possessão da terra prometida.
Vencendo o gigante
       Agora, Certamente que a terra de Canaã representa Cristo para nós, mas aqueles gigantes na terra de Canaã representam os principados e potestades que se opõe ao povo de Deus, para que não tomem possessão de Cristo; quer dizer, existe uma guerra espiritual. Por isso diz o apóstolo Paulo em Efésios 6: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,...”; ou seja, que existem entidades espirituais rebeldes que se opõe a Deus, mas como não podem fazer diretamente nada contra Deus, então atacam o povo de Deus, tratando de impedir que o povo de Deus conheça mais a Deus, caminhe no caminho de Deus, e a luta do povo de Deus é contra estes governadores das trevas deste século. Quando os israelitas chegaram até o deserto de Cades, a Ritma, eles se assustaram diante destes gigantes e consideraram que não tinham força suficiente para enfrentá-los, e começaram então a protestar e não tiveram fé em Deus; somente Josué e Calebe disseram: Conosco está Yahveh, os comeremos como pão; essa foi a declaração de fé de Josué e Calebe, mas não da velha guarda de Israel; eles não creram que podiam tomar conta desses gigantes, então o Senhor teve que retrocedê-los aos deserto e começa a guiá-los para aprender muitas lições, e começaram a aprender lições e a geração incrédula ficou convertida em retama, (que é o que significa Ritma) no deserto, durante muitos anos, até que uma nova geração foi aprendendo essas lições e se foi preparando e preparando, através do trabalho de Deus, até que chegaram a um ponto que se chama Ezion-Geber onde agora Deus lhes disse: “Tendes rodeado bastante esta montanha;...”; como quem diz, a geração anterior não foi capaz de ter ânimo e a fé de entrar a lutar contra estes gigantes, mas haverá uma nova geração a qual Eu lhes tenho aberto a porta, e estes sim lutarão a batalha espiritual, estes sim dominarão ao gigante. Por isso a partir deste ponto em diante, desde Abrona que é a porta aberta e Ezion-Geber que é a espinha dorsal do gigante, o povo começa a avançar em direção ao norte, já direto para nova geração, representando o novo homem, porque o velho homem não pode vencer satanás, mas o novo homem tem toda autoridade sobre os demônios, sobre as potestades, tem sido transportado da potestade das trevas para o reino do Seu amado Filho e está assentado com Cristo nas regiões celestiais; quer dizer, tenho posto o pé na nuca do gigante. A partir daqui, pode vencer, isso é o que significa Ezion-Geber, é a espinha dorsal do gigante, é uma atitude espiritual de fé, é o contraste de Ritma; em Ritma eles não estiveram preparados para entrar, então tiveram que retornar e dar voltas, até que a nova geração esteve preparada para entrar, logo, a nova geração não se deteve em Ritma.
Principados e potestades
       Note que eles aqui em Ezion-Geber vão passar daqui a pouco a Cades, que foi onde os outros retornaram, mas eles não retornaram; eles seguiram adiante, seguiram avançando, mas este ponto de Ezion-Geber, junto com Abrona que é a porta aberta que Deus lhes deu quando haviam aprendido as lições espirituais anteriores de Bene-Jaacã, Hor-Hagidgade e Jotbatá, então a porta de Abrona se abriu e Ezion-Geber é junto com Abrona, aquela jornada que nos mostra a atitude de fé e a atitude de vitória e a atitude de disposição da nova geração para tomar possessão da terra de Canaã e vencer os gigantes que a geração anterior, que representa o velho homem, que representa o nascido na carne, não puderam fazer. Agora esta geração nova que representa o nascido do Espírito, estes sim, enfrentarão os gigantes, estes sim, terão a atitude de fé que teve Josué, a atitude de fé que teve Calebe e continuarão para o norte e dominarão. Então irmãos, Ezion-Geber representa uma geração espiritual. Primeiro,  Deus tem que abrir a porta, e segundo, Deus tem que dar esta vitória espiritual sobre os gigantes, sobre as potestades, sobre os governadores das trevas deste século; esta é uma experiência espiritual do povo de Deus. Irmãos, graças a Deus que o Espírito Santo nestas últimas décadas, inclusive, podemos dizer que é mui recente, eu creio que duas décadas não mais, o Espírito Santo vem esclarecendo e enfatizando a necessidade das vitórias espirituais nos ares antes de poder tomar possessão efetiva da terra; antes que vejamos os efeitos no mundo natural, temos que obter uma vitória no âmbito espiritual, essa vitória no âmbito espiritual é o que representa esta jornada de Ezion-Geber.
       Vamos ilustrar isso no livro de Daniel, capítulo 10, que creio é a passagem clássica para ilustrar Ezion-Geber. Diz Daniel 10: “¹No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia,...”; declara a localização histórico-geográfica, terceiro ano de Ciro rei da Pérsia; este é um rei histórico que não só a Bíblia fala dele, senão muitos historiadores como Heródoto falam muito de Ciro. Há um escritor, um historiador famoso, dos antigos, dos chamados clássicos que escreveu dele; os clássicos são: Herodoto, Tucídedes e Xenofonte. Xenofonte escreveu uma obra, muito grossa, que a temos aqui na biblioteca que se chama Ciropédia, tratando acerca de Ciro. Heródoto também trata de Ciro. Encontrou-se o cilindro de Ciro e a arqueologia nos tem falado muito de Ciro. Ciro é um personagem histórico, do tempo da Pérsia; isto o digo para que nos demos conta que existe e que existiu uma Pérsia natural, mas pelo que vamos ler neste capítulo, o império Persa no mundo natural, era a expressão de um principado espiritual que controlava a cultura e civilização Persa e se expressava através da civilização Persa. Então diz aqui: “... foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome era Beltessazar;...”; foi revelada uma palavra, quer dizer, Daniel compreendeu algo, não somente intra-histórico, senão algo transcendente; ele começou a ver por detrás do véu da história e da civilização atual, o que Paulo chama: “principados e potestades nas regiões celestiais, príncipe das trevas deste século”. Se refere aos principados, já não aos naturais, senão espirituais. Por isso em Apocalipse vocês veem quando fala da besta, diz que a besta tinha seta cabeças; quando fala do dragão diz que o dragão tinha sete cabeças. O dragão é o governo espiritual maligno; suas cabeças são seus principados, mas tem sua expressão na civilização  política pagã dos homens; então as setes cabeças do dragão, dirigem as sete cabeças da besta. A besta representa o aspecto político, o aspecto natural dos impérios e das civilizações; como por exemplo, Egito, como por exemplo Assíria, como por exemplo Babilônia, como Pérsia, como Grécia, como Roma, etc. Assim como existiram essas civilizações naturais; essas mesmas civilizações foram dirigidas por espíritos governadores das trevas deste século; quer dizer, por potestades espirituais; estas potestades espirituais inclusive, são identificadas com os mesmos nomes  das potestades naturais.
       Então olhemos o exemplo de Daniel capítulo 10: “... foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome era Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia grande conflito;...”. Vocês notam que se confessa um conflito espiritual de Daniel; quer dizer, Deus lhe revelou por detrás do véu do natural, as realidades espirituais e entrou em um conflito, entrou em uma batalha. Às vezes os irmãos não entendem que estamos em um combate; às vezes lhes vem um ataque de nervos, às vezes nos sentimos sufocados; às vezes sutis tentações pela direita, pela esquerda, às vezes um princípio de um acidente e às vezes acidentes mesmos; todas essas coisas não são naturais, senão sinais da intervenção desses principados malignos que estão opondo-se ao avanço do povo de Deus. Então diz aqui: “... e envolvia grande conflito; e ele entendeu esta palavra, e tinha entendimento da visão. ²Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas”. A que se devia esta aflição? Esta aflição e este conflito, como vamos ver pelo resto do capítulo, era espiritual, não tinha origem em Deus; Deus não era a causa deste conflito, Deus não era a causa desta aflição. Vamos ver qual era a causa. “³Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas”. Foram três semanas de conflito e de jejum; de jejum parcial, e de oração de Daniel. E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel; E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e seu rosto parecia um relâmpago, (este é um ser angelical da parte de Deus que apareceu a Daniel) e os seus olhos como tocha de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. E só eu, Daniel, tive aquela visão ...”; ou seja, Deus só permitiu a ele discernir esse mundo espiritual, assim como Eliseu discerniu os carros de fogo ao redor dele, até que pediu a Deus que abrisse também os olhos de Geazi, seu criado, e Geazi abriu os olhos e viu o que antes não via, mas que estava ali.
Quando o coração se dispõe
       Estamos rodeados de um mundo espiritual. A vitória tem que acontecer não só no mundo natural, senão primeiro no mundo espiritual,  para que depois possa manifestar-se no mundo natural; e isso significa Ezion-Geber, a vitória da fé no mundo espiritual para marchar diretamente para a tomada da terra prometida. Na realidade eles tomaram Canaã fisicamente falando, mas primeiro teve que acontecer a vitória no mundo espiritual. Primeiro tem que ser uma possessão espiritual, uma fé, uma certeza que limpe os ares para que logo as coisas se deem no tempo e na geografia natural. Então diz aqui: “... Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se”. Eles perceberam o temor, mas não viram; houve em seu espírito algo que detectou aquela presença espiritual, mas os olhos naturais não puderam ver, só captaram a presença. Às vezes estamos em uma reunião e captamos a presença, mas pode ser que um ou outro tenha mais que isso, uma visão ou uma percepção mais aguçada que Deus lhe conceda. Então diz: Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não tive força alguma.”; quer dizer, para o espiritual o natural não é suficiente. Contudo (graças a Deus por esse “mas” à debilidade de Daniel) ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra”. Às vezes os irmãos estão orando e Deus os conduz a um sonho e no sonho realiza uma obra espiritual e às vezes lhe revela algo. “¹E eis que certa mão me tocou, (este é um toque espiritual) e fez com que me movesse sobre meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos. ¹¹E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que eu vou ter dizer, e levanta-te sobre os teus pés, (porque ficou esgotado, e começou a refazer-se pouco a pouco, primeiro sobre os joelhos e as mãos e por fim em pé) porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. ¹²Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender...”. Observem como o céu sabe o que passa nos corações; aqui na terra nós vemos o filme dos grandes supermercados, das partidas, dos estádios, das avenidas, da arquitetura exterior, mas o céu está olhando outro filme, o que passa nos corações das pessoas, o que aqui tão pouco tem interessado as pessoas.
       Voltemos a recordar o que havia dito uma vez um irmão numa experiência de morte clínica; quando regressou de tal experiência, relatou que lhe foi dito por um anjo: “Os pensamentos de um Homem falam mais forte aqui no céu, do que as suas palavras na terra”. Olhem o que diz aqui: “.. .porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender (diz: que aplicaste, essa é a responsabilidade de Daniel; claro, que é pela graça de Deus, mas a responsabilidade é de Daniel) e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras;...”; quer dizer, antes que Daniel fizera isto, não se ouviam as suas palavras no céu com bom grado, mas quando se aplicou; bem, este se aplicou a humilhar-se, vamos ver o que vai dizer, vamos ver o que vai pedir. Que lindo isso, não é assim irmãos? Que importante irmãos! Que lição há aqui! Diz aqui: “... e eu vim por causa das tuas palavras”. Quando começaram a serem ouvidas as palavras? Desde o dia em que dispôs seu coração, desde o dia em que o céu especialmente o levou em conta; dispôs seu coração para ouvir a Deus e humilhar-se na presença de Deus; desde esse dia o céu o levou em conta.
       Irmãos, algo acontece no céu quando acontece no coração. Primeiro, tem que ser uma vitória no coração; quando essa vitória, Ezion-Geber, se dá no coração, então repercute nos acontecimentos espirituais. Então diz aqui: “... desde o primeiro dia  ...” (claro, já levava três semanas de conflito, mas Deus desde o primeiro dia já estava a favor dele) “... são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. “¹³Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias,...”; ou seja, as três semanas de conflito, de aflição que tinha Daniel. Deus já havia dado a resposta e já havia enviado, mas se lhe opôs um principado. Onde estava Daniel? Estava nada menos que na Pérsia, no reino da Pérsia; ou seja que Daniel não estava num lugar neutro. Onde estava Antipas em Apocalipse? Em Pérgamo, mas o Senhor  o que lhe disse que havia em Pérgamo? O Senhor não lhe disse somente que Pérgamo é Pérgamo, senão, estás onde está o trono de satanás; ou seja, que em Pérgamo estava o trono de satanás; logo foi transladado a Roma. Quando o Sumo sacerdócio da Babilônia passou a Pérgamo, começou em Pérgamo o culto a Esculápio; e depois quando o imperador Graciano renunciou o título de sumo Pontífice, então o sumo pontificado, que haviam herdado dos césares dos sacerdotes de Pérgamo os nazistas levaram a Berlim, e começou a guerra mundial e até agora está em Berlim.
       Então me disse: “¹³Mas (o céu está a teu favor desde o primeiro dia, mas, irmãos, nem todos no céu são leais a Deus; muitas criaturas, filhos de Deus que estavam nas regiões celestes se rebelaram contra Deus e impedem ao povo de Deus, os estorvam, e ocorrem lutas, combates, conflitos, aflições, perseguições, acidentes tudo isso que vemos) o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias,...”. Houve um conflito enquanto o anjo trazia a resposta de Deus a Daniel, nos ares, nas regiões celestes, um principado, uma das cabeças do dragão, o governo das trevas do império da civilização persa, a influência espiritual da civilização persa, deste príncipe da Pérsia, se opôs a este anjo e houve uma guerra espiritual nos ares, e esta guerra espiritual significou um estorvo para o avanço espiritual, um estorvo em forma de conflito, em forma de aflições. “... e eis que Miguel, (esse é o arcanjo Miguel) um dos primeiros príncipes, (este é dos principados fiéis) veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”. Estes são os reis naturais, quer dizer, com Ciro, com Cambises, com Dario e o resto deles. “¹Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias”. Observem que a resposta espiritual era assegurando um assunto do futuro; ou seja, que as coisas espirituais se resolvem no coração em oração nos lugares celestiais e aplanam o caminho futuro para o povo de Deus; mas tem que se resolver no coração; é uma experiência espiritual de vitória, de fé; você não pode operar isso e luta, combate, vence, até que tem essa fé, essa certeza e discernir o combate nos ares e discernir a vitória e discerne a liberdade e toma uma posição de vitória, uma atitude como a de Josué e Calebe; então isso assegura a marcha que vem e a tomada posterior.       As batalhas posteriores se vencem se primeiro resolveram-se estas coisas espirituais; e estes gigantes, estes giborim, estas potestades malignas, estes caídos, estes nefilim, que isso é o que quer dizer nefilim, caídos, tem que primeiro serem vencidos nas regiões celestiais, antes de que os resultados apareçam no tempo e na nossa historia. Por isso às vezes nós queremos evangelizar e vamos sem orar, ou queremos pregar e vamos sem orar, e parece que há uma nuvem de opressão que não permite as pessoas entenderem.
       Permita-me contar lhes uma experiência que tive no Paraguai onde o Senhor me ensinou em experiência isto. No ano de 1979 no mês de agosto, enquanto estava orando na casa do irmão Atilano Ayala em Caaguazú, o Espírito Santo me conduziu em oração no espírito a uma intercessão; era uma luta, era uma luta de intercessão por todo o norte do Paraguai onde todavia eu não havia ido fisicamente; eu havia percorrido o sul e de leste a oeste e vice versa, mas não havia entrado todavia a essa parte norte onde há uns lugares, umas regiões um pouco atrasadas, onde há indígenas e regiões selvagens; essa região eu nunca havia visto nem nunca havia ido nesse lugar, mas o Espírito me pôs em agosto de 1979 um conflito, e era um conflito e era uma oração que parecia uma oposição de forças, como quando um caminhão está em uma subida e parou na primeira e parece que não vai poder subir; era essa luta em oração e em intercessão, como sobrevoando espiritualmente esta região; ou seja, a opressão espiritual dessa região estava sobre meu espírito, assim como um pó cai sobre uma superfície transparente, digamos uma película, cai esse pó e o mancha; assim, era essa cidade, assim essa região pesava em meu espírito, e eu tinha que limpar-lhe e resistir-lhe em oração, em luta e orando em outras línguas e resistindo, até que chegou um ponto onde foram como que expulsos para a selva e eu senti que descansei e que tudo se limpou em meu espírito; inclusive para essa luta eu havia tido necessidade do Espírito Santo, e eu já não suportava mais e pedi ao Senhor que me desse força e esperava um momento e me dava força e eu continuava nessa luta até que já havia aprendido, com duas ou três dessa paradas, que eu tinha que continuar até que o Senhor diga; porque essa é uma luta de morte nos ares, nos lugares celestes, até que eu estava disposto a continuar, e o Senhor me disse: Não, já terminou, tudo já terminou, acabou-se a resistência, acabou-se tudo. Era como se houvessem varrido, como uma limpeza nos ares em toda região norte. Bem, isso foi em agosto de 1979; no ano seguinte, em agosto de 1980, quando outra vez em Caaguazú, estávamos orando e aí me disse o Espírito Santo: Entra nessa região para evangelizar; ou seja, agora me coube ir fisicamente a essa região do norte do Paraguai; então fui com outro companheiro e irmãos. A primeira coisa que me assombrou foi que as paisagens que eu havia percebido em meu espírito enquanto estava orando, eram as mesmas paisagens que eu agora estava vendo pela primeira vez na realidade. Era a primeira vez que eu ia ver algo espiritualmente conhecido; a segunda coisa que me chamou a atenção foi que nós chegamos por exemplo,  a um lugar e as pessoas chegavam e se sentavam ao nosso lado para ouvir a palavra do Senhor; ou seja, era facilíssima a evangelização; parece que as pessoas já estavam preparadas. Chegávamos e nos sentávamos a tomar tererê e vinham as pessoas e se sentavam como esperando que falássemos algo. O Senhor já tinha preparado tudo; eu me assombrava com isso. Foram como que 25 pessoas as que receberam ao Senhor Jesus e se constituíram na igreja de Vaquería; agora há como 200 irmãos; eles tem se multiplicado em todos esses lugares; e um dia cheguei a uma linha onde começava a selva, e entendi, até aqui foi o ponto onde Deus me havia trazido porque daqui para lá era selva; mas o que me chamou atenção foi a facilidade que era evangelizar; não havia nenhum impedimento, tudo era fácil, as pessoas estavam preparadas, chegavam e recebiam ao Senhor Jesus, e se convertiam; os visitamos várias vezes e assim começou a obra do Senhor naquela região. Hoje em dia há como 200 irmãos espalhados por aquela região; mas era um ambiente tão triste, todo triste, todo desolado; às vezes você chegava e via isso, até parece que os vê fisicamente em algumas casas, em alguns povos, em alguns caminhos; você percebe uma opressão e sente em teu espírito; às vezes, inclusive, está dormindo e isso vem sufocar-te, percebes esse sufoco, percebe uma presença maligna e a tem que resistir na ressurreição de Cristo, sentado com Cristo nas regiões celestiais, resistindo, intercedendo, lutando em união com Cristo, até que se desvaneça essa opressão, até que tudo se dilua e tenha liberdade no espírito. Se você não persiste, então, os ares não são completamente limpos; há que insistir em oração, insistir em intercessão, até que tenha liberdade no espírito; e quando o Espírito te dar esse fluir de vida, essa liberdade, já não há nenhuma resistência, algo já aconteceu nos lugares celestiais, agora isso vai se refletir daqui a pouco no ambiente natural. O que aconteceu em agosto de 1979 se cumpriu em agosto de 1980, um ano depois, mas quando aconteceu em 1979 eu nem imaginava que ia acontecer em 1980; mas agora o de 1980 eu sei que foi o resultado natural da luta espiritual que aconteceu em 1979.
Impedimentos espirituais
       Então vemos aqui em Daniel 10, Daniel em um conflito de três semanas, e esse conflito era nos ares, era uma oposição espiritual do príncipe da Pérsia contra o anjo que trazia as respostas de Deus a Daniel. Daniel foi ouvido desde o primeiro dia, mas a resposta demorou três semanas em chegar. Por que demorou três semanas? Porque havia uma oposição espiritual. Às vezes Deus quer que façamos algo e às vezes os demônios sabem que temos que ir a um lugar ou que temos que fazer algo e começam a por impedimentos, a atrapalhar; às vezes são acidentes que passam diante de você, detrás de você, e você percebe que há um espírito de acidente rondando-te, e às vezes a pessoa não luta espiritualmente, não discerne, e o que se tem que fazer aí é enfrentar isso diretamente no nome do Senhor Jesus e lutar e dar a ordem até que o ambiente se limpe, de maneira que as demais coisas serão acrescentadas.
       “.. .e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. ¹Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque  a visão é ainda para muitos dias. ¹E, falando ele comigo estas palavras, abaixei o meu rosto para a terra, e emudeci. ¹E eis que alguém, semelhante aos filhos dos homens, tocou-me os lábios; então abri a minha boca, e falei, dizendo àquele que estava em pé diante de mim: senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dores, e não me ficou força alguma. ¹Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com meu senhor? Porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e nem fôlego ficou em mim”. Às vezes a luta espiritual te deixa exausto, como Elias ficou exausto e uns anjos tiveram que lhe dar umas tortinhas e uma água de vida e fortalecê-lo espiritualmente. Diz: “¹E aquele, que tinha aparência de um homem, tocou-me outra vez, e fortaleceu-me”. Essa era sua experiência.
       Eu contei aos irmãos e vou contar outra vez porque tem a ver com o assunto. Uma vez o irmão Orwill Swindoll estava pregando, e de vez em quando o irmão dizia: Amém! Aleluia! Cheio de alegria e logo seguia pregando normal, e de repente: Amém! Glórias ao Senhor! E depois quando terminou tudo, na saída estava lhe esperando uma anciãzinha e disse-lhe aquela irmã: Irmão Swindoll, havia um anjo grandote assim como você, (porque ele é grande) que estava parado atrás de você quando pregava; e quando ele colocava a mão nas suas costas você dizia: Amém! Glórias a Deus! Aleluia! Ele recebia esse gozo e o dizia com toda fortaleza; era um anjo que o fortalecia. Diz o anjo: Estive com os reis para fortalecê-los, para animá-los. Esse é um impulso interior espiritual; isso é para poder vencer essa resistência, ou seja, quebrar a espinha dorsal do gigante, aos giborim, Ezion-Geber. Então diz: “¹E disse: não temas, homem muito amado, paz seja contigo; anima-te, sim anima-te. E, falando ele comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu senhor, porque me fortaleceste”. Estas são experiências espirituais. “²E ele disse: Sabes porque eu vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Notem uma coisa: enquanto estava um príncipe demoníaco chamado príncipe da Pérsia nos ares, o império Persa estava em pé; tão logo este anjo combateu, e com a ajuda de Miguel, ao príncipe da Pérsia e o lançaram fora, o que aconteceu com o império persa, com a civilização persa? Caiu, porque aqueles espíritos que lhes davam o impulso foram lançados fora; mas então o que disse aqui o anjo? Que o príncipe da Grécia vinha assumir o espaço vazio que o príncipe da Pérsia havia deixado; e se vocês observam a História, depois do império persa, surgiu o império Grego. O império grego foi uma civilização natural, que expressava a esse príncipe espiritual chamado príncipe da Grécia; ou seja, que se dão nos ares acontecimentos espirituais que depois se refletem na terra.
Quarentena espiritual
       Os filhos de Israel haviam dado voltas e voltas, até que aprenderam as lições que tinham que aprender; já essa nova geração estava pronta para avançar, Deus já havia aberto a porta; como quem diz Deus já havia dado alta da quarentena; porque às vezes em nossa obra espiritual estamos em quarentena, e parece que Deus não nos deixa vencer e ficamos mui restringidos e não sabemos por que Deus não nos abre a porta; porque há algo espiritual que se tem que vencer. Quando se vence no espiritual, então diz: Por quanto foste fiel a minha palavra e tens guardado a palavra da minha paciência e não tens negado o meu nome, eu te tenho posto uma porta aberta, eu, eu tenho a chave e abro e ninguém fecha, eu tenho posto uma porta aberta diante de ti. De modo que primeiro tem que experimentar da parte de Deus a porta aberta, o que Deus te abre; às vezes você que abrir as coisas, mas há algo que não consegue, a porta está fechada, até que consegue chegar ao ponto onde Deus te aprove e passe na prova. Como diz Paulo, como fomos aprovados por Deus para que nos fosse confiado o evangelho; tão logo passaste na prova, então Deus te abre a porta, quer dizer que essa é a hora de avançar; mas Deus não somente tem que abrir a porta, Deus também tem que te dar a vitória sobre os oponentes espirituais. Por isso depois de Abrona vem Ezion-Geber, por isso Elate que é o mesmo Abrona com Ezion-Geber, estão juntos, e é a partir daí que eles começam a marchar direto para tomar possessão da terra prometida.
       Quando Deus abriu a porta, então eles também venceram esse temor que tinham desses espíritos, esse temor que tinham desses gigantes, como haviam tido temor em Ritma e tiveram que retornar; agora a reação já foi muito diferente, já não foi como em Ritma, já não fugiram, agora a atitude deles é o que Deus tem prometido. Estes filhos que vocês dizem que vão ser devorados pelos gigantes, estes mesmos vão entrar para possuir a terra; mas tinha que haver primeiro uma vitória espiritual; ou seja, havia que pôr o pé sobre a cerviz dos gigantes, Ezion-Geber: a espinha dorsal do gigante; aí não está o gigante, aí está só a espinha dorsal; quer dizer que foi vencido; aí o que há é um cadáver de gigante. Eles venceram, eles tomaram a atitude espiritual necessária para poder seguir adiante; mas enquanto se está pedindo, mas não recebendo, suplicando, mas não contando com a provisão, então ficamos dando voltas. É que às vezes nossa oração é só de pedido e nos esquecemos de que a palavra diz: “... que todas as coisas que pedirdes, orando, crendo receber, e tê-las-eis.”; nosso nível espiritual chega até pedir: Senhor dá-me; mas não diz: Graças, porque me tens dado, isso é o que se estava lendo hoje ao princípio: Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes, para que saibais que tendes a vida eterna; temos o que temos pedido; sabemos que se Ele nos ouve, sabemos que temos. Quando você sabe que tens, o tens; não estás pedindo que te dê, senão que recebes,  que crês; é uma atitude de fé. Mais podemos nós que eles; ou seja, o que dizia Josué e Calebe: os comeremos como pão; mas essa era uma atitude em fé, não em presunção; isso nascia da fé de uma revelação. Diz a Bíblia que a fé é a subsistência do que se espera, ou seja, a hipóstase, a convicção do que não se vê; é uma certeza que você tem no espírito, então você já não fala só em pedido, senão como alguém que tem crido e que possui e que está em posição de vitória; é uma experiência espiritual.
A aliança com gente ímpia
       Continuemos com essas palavras do Senhor Jesus. Diz o Senhor Jesus: tudo que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céu. É uma luta frontal contra a oposição, por quê? Porque já o enfrentaste em teu coração, o enfrentaste; então quando já passou, isso já foi enfrentado. Agora para terminar quero lhes dizer algumas coisas que nos ensinam uma lição muito importante que pela vontade de Deus, aconteceu em Ezion-Geber. Algo aconteceu ali nessa Cidade que Deus quis que ficasse registrado na Bíblia, e é para ensinar-nos a vitória. O que poderia comprometer nossa vitória em Ezion-Geber? Isso é muito importante. Então vamos vê-lo no primeiro livro de Reis 9:26: “Também o rei Salomão fez naus em Eziom-Geber,...” . Quem era o rei Salomão? O filho de Davi, por meio de quem se consolidou o reino; ou seja, verdadeiramente a possessão de Canaã; ele é o filho de Davi que na terra de Canaã edificou o templo de Jeová, e este tempo de Salomão representa um tempo de conquista em Cristo e edificação na casa de Deus. Então daí essas conquistas narradas aqui, como as atividades de Salomão. “²Também o rei Salomão fez naus em Eziom-Geber, que está junto a Elate, (este Elate é o mesmo Eliate, ou Aila, ou Guaila ou Abrona  ou Berenice, os distintos nomes que tem tomado na história) à praia do mar de Sufe, na terra de Edom. ²E mandou Hirão com aquelas naus a seus servos, marinheiros, que sabiam do mar, com os servos de Salomão. ²E vieram a Ofir, (desde Eziom-Geber, eles saíam a Ofir) e tomaram de lá quatrocentos e vinte talentos de ouro, e trouxeram ao rei Salomão”.
       O que se fazia em Ezion-Geber? Saíam em navios e traziam ouro. O que se fazia com esse ouro? Se edificava a casa de Deus; o ouro de Ofir era trazido a partir de Ezion-Geber. Mas então agora, passemos um pouco mais adiante, onde termina o primeiro livro de Reis, já para começar o segundo, no capítulo 22:49, onde se fala do reinado de Jeosafá: ⁴⁹E fez Jeosafá navios de Társis, para irem a Ofir por causa do ouro; (o mesmo que havia feito Salomão devia fazer Jeosafá) porém não foram, porque os navios se quebraram em Eziom-Geber”. Isso significa que houve um retrocesso com Jeosafá. Jeosafá foi fiel, mas o que aconteceu? Nos tempos de Salomão partiam desde Ezion-Geber, e traziam ouro para o reino de Deus, mas Jeosafá também fez o mesmo; fez navios em Ezion-Geber, ia fazer o mesmo que fez Salomão, mas em Ezion-Geber romperam-se os navios. Por que se romperam os navios em Ezion-Geber? O que foi que aconteceu? Não diz em reis, mas diz em Crônicas.
       Vamos ao livro de 2 Crônicas 20, desde o verso 31 até o final, onde também fala de Jeosafá. No versículo 35 está a razão de terem se rompido os navios em Ezion-Geber; isto nos ensina uma lição. Diz o seguinte: “³Porém, depois disso, Jeosafá, rei de Judá, se aliou com Acazias, rei de Israel, que procedeu com toda as impiedade. ³E aliou-se com ele, para fazerem navios que fossem a Társis; e fizeram os navios em Eziom-Geber. ³Porém Eliezer, filho de Dodava, de Maressa, profetizou contra Jeosafá, dizendo: Porquanto te aliaste com Acazias, o SENHOR despedaçou as tuas obras. E os navios se quebraram e não puderam ir a Társis”. Então qual foi a derrota? A aliança com gente ímpia. Quando queremos fazer obras junto com os que não estão no mesmo espírito, o Senhor não pode abençoar porque essas pessoas que são ímpias tem aberto portas a espíritos malignos e esses espíritos malignos tem direito sobre as pessoas que lhes tem aberto as portas. Por isso o Senhor disse que temos que guardar distância; mas às vezes há um irmão que está em pecado e nós somos tão “misericordiosos”, entre aspas, que o apoiamos em seu pecado, em vez de guardar distância da pessoa. Então o que está acontecendo? Os espíritos que estavam operando sobre a pessoa que pecou começam a incomodar aquela pessoa que se alia com ela. Por isso nós temos que entender estes assuntos espirituais; não só existem coisas naturais; às vezes se alguém está sob disciplina e se diz que a igreja não se relacione com esta pessoa, a igreja deve respeitar, porque se a igreja não respeita isso, então essa pessoa se abre aos mesmos espíritos que trataram de atrapalhar o outro.
       Agora, Acazias era dado a impiedade; ainda que Jeosafá mesmo não era ímpio, Deus teve que ensinar-lhe uma lição: Eu sei, Jeosafá, que você não é ímpio, mas você fez aliança com um ímpio, e esse ímpio tem aberto portas a espírito malignos; então qual foi o resultado? Os navios se romperam em Ezion-Geber, porque houve uma aliança ímpia. Isso quer dizer que o povo de Deus deve seguir a paz, a justiça, a fé, o amor com os que de coração limpo invocam ao Senhor, e quando algumas pessoas estão atuando em um espírito que não é correto, não podemos fazer-nos de bobo e como se não acontecera nada com estas pessoas, seguir a amizade com elas; as pessoas tem que entender que não aprovamos suas obras, que não aprovamos seus atos, que devemos manter essa distância; porque se assim não o fizermos é como se aprovássemos, como se nos compadecêssemos da injustiça; isso vai trazer maldição sobre nossas próprias obras. Onde aconteceu isso? Em Ezion-Geber. Ezion-Geber é um ponto de vitória, mas onde se perde a vitória? Quando fazemos aliança com a impiedade ou com pessoas ímpias. Deus quer que guardemos a distância e não que nos associemos quando há algo que não é puro diante do Senhor. Essa é uma lição séria que temos que aprender de Ezion-Geber, porque onde eles haviam sido vitoriosos e onde haviam estabelecido precedentes, por haver aberto essa brecha de contaminação foram derrotados ali mesmo, onde de novo deviam ter sido vitoriosos. Então creio que a lição de Ezion-Geber é interessante para aprender. Vamos dar graças ao Senhor.


[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 9 de fevereiro de 2001.