Jornada 14
H
A Z E RO T E[1]
“E
partiram de Quibrote-Taavá, e acamparam-se em Hazerote”.
Números 33:17
O
comum da aldeia
Vamos com ajuda do Senhor
continuar a série do Livro das Jornadas que estamos seguindo às sextas, quando
nos é possível; e vamos ao livro de Números, como costumamos fazer,
inicialmente ao capítulo 33, versículo 17 para ler o verso base da jornada
correspondente ao dia de hoje. A jornada de hoje se chama: Hazerote. Números
33:17, diz assim: “E partiram de
Quibrote-Taavá, e acamparam-se em Hazerote”.
Estamos seguindo todas as distintas jornadas e o que cada uma delas nos ensina,
pelo menos em parte; é certo que há muitas lições que depois também
aprenderemos, ainda delas mesmas, mas pelo menos vamos aprendendo o que vamos
vendo assim em primeira instância. Então, a jornada que corresponde a este dia
se chama Hazerote. Os que recordam o
mapa da península de Sinai concordam que a península de Sinai é como um
triângulo invertido, e na parte de baixo é onde está o monte Sinai, logo se
começa a subir; desceu por um lado e começou a subir por outro lado. De maneira
que subindo de Refidim a Quibrote-Taavá, já chegamos a Hazerote, isto é subindo
por uma linha oblíqua da mão direita; isto é olhando o mapa de frente, quer
dizer, a que corresponde ao oriente; aparece aqui no mapa Hazerote. Já estamos
na subida para Cades-Barnéia, mas pouco a pouco; agora estamos chegando apenas
de novo ao limite do deserto de Parã, que tem várias estações; agora chegamos a
Hazerote. A consideração do que acontece em Hazerote aparece desde Números
capítulo 11:35 até Números capítulo 12:15. Ali está a lição que se aprendeu em
Hazerote; lição bastante delicada, bastante séria. Então leiamos com muita
reverência todas estas jornadas porque estamos diante do Senhor. Diz Números
11:35: “De Quibrote-Ataavá caminhou o
povo para Hazerote, e pararam em Hazerote”. Quero chamar-lhes a atenção
para a última frase, porque esta frase serve para ambientar um pouco o que
aconteceu: “... e pararam em Hazerote”.
Em Números 33:17, dizia: “acamparam”,
mas a palavra acamparam pode ser uma noite; mas a palavra “pararam” já não é
uma noite, a palavra “pararam” implica que estiveram um tempo um pouco mais
longo juntos em Hazerote.
Outra coisa que nos ajuda a entender um pouco porque algumas
coisas se dão em determinado momento, é o significado do nome “Hazerote”. A
palavra Hazerote é uma palavra plural feminina; porque a terminação “ot” é
feminina, a terminação “im” é plural masculino em hebreu; então a terminação
“ot” é a terminação plural feminina. Hazerote, pois, significa aldeias; ou
seja, eles acamparam em Hazerote, e pararam em Hazerote, e ali estiveram um tempo de estar
não somente de passagem senão de conviver mais de perto um com os outros; e
quando isso acontece nos tornamos muito comuns uns aos outros e quando nos
tornamos muito comuns uns aos outros, o mesmo fato de sermos comuns não nos
deixa ver o santo e o sagrado que se move em nós; e a lição que se tem que
aprender aqui é não permitir que o comum se torne insignificante, senão que
apesar de sermos comuns uns aos outros, o Senhor está entre nós, o reino dos
céus está na igreja e o governo de Deus, não o dos homens está entre nós, ainda
que somos comuns. O Senhor
Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque o consideraram muito
comum. O problema não estava no Senhor Jesus, senão na
mentalidade deles; eles estavam tão acostumados e era algo tão comum que dizem:
“... De onde veio a este a sabedoria, e
estas maravilhas? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe
Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós
todas as suas irmãs?” (Mateus 13:54c-56a) Bem, era algo muito comum;
inclusive diz a tradição extra bíblica que alguns diziam: “Sim eu tenho os
arados que ele fazia aqui em casa”. Como ele trabalhava com José e enquanto era
jovem fazia arados, mesas, era carpinteiro, então alguns tinham os arados que o
Senhor Jesus havia feito. Isso não diz a Bíblia, mas o diz uma tradição extra
bíblica, que não ponho ao nível da Bíblia, senão que digo para ilustrar. E diz
o Senhor Jesus: “E ele lhes disse: Sem
dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze também aqui
na tua pátria tudo que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum”.[2] Quer dizer, que quando
estamos convivendo muito perto, claro, somos seres humanos, não somos pessoas
perfeitas, somos pessoas cheias de coisas cotidianas, às vezes muito
desagradáveis que provocam que nos concentremos nessas coisas e esqueçamos que
o Senhor está conosco, os comuns, os corriqueiros, os cotidianos, os vis, os
menosprezados, os que não somos nada; Ele está fazendo algo que é dEle, e atrás
do comum está Ele, e nunca permitir que o cotidiano, o comum, obscureça as
coisas de Deus.
Mas que aconteceu? Eles acamparam, ficaram nessas aldeias em Hazerote
um bom tempo e começaram a ocorrer coisas da vida cotidiana, coisas familiares,
coisas de família; mas resulta que às vezes por não entender, no meio de coisas
cotidianas e familiares nos metemos com as coisas de Deus e atrapalhamos Deus,
sem nos darmos conta que é Deus. Pensamos que são coisas aqui da família e como
se diz roupa suja se lava em casa, mas às vezes não a lavamos como se deve; nos
esquecemos que em casa e que entre o povo de Deus e dentro da vida cotidiana
está o Senhor e está o reino de Deus.
Uma
rebeldia no reino
Então olhem o que
aconteceu em Hazerote e olhem como está a ordem aqui e logo como aparece a
ordem depois. Aqui a ordem natural é assim: Miriã, Arão, Moisés. Quando Deus
chama diz: Moisés, Arão, Miriã, mas aqui é outra ordem; aqui diz: “Miriã e Arão
falaram”; que fácil é falar, tão fácil que é falar, tão comum que é falar de
todas as coisas da família, e fixem-se nos perigos que existem de falar coisas
de família descuidadamente, e Deus está ouvido e tocamos a Deus em coisas
familiares; tocamos a Deus.
Então diz Números 12:1: “E
Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem
casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita”. Como o mais normal,
ele havia tomado uma mulher cusita. “Cusita” quer dizer dos descendentes de
Cus, da raça negra. Seguramente eles eram um pouco racistas. Como é que se
casou com uma negra? Em vez de casar-se com uma de nossa raça, assim como nós,
como é que se casou com uma negra? Moisés não tinha esses prejuízos raciais, e
há pessoas que tem começado a ver o belo na raça negra, mas isso não havia
acontecido todavia a Miriã e a Arão. Mas aqui quem começou foi Miriã, ela foi
quem começou. Então diz: “E disseram...”,
aqui foi o problema, eles passaram do comum, do familiar, do interno, a tocar
no reino de Deus.
“²E disseram:
Porventura falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós? E o
SENHOR o ouviu”. Que era o que estava acontecendo aqui? Querendo rebaixar
Moisés e levantarem-se eles, parecia uma coisa de família, mas realmente era
uma rebeldia no reino, era uma desordem na casa de Deus, porque Deus havia
posto a Moisés, havia posto Arão, havia posto Miriã, mas nessa ordem: Moisés,
Arão e Miriã, mas agora as coisas estão: Miriã, Arão e Moisés. Mudaram a ordem
de Deus em uma coisa familiar, não se davam conta de que não só estavam tocando
no familiar, no cotidiano, senão que meteu os pés pelas mãos, por tão comuns
que somos, que se meteram com o governo de Deus, com a ordem estabelecida por
Deus. “... Porventura falou o SENHOR
somente por Moisés? Não falou também por nós?...” Certamente nós vemos que
às vezes Deus falou a Arão e às vezes falou a Miriã, mas se vocês se dão conta às
vezes que falou a Miriã foi um pouco, a Arão um pouco mais, mas Deus escolheu,
porque Ele quis, são coisas soberanas dEle, falar um pouco mais a Moisés e por
Moisés ao povo; era só coisa de Deus, não era coisa de Moisés. Moisés não
queria, não queria nem se quer ir, não queria ter problemas, ele queria que
fosse Arão, sim. Deus é que queria que fosse Moisés, não era Moisés, era Deus e
eles não se deram conta que era Deus que havia disposto as coisas assim, e se
levantaram não somente contra Moisés, que isso não era nada, seria pouco se não
estivesse ligado com a disposição de Deus. O problema foi que tocou em Deus.
“... E o SENHOR o
ouviu. ³E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia
sobre a terra”.
Como quem diz, Moisés não reagiu, ele não pretendeu
defender-se, porque se Moisés tivesse se defendido, Deus não o haveria feito.
Quando alguém trata de defender sua própria autoridade, isso lhe faz perder a
autoridade. Se Deus te pôs, Ele te defenderá; se você te defende é como se você
estivesse posto a si mesmo. Quando você defende a si mesmo é porque você se
colocou, mas se não te colocaste, não é coisa sua, senão que foi Deus quem
dispôs assim; você está aí porque Deus arrumou e te colocou aí; então já não é
você, agora Deus te defende. Por isso antes de dizer que Deus interveio, disse
que Moisés não interveio; o que se diz frente a isso foi a mansidão de Moisés.
O manso não luta por seus próprios direitos, senão que deixa que Deus o
defenda.
Então diz: “E era o
homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. ⁴E logo o SENHOR disse a Moisés, Aarão
e a Miriã...”. Olhem a ordem de Deus; no verso 1 diz:
Miriã e Arão falaram contra Moisés; quem começou foi Miriã e Arão lhe seguiu um
pouco, nem tanto, mas não soube parar as coisas a tempo, e Moisés era o motivo,
mas agora “E logo disse o SENHOR a
Moisés, a Arão e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles
três”; como quem diz, estas são coisas que não devem complicar a todo o
povo de Deus, estes problemas de vocês tem a capacidade de retardar o avanço do
povo de Deus, como efeito não avançaram por uma semana. Então por favor,
apartem-se vocês três, venham a parte, saiam do meio do acampamento, do meio
das aldeias, venham a minha presença, na minha presença é onde se deve
solucionar isso.
Deus
vindica Moisés
Olhem, irmãos, quando alguém não vem à presença do Senhor,
as coisas passam e ficam sem solucionar, mas quando você chega à porta do
tabernáculo, onde se tem comunhão com Ele, aí você se dá conta que há algo
equivocado em ti; quando você está no meio do cotidiano você não descobre a tua
própria rebeldia; somente quando queres ter verdadeira comunhão com Deus à
porta do tabernáculo, aí é quando descobre que há um silêncio, que há algo não
resolvido e que já não pode se fazer de bobo. Quando não está na luz pode-se
fazer de bobo por muito tempo, mas quando vem à luz, a luz é a que manifesta
tudo, e aí sabes que tens que consertar o que fizeste, o que falaste. Às
vezes é só falar, mas se falar Deus ouve. Então que aconteceu? Que o
Senhor os chamou ao ponto onde se entende as coisas. Enquanto estamos no
cotidiano não se entende as realidades espirituais; é quando se tem comunhão
com Ele, quando o Espírito Santo te redargui. Uma pessoa que não acostuma a ter
comunhão íntima com Deus pode passar muitos anos em sua rebeldia, sem entender
porque acontece o que lhe acontece, mas quando quer estar com Deus, aí entende
que algo tem acontecido. Então Deus os chamou à Sua presença.
“... Vós três saí à
tenda da congregação. E saíram eles três. ⁵Então
o SENHOR desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a
Arão e a Miriã e ambos saíram”.
Estavam os três, mas agora na presença de Deus já as coisas
são diferentes: Arão e Miriã venham aqui. “...
e ambos saíram. ⁶E
disse:...”. Não foi Moisés, aqui Moisés não faz nada;
a única coisa que se diz de Moisés é que era manso, mas que fizera algo, não
fez nada, somente era manso, mas o que fizeram Miriã e Arão e o que fez Deus, é
isto. “⁶E
disse: Ouvi agora as minhas palavras; se
entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em
sonhos falarei com ele”. Quer dizer, vocês tem falado e não
me tem ouvido a mim e eu os tenho ouvido, essas são as opiniões de vocês, eu
sei que vocês tem suas próprias opiniões acerca de Moisés, mas eu vou falar
depois a opinião que tenho de Moisés. A opinião de Deus é mais importante que a
opinião que tem os homens.
O
equivocado juízo pelas aparências
Para ilustrar o que
significa a opinião de Deus, vamos a Apocalipse capítulo 3, onde o Senhor fala
à igreja em Filadélfia, ou seja, a igreja que ele aprovou; aqui não disse o
Senhor nada negativo de Filadélfia. Vemos o que tinha contra Éfeso, o que tinha
contra Pérgamo, o que tinha contra Tiatira, o que tinha contra Sardes, o que
tinha contra Laodicéia, mas o Senhor não tem nada contra Filadélfia, e sem
restrição, os santos de Filadélfia eram afligidos por alguns que pretendiam ser
algo no meio deles e os afligiam, então o Senhor diz no verso 9: “Eis que eu (não é você) farei aos da sinagoga de Satanás...”.
Eram pessoas que estavam na sinagoga; a sinagoga é ambiente religioso, só que
influenciado pelo diabo. Desgraçadamente, o diabo também se move no ambiente
religioso. “Eis que eu farei aos da
sinagoga de satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu
farei (não é você, você não tem que fazer nada, você somente segue tendo
paciência) que venham, e adorem
prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo”. É coisa séria quando Deus
corrige as pessoas; nós às vezes não queremos reconhecer e ver as coisas como
Deus as vê. Um dia Deus nos faz ver as coisas como Ele as vê; por isso nossas
opiniões acerca das pessoas são muito pouca coisa porque nós não vemos as
coisas como Deus as vê. Por isso São Paulo dizia (1 Coríntios 4):
“³Todavia, a mim mui
pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu
tampouco a mim mesmo me julgo. ⁴Porque
em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem
me julga é o Senhor. ⁵Portanto,
nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz
as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então
cada um receberá de Deus o louvor”.
A obra de cada um se manifestará. Às vezes enquanto a obra
está sendo feita não é bem conhecida; às vezes nos equivocamos ao julgar pelas
aparências. Fixem-se no que diz em Malaquias. Ali o Senhor promete uma coisa
que sucederia para os tempos finais. Leiamos para ilustrar a intervenção de
Deus corrigindo as opiniões humanas, enganadas pela aparência e pelo pecado do
homem. Diz assim em Malaquias 3:16-18:
“¹⁶Então aqueles que temeram ao SENHOR
falaram frequentemente um ao outro; e o SENHOR atentou e ouviu; e um memorial
foi escrito diante dele, para os que temeram ao SENHOR, e para os que se
lembraram do seu nome”.
Fixem-se, os que temiam a Jeová, esses problemas que se
deram aqui em Hazerote, vamos ver que o que Deus diz, é por não temer a Deus.
Quando não tememos a Deus somos apressados em nossos juízos; por não temer a
Deus. Quando se fala mal ou quando se fala bem, que sucede? Que o Senhor ouve;
Ele ouve tudo que se fala e diz: “¹⁷E eles serão meus, diz o SENHOR dos
Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa
a seu filho, que o serve”. Agora estão atuando vocês e eu
estou ouvindo e vendo, mas um dia atuarei eu, diz o Senhor. Logo vem o então de
Deus. “¹⁸Então
voltareis...”, porque parece que estávamos olhando em
outra direção, temos que voltar-nos para ver do ângulo de Deus. “¹⁸Então
voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a
Deus, e o que não serve”. Então, enquanto não se discerne
bem, senão que ao justo acontece coisas como ao ímpio, e os ímpios são
enterrados com grande honra. Isso é agora porque Ele não está atuando, mas o
dia em que Eu atuar diz o Senhor, conhecereis a diferença. Agora parece que não
há diferença entre o trigo e o joio, inclusive, por favor, não arranquem o
joio, não seja o caso que também arranquem o trigo, porque não se discerne bem
a diferença, mas então discernireis a diferença. É a atuação de Deus. Fixem-se,
irmãos, se Moisés atua, não deixa Deus atuar. Se a igreja em Filadélfia atua
defendendo-se, não deixa Deus defendê-la; eles deixavam com Deus o problema,
eles não se defendiam, o que eles queriam era ao Senhor Jesus, Sua verdade, Sua
Palavra, servi-lhe tranquilamente e nada mais. O demais entregavam a Deus e
Deus atuava.
A
revelação de Deus e a autoridade
Então voltemos a Números
12:6: “⁶E
disse: ouvi agora as minhas palavras;...”. Agora, somos nós
os que temos que ouvir; antes nós falávamos e ele ouvia, mas agora ele fala e
nós ouvimos. Quer dizer, como quem diz, esta é a minha apreciação das coisas. “... Se entre vós houver profeta, eu, o
SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. ⁷Não é assim com o meu servo Moisés
que é fiel em toda a minha casa. ⁸Boca
a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do
SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra
Moisés?”. O Senhor mostra a opinião que ele tem da
pessoa revelando-se a pessoa. Se uma pessoa não recebe revelação de Deus, não
está sendo autorizada por Deus ou está sendo autorizada somente até onde vê; a
quem o Senhor autoriza mais, lhe mostra mais. Não podemos assumir um encargo do
que não vemos bem; o que não vemos bem não devemos tocar. Devemos
deixar que toque quem está vendo bem; assim mostra Deus como Ele reparte as
coisas em Sua casa. Então, o que Ele te mostra é porque ele te deu autoridade;
por isso você vê e os outros não; vês? Então quando você vê algo que os outros
não estão vendo, você deve representar isso que Deus te deu e dizê-lo para
ajudar, e quem resiste, não resiste a você porque é Deus que falou quando te
mostrou; vês?
Agora aqui o Senhor nos está dizendo: Sim, eu a todos lhes
mostro algo, mas não se dão conta que a Moisés lhe mostrou mais; isso é o que
lhes incomoda. Vocês querem rebaixar Moisés, elevar-se, pôr as coisas no mesmo
plano e estão desfazendo minha disposição e meu governo, estão fazendo as
coisas como vocês as querem e não como são na verdade. Então diz aqui: “... se entre vós houver profeta, eu, o
SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. ⁷Não é assim com o meu servo Moisés
que é fiel em toda a minha casa. ⁸Boca
a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do
SENHOR...”, (ou seja o Verbo, a Teofania de Deus que é Cristo, o
Filho). “... por que, pois, não tivestes
temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” Esse é o problema.
Certo, servo Moisés, mas é meu servo. “...
Não tivestes temor de falar...”. Quando não temos reverência falamos
facilmente, por outro lado observem porque o Senhor apareceu tanto a Davi,
inclusive disse que Davi era um homem conforme o coração dEle, porque ainda que
Saul era um rei mal e perseguia Davi, Deus o havia posto, Deus havia ungido
Saul e Davi respeitava essa unção, e ainda que foi provado, lhe foi posto em
bandeja ali na entrada da caverna. Saul veio dormir onde Davi estava escondido
e se pôs a dormir; ali Davi podia matá-lo e Davi demonstrou que ele não ia
defender-se por si mesmo; mas lhe tirou um pedaço da capa, inclusive Davi se
turbou por isso. Ele se sentiu turbado por haver tirado do ungido de Jeová, um
pedaço de sua capa; então, ele não o tirou do trono, esperou que Deus o
tirasse. Agora, Deus colocou Davi debaixo de uma autoridade que exercia mal a
autoridade para que ele aprendesse a exercer bem a autoridade. Ele tinha que
aprender como ser um bom rei vivendo seus bons anos debaixo de um mau rei.
Quando esteve debaixo de um mau rei, quando lhe veio a oportunidade, então pode
ser um bom rei, mas se não houvesse estado debaixo de Saul, dificilmente
houvera sido um Davi. Amém!
Às
vezes Deus se aparta
Então o temor de Deus é o
respeito. “... Por que, pois, não
tivestes temor?...” Agora, este “por
que não tivestes temor”, não ficou ali, senão que diz assim: “⁹Assim
a ira do SENHOR contra eles se acendeu; e retirou-se”.
Isso é quando a Glória do Senhor se levanta, que aí nós seguimos, aí seguiam as
aldeias, aí seguia tudo, mas o Senhor não estava, Sua presença não está, se foi
o Senhor, as pessoas não sabiam o que acontecia.
Irmãos, permitam-me para minha própria vergonha, contar-lhes
um testemunho de uma correção pessoal que eu recebi. Estava no Paraguai, na
Cidade de Leste e nos foram visitar dois queridos irmãos: o irmão Mário Bogado
e o irmão Silvio Mendoza, dois servos do Senhor, e Mário se hospedou na casa de
Enrique, e Silvio se hospedou em minha casa; e chegaram eles a visitar-nos na
Cidade de Leste e Mário, um servo do Senhor, um homem de Deus, me disse algumas
coisas que eram de Deus, e eu as interpretei como impertinência, como que ele
estivesse se metendo comigo no que não era da sua conta; assim eu o entendi.
Logo vi que Deus estava me falando através do meu irmão Mário. Eu somente vi
Mário como alguém que estava se metendo com minhas coisas, como algo comum.
Fixem-se o que aconteceu com Josias. Todos os bons reis viveram longo tempo e
os reis maus viveram pouco tempo, mas um bom rei, Josias, viveu pouco tempo,
porque não entendeu que Deus estava falando a ele pelo Faraó Neco. Não entendeu
que era Deus e foi contra Deus por não discernir por detrás do cotidiano, o
governo de Deus; a vida cotidiana lhe enganou e que aconteceu? Não entendeu que
Deus estava falando e muito menos através do que ele julgava ímpio: Faraó Neco, mas diz: não
entendeu que Deus falava através dele e por isso morreu um bom rei antes do
tempo; cortou-se seu tempo.[3]
Então, irmãos, terminou e Mário foi se hospedar na casa de
Enrique e Silvio veio hospedar-se em minha casa e eu comecei a conversar com
Silvio, como que justificando-me das “acusações”, que eu dizia que Mário estava
me fazendo, e quando eu estava nessa rebelião, como eu não entendi a correção
de Deus através de meu irmão no cotidiano, lhe coube entrar o Senhor ao vivo e
direto e me repreendeu diretamente: “Ou te calas, ou me vou”, e se pôs à porta.
Eu entendo o que quer dizer isto: se acendeu a ira de Deus e se foi; nessa
ocasião não se foi, mas se pôs à porta, eu o discerni claramente em meu espírito.
Se pôs na porta, fiquei toda essa noite “grogue”, o dia seguinte grogue, como que
tonto e na outra madrugada o Senhor concedeu humilhar-me a seus pés, pedi-lhe
perdão e assim como sentir Seu repúdio, também senti quando uma membrana se
rompeu assim sobre mim, e o sangue do Senhor me limpou e me livrou da minha
rebelião. Irmãos, quando uma pessoa não tem sentido a autoridade de Deus, essa
pessoa não teme, é como o menino que mete o arame dentro de uma tomada porque
não sabe, então no dia em que dá choque, então a pessoa se dá conta. Irmãos, às
vezes não distinguimos a autoridade de Deus até que nos chocamos com o que isso
significa; é um choque forte, um choque no espírito. Eu entendo o que é isso, o
digo para minha vergonha. Eu recordo outra vez que estávamos falando com um
irmão e eu estava dizendo umas coisas, mas o irmão havia estado debaixo de uma
influência muito forte e ele me dizia: Mas se estes dizem assim, isso que você
está dizendo não é nada; e menosprezou o que lhe disse e imediatamente sentiu
uma repreensão tão forte que graças a Deus, imediatamente pediu perdão. Disse:
Irmão, perdão, perdão, me equivoquei; ou seja, ele foi sincero quando recebeu a
repreensão de Deus em seu espírito e se humilhou instantaneamente; mas às vezes
a pessoa é tão soberba, que não se humilha, se faz de bobo, se vai, e que
acontece? O Senhor fica longe da pessoa e a pessoa não sabe o que está
acontecendo.
O irmão Gerson me contou uma experiência. Disse que ele
estava conversando com uns irmãos; estavam numa sala e de repente entrou uma
pessoa extremamente soberba pela porta, e ele percebeu em seu espírito no
momento em que essa pessoa entrou, que o Senhor em seu interior, se levantava e
ia-se. Imaginem essa soberba tão terrível, o Senhor não suportou essa soberba,
e ele o que faz agora é ir-se, por agora; depois será pior. Mas se o Senhor se
aborrece, se cala, vai-se e às vezes não percebemos, e nos perguntamos, Que
aconteceu? Por que está tão calado? Por que não o sinto? Que acontece? É porque
tem alguma coisa que seguramente alguém falou, seguramente disse, fez o que
ofendeu o Senhor, e até que Deus lhe chama à porta de Sua presença no
tabernáculo. À luz dEle se vê as coisas distintas. Aí começaram a ver tudo
distinto. Primeiro, Arão. Arão foi o que viu, Miriã não viu, e coube ao Senhor
corrigi-la, repreendendo-a severamente; Arão viu e não lhe aconteceu nada, Mas
Miriã não viu e lhe aconteceu algo até que viu. Então, que foi que aconteceu
aqui?
“... Por que, pois,
não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do
SENHOR contra eles se acendeu; e retirou-se. ¹⁰E
a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve;
e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa”.
Notem que ela não gostava das negras, ela ficou muito
branca, porque “...e eis que estava
leprosa”, branca como a neve. Coisa delicada é escarnecer de outro,
menosprezar, verdade? Delicadíssimo! “¹¹Por
isso Arão disse a Moisés: Aí, senhor meu, não ponhas sobre nós este pecado,
pois agimos loucamente, e temos pecado”. Não havia sido Moisés, isso não
era coisa de Moisés. O que Moisés fez até aqui foi orar por eles, nada mais. Aqui
o que confessa o pecado é Arão: “... pois
agimos loucamente...”, e essa situação eram palavras, “...e temos pecado. ¹²Ora, não seja ela como um morto, que saindo do
ventre de sua mãe, a metade da sua carne já esteja consumida. ¹³Clamou, pois,
Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures”.
A
graça e o governo de Deus
Mas olhem a lição que se tem
que aprender aqui na resposta de Deus. Uma coisa é a graça de Deus e outra
coisa é o governo de Deus. Quando Davi pecou[4] e pediu perdão a Deus,
Deus lhe perdoou nesse mesmo momento e se fez notificar por Natã; e Natã lhe
disse: Teu pecado é agora perdoado, todavia o menino morreu. A
disciplina do governo continuou, ele foi perdoado e Deus teve comunhão com ele,
mas a mão disciplinadora não foi tirada dele. Deus pode perdoar teu pecado,
inclusive pode voltar a ter comunhão com Ele, mas as coisas continuam
acontecendo porque é a disciplina do governo de Deus que prevalece. Por que o
Senhor tem que nos governar? Porque somos tão levianos que não tememos, e se
Deus não nos disciplina, não tememos, por isso fazemos as coisas muito fáceis,
e para que não as façamos, temos que sentir que não é tão fácil. Sim, fomos
perdoados, mas temos que levar a disciplina do governo durante um tempo. O
perdão existe; Davi foi perdoado e tinha comunhão com Deus, mas o menino morreu
e aqui aconteceu isso a Miriã.
Então diz: “¹⁴E disse o SENHOR a Moisés: Se seu pai
(e aqui não é só seu pai, é Deus mesmo) cuspira
em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora
do arraial, e depois a recolham”. Às vezes nós queremos que o perdão seja
já. Sim, pecou, se arrependeu e já,
restauração imediata. Espere, não temos que ser tão levianos, vocês não estão
temendo a Deus, a única coisa que queremos é estar em paz consigo mesmo, mas você
não está respeitando o sentimento de Deus, não tem temor a Deus. Então parece
que depois que houve perdão, segue havendo uma disciplina, por quê? Porque é
uma medida do governo. Não quer dizer que a pessoa não foi perdoada; não quer
dizer que a pessoa está perdida; quer dizer que Deus lhe faz sentir Sua mão
para que a pessoa não seja leviana, porque se não o corrige volta a fazer o
mesmo. E que diz a Escritura em Provérbios, inspirado pelo Espírito de Deus?
Por quanto não se corrige em seguida a má obra, o coração do homem está
disposto a fazer continuamente o mal e por isso ao pequeno tem que corrigi-lo
no momento, porque se não corrigir pensa que pode seguir fazendo sempre o que
quer. Então, como nosso Pai nos ama, nos faz às vezes colher algo que nos dói,
pelo que fizemos e nos perdoou, e sabemos e temos comunhão com Ele, mas aí está
a disciplina, veem? Comportaste-te mal na rua? Tens esta disciplina.
Às vezes ele quer que se
levante, mas não se levanta porque não há sinal de arrependimento. Enquanto não
haja sinal de arrependimento essa disciplina continuará; quando há sinal de
arrependimento a disciplina cessa um pouco mais rápido, no momento em que Deus
julga que tem sido real e que já não é mais necessária porque a pessoa já
aprendeu a lição; mas às vezes a pessoa sem a disciplina não aprende e ainda
que pede perdão lhe perdoa, mas a pessoa quer tomar esse perdão com muita
facilidade, tão barato, que não avalia, então cabe a Deus apertar o parafuso
com a disciplina. Por isso na Bíblia se fala do perdão eterno da redenção, e o perdão de
restauração de comunhão; o perdão eterno é o que faz a pessoa passar da morte
para vida; o perdão de restauração de comunhão é o que restaura a comunhão
entre o salvo que perdeu o gozo da salvação, mas não a salvação, então volta a
ter comunhão com Deus. Mas o perdão de disciplina é diferente; a disciplina não
vem tão rápido, mas quando vem, tão pouco vai rápido; necessita-se convencer a
Deus que aceitamos a disciplina até a última gota, seja a que for a aceitamos,
porque Deus não se equivoca, e não nos promovamos nem queremos que nos levante,
senão que nos arrependamos e aceitemos, então Deus a levanta e isso diz aqui:
“...Se seu pai cuspira em seu rosto, não
seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do arraial, e
depois a recolham”.
Os
problemas privados se fazem coletivos
Observem, Moisés queria
que a perdoasse agora. Diz assim: “... Ó
Deus, rogo-te que a cures”. Deus disse: Sim, a sararei, mas não agora.
Disse: depois recolham a congregação; quer dizer, que o que é imundo por lepra
tem que está fora da congregação e somente quando for sarada podia voltar; se
não fosse sarada ficava fora. Quando a pessoa está em pecado, sabem o que
acontece? Não vem a reunião, não se reúne com os irmãos, esta pessoa está
leprosa, está em pecado, não quer estar entre os irmãos. O que está na luz vem
à luz para que se manifeste que suas coisas são feitas em Deus, mas o que está
em trevas não vem à luz para que suas obras não sejam repreendidas;[5] ou seja, essa pessoa está
imunda e por isso está fora do acampamento. O triste é que o acampamento
avance e a pessoa fique no deserto e morra. Isso é delicado! Então diz
aqui: “... Esteja fechada sete dias fora
do arraial, e depois a recolham”. O número sete é até que se complete seu
castigo ou purificação, “... e depois a
recolham. ¹⁵Assim Miriã esteve fechada fora do
arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram Miriã”.
Uma coisa que havia sido tão privada, coisa de família, se transformou num
problema do povo de Deus. “... e o povo
não partiu, até que recolheram a Miriã.
Fixem-se, algo que houvera sido meramente familiar, afetou
ao povo, com Acã; Acã fez uma coisa privada, mas afetou ao povo, turbou ao
povo. Então, como turbaste ao povo de Jeová, agora tu serás turbado, e o que
fez Miriã foi turbar ao povo e diz “... e
o povo não partiu...”, não puderam avançar, isso foi um retrocesso para
todo o povo “...até que recolheram a
Miriã”. Até que não se solucionou o problema de Miriã, essas pessoas não
avançam e detém o povo, eles mesmos detém o povo, e aí termina a lição de
Hazerote, porque diz: “¹⁶Porém, depois o povo partiu de
Hazerote; e acampou-se no deserto de Parã”. Hazerote é uma
lição muito séria, lição delicadíssima. O Senhor nos ajude a ser sinceros com
Ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário