terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

14ª Jornada- HAZEROTE


Jornada 14

H A Z E RO T E[1]

“E partiram de Quibrote-Taavá, e acamparam-se em Hazerote”.
                                                                                                                                 Números 33:17

O comum da aldeia

         Vamos com ajuda do Senhor continuar a série do Livro das Jornadas que estamos seguindo às sextas, quando nos é possível; e vamos ao livro de Números, como costumamos fazer, inicialmente ao capítulo 33, versículo 17 para ler o verso base da jornada correspondente ao dia de hoje. A jornada de hoje se chama: Hazerote. Números 33:17, diz assim: “E partiram de Quibrote-Taavá, e acamparam-se em Hazerote”. Estamos seguindo todas as distintas jornadas e o que cada uma delas nos ensina, pelo menos em parte; é certo que há muitas lições que depois também aprenderemos, ainda delas mesmas, mas pelo menos vamos aprendendo o que vamos vendo assim em primeira instância. Então, a jornada que corresponde a este dia se chama Hazerote. Os que recordam o mapa da península de Sinai concordam que a península de Sinai é como um triângulo invertido, e na parte de baixo é onde está o monte Sinai, logo se começa a subir; desceu por um lado e começou a subir por outro lado. De maneira que subindo de Refidim a Quibrote-Taavá, já chegamos a Hazerote, isto é subindo por uma linha oblíqua da mão direita; isto é olhando o mapa de frente, quer dizer, a que corresponde ao oriente; aparece aqui no mapa Hazerote. Já estamos na subida para Cades-Barnéia, mas pouco a pouco; agora estamos chegando apenas de novo ao limite do deserto de Parã, que tem várias estações; agora chegamos a Hazerote. A consideração do que acontece em Hazerote aparece desde Números capítulo 11:35 até Números capítulo 12:15. Ali está a lição que se aprendeu em Hazerote; lição bastante delicada, bastante séria. Então leiamos com muita reverência todas estas jornadas porque estamos diante do Senhor. Diz Números 11:35: “De Quibrote-Ataavá caminhou o povo para Hazerote, e pararam em Hazerote”. Quero chamar-lhes a atenção para a última frase, porque esta frase serve para ambientar um pouco o que aconteceu: “... e pararam em Hazerote”. Em Números 33:17, dizia: “acamparam”, mas a palavra acamparam pode ser uma noite; mas a palavra “pararam” já não é uma noite, a palavra “pararam” implica que estiveram um tempo um pouco mais longo juntos em Hazerote.
         Outra coisa que nos ajuda a entender um pouco porque algumas coisas se dão em determinado momento, é o significado do nome “Hazerote”. A palavra Hazerote é uma palavra plural feminina; porque a terminação “ot” é feminina, a terminação “im” é plural masculino em hebreu; então a terminação “ot” é a terminação plural feminina. Hazerote, pois, significa aldeias; ou seja, eles acamparam em Hazerote, e pararam em Hazerote, e ali estiveram um tempo de estar não somente de passagem senão de conviver mais de perto um com os outros; e quando isso acontece nos tornamos muito comuns uns aos outros e quando nos tornamos muito comuns uns aos outros, o mesmo fato de sermos comuns não nos deixa ver o santo e o sagrado que se move em nós; e a lição que se tem que aprender aqui é não permitir que o comum se torne insignificante, senão que apesar de sermos comuns uns aos outros, o Senhor está entre nós, o reino dos céus está na igreja e o governo de Deus, não o dos homens está entre nós, ainda que somos comuns. O Senhor Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque o consideraram muito comum. O problema não estava no Senhor Jesus, senão na mentalidade deles; eles estavam tão acostumados e era algo tão comum que dizem: “... De onde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs?” (Mateus 13:54c-56a) Bem, era algo muito comum; inclusive diz a tradição extra bíblica que alguns diziam: “Sim eu tenho os arados que ele fazia aqui em casa”. Como ele trabalhava com José e enquanto era jovem fazia arados, mesas, era carpinteiro, então alguns tinham os arados que o Senhor Jesus havia feito. Isso não diz a Bíblia, mas o diz uma tradição extra bíblica, que não ponho ao nível da Bíblia, senão que digo para ilustrar. E diz o Senhor Jesus: “E ele lhes disse: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze também aqui na tua pátria tudo que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum”.[2] Quer dizer, que quando estamos convivendo muito perto, claro, somos seres humanos, não somos pessoas perfeitas, somos pessoas cheias de coisas cotidianas, às vezes muito desagradáveis que provocam que nos concentremos nessas coisas e esqueçamos que o Senhor está conosco, os comuns, os corriqueiros, os cotidianos, os vis, os menosprezados, os que não somos nada; Ele está fazendo algo que é dEle, e atrás do comum está Ele, e nunca permitir que o cotidiano, o comum, obscureça as coisas de Deus.
         Mas que aconteceu? Eles acamparam, ficaram nessas aldeias em Hazerote um bom tempo e começaram a ocorrer coisas da vida cotidiana, coisas familiares, coisas de família; mas resulta que às vezes por não entender, no meio de coisas cotidianas e familiares nos metemos com as coisas de Deus e atrapalhamos Deus, sem nos darmos conta que é Deus. Pensamos que são coisas aqui da família e como se diz roupa suja se lava em casa, mas às vezes não a lavamos como se deve; nos esquecemos que em casa e que entre o povo de Deus e dentro da vida cotidiana está o Senhor e está o reino de Deus.

Uma rebeldia no reino

         Então olhem o que aconteceu em Hazerote e olhem como está a ordem aqui e logo como aparece a ordem depois. Aqui a ordem natural é assim: Miriã, Arão, Moisés. Quando Deus chama diz: Moisés, Arão, Miriã, mas aqui é outra ordem; aqui diz: “Miriã e Arão falaram”; que fácil é falar, tão fácil que é falar, tão comum que é falar de todas as coisas da família, e fixem-se nos perigos que existem de falar coisas de família descuidadamente, e Deus está ouvido e tocamos a Deus em coisas familiares; tocamos a Deus.
         Então diz Números 12:1: “E Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita”. Como o mais normal, ele havia tomado uma mulher cusita. “Cusita” quer dizer dos descendentes de Cus, da raça negra. Seguramente eles eram um pouco racistas. Como é que se casou com uma negra? Em vez de casar-se com uma de nossa raça, assim como nós, como é que se casou com uma negra? Moisés não tinha esses prejuízos raciais, e há pessoas que tem começado a ver o belo na raça negra, mas isso não havia acontecido todavia a Miriã e a Arão. Mas aqui quem começou foi Miriã, ela foi quem começou. Então diz: “E disseram...”, aqui foi o problema, eles passaram do comum, do familiar, do interno, a tocar no reino de Deus.
         “²E disseram: Porventura falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós? E o SENHOR o ouviu”. Que era o que estava acontecendo aqui? Querendo rebaixar Moisés e levantarem-se eles, parecia uma coisa de família, mas realmente era uma rebeldia no reino, era uma desordem na casa de Deus, porque Deus havia posto a Moisés, havia posto Arão, havia posto Miriã, mas nessa ordem: Moisés, Arão e Miriã, mas agora as coisas estão: Miriã, Arão e Moisés. Mudaram a ordem de Deus em uma coisa familiar, não se davam conta de que não só estavam tocando no familiar, no cotidiano, senão que meteu os pés pelas mãos, por tão comuns que somos, que se meteram com o governo de Deus, com a ordem estabelecida por Deus. “... Porventura falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós?...” Certamente nós vemos que às vezes Deus falou a Arão e às vezes falou a Miriã, mas se vocês se dão conta às vezes que falou a Miriã foi um pouco, a Arão um pouco mais, mas Deus escolheu, porque Ele quis, são coisas soberanas dEle, falar um pouco mais a Moisés e por Moisés ao povo; era só coisa de Deus, não era coisa de Moisés. Moisés não queria, não queria nem se quer ir, não queria ter problemas, ele queria que fosse Arão, sim. Deus é que queria que fosse Moisés, não era Moisés, era Deus e eles não se deram conta que era Deus que havia disposto as coisas assim, e se levantaram não somente contra Moisés, que isso não era nada, seria pouco se não estivesse ligado com a disposição de Deus. O problema foi que tocou em Deus.
         “... E o SENHOR o ouviu. ³E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”.
         Como quem diz, Moisés não reagiu, ele não pretendeu defender-se, porque se Moisés tivesse se defendido, Deus não o haveria feito. Quando alguém trata de defender sua própria autoridade, isso lhe faz perder a autoridade. Se Deus te pôs, Ele te defenderá; se você te defende é como se você estivesse posto a si mesmo. Quando você defende a si mesmo é porque você se colocou, mas se não te colocaste, não é coisa sua, senão que foi Deus quem dispôs assim; você está aí porque Deus arrumou e te colocou aí; então já não é você, agora Deus te defende. Por isso antes de dizer que Deus interveio, disse que Moisés não interveio; o que se diz frente a isso foi a mansidão de Moisés. O manso não luta por seus próprios direitos, senão que deixa que Deus o defenda.
         Então diz: “E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E logo o SENHOR disse a Moisés, Aarão e a Miriã...”. Olhem a ordem de Deus; no verso 1 diz: Miriã e Arão falaram contra Moisés; quem começou foi Miriã e Arão lhe seguiu um pouco, nem tanto, mas não soube parar as coisas a tempo, e Moisés era o motivo, mas agora “E logo disse o SENHOR a Moisés, a Arão e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três”; como quem diz, estas são coisas que não devem complicar a todo o povo de Deus, estes problemas de vocês tem a capacidade de retardar o avanço do povo de Deus, como efeito não avançaram por uma semana. Então por favor, apartem-se vocês três, venham a parte, saiam do meio do acampamento, do meio das aldeias, venham a minha presença, na minha presença é onde se deve solucionar isso.

Deus vindica Moisés

         Olhem, irmãos, quando alguém não vem à presença do Senhor, as coisas passam e ficam sem solucionar, mas quando você chega à porta do tabernáculo, onde se tem comunhão com Ele, aí você se dá conta que há algo equivocado em ti; quando você está no meio do cotidiano você não descobre a tua própria rebeldia; somente quando queres ter verdadeira comunhão com Deus à porta do tabernáculo, aí é quando descobre que há um silêncio, que há algo não resolvido e que já não pode se fazer de bobo. Quando não está na luz pode-se fazer de bobo por muito tempo, mas quando vem à luz, a luz é a que manifesta tudo, e aí sabes que tens que consertar o que fizeste, o que falaste. Às vezes é só falar, mas se falar Deus ouve. Então que aconteceu? Que o Senhor os chamou ao ponto onde se entende as coisas. Enquanto estamos no cotidiano não se entende as realidades espirituais; é quando se tem comunhão com Ele, quando o Espírito Santo te redargui. Uma pessoa que não acostuma a ter comunhão íntima com Deus pode passar muitos anos em sua rebeldia, sem entender porque acontece o que lhe acontece, mas quando quer estar com Deus, aí entende que algo tem acontecido. Então Deus os chamou à Sua presença.
         “... Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então o SENHOR desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram”.
         Estavam os três, mas agora na presença de Deus já as coisas são diferentes: Arão e Miriã venham aqui. “... e ambos saíram. E disse:...”. Não foi Moisés, aqui Moisés não faz nada; a única coisa que se diz de Moisés é que era manso, mas que fizera algo, não fez nada, somente era manso, mas o que fizeram Miriã e Arão e o que fez Deus, é isto. E disse:  Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele”. Quer dizer, vocês tem falado e não me tem ouvido a mim e eu os tenho ouvido, essas são as opiniões de vocês, eu sei que vocês tem suas próprias opiniões acerca de Moisés, mas eu vou falar depois a opinião que tenho de Moisés. A opinião de Deus é mais importante que a opinião que tem os homens.

O equivocado juízo pelas aparências

         Para ilustrar o que significa a opinião de Deus, vamos a Apocalipse capítulo 3, onde o Senhor fala à igreja em Filadélfia, ou seja, a igreja que ele aprovou; aqui não disse o Senhor nada negativo de Filadélfia. Vemos o que tinha contra Éfeso, o que tinha contra Pérgamo, o que tinha contra Tiatira, o que tinha contra Sardes, o que tinha contra Laodicéia, mas o Senhor não tem nada contra Filadélfia, e sem restrição, os santos de Filadélfia eram afligidos por alguns que pretendiam ser algo no meio deles e os afligiam, então o Senhor diz no verso 9: “Eis que eu (não é você) farei aos da sinagoga de Satanás...”. Eram pessoas que estavam na sinagoga; a sinagoga é ambiente religioso, só que influenciado pelo diabo. Desgraçadamente, o diabo também se move no ambiente religioso. “Eis que eu farei aos da sinagoga de satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei (não é você, você não tem que fazer nada, você somente segue tendo paciência) que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo”. É coisa séria quando Deus corrige as pessoas; nós às vezes não queremos reconhecer e ver as coisas como Deus as vê. Um dia Deus nos faz ver as coisas como Ele as vê; por isso nossas opiniões acerca das pessoas são muito pouca coisa porque nós não vemos as coisas como Deus as vê. Por isso São Paulo dizia (1 Coríntios 4):
         “³Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor”.
         A obra de cada um se manifestará. Às vezes enquanto a obra está sendo feita não é bem conhecida; às vezes nos equivocamos ao julgar pelas aparências. Fixem-se no que diz em Malaquias. Ali o Senhor promete uma coisa que sucederia para os tempos finais. Leiamos para ilustrar a intervenção de Deus corrigindo as opiniões humanas, enganadas pela aparência e pelo pecado do homem. Diz assim em Malaquias 3:16-18:
         “¹Então aqueles que temeram ao SENHOR falaram frequentemente um ao outro; e o SENHOR atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram ao SENHOR, e para os que se lembraram do seu nome”.
         Fixem-se, os que temiam a Jeová, esses problemas que se deram aqui em Hazerote, vamos ver que o que Deus diz, é por não temer a Deus. Quando não tememos a Deus somos apressados em nossos juízos; por não temer a Deus. Quando se fala mal ou quando se fala bem, que sucede? Que o Senhor ouve; Ele ouve tudo que se fala e diz: “¹E eles serão meus, diz o SENHOR dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve”. Agora estão atuando vocês e eu estou ouvindo e vendo, mas um dia atuarei eu, diz o Senhor. Logo vem o então de Deus. “¹Então voltareis...”, porque parece que estávamos olhando em outra direção, temos que voltar-nos para ver do ângulo de Deus. “¹Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve”. Então, enquanto não se discerne bem, senão que ao justo acontece coisas como ao ímpio, e os ímpios são enterrados com grande honra. Isso é agora porque Ele não está atuando, mas o dia em que Eu atuar diz o Senhor, conhecereis a diferença. Agora parece que não há diferença entre o trigo e o joio, inclusive, por favor, não arranquem o joio, não seja o caso que também arranquem o trigo, porque não se discerne bem a diferença, mas então discernireis a diferença. É a atuação de Deus. Fixem-se, irmãos, se Moisés atua, não deixa Deus atuar. Se a igreja em Filadélfia atua defendendo-se, não deixa Deus defendê-la; eles deixavam com Deus o problema, eles não se defendiam, o que eles queriam era ao Senhor Jesus, Sua verdade, Sua Palavra, servi-lhe tranquilamente e nada mais. O demais entregavam a Deus e Deus atuava.

A revelação de Deus e a autoridade

         Então voltemos a Números 12:6: E disse: ouvi agora as minhas palavras;...”. Agora, somos nós os que temos que ouvir; antes nós falávamos e ele ouvia, mas agora ele fala e nós ouvimos. Quer dizer, como quem diz, esta é a minha apreciação das coisas. “... Se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?”. O Senhor mostra a opinião que ele tem da pessoa revelando-se a pessoa. Se uma pessoa não recebe revelação de Deus, não está sendo autorizada por Deus ou está sendo autorizada somente até onde vê; a quem o Senhor autoriza mais, lhe mostra mais. Não podemos assumir um encargo do que não vemos bem; o que não vemos bem não devemos tocar. Devemos deixar que toque quem está vendo bem; assim mostra Deus como Ele reparte as coisas em Sua casa. Então, o que Ele te mostra é porque ele te deu autoridade; por isso você vê e os outros não; vês? Então quando você vê algo que os outros não estão vendo, você deve representar isso que Deus te deu e dizê-lo para ajudar, e quem resiste, não resiste a você porque é Deus que falou quando te mostrou; vês?
         Agora aqui o Senhor nos está dizendo: Sim, eu a todos lhes mostro algo, mas não se dão conta que a Moisés lhe mostrou mais; isso é o que lhes incomoda. Vocês querem rebaixar Moisés, elevar-se, pôr as coisas no mesmo plano e estão desfazendo minha disposição e meu governo, estão fazendo as coisas como vocês as querem e não como são na verdade. Então diz aqui: “... se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR...”, (ou seja o Verbo, a Teofania de Deus que é Cristo, o Filho). “... por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” Esse é o problema. Certo, servo Moisés, mas é meu servo. “... Não tivestes temor de falar...”. Quando não temos reverência falamos facilmente, por outro lado observem porque o Senhor apareceu tanto a Davi, inclusive disse que Davi era um homem conforme o coração dEle, porque ainda que Saul era um rei mal e perseguia Davi, Deus o havia posto, Deus havia ungido Saul e Davi respeitava essa unção, e ainda que foi provado, lhe foi posto em bandeja ali na entrada da caverna. Saul veio dormir onde Davi estava escondido e se pôs a dormir; ali Davi podia matá-lo e Davi demonstrou que ele não ia defender-se por si mesmo; mas lhe tirou um pedaço da capa, inclusive Davi se turbou por isso. Ele se sentiu turbado por haver tirado do ungido de Jeová, um pedaço de sua capa; então, ele não o tirou do trono, esperou que Deus o tirasse. Agora, Deus colocou Davi debaixo de uma autoridade que exercia mal a autoridade para que ele aprendesse a exercer bem a autoridade. Ele tinha que aprender como ser um bom rei vivendo seus bons anos debaixo de um mau rei. Quando esteve debaixo de um mau rei, quando lhe veio a oportunidade, então pode ser um bom rei, mas se não houvesse estado debaixo de Saul, dificilmente houvera sido um Davi. Amém!
Às vezes Deus se aparta
         Então o temor de Deus é o respeito. “... Por que, pois, não tivestes temor?...” Agora, este “por que não tivestes temor”, não ficou ali, senão que diz assim: Assim a ira do SENHOR contra eles se acendeu; e retirou-se”. Isso é quando a Glória do Senhor se levanta, que aí nós seguimos, aí seguiam as aldeias, aí seguia tudo, mas o Senhor não estava, Sua presença não está, se foi o Senhor, as pessoas não sabiam o que acontecia.
         Irmãos, permitam-me para minha própria vergonha, contar-lhes um testemunho de uma correção pessoal que eu recebi. Estava no Paraguai, na Cidade de Leste e nos foram visitar dois queridos irmãos: o irmão Mário Bogado e o irmão Silvio Mendoza, dois servos do Senhor, e Mário se hospedou na casa de Enrique, e Silvio se hospedou em minha casa; e chegaram eles a visitar-nos na Cidade de Leste e Mário, um servo do Senhor, um homem de Deus, me disse algumas coisas que eram de Deus, e eu as interpretei como impertinência, como que ele estivesse se metendo comigo no que não era da sua conta; assim eu o entendi. Logo vi que Deus estava me falando através do meu irmão Mário. Eu somente vi Mário como alguém que estava se metendo com minhas coisas, como algo comum. Fixem-se o que aconteceu com Josias. Todos os bons reis viveram longo tempo e os reis maus viveram pouco tempo, mas um bom rei, Josias, viveu pouco tempo, porque não entendeu que Deus estava falando a ele pelo Faraó Neco. Não entendeu que era Deus e foi contra Deus por não discernir por detrás do cotidiano, o governo de Deus; a vida cotidiana lhe enganou e que aconteceu? Não entendeu que Deus estava falando e muito menos através do que ele julgava ímpio: Faraó Neco, mas diz: não entendeu que Deus falava através dele e por isso morreu um bom rei antes do tempo; cortou-se seu tempo.[3]
         Então, irmãos, terminou e Mário foi se hospedar na casa de Enrique e Silvio veio hospedar-se em minha casa e eu comecei a conversar com Silvio, como que justificando-me das “acusações”, que eu dizia que Mário estava me fazendo, e quando eu estava nessa rebelião, como eu não entendi a correção de Deus através de meu irmão no cotidiano, lhe coube entrar o Senhor ao vivo e direto e me repreendeu diretamente: “Ou te calas, ou me vou”, e se pôs à porta. Eu entendo o que quer dizer isto: se acendeu a ira de Deus e se foi; nessa ocasião não se foi, mas se pôs à porta, eu o discerni claramente em meu espírito. Se pôs na porta, fiquei toda essa noite “grogue”, o dia seguinte grogue, como que tonto e na outra madrugada o Senhor concedeu humilhar-me a seus pés, pedi-lhe perdão e assim como sentir Seu repúdio, também senti quando uma membrana se rompeu assim sobre mim, e o sangue do Senhor me limpou e me livrou da minha rebelião. Irmãos, quando uma pessoa não tem sentido a autoridade de Deus, essa pessoa não teme, é como o menino que mete o arame dentro de uma tomada porque não sabe, então no dia em que dá choque, então a pessoa se dá conta. Irmãos, às vezes não distinguimos a autoridade de Deus até que nos chocamos com o que isso significa; é um choque forte, um choque no espírito. Eu entendo o que é isso, o digo para minha vergonha. Eu recordo outra vez que estávamos falando com um irmão e eu estava dizendo umas coisas, mas o irmão havia estado debaixo de uma influência muito forte e ele me dizia: Mas se estes dizem assim, isso que você está dizendo não é nada; e menosprezou o que lhe disse e imediatamente sentiu uma repreensão tão forte que graças a Deus, imediatamente pediu perdão. Disse: Irmão, perdão, perdão, me equivoquei; ou seja, ele foi sincero quando recebeu a repreensão de Deus em seu espírito e se humilhou instantaneamente; mas às vezes a pessoa é tão soberba, que não se humilha, se faz de bobo, se vai, e que acontece? O Senhor fica longe da pessoa e a pessoa não sabe o que está acontecendo.
         O irmão Gerson me contou uma experiência. Disse que ele estava conversando com uns irmãos; estavam numa sala e de repente entrou uma pessoa extremamente soberba pela porta, e ele percebeu em seu espírito no momento em que essa pessoa entrou, que o Senhor em seu interior, se levantava e ia-se. Imaginem essa soberba tão terrível, o Senhor não suportou essa soberba, e ele o que faz agora é ir-se, por agora; depois será pior. Mas se o Senhor se aborrece, se cala, vai-se e às vezes não percebemos, e nos perguntamos, Que aconteceu? Por que está tão calado? Por que não o sinto? Que acontece? É porque tem alguma coisa que seguramente alguém falou, seguramente disse, fez o que ofendeu o Senhor, e até que Deus lhe chama à porta de Sua presença no tabernáculo. À luz dEle se vê as coisas distintas. Aí começaram a ver tudo distinto. Primeiro, Arão. Arão foi o que viu, Miriã não viu, e coube ao Senhor corrigi-la, repreendendo-a severamente; Arão viu e não lhe aconteceu nada, Mas Miriã não viu e lhe aconteceu algo até que viu. Então, que foi que aconteceu aqui?
         “... Por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do SENHOR contra eles se acendeu; e retirou-se. ¹E a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa”.
         Notem que ela não gostava das negras, ela ficou muito branca, porque “...e eis que estava leprosa”, branca como a neve. Coisa delicada é escarnecer de outro, menosprezar, verdade? Delicadíssimo! “¹¹Por isso Arão disse a Moisés: Aí, senhor meu, não ponhas sobre nós este pecado, pois agimos loucamente, e temos pecado”. Não havia sido Moisés, isso não era coisa de Moisés. O que Moisés fez até aqui foi orar por eles, nada mais. Aqui o que confessa o pecado é Arão: “... pois agimos loucamente...”, e essa situação eram palavras, “...e temos pecado. ¹²Ora, não seja ela como um morto, que saindo do ventre de sua mãe, a metade da sua carne já esteja consumida. ¹³Clamou, pois, Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures”.

A graça e o governo de Deus

         Mas olhem a lição que se tem que aprender aqui na resposta de Deus. Uma coisa é a graça de Deus e outra coisa é o governo de Deus. Quando Davi pecou[4] e pediu perdão a Deus, Deus lhe perdoou nesse mesmo momento e se fez notificar por Natã; e Natã lhe disse: Teu pecado é agora perdoado, todavia o menino morreu. A disciplina do governo continuou, ele foi perdoado e Deus teve comunhão com ele, mas a mão disciplinadora não foi tirada dele. Deus pode perdoar teu pecado, inclusive pode voltar a ter comunhão com Ele, mas as coisas continuam acontecendo porque é a disciplina do governo de Deus que prevalece. Por que o Senhor tem que nos governar? Porque somos tão levianos que não tememos, e se Deus não nos disciplina, não tememos, por isso fazemos as coisas muito fáceis, e para que não as façamos, temos que sentir que não é tão fácil. Sim, fomos perdoados, mas temos que levar a disciplina do governo durante um tempo. O perdão existe; Davi foi perdoado e tinha comunhão com Deus, mas o menino morreu e aqui aconteceu isso a Miriã.
         Então diz: “¹E disse o SENHOR a Moisés: Se seu pai (e aqui não é só seu pai, é Deus mesmo) cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do arraial, e depois a recolham”. Às vezes nós queremos que o perdão seja já. Sim, pecou,  se arrependeu e já, restauração imediata. Espere, não temos que ser tão levianos, vocês não estão temendo a Deus, a única coisa que queremos é estar em paz consigo mesmo, mas você não está respeitando o sentimento de Deus, não tem temor a Deus. Então parece que depois que houve perdão, segue havendo uma disciplina, por quê? Porque é uma medida do governo. Não quer dizer que a pessoa não foi perdoada; não quer dizer que a pessoa está perdida; quer dizer que Deus lhe faz sentir Sua mão para que a pessoa não seja leviana, porque se não o corrige volta a fazer o mesmo. E que diz a Escritura em Provérbios, inspirado pelo Espírito de Deus? Por quanto não se corrige em seguida a má obra, o coração do homem está disposto a fazer continuamente o mal e por isso ao pequeno tem que corrigi-lo no momento, porque se não corrigir pensa que pode seguir fazendo sempre o que quer. Então, como nosso Pai nos ama, nos faz às vezes colher algo que nos dói, pelo que fizemos e nos perdoou, e sabemos e temos comunhão com Ele, mas aí está a disciplina, veem? Comportaste-te mal na rua? Tens esta disciplina.
Às vezes ele quer que se levante, mas não se levanta porque não há sinal de arrependimento. Enquanto não haja sinal de arrependimento essa disciplina continuará; quando há sinal de arrependimento a disciplina cessa um pouco mais rápido, no momento em que Deus julga que tem sido real e que já não é mais necessária porque a pessoa já aprendeu a lição; mas às vezes a pessoa sem a disciplina não aprende e ainda que pede perdão lhe perdoa, mas a pessoa quer tomar esse perdão com muita facilidade, tão barato, que não avalia, então cabe a Deus apertar o parafuso com a disciplina. Por isso na Bíblia se fala do perdão eterno da redenção, e o perdão de restauração de comunhão; o perdão eterno é o que faz a pessoa passar da morte para vida; o perdão de restauração de comunhão é o que restaura a comunhão entre o salvo que perdeu o gozo da salvação, mas não a salvação, então volta a ter comunhão com Deus. Mas o perdão de disciplina é diferente; a disciplina não vem tão rápido, mas quando vem, tão pouco vai rápido; necessita-se convencer a Deus que aceitamos a disciplina até a última gota, seja a que for a aceitamos, porque Deus não se equivoca, e não nos promovamos nem queremos que nos levante, senão que nos arrependamos e aceitemos, então Deus a levanta e isso diz aqui: “...Se seu pai cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do arraial, e depois a recolham”.

Os problemas privados se fazem coletivos

         Observem, Moisés queria que a perdoasse agora. Diz assim: “... Ó Deus, rogo-te que a cures”. Deus disse: Sim, a sararei, mas não agora. Disse: depois recolham a congregação; quer dizer, que o que é imundo por lepra tem que está fora da congregação e somente quando for sarada podia voltar; se não fosse sarada ficava fora. Quando a pessoa está em pecado, sabem o que acontece? Não vem a reunião, não se reúne com os irmãos, esta pessoa está leprosa, está em pecado, não quer estar entre os irmãos. O que está na luz vem à luz para que se manifeste que suas coisas são feitas em Deus, mas o que está em trevas não vem à luz para que suas obras não sejam repreendidas;[5] ou seja, essa pessoa está imunda e por isso está fora do acampamento. O triste é que o acampamento avance e a pessoa fique no deserto e morra. Isso é delicado! Então diz aqui: “... Esteja fechada sete dias fora do arraial, e depois a recolham”. O número sete é até que se complete seu castigo ou purificação, “... e depois a recolham. ¹Assim Miriã esteve fechada fora do arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram Miriã”. Uma coisa que havia sido tão privada, coisa de família, se transformou num problema do povo de Deus. “... e o povo não partiu, até que recolheram a Miriã.
         Fixem-se, algo que houvera sido meramente familiar, afetou ao povo, com Acã; Acã fez uma coisa privada, mas afetou ao povo, turbou ao povo. Então, como turbaste ao povo de Jeová, agora tu serás turbado, e o que fez Miriã foi turbar ao povo e diz “... e o povo não partiu...”, não puderam avançar, isso foi um retrocesso para todo o povo “...até que recolheram a Miriã”. Até que não se solucionou o problema de Miriã, essas pessoas não avançam e detém o povo, eles mesmos detém o povo, e aí termina a lição de Hazerote, porque diz: “¹Porém, depois o povo partiu de Hazerote; e acampou-se no deserto de Parã”. Hazerote é uma lição muito séria, lição delicadíssima. O Senhor nos ajude a ser sinceros com Ele.


[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 25 de agosto de 2000.
[2] Referência a Lucas 4:23
[3] Referência 2 Crônicas 35:20-25
[4] Referência a 2 Samuel 11 e 12
[5] Referência João 3:19-21

Nenhum comentário:

Postar um comentário