terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

17ª Jornada- Libna


Jornada 17

L I B N A[1]

“E partiram de Rimom-Perez, e acamparam-se em Libna”.
                                                                                                                                  Número 33:20
           
Um esclarecimento geográfico
        Vamos estudar a Palavra irmãos, com ajuda do Senhor. Me tenho dado conta como nesta noite o Espírito Santo, através das orações e as proclamações dos irmãos e também parte das canções tem estado enfatizando a tônica precisamente da jornada que corresponde ao dia de hoje. Não foi algo que nós planejamos, mas o Espírito do Senhor estar nos irmãos.
        Vamos ao livro de Números capítulo 33 para seguir com a ajuda do Senhor, este livro das jornadas. Temos chegado ao verso 20. Números 33:20, diz assim: “E partiram de Rimom-Perez, e acamparam-se em Libna”. Libna é a estação, a jornada que devemos considerar nesta noite. Antes que entremos no aspecto principal, que é o espiritual, queria fazer alguns esclarecimentos geográficos e históricos para que depois possamos entender um pouco melhor a leitura. Se os irmãos olharem aqui no mapa da península do Sinai e da terra de Canaã, a costa do Mar Mediterrâneo, chamado o Mar Grande, essa costa era de baixa altitude visto que está ao nível do mar, um pouco mais para dentro, por volta de uns quinze quilômetros para dentro há uma cordilheira que se levanta, e a parte do sul onde está o ribeiro do Egito pelo lado ocidental, seguindo para cima, o pé do monte da cordilheira costuma chamar-se Sefelá.[2] Ali na Sefelá existe uma cidade chamada Libna que fica perto do limite com o Egito.
        Do ribeiro do Egito para baixo, isso pertencia a Edom e logo aos egípcios mais abaixo, e para cima foi o que o Senhor depois deu a Israel, especialmente a tribo de Judá. Quando Josué depois entrou pelo oriente a Jericó, ele começou a conquistar para baixo e conquistou as primeiras cidades; entre essas cidades conquistadas por Josué havia uma cidade chamada Libna, perto de Laquis, essa cidade não está precisamente na fronteira, mas perto da fronteira. Recordem que nessa época as fronteiras não eram muito bem definidas; às vezes as disputavam.
        Quando nos tempos de Josias; o Faraó Neco, contra quem Josias se levantou na ocasião que Neco subia contra o rei de Babilônia, aí foi quando morreu Josias, então Neco tomou a cidade de Libna;[3]e depois mais adiante, na época de Jorão, veio Senaqueribe e também tomou a cidade de Libna, logo na época de Jorão, filho de Josias, ele se casou com uma mulher de Libna que se Chamava Hamutal de Libna; esta mulher teve de Jorão três filhos que foram: o primeiro se chamava Joacaz, o segundo Eliaquim e o terceiro Matanias; estes três foram reis de Israel. Quando morreu Josias e assumiu o trono seu filho mais velho, filho de Hamutal de Libna, seu filho Joacaz, então nesta ocasião veio um dos reis invasores, Neco, tiraram Joacaz e colocaram o irmão de Joacaz que se chama Eliaquim; só que lhe mudaram o nome para Jeoiaquim. Quando morreu Jeoiaquim, então assumiu Joaquim, mas desta vez veio Nabucodonosor e tirou Joaquim e colocou a seu tio Matanias e mudou o nome para Zedequias; quer dizer, Joacaz, Jeoiaquim e Zedequias, três reis foram filhos de uma mulher de Libna.
        É curioso que Libna fica na fronteira. Às vezes a dominava o Faraó, às vezes a dominava os assírios ou os caldeus. No caso de Senaqueribe eram assírios, no caso de Nabucodonosor eram os caldeus, no caso de Neco era o Faraó egípcio; ou seja, estava em uma posição intermediária.
        Recordemos que houve dois Jorão, um Jorão de Israel e ao mesmo tempo um Jorão de Judá; na época de Jorão também os edomitas do sul se libertaram de Judá e recuperaram a cidade de Libna, mas logo quando houve a restauração outra vez aparece Libna entre as cidades de Israel. Vemos que é uma cidade fronteiriça, e essa é uma coisa muito curiosa.
        O nome que tinha essa cidade de Libna se deve a situação ao pé do monte. Olhando para o ocidente se viam como uns rochedos ou umas pedras brancas, pedras calcárias, a cor branca é chamada libna ou labné no idioma semítico, a raiz lbn é uma raiz semítica, tanto do hebreu, como o aramaico, como o ugarítico, como do acádio e significa branco ou brancura; seja o branco da neve ou o branco do granizo inclusive um branco que não seja tão branco, pode ser marrom claro, uma madeira clara; a cor clara é o que quer dizer Libna,  é uma questão histórica. Sem restrição, a Libna que vamos ver hoje, o mais provável é que não seja esta Libna, porque esta Libna é bem adentro, para cima por Sefelá, ou seja, o pé do monte daquela cordilheira que corre paralela para a costa ocidental e também paralela por detrás do Jordão. Então, provavelmente essa não é Libna, e por isso quis fazer este esclarecimento geográfico para que vejamos qual é a Libna que se refere aqui.
        Olhemos em Deuteronômio 1 onde aparece a verdadeira Libna. Vocês sabem que às vezes os idiomas com a época mudam; ainda mesmo o espanhol. Nós nos damos conta que a medida que passam os anos, às vezes de um século para outro vai modificando-se, mas de todas as maneiras conservam suas raízes principais; então aqui em Deuteronômio 1:1 aparece qual é a Libna destas jornadas que estamos vendo, que não é todavia dentro da terra prometida; não é aquela cidade que tomou Josué, senão que é uma estação todavia no deserto de Cades. Então diz Deuteronômio 1:1: “Estas são as palavras que Moisés falou a todo Israel além do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar Vermelho, entre Parã e Tôfel, e Labã e Hazerote, Di-Zaabe”.
        Isso foi quando sucedeu aqui em Moabe, antes de tomar Jericó, todavia na Transjordânia para o lado oriental, antes de tomar Jericó. Aí Moisés falou e escreveu estas palavras do Deuteronômio. É toda esta zona oriental que vemos aqui no mapa, detrás do Jordão para o oriente, detrás do Mar Morto e aqui esta parte se chama Arábia, tudo isto é como dizer, a parte do oriente da terra. Eles foram subindo depois com o tempo desde o sul para o oriente, para entrar pelo oriente. Então o livro de Deuteronômio se escreveu precisamente nessa região do oriente, entre a Arábia e Moabe, antes de cruzar o Jordão para Canaã.
        “Estas são as palavras”. Assim se chama este livro: “Estas são as palavras”. Esse é o nome original de Deuteronômio. O Mar Vermelho que se menciona aqui se refere ao Golfo de Acaba. Parã é esta parte norte do deserto; e o que aqui aparece traduzido Labã é Libna que vamos ver no dia de hoje. Hazerote é o que já estudamos, e Di-Zaabe não o temos visto.
        Então esta Labã que aparece traduzido aqui como Labã, é a verdadeira estação de Libna no deserto, e por isso não queria que nos confundíssemos com a outra Libna que é bem ao norte, onde havia um rei e Josué teve que pelejar e dominar esse rei, por isso não é essa Libna na qual os Israelitas chegaram e acamparam.
        Agora vamos aos versos tanto em Números como em Deuteronômio para confirmar um pouco o contexto histórico, para que sobre essa base, para não confundirmos, ir diretamente a lição espiritual. Primeiramente vamos ver as passagens, uma em Números 15 e outra em Deuteronômio, capítulos 1 e 2, vamos ter abertas essas duas passagens; isto é para confirmar historicamente esta jornada. Necessitamos ver vários versos porque às vezes na narração de um só lugar não aparecem os detalhes, necessita-se ver os textos completos para confirmar melhor.
        Antes de começar o capítulo 15 de Números, está o capítulo 14 onde houve aquela derrota que é a correspondente a Rimom-Perez. Se vocês se fixarem no final do capítulo 1 de Deuteronômio, versos 41-46, também se refere a mesma ocasião, só que ao finalizar o capítulo 14 de Números passa-se ao capítulo 15, sem dar nenhum sinal de jornada; mas se você olha no final do capítulo 1 de Deuteronômio, você vai ver os sinais cronológicos das jornadas; então olhando já em Deuteronômio 1 para o final, diz desde o 45: ⁴⁵Tomando, pois, vós, e chorando perante o SENHOR, o SENHOR não ouviu a vossa voz, nem vos escutou”. Isso foi o que vimos na vez passada relativamente a Rimom-Perez. ⁴⁶Assim permanecestes muitos dias em Cades, pois ali vos demorastes muito”. Note que este Cades não se refere à cidade de Cades, como já estudamos, porque eles vão chegar depois à cidade de Cades, mas ao redor da cidade de Cades está o deserto de Cades; então eles no deserto de Cades estiveram em vários lugares e nesses lugares onde eles acamparam aprenderam certas lições e lhe colocaram certos nomes. Alguns desses nomes sobrevivem até hoje; por exemplo, Ritmá se chama Abuk Retama até o dia de hoje, existe até o mesmo nome. Depois vem Rimom-Perez.
        Esses nomes: Hazerote, Quibrote-Taavá que temos visto, foram nomes que foram colocados depois que eles passaram por ali. Às vezes chegavam a lugares que já existiam, às vezes chegaram a lugares onde tinham que acampar e lhe davam um nome segundo o que havia acontecido ali ou segundo alguma coisa que lhe servira para memorizar e recordar aquela lição ou aquela experiência. Então quando aqui em Deuteronômio 1:46, diz: “Assim permanecestes muitos dias em Cades...”, isso se refere a várias jornadas que fizeram no deserto de Cades; não se refere a uma só jornada, senão a várias. Logo Diz o capítulo 2: “¹Depois viramo-nos, e caminhamos ao deserto, caminho do Mar Vermelho, como o SENHOR me tinha dito, e muitos dias rodeamos o monte de Seir”. Quer dizer, que regressaram para o Mar Vermelho. Recordem que o Senhor lhes havia dito, tanto em Ritmá, como em Rimom-Perez que deviam voltar ao Mar Vermelho. Não se refere aqui ao Mar Vermelho pelo Golfo de Suez, senão pelo Golfo de Acaba; voltaram-se para esse lado. Por isso vocês veem aqui no mapa toda essa linha pela qual eles regressaram pouco a pouco, dando essa volta e regressando para cá; ou seja, que eles estiveram aqui dando voltas por 38 anos; dando voltas em Cades-Barnéia, sem chegar todavia ao lugar que depois chegou a ser a cidade de Cades como cidade; enquanto estão dando voltas no deserto de Cades que levava também o mesmo nome.
        Estes dois versículos de Deuteronômio, 1:46 e 2:1, nos mostram o resumo de uma séria de muitíssimas jornadas. “²Então o SENHOR me falou, dizendo: ³Tendes rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte. Passando, pois, por nossos irmãos, os filhos de Esaú, (que é ao norte) que habitavam em Seir, desde o caminho da planície de Elate e de Eziom-Geber, nos viramos e passamos o caminho do deserto de Moabe”. Outra vez passaram pela Arábia, mas descendo. Eziom-Geber é esta ponta do que se chama Golfo de Acaba ou também Golfo Elanítico. Subiram depois para o deserto de Moabe, mas deem-se conta em Números 33 onde se encontra Eziom-Geber; isto o digo para confirmar as jornadas, Eziom-Geber aparece no verso 36. Diz: “³E partiram de Eziom-Geber, e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades. ³E partiram de Cades, e acamparam-se no monte Hor, no fim da terra de Edom.”; aí neste Cades do verso 36, ou seja, a cidade de Cades foi onde morreu Miriã. Note que há muitas jornadas antes de chegar a Eziom-Geber. O podem ver desde Ritmá: Ritmá, Rimom-Perez, Libna, Queelata, monte de Séfer, Harada, Maquelote, Taate, Tara, Mitca, Hasmona, Moserote, Bene-Jaacã, Hor-Hagidgade, Jotbatá, Abrona e recém Eziom-Geber.
        Todas essas jornadas estão resumidas nestes versos que temos lido em Deuteronômio, do 1:46 e 2:1 em diante. Ali onde diz: “Assim permanecestes muitos dias em Cades...”, se refere às primeiras jornadas em Cades. Depois diz: “Depois viramo-nos, e caminhamos...”, quer dizer, a parte de cima foi em Cades, mas logo quando começaram a voltar para o sul é quando aqui diz: “... e caminhamos...caminho do Mar Vermelho...”; nesse caminho do Mar Vermelho, ou seja o Golfo de Acaba para Eziom-Geber, ali houve várias jornadas também. E logo diz no verso 8 que chegaram a Eziom-Geber e depois tomaram rumo para cima, para Moabe; quer dizer, há várias jornadas que estão resumidas somente dentro destes versos.
        Agora, quando eles voltaram a Cades, em Cades foi onde morreu Miriã a irmã de Moisés. Voltemos, pois, ao livro de Números e vamos olhar o espaço que abarca os capítulos 15 ao 20, os quais contém todas essas jornadas até chegar a Cades-Barnéia, a cidade onde morreu Miriã. Notem o que diz o capítulo 20:1: “Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali, e ali foi sepultada”. De maneira, pois, que quando eles voltaram de dar todas essas voltas chegaram a Cades; aí é quando morreu Miriã a irmã de Moisés; quer dizer, que desde o final do capítulo 14, e todos os capítulos do 15 ao 19, está o que aconteceu em todas essas jornadas. Todos os eventos e revelações que estão entre o capítulo 15 até chegar ao 20, correspondem a essa porção de jornadas; são muitas jornadas. Isso significa que alguns acontecimentos e algumas revelações se deram em uma ou outra destas estações. E o que eles viveram ficou recordado pelo nome do que eles viveram; assim que ao ler agora em Números vocês não vão encontrar esses nomes; sem restrições Moisés no capítulo 33 escreveu que esses foram os nomes das jornadas. Então ao ver este aspecto geográfico, você pode confirmar melhor.
Uma experiência de brancura
        Agora chegamos à jornada de Libna no deserto, não a Libna de Sefelá em Canaã; todavia Israel não entrou em Canaã. Então a lição de Libna aparece desde o capítulo 15, versos 1-31; isso é o que corresponde a Libna. Isto está dividido em três partes principais, ou seja, a lição de Libna está dividida em três partes principais: A primeira parte que vai desde o verso 1 ao 16, onde diz: “¹Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo:”. Onde foi isto? Por Deuteronômio sabemos que é em Cades e por Números 33 sabemos que é no deserto de Cades, a estação de Libna. Esta é a primeira parte até o verso 16. A segunda parte diz “¹Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:”. Mas poderíamos tirar uma terceira parte que é como uma exceção do que se ensina até o verso 29, que é desde o verso 30 ao 31. Então vamos examinar esta parte que é belíssima e importantíssima.
        Sabem o que quer dizer Libna? Libna quer dizer: brancura. Eles tiveram uma experiência de brancura; agora notem que aqui o que toma a iniciativa é Jeová; Jeová falou a Moisés. Eles, depois da derrota de Rimom-Perez, aprenderam primeiro que eram incrédulos e segundo que eram presunçosos, e que com a incredulidade e presunção é impossível agradar a Deus; portanto eles ficaram em uma situação lamentável, de tal maneira que por um bom tempo, porque diz muitos dias, estes cinco capítulos do 15 até o 20 foram 38 anos, eles passaram por uma situação difícil por causa da sua incredulidade e de sua presunção. Deus mesmo, era Deus o que havíamos visto nas últimas jornadas, que havia jurado que aqueles não entrariam, os que não haviam crido e não escutaria aos que andavam em presunção; mas olhem como Deus é misericordioso, quando o povo está sem esperança nenhuma em si mesmo. Então agora Deus se revela, revela o remédio para essas condições passadas. Por isso essa frase “E partiram de Rimom-Perez, e acamparam-se em Libna” é muito preciosa, porque é Deus que os tira de uma condição, e é Deus o que prepara outra condição.
        Quando o homem não pode, quando o homem às vezes não crê e faz esforços e escorrega e não chega a parte alguma, Deus o deixa por um tempo aprender, como deixou por um tempo Pedro aprender, que também obstinadamente, confiando em si mesmo havia dito ao Senhor: Senhor darei a minha vida por ti; quer dizer, ainda que os outros te neguem, eu jamais te negarei; o Senhor teve que lhe dar uma lição e nessa lição Pedro ficou muito, mas muito triste, amargurado, chorando. Ele recordava que o Senhor havia dito: “Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu pai, que está nos céus”.[4] E ele havia negado ao Senhor, e ainda que ele chorou amargamente , talvez ele estaria duvidando. E disse que me negaria se eu o negasse: mas será que o Senhor vai me negar? Mas quando o Senhor ressuscitou, diz Marcos que o Senhor menciona de forma expressa a Pedro, isso o recorda Marcos porque Marcos era o secretário de Pedro. Isso não recorda Mateus, nem Lucas, nem João, mas recorda Marcos. “Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro, que ele vai diante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse”.[5] O Senhor cumpriu sua palavra: “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça”.[6] Primeiro você diz: eu Senhor; não; não é você, “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu quando ti converteres, confirma teus irmãos”; quer dizer, que quando o homem não pode, Deus vem buscar o que está perdido. Por isso este capítulo 15, em meio a essas lições tão terríveis, as que temos passado são terríveis, as que veem também, mas o Senhor abre um espaço para perdoar o Seu povo, para facilitar a restauração do Seu povo, e por isso se chama brancura, porque o Senhor perdoa, porque o Senhor limpa. Deus toma a iniciativa:

Habitar em Cristo
        “¹Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo: ²Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar,”. Aleluia, que beleza! Na vez passada havia dito: não entrareis, ao que não crê, ao que está só com suas forças não pode entrar, mas o Senhor aqui vai dizer como se pode entrar. Porque primeiro lhes ensinou que por causa da incredulidade não se entra, que com a presunção não se entra; então como se entra? Aqui o Senhor toma a iniciativa ao revelar como se entra; e todo esse capítulo nos mostra a provisão de Deus em Cristo. É por meio de Cristo que se entra; por isso diz: “... Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar,”. Terra das vossas habitações; essa terra representa Cristo.
        Em Hebreus 4 diz que os que temos crido em Cristo entramos na terra de repouso, entramos no repouso de Deus; isso significa que a terra representa Cristo. Cristo nos é dado por Deus para habitar nele; se estamos na incredulidade ou se estamos na presunção de nossa força natural, não estamos em Cristo, estamos no deserto, estamos em nós mesmos, somos um retama, ou seja, uma sobra no deserto e somos também um fruto que não amadureceu e que se estragou antes do tempo. Mas Deus agora depois de aprender essa lição nos ensina outra, a lição de Libna, a lição da brancura, a lição do resgate, das possibilidades. “... Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar,” como quem diz: eu os dou a Cristo, quando hajas entrado em Cristo, quando creias “³E ao SENHOR fizerdes oferta queimada, holocausto, ou sacrifício, para cumprir um voto, ou em oferta voluntária, ou nas vossas solenidades, para fazerdes ao SENHOR um cheiro suave de ovelhas ou gado,”. Qual foi a lição da vez passada? Nós subiremos. Moisés disse: Não, não subais; eles estavam fazendo as coisas por si mesmos, mas agora diz o Senhor: Não, não é assim. Agora Deus está ensinando a Seu povo como é que se pode entrar.
        Então aquele que apresentar a sua oferta ao SENHOR, por oferta de alimentos trará uma décima de flor de farinha misturada com a quarta parte de um him de azeite”. Não vai apresentar o que queira, não vai apresentar sua própria vontade, sua própria obstinação, sua própria conveniência. Sim claro, aqui entra a vontade, aqui entra a decisão, mas unida a graça, a fé; não é que porque não podemos entrar por presunção, que então o Senhor nos mete a força, não; também não é assim, aqui diz: “... para cumprir um voto, ou em oferta voluntária...”.
Esforçar-se na graça
        Sim, devemos decidir, mas é como Paulo diz a Timóteo: “... fortifica-te na graça...”.[7] Aí vemos os dois aspectos: de Deus com o homem e do homem com Deus. Antes eles não creram, era sem Deus; além disso, quiseram fazer por si mesmos, também sem Deus, mas não puderam; agora Deus lhes diz como é: é comigo, mas são vocês, mas comigo e eu com vocês, não sou eu sozinho, nem vocês sozinhos; eu requeiro que seja voluntário, com vontade, mas esforçando-te na graça, contem comigo, como diz na segunda carta aos Tessalonicenses. Há um verso que eu gostaria que vocês observassem comigo, porque tem a ver com essa experiência espiritual. Ali aparece essa expressão maravilhosa. 2 Tessalonicenses 1:11-12; “Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus (aqui está a parte de Deus) vos faça dignos (ou seja que o homem tem que fazer seu voto, pôr sua vontade) da sua vocação, e cumpra (quem? Deus) todo desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder;”. Esse propósito de bondade é o homem; o homem se propõe, mas o que cumpre essa proposta é Deus. Se o homem se propõe sozinho, não pode; se não se propõe não está convidando Deus, mas se o homem se propõe na fé, na graça, então aí estão os dois requisitos: “... e cumpra todo o desejo da sua bondade, e obra da fé...”. Já não é toda a obra, senão obra de fé, quer dizer, contando com Deus, esforçando-se na graça. Creio que há outro verso que nos ajudará a entender isto, está em Oséias. Vamos ao livro de Oséias, capítulo 13:9, é um verso curto, mas diz o que é esta lição, diz assim: “Para a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, a saber, contra o teu ajudador”. Que versículo tão precioso! “Para tua perda,...”; aí está a retama. “Para tua perda, ó Israel, (essa é Ritmá, é Rimom-Perez) te rebelaste contra mim, a saber, contra o teu ajudador”. (Ajudador essa é Libna).
        Voltemos a Números capítulo 15; no verso 3 fala de voto, fala de vossa vontade, mas logo nossa vontade tem que unir-se a Cristo pela fé, pela confiança na graça. Não é só nossa vontade, nem é só Cristo, é Deus cumprindo todo propósito de bondade e toda obra de fé com seu poder. A obra se é só obra é presunção, mas se é obra de fé, uma obra que não confia em si mesmo, é uma eleição que se faz confiando na graça; é o que Paulo dizia a Timóteo: fortifica-te na graça. Aí estão os dois requisitos; fortifica-te não é sozinho, nem a graça sozinha, não é que eu vou ser como uma pedra e que Deus me agarra pela orelha, não, não. Você deve tomar uma decisão, mas como tua decisão não é suficiente, você necessita confiar na graça, necessita crer em Cristo. Aqui o que nos ensina o capítulo 15 é que Deus provê a Cristo para poder superar a situação de incredulidade e a situação de presunção. Só por meio da graça podemos sair de Rimom-Perez e chegar à brancura, chegar a Libna, a graça.
        Então diz: “Então aquele que apresentar a sua oferta a Jeová, por oferta de alimentos trará...”, e aqui tudo o que mostra é que a oferta é figura de Cristo; todas essas são figuras de cristo. Aqui aparecem nessa primeira parte, três níveis: O nível do cordeiro, o nível do carneiro e o nível do novilho, todos os três representam a Cristo. Cristo está representado pelo cordeiro, Cristo está representado pelo carneiro e cristo está representado pelo novilho, mas quando fala do cordeiro, o primeiro nível, então se associa com uma medida menor de farinha, de azeite e de vinho; logo quando fala do carneiro aumenta a farinha, aumenta o azeite e aumenta o vinho, quando fala do novilho aumenta mais a farinha, aumenta mais o azeite e aumenta mais o vinho. Tudo é Cristo, mas notem  como Deus é bom. Às vezes oferecemos pouco de Cristo, porque Cristo está se formando em nós, mas é Cristo, só que tem que crer em Cristo, em Cristo se cresce; por isso ao princípio se oferece um cordeiro com uma  medida de farinha, depois duas medidas e já não é um cordeiro senão, um carneiro, e depois não são duas medidas senão, três medidas e já não é um carneiro senão, um novilho; ou seja, mostra como sempre em toda nossa caminhada, sejamos nós, meninos ou jovens, ou pais, ou adultos, ou anciãos, sempre tem que ser algo mais de Cristo; sempre é menino em Cristo, mas tem que ser Cristo, ainda que sejamos jovens façamos as coisas em Cristo, quando amadurecemos mais, sigamos fazendo em Cristo com mais profundidade, e se amadurecemos mais, sigamos em Cristo com maior profundidade.
Cristo como oferta
        Sempre é algo de Cristo, mas vocês veem aqui que Deus apresenta uma escala de Cristo, por quê? Porque Deus não simbolizou a Cristo com um único sacrifício? Por que com tantos sacrifícios? Por que com tantas escalas? Porque Cristo é muito rico, muito profundo, e em Cristo crescemos e em Cristo nos aprofundamos, e ele tinha que mostrar essa hierarquia das escalas, do aprofundamento em Cristo. Essa é a verdadeira maneira de avançar para poder entrar a possuir a terra, é avançando mais e mais em Cristo, enraizando-nos e aprofundamo-nos mais e mais em Cristo.
        A flor de farinha: Cristo havendo negado a Si mesmo. O grão de trigo moído. Então diz o verso 4 do capítulo 15 de Números: “Então aquele que apresentar sua oferta ao SENHOR, por oferta de alimentos trará uma décima de flor de farinha misturada com a quarta parte de um him de azeite”. Uma efa são 37 litros; a décima parte são 3,7 litros, quase 4 quilos; quando se apresenta a primeira oferta com o cordeiro, o primeiro nível de Cristo formado em nós está representado por uma décima parte de uma efa de flor de farinha; a flor de farinha representa a humanidade de Cristo, a vida de Cristo havendo negado a Si mesmo, havendo negado Sua alma. Vocês sabem que a flor de farinha surge do grão moído e que se tirou a casca, ou seja, a vida do eu, a vida do ego. O Senhor Jesus representa o grão de trigo por Si mesmo.
        “... se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.[8] Cristo foi moído por nossos pecados, ficou sem grumos, sem coisas duras. Sabem o que, irmãos? Há dois aspectos disto: o primeiro aspecto é objetivo, é algo que Cristo faz por nós, mas vocês recordam que nesses sacrifícios nós tínhamos que comer e alimentar-nos disto até chegar a ser constituídos pelo que Cristo é como alimento para nós. Alguns querem ver Cristo somente como aquele que morreu por nós, mas que não me mude, não me transforme. Claro que cristo nos perdoa, mas aqui Cristo se apresenta não só como sacrifício, senão como comida.
        O azeite: Cristo ungido pelo Espírito Santo. Logo diz: “... misturada com a quarta parte de um him de azeite.”, ou seja, 3,7 litros de flor de farinha se misturam com a quarta parte de um him de azeite. Um him são 6,2 litros, ou seja, a quarta parte é um pouco mais de um litro e meio (1,55): quer dizer, quase 4 quilos de farinha com 1 litro e meio de azeite, se misturam juntos, se amassam. Por que Deus amassa a flor de farinha com azeite? Porque Deus quer que sejamos ungidos pelo Espírito Santo. Primeiro é a farinha, mas Cristo foi um varão ungido pelo Espírito Santo que andou fazendo o bem, ou seja, Cristo foi aquela oferta a Deus, a flor de farinha, o varão ungido pelo Espírito Santo, ou seja, a farinha amassada com azeite e logo deu a sua vida até a morte, que é a libação de vinho. Sobre esta oferta de farinha com azeite se derramava o vinho, e diz:
        O vinho: Cristo oferecido em libação. E de vinho para libação prepararás a quarta parte de um him, para holocausto, ou para sacrifício para cada cordeiro;”. Quando ofereces um cordeiro, junto com esse cordeiro oferece 3,7 litros de farinha amassada com 1,5 litros de azeite e 1,5 litros de vinho, fixem-se num detalhe, sempre a medida de azeite é a mesma medida de vinho. Deus não põe mais vinho nem mais azeite, a medida do azeite é a medida do vinho, ou seja, é na medida em que o Espírito Santo conduz a Cristo, como diz a Escritura, se ofereceu por meio do Espírito eterno, ou seja, a pomba guiando ao cordeiro é a medida do Espírito, foi a medida da entrega. Disse o Senhor: “... o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o pai...”. Ele não se adiantava, porque Israel queria se adiantar ou se atrasava, em contra partida aqui o Senhor mostra a medida exata. A medida do azeite é a medida do vinho, ou seja, na medida em que o Espírito o conduziu, nessa medida Ele ofereceu Sua vida.
        Por exemplo, uma vez o iam matar, mas, todavia não era a hora, então ele escapuliu; por outro lado na história da igreja, alguns como não podem ser mártires se suicidaram; esse foi o caso dos circunseleones, quer dizer, acrescentaram mais vinho que azeite. Outros são o contrário; às vezes o Espírito lhes diz que vá, mas não quer ir, e às vezes não lhe diz que vá e vai, mas aqui vemos que a medida do azeite e a medida do vinho devem ser as mesmas. Assim foi em Cristo, então assim deve ser em nós, quer dizer, na medida em que o Espírito nos conduz, nessa medida nos consagramos e nessa medida fazemos; então o vinho tem a mesma medida do azeite, seja quando somos meninos, como aparece nesta primeira oferta, mas logo diz:
        E para cada carneiro prepararás uma oferta de alimentos de duas décimas de flor de farinha, misturada com a terça parte de um him de azeite”. Já não é uma senão duas, porque já não é cordeiro, senão carneiro; e já não com a quarta senão “... com a terça parte de um him de azeite. E de vinho para libação oferecerás a terça parte de um him ao SENHOR, em cheiro suave”. Outra vez a terça parte de um him.
        Ao princípio, no verso 4, diz “oferta”, no verso 7 diz “...ao SENHOR, em cheiro suave.”; verso 6, “oferta”, verso 7, “...em cheiro suave.”; mas logo na terceira parte, já é um novilho, já não é cordeiro, nem carneiro, agora é novilho. E, quando preparares novilho para holocausto ou sacrifício, para cumprir um voto, ou um sacrifício pacífico ao SENHOR,[9]com o novilho apresentarás uma oferta de alimentos de três décimas de flor de farinha misturada com a metade de um him de azeite”. Já não é uma, nem duas, senão três décimas “... de flor de farinha misturada com a metade de um him de azeite”. Já não a terça parte nem a quarta, senão a metade.
        Vocês veem como sobe de cordeiro a carneiro e de carneiro a novilho; de uma décima parte a duas décimas e logo três décimas de efa de flor de farinha; de um quarto de him, a um terço de him, a metade de um him; e logo de oferta sobe a oferta em cheiro suave e logo diz aqui “... oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR”. “¹E de vinho para libação oferecerás a metade de um him, oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR”. Quer dizer, o amadurecimento ou o crescimento de Cristo; todo o caminho tem que ser somente Cristo. “¹¹Assim se fará com cada boi, ou com cada carneiro, ou com cada um dos cordeiros ou cabritos. ¹²Segundo o número que oferecerdes, assim o fareis com cada um, segundo o número deles”.
A parede intermediária é derrubada
        Agora chegamos à outra parte preciosa. Aqui o que Senhor está nos mostrando é Cristo, está nos mostrando que através do sacrifício de Cristo, já não há diferença entre judeus e gentios. Notem como Deus antes que isso fosse revelado de forma explícita no Novo Testamento, já estava tipificando através deste símbolo, do sacrifício de Cristo.
        Diz aqui em Números 15:13 em diante: “¹³Todo natural assim fará estas coisas, (todo natural é todo israelita) oferecendo oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR.¹Quando também peregrinar convosco algum estrangeiro, (esses são gentios, já não é Israel) ou que estiver no meio de vós nas vossa gerações, e ele apresentar uma oferta queimada de cheiro suave ao SENHOR, como vós fizerdes, assim fará ele”. O Senhor não faz nenhuma diferença entre o israelita e o estrangeiro, senão que Ele recebe igualmente ao israelita e ao estrangeiro, através do mesmo sacrifício. Não há um evangelho para judeus e outro evangelho para gentios, porque em Cristo Jesus já não há nem judeu nem gentio, agora é Cristo em nós, o todo.
        “¹Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante o SENHOR”. Aí está o Senhor pré-anunciando que no corpo de Cristo não haveria somente israelitas, senão também gentios. “¹Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco”. Notem que isso já o Senhor havia começado a dizer no mesmo Sinai.
        Vamos ao livro de Levítico, que foi todo revelado no Sinai, vamos ver no capítulo 24:22, onde havia dito Deus: “Uma mesma lei tereis; assim será para o estrangeiro como para o natural; pois eu sou o SENHOR vosso Deus”. Por isso Paulo dizia: o que é Senhor de uns, é Senhor de outros, Ele é Senhor de todos. Cristo morreu para ser Senhor de todos, então o Senhor já anuncia que através do sacrifício de Cristo não há diferença entre judeu, nem grego, nem bárbaro, nem cita, nem servo, nem livre, nem homem, nem mulher, nem gentio, senão que todos somos um em Cristo Jesus; não há diferença, já está pré-anunciado aqui.
        Agora sim chegamos a segunda parte do revelado em Libna, noutra ocasião, seguramente em Libna, porque eles estiveram vários dias e que precioso, Deus começa a lhes dar esperança. Aqui Deus vai mostrar algo que temos que aprender; esta lição temos que aprendê-la. Às vezes nós nos justificamos porque não sabíamos; às vezes fazemos coisas desagradáveis a Deus, sem sabê-lo. Ah! é que eu não sabia; justificamos que não sabíamos para ofender a Deus. Imagine que você tem um lote que é seu, você o comprou, mas vem um invasor que não sabe que esse lote é seu, que pertence a você, que você tem o direito sobre esse lote, e como ele não sabia, invade esse lote e fica no terreno. O dia que ele souber que esse lote é seu, o que você espera, o que você diz? Porque o invasor não sabia que esse lote era seu, você já não tem direito ao lote? Claro, você tem direito ao lote, não importa que o outro não soubesse. Claro, como não sabia; depois que saiba, tem que pôr as coisas às claras.
A ignorância e o senhorio de Cristo
        Irmãos, aqui nesta lição vamos aprender. Deus nos tira a desculpa de “eu não sabia”, Deus nos diz: tão logo comeces a saber, tem que dar-se como entendido e reconhecer que estava em um erro e confessar o erro, pedir perdão e deixar esse erro, não importa que não sabia; o dia que souber, Deus o considera erro. Esta é a lição que aparece nesta segunda parte em Libna, em uma ocasião mais adiante mas na mesma Libna. “¹Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:”. Mas, este “mais” há que pô-lo, porque às vezes é por incredulidade o problema, ou às vezes é por presunção, mas às vezes é por ignorância, então no caso de ignorância, como fazemos?
        Aqui diz: “¹Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra que vos hei de introduzir, (quer dizer, quando começais a desfrutar de Cristo) ¹Acontecerá que, quando comerdes do pão da terra, (quer dizer, a pessoa começou agora a estar em Cristo, é novo, mas já está em Cristo, que diz o senhor?) então oferecereis ao SENHOR oferta alçada. ²Das primícias da vossa massa oferecereis um bolo em oferta alçada; como oferta da eira, assim oferecereis”. Notem o que diz a Escritura, já o dissemos em Romanos: Cristo morreu e ressuscitou e voltou a viver para ser Senhor, dos mortos e dos que vivem. Alguns querem conhecer a Cristo só como Salvador, ou seja, que Cristo me perdoe, mas eu não lhe sirvo, que continue me perdoando, mas já não lhe obedeço, que me perdoe mas eu tenho meus interesses, não. Cristo nos perdoa para comprar-nos e para ser primeiro, para ter a preeminência sobre todas as coisas e por isso diz assim: “... quando comerdes do pão da terra, então oferecereis ao SENHOR oferta alçada”, quer dizer, quando alguém começa a desfrutar de Cristo já diz: já não vive mais para si, senão para aquele que morreu e ressuscitou por nós, não diz isso a Escritura? Que para isso Cristo morreu. Uma vez que vimos a Cristo, uma vez que somos perdoados, comprados, limpos, branqueados, então já nossa prioridade tem que ser cristo; o primeiro que amassamos, o primeiro tem que ser dado ao Senhor, Ele tem que começar a ser preeminente sobre todas as coisas em nossa vida.
        “²¹Das primícias das vossas amassadeiras dareis ao SENHOR oferta alçada nas vossa gerações”. Isto é, os tataravós, os bisavós, os avós, os pais, nós, os filhos, os netos, os bisnetos, os tataranetos. É igual, não há diferença, alguém vem a Cristo, tem que pô-lo em primeiro lugar. Agora, claro, “²²E, quando vierdes a errar,...”, porque claro alguém vem a Cristo, mas não sabe, mas por que não sabe? Porque está ocupado em outras coisas. O Senhor me salvou do inferno, graças, já não vou para o inferno, mas vivo para mim, não busco a vontade de Deus, por isso não sei. Você crê que se desobedecer a lei de um país, ainda que você não a conheça; mas a lei já está publicada; se você vai a caminho pela sétima  avenida,[10] aí estão à venda os estatutos disto, e daquilo, assim que, se você não sabia é problema seu. A lei está publicada, e o que não sabia é porque não buscou a Deus; claro que o que lhe interessa sim, o busca, mas o que é de Deus não o busca.
        “²²E, quando vierdes a errar, e não cumprirdes todos estes mandamentos, que o SENHOR falou a Moisés, ²³Tudo quanto o SENHOR vos tem mandado por intermédio de Moisés, desde o dia que o SENHOR ordenou, e dali em diante, nas vossa gerações, ²Será que, quando se fizer alguma coisa por ignorância, e for encoberto aos olhos da congregação, (o mesmo povo não sabia) toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto...” olhem o verso 27, diz: “²E, se alguma alma pecar por ignorância, para expiação do pecado oferecerá uma cabra de um ano”. Mas como aqui não é uma pessoa, é toda a congregação, é um novilho, porque Deus está mostrando a hierarquia do pecado, tem que substituir-se por um profundo e maior reconhecimento de Cristo; por isso diz o verso 24: “Será que, quando se fizer alguma coisa por ignorância, e for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao SENHOR, com a sua oferta de alimentos (quer dizer, o novilho com as três décimas de flor de farinha, amassada com a metade de um him de azeite) e libação (ou seja, a metade de um him de vinho) conforme ao estatuto, e um bode para expiação do pecado”. Primeiro havia dito no verso 24, “holocausto” e ao final diz outra vez “expiação”; o novilho era para o holocausto, o cabrito macho era para expiação.
Holocausto e expiação
        Que diferença há entre holocausto e expiação? O holocausto era algo que se queimava totalmente para Deus; o sacerdote não comia nada, o povo não comia nada, era algo somente para Deus receber. Nós temos ofendido a Deus, nós temos ofendido sua santidade, temos ofendido Sua justiça, temos ofendido Sua Glória e Ele deve ser satisfeito, Ele deve ser vindicado. Agora, claro, também há expiação; nós somos perdoados, somos libertados, somos justificados, somos reconciliados; quer dizer, o relativo à expiação é que acontece conosco; o relativo ao holocausto é o que acontece com Deus. Por isso Cristo é o mediador entre Deus e os homens, porque satisfaz a necessidade do coração de Deus e satisfaz a necessidade de nossa situação humana. Sabem de uma coisa? Este cabrito macho que aparece aqui foi agregado por Deus aqui em Libna.
        A primeira vez que Deus falou disto, um mesmo animal tinha o holocausto e a expiação em si mesmo. O lemos em Levítico 4:13-21. Porque é aqui, irmãos, no verso 25 de Números 15 diz: “E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi por ignorância; e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao SENHOR, e a sua expiação do pecado perante ao SENHOR, por causa da sua ignorância”. Ali está Libna, ali está a brancura. “²Será, pois, perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no meio deles, porquanto por ignorância sobreveio a todo o povo”.
O que aparece aqui em Números 15:22-26, já havia sido dito com mais detalhes, mas sem o bode, em Levítico 4:13-21, quer dizer, no Sinai Deus já havia iniciado a revelar. Diz assim em Levítico 4:13-21, que se corresponde com Números 15:22-26:
        “¹³Mas, se toda a congregação de Israel pecar por ignorância, e o erro for oculto aos olhos do povo, e se fizerem contra alguns dos mandamentos do SENHOR, aquilo que não se deve fazer, e forem culpados, (ouçam, não porque alguém é ignorante que não é culpado, é culpado sim) ¹E quando o pecado que cometerem for conhecido, então a congregação oferecerá um novilho, por expiação do pecado, e o trará diante da tenda da congregação, ¹E os anciãos da congregação porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho perante o SENHOR; e degolar-se-á o novilho perante o SENHOR”.
        Quer dizer, eles reconheceram que esse sacrifício é pelo pecado deles; não é a ignorância que te justifica; é o sacrifício de Cristo, é Ele que te justifica se reconheces que houve pecado contra Deus, que o direito de Deus foi diminuído, desacreditado, ainda que por ignorância. Te meteste no lote de Deus crendo que era seu, mas ao final era de Deus, então temos que reconhecer o direito de Deus. Como é pecado da congregação, os anciãos põem sua mão sobre aquele bezerro que é a mesma palavra que se traduz novilho na outra parte. Em hebreu é a mesma palavra. Diz aqui:
        “¹Então o sacerdote ungido trará o sangue do novilho à tenda da congregação”. Isto é fazer subjetivo, pessoal, o sacrifício de Cristo. Cristo morreu por todos, mas se você não o recebe, em seu caso particular, quer dizer que você não está introduzindo o sangue na tenda da congregação. Qualquer pessoa pode ser perdoada, mas deve apropriar-se pessoalmente, sabe que ele pecou, confessa seu pecado e aceita que o sacrifício de Cristo foi por seu pecado, então quando o faz é quando está pondo a mão sobre o cordeiro e quando o sangue está sendo levado ao santuário; quando a pessoa aplica isso ao seu caso em particular, não é algo somente objetivo.
        Sim, Cristo morreu por todos, mas meus pecados são estes, já os reconheço, peço perdão e aceito que o sacrifício de Cristo é por mim, então o sangue foi levado ao santuário. “Então o sacerdote ungido trará do sangue do novilho à tenda da congregação,”. Cristo entrou por nós lá no céu e também em nós. “¹E o sacerdote molhará seu dedo naquele sangue, e o espargirá sete vezes perante o SENHOR, diante do véu”. Porque sete vezes? É o número da perfeição. Deus deve ser completamente satisfeito e vindicada a santidade de Deus, a justiça de Deus, a glória de Deus; não tem que ser algo incompleto, tem que ser algo bem feito, claro, completo. “¹E daquele sangue porá sobre as pontas do altar, que está perante a face do SENHOR, na tenda da congregação; e todo o restante do sangue derramará à base do altar do holocausto, que está diante da porta da tenda da congregação”. No altar é aonde agarra-se para pedir misericórdia; primeiro é para Deus, primeiro é diante de Jeová, agora é a minha disposição, agora é para que eu me agarre aos cantos do altar e com base no sacrifício de Cristo eu seja perdoado; já não só Deus seja vindicado, senão, eu também perdoado.
        “... e todo o restante do sangue derramará à base do altar do holocausto, que está diante da porta da tenda da congregação”. Por isso Cristo morreu no Gólgota, fora das portas da cidade. “¹E tirará dele toda a sua gordura, e queimá-la-á sobre o altar; ²E fará a este novilho, como fez ao novilho da expiação; assim lhe fará, e o sacerdote por eles fará propiciação, e lhes será perdoado o pecado. ²¹Depois levará o novilho fora do arraial, e o queimará como queimou o primeiro novilho; é expiação do pecado da congregação”. Se deram conta que aqui não aparece o bode?
        Voltemos a Números 15:25: “E o sacerdote fará expiação...”. Como a fará? Como em Levítico 4, mas aqui qual é a diferença entre Levítico e Números? É o bode. Mas há outra diferença; a diferença está no verso 18: “... Quando entrardes na terra que eu vos hei de introduzir,”. Em Levítico foi anunciado desde o Sinai, e eles experimentaram isso durante várias jornadas, mas agora estão em Libna; agora está falando o Senhor que deve ser dentro da terra prometida. “... Quando entrardes na terra...”. Deus continua com aquilo, mas ao acrescentar Deus este carneiro da expiação está dizendo que é algo mais profundo em Cristo.
        Todos estes sacrifícios, seja carneiro, seja cordeiro, seja cabra, seja bezerro, seja farinha, seja azeite, seja vinho, todos representam a Cristo, mas Cristo é tão rico que cada vez que se avança, é um pouco mais de Cristo; quer dizer, um aprofundamento no mistério de Cristo, no mistério do Evangelho, no mistério da morte. Por isso aparece este dado acrescentado: Quando entreis na terra.
        Enquanto estão peregrinando do Sinai até a terra prometida, é como está em Levítico 4, mas quando entrais na terra, tem-se aprofundado mais em Cristo; agora é então, esse aprofundamento maior representado por este bode acrescentado. O verso 27 diz: “E, se alguma alma (já não é a congregação) pecar por ignorância, para expiação do pecado oferecerá uma cabra de um ano”. Aqui se revela que Deus o fez mais simples para a pessoa do que para a congregação; o pecado de toda a congregação é mais grave que o de uma pessoa somente, e Deus mostra a hierarquia porque em vez de dizer um bezerro, disse agora uma cabra. “²E o sacerdote fará expiação pela pessoa que pecou, quando pecar por ignorância, perante o SENHOR, fazendo expiação por ela, e lhe será perdoado”. Brancura, Libna. “²Para o natural dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquele que pecar por ignorância”.
        No caso desta pessoa a coisa segue igual, se a compara com Levítico 4:27-31, que diz: “²E, se qualquer pessoa do povo da terra pecar por ignorância, fazendo contra alguns dos mandamentos do SENHOR, aquilo que não se deve fazer, e assim for culpada; ²Ou se o pecado que cometeu lhe for notificado, então trará pela sua oferta uma cabra sem defeito, pelo seu pecado que cometeu, ²E porá a sua mão sobre a cabeça da oferta da expiação do pecado, e a degolará no lugar do holocausto. ³Depois o sacerdote com o seu dedo tomará do seu sangue, e o porá sobre as pontas do altar do holocausto; e todo o restante do seu sangue derramará à base do altar;”. Notem que aqui já não fala das sete vezes, que são típicas do pecado de toda a congregação. “³¹E tirará toda a gordura, como se tira a gordura do sacrifício pacífico; e o sacerdote a queimará sobre o altar, por cheiro suave ao SENHOR; e o sacerdote fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado”. No caso da pessoa é igual em Levítico, só que Deus volta a insistir vários anos depois em Libna; um foi no Sinai, e o outro em Libna.
        Chegamos a terceira parte: O Senhor morreu por todos, se se lhe recebe como deve ser. Todos podemos haver pecado, mas reconhecemos nosso pecado, fazemos diante de Deus o que devemos fazer: reconhecer nosso pecado, reconhecer que o sacrifício dEle é por nós, crer e levá-lo ao nosso interior, mas e o que não, que acontece? Estes versículos finais desta porção, ou seja, o 30 e 31, nos mostram que não há tal universalismo da morte de Cristo por todos. Não quer dizer que todo mundo se não se arrepende e se não crer também vai ser salvo. Os chamados universalistas mentem a todo mundo. Estes dois versículos mostram que não há tal universalismo. Se não crê, não usufrua.
        Diz: “³Mas a pessoa que fizer alguma coisa temerariamente...”,(em vez de reconhecer o seu pecado, seu erro, sua ignorância, o direito de Deus, se fizer algo com soberba, é o homem que anda por si mesmo, a sua maneira, que não reconhece os seus pecados, que vive como se pudesse fazer o que quer, “...quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao SENHOR; ... (a pessoa que atua de forma soberba, sem reconhecer seus pecados e sem humilhar-se e receber a Cristo, está ultrajando a Deus) “...tal pessoa será extirpada do meio do seu povo. ³¹Pois desprezou a palavra do SENHOR, e anulou o seu mandamento; (menosprezou o Evangelho de Deus) totalmente será extirpada aquela pessoa, a sua iniquidade será sobre ela”.  “Quem crer e for batizado será salvo; mas o que não crer será condenado”. (Marcos 16:16). Então irmãos, esta lição de Libna é supremamente importante. Aparece no meio de tantas lições difíceis; é uma provisão maravilhosa que nos fala de Cristo para nossa necessidade.


[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 15 de setembro de 2000.

[2] Terras baixas                                            
[3] Referência a 2 Reis 23:28-33
[4] Mateus 10:33                                                                                                                                                                                              
[5] Marcos 16:7
[6] Referência a Lucas 22:31-32

[7] 2 Timóteo 2:1

[8] João 12:24
[9] João 5:19
[10] Em Bogotá, Colômbia

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