Jornada 28
BENE-JAACÃ [1]
“E partiram de Moserote, e
acamparam-se em Bene-Jaacã”.
Números 33:31
Filhos da inteligência
Vamos ao livro de Números 33:31: “E partiram de Moserote, e acamparam-se em
Bene-Jaacã”. Esta jornada como as imediatamente anteriores e as
imediatamente posteriores, pertencem também à seção que corresponde aos anciãos
e à transição para uma nova geração, que são as experiências na peregrinação do
povo de Israel. As primeiras seções, as primeiras jornadas, correspondem aos
filhinhos; as seguintes aos jovens, as seguintes aos pais e estas a partir de
Hasmona correspondem aos anciãos e à transição para uma nova geração; estamos
vendo que cada uma destas jornadas tem algo a ver com a experiência dos anciãos
e também com as pessoas que começam a ocupar o lugar que os anciãos vão
deixando; e também estas são jornadas progressivas; ou seja, que uma se
aperfeiçoa com a outra, a seguinte aperfeiçoa a anterior; então esta jornada
Bene-Jaacã é um passo para adiante depois da jornada de Moserote. A jornada de
Moserote é muito linda, se podemos captar seu sentido, mas esta jornada de
Bene-Jaacã é um passo mais além, inclusive ao de Moserote. Outro verso e vamos
lê-lo de uma vez que esta relacionado a Bene-Jaacã, se encontra naquele
parêntese que está no meio do discurso de Moisés em Moabe, recordando o que o
Senhor lhes revelou ali no monte Sinai, como o Senhor o olhou e não destruiu ao
povo senão que continuou com os levitas e os atravessou por todo o deserto.
Então em Deuteronômio 10:6, é onde se
menciona Bene-Jaacã; ali diz: “E partiram
os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã a Moserá...”. Como já estudamos o
relativo a Moserá, porque aparece aqui Moserá depois de Bene-Jaacã e antes
aparece antes de Bene-Jaacã, porque houve uma antecipação, eles passaram primeiro
por um lugar e se lhes antecipou o que havia de vir, logo passaram de volta e
sucedeu o que havia sido antecipado; mas quis que lêssemos Deuteronômio também
juntamente com Números para completar o nome do lugar. Em Números 33:31 diz
Bene-Jaacã, mas em Deuteronômio 10:6 o nome está mais completo,
Beerote-Bene-Jaacã. Nesta jornada, como nenhuma outra coisa mais nos diz o
Antigo testamento, senão somente o nome e logicamente sua localização em uma sucessão,
e essa sucessão também é uma porção já relativa às jornadas mais avançadas, ou
seja, às pessoas que tem ido caminhando com o Senhor e ao povo do Senhor que
tem ido crescendo e amadurecendo, então o significado desta palavra é sumamente
importante. Bene-Jaacã e Beerote-Bene-Jaacã. Em primeiro lugar vamos determinar
a localização geográfica porque o Senhor, é curioso, utiliza os detalhes
históricos e geográficos para projetar profecia.
Então se vocês vem comigo, vamos
encontrar quem é esse Jaacã do qual se fala como filhos de Jaacã. Bene-Jaacã
quer dizer filhos da inteligência. Mas indaguemos sobre este Jaacã.
Vamos ver primeiramente Gênesis capítulo 36, vocês veem no versículo 27, no contexto
dos filhos de Seir horeu que fala dos filhos de Ezer, um dos descendentes de
Seir. Recordem-se que esta jornada é outra das jornadas ao redor do monte de
Seir; então Seir era o patriarca do horeus que moravam nesse monte que depois
se uniram aos edomitas, então se vocês veem o 36:20,21, diz: “²⁰Estes são os filhos de Seir, horeu,
moradores daquela terra: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná, ²¹Disom, Eser e Disã; estes
são os príncipes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom”. Agora
passamos ao versículo 27: “Estes são os
filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã”.
Este Acã é o mesmo Jaacã. Vamos ver esta mesma genealogia reproduzida no
capítulo 1 de 1 Crônicas; ali vamos encontrá-lo de novo; vocês podem ver desde
o versículo 38, que diz: “E os filhos de
Seir: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Eser e Disã.”; logo no versículo 42
diz: “os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e
Jaacã;...”; de modo que identifica-se Acã com Jaacã. Aquele a quem em
Gênesis se chama simplesmente Acã, em Crônicas se chama Jaacã como filho de
Eser, ou seja, neto de Seir; quer dizer, que essa região do monte de Seir
correspondeu a este neto de Seir que se chamou Jaacã, e então os filhos de
Israel em suas jornadas chegaram e acamparam em Beerote-Bene-Jaacã, porque
Jaacã teve vários filhos. Então na região do monte de Seir que eles estavam percorrendo,
chegaram a um ponto que era o ponto dos filhos de Jaacã, que era horeu, neto de
Seir, que dá o nome a toda essa cordilheira montanhosa; e a palavra que aparece
em Deuteronômio 10 como Beerote, Beerote-Bene-Jaacã, a palavra “beerote” significa poços de água ou
mananciais; ou seja, a palavra Beerote-Bene-Jaacã significa os poços ou mananciais
dos filhos de Jaacã ou de inteligência. É muito interessante que esse é o nome,
o sentido dessa palavra, dessa jornada. Beerote,
poços;
Bene, filhos; Jaacã, inteligência.
Discipulado
Neste contexto da etapa de transição e
as jornadas de transição dos anciãos e de uma geração velha a uma geração nova,
poderíamos dizer que a palavra chave é: discipulado;
isso é o que quer significar com filhos da inteligência e poços dos filhos da
inteligência, olhando já não só no seu sentido geográfico histórico, senão o
seu significado espiritual. Em Moserote, eles haviam percebido, os anciãos. Vimos o exemplo de Arão, onde
estava antecipando-se a sua morte, que ele mesmo depois morreu nesse lugar; mas
primeiro passou por aí; quer dizer, como se Deus houvesse dado uma antecipação
do que haveria de ser sua morte; então depois ele morreu nesse lugar, mas
passou uma vez primeiro por aí. Assim também Deus disse por exemplo a Pedro,
que quando for velho outro te levará; e logo Pedro diz: agora, eu sei que em
breve devo abandonar meu corpo como meu Senhor me tem dito; então ele estava
sendo levado para negar-se a si mesmo; porque para ali é aonde nos conduz o
Senhor com um jugo, que isso é o que quer dizer Moserote: conjuntas, ser
prisioneiros de Cristo, ser conduzidos cada vez mais à morte de nós mesmos, e
por sua vez preparar a nova geração, que é a que vai herdar a continuidade do
trabalho do Senhor. Nunca devemos fazer um trabalho centrado em nós mesmos,
porque nós não trabalhamos para nós mesmos; nós trabalhamos para o Senhor;
então Moserote nos mostra como aqueles anciãos deviam, deixar precedentes
claros para as gerações vindouras; e por isso dizia Pedro: Com diligência
procurei fazer com que vocês tivessem sempre memória destas coisas.[2]
Mas digamos que o nível de Moserote é
diferente do nível de Bene-Jaacã no seguinte: Em Moserote o que se deixa a
geração que se segue é um depósito, é um ensino, é uma verdade, é um
testemunho, é uma doutrina, são precedentes claros; ou seja, os anciãos tem que
deixar precedentes claros e partir em paz havendo deixado as coisas claras; as
águas cristalinas para as ovelhas que vem atrás, os pastos verdes para as
ovelhinhas que vem atrás; mas não deve deixar somente testemunho; não deve
deixar somente ensino; não tem que deixar somente um depósito; não tem que
deixar somente um precedente; isso não é suficiente; tem que ir um passo mais
além. O Senhor quer que deixemos filhos, que deixemos discípulos; o Senhor não
quer que somente ensinemos; o do ensinamento poderíamos encontrá-lo em Marcos
16 “¹⁵E disse-lhes: Ide por todo mundo,
pregai o evangelho a toda criatura. ¹⁶Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado”. Aí vemos esse nível de ensino; de deixar
ensinamentos claros, doutrinas claras, precedentes claros, pôr os pontos nos
“is”, cada coisa em seu lugar; ordenar a casa esse é um assunto; mas o Senhor
não disse só isso. Isso o registrou Marcos, mas Mateus, que era um dos doze
apóstolos, captou a outra frase que Marcos não disse: “¹⁹Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ²⁰Ensinando-os a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19-20) Quer dizer que o Senhor
quer que os seus não somente ensinem e deixem verdades e deixem gravações e
deixem escritos; o Senhor quer que deixemos discípulos; isso é algo mais que
ensinamento. Algumas vezes chegamos somente até deixar verdades, mas não
deixamos discípulos.
O irmão Watchman Nee dá um exemplo
importante; ele dizia: Uma velinha antes que se apague tem que acender outra
dez velinhas, para que quando ela se apague, a luz não se apague, senão que a
luz se multiplique; ou seja, antes que a vela se apague, com a luz dessa vela
tem que acender outras velas para que quando se apague esta vela, as outras
estejam recém acesas e por sua vez essas tem que acender outras velas, e assim
sempre haverá luz. Se nós levamos as verdades à tumba, se não deixamos
precedentes claros, o Senhor vai ter que voltar a ensinar as lições que Ele já
ensinou a outros filhos Seus; então Ele quer que cada um de seus servos
trabalhe para que haja continuidade, deixando precedentes claros, contudo
deixando discípulos. O que o Senhor falou foi: Fazei discípulos; e a palavra
discípulos é uma palavra mais avançada que a palavra aluno. Digamos que aluno
está num nível de Moserote, mas discípulos está num nível de Bene-Jaacã.
Irmãos às vezes nós tomamos as coisas
de uma maneira superficial, digamos, de uma maneira didática; podemos deixar
uma instrução, um seminário, um instituto, um pensamento, um currículo e
podemos ter alunos e ensinar teologia a esses alunos. Isso é bom, mas não é
suficiente; observem que às vezes um seminário, um instituto, uma escola, pode
chegar a cair em mãos de professores que vivem do ensino da teologia, do
hebraico, da gramática, inclusive da crítica, da exegese; mas isso não é o
nível que Deus quer para seus servos. Há servos do Senhor, mestres do Senhor
que chegam até esse nível e avançam e ensinam e deixam ensinamentos, deixam
livros, deixam gravações, deixam conferências e deixam instruções, mas logo
estas instruções caem em mãos de outras pessoas que não foram formadas. Digamos
que Moserote chega até o nível de informação, mas Bene-Jaacã chega ao nível de
formação. Deus não quer que deixemos somente precedentes, senão que
deixemos pessoas discipuladas a Cristo; é muito fácil e é mais fácil ser
professor que fazer discípulos, porque o professor pode dizer a cadeira; alguém
pode aprender algo, ler algo e pode repeti-lo; começa tal hora, termina tal
hora, é uma questão didática, é como um trabalho; há professor de qualquer
coisa e ninguém conhece a sua vida privada, nem se mete nela; mas o Senhor
Jesus não foi deste tipo de professor. O Senhor não foi só um professor; Ele foi
um Mestre modelo de vida, Ele fez outros discípulos; então essa palavra:
Bene-Jaacã, filhos da sabedoria, apresenta o nível do discipulado; os anciãos
não só tem que deixar precedentes claros, doutrinas claras, ensinamentos
claros, escritos claros, senão que tem que formar discípulos.
O testamento de Paulo
Eu quero que olhemos alguns versos do novo
testamento, aparte do que já temos aludido, onde este verso possa nos servir um
pouco. Um verso que costumo usar muito é o da segunda a Timóteo. Por que me
agrada tanto segunda Timóteo? É que segunda Timóteo é o testamento de Paulo.
Paulo era um ancião que está a ponto de morrer; Paulo está dizendo-lhe
praticamente: tenho acabado a carreira, tenho guardado a fé, o Deus de justiça
me tem preparado uma coroa de justiça, em fim; mas então ele agora está
preocupado com Timóteo; agora o importante é Timóteo. Paulo vai-se, Paulo já
terminou sua carreira, mas Paulo não está se importando somente em receber a
sua coroa, porque não lhe importa só a sua coroa, lhe importa a coroa do
Senhor, o reino do Senhor; ele está interessado em que quando vai receber sua
coroa, o reino do Senhor continue. Assim como Abrão tomou provisões para que
Isaque recebesse a herança e não misturasse essa herança com os outros, o mesmo
está fazendo Paulo com Timóteo; está fazendo um discipulado com Timóteo. De
maneira que eu gostaria que olhássemos uns versos desta epístola, que é como se
fosse um testamento de Paulo e olhemos algumas frases; valeria a pena lê-lo
todo, mas pelo tempo não podemos; mas vamos olhar alguns versos.
Em primeiro lugar, uma das coisas que
Paulo repete várias vezes a Timóteo é o das aflições; lhe diz várias vezes. Por
exemplo no verso 1:8 diz: “Portanto, não
te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro
seu; antes participa das aflições do evangelho ...”; ou seja, se tens dado
testemunho, mas digamos que o testemunho é deixar um precedente claro; não é
que levo a verdade e a levo sozinho; dá testemunho, mas não só tem que dar um
testemunho. O testemunho que fala do capítulo 1 é desse nível de testemunho de
deixar precedentes claros. Agora diz: “...
participa das aflições...”, logo no verso 13 lhe diz: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no
amor que há em Cristo Jesus”. Então aí segue nesse nível de testemunho: “conserva o modelo das sãs palavras...”; logo passa ao verso 14: “Guarda o bom depósito...”. Tudo isso
pertence ao nível de Moserote, deixar com diligência testemunho e precedente
claro para as gerações que se seguem. Tudo isso: testemunho, conserva o modelo
das sãs palavras, guarda o bom depósito, até aqui é esse primeiro nível, mas o
seguinte nível passa no seguinte capítulo.
No capítulo 2: “¹Tu, pois, (esse pois é havendo tido em conta este primeiro
assunto; quer dizer, pois, posto que tenhas entendido nessa parte, recorda
filho meu, Bene-Jaacã, filho da inteligência) meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. ²E o que de mim, entre muitas
testemunhas, ouviste, confia-os a homens fiéis,...”. Não é suficiente,
Timóteo, que tu creias; além de crer, deves testificar, mas não é suficiente
teu testemunho, Timóteo; você tem que preparar o testemunho de outros, você tem
que preparar a outros para a continuidade do testemunho, quando você já não
estiver; eu me vou, mas estou te encarregando, mas você tem que encarregar a
outros, a homens fiéis, e esses homens fiéis tem que ser idôneos para ensinar
também a outros. Tem que haver pessoas discipuladas que continuem o trabalho. É
triste que a pessoa se vá e leve tudo para a tumba e tudo se acaba; esse
trabalho não é suficiente; tem que avançar desse nível. Não somente tem que
evangelizar; também tem que dar testemunho e tem que discipular e tem que
entregar aos discípulos tudo, tudo o que você puder.
Agora
volta Paulo e lhe diz: “³Sofre, pois,
(outra vez) comigo, as aflições, como
bom soldado de Jesus Cristo”. Aqui
lhe menciona várias coisas, mas gostaria que deixássemos estas coisas para
considerar um pouco mais adiante. Estejamos considerando pelo menos este nível,
de testemunho primeiro e discipulado depois. Depois voltaremos aqui, mas
passemos um pouco mais adiante no capítulo 2: “²²Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o
amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. Olhem o
que está fazendo Paulo com Timóteo, o mesmo que fez Abraão com Isaque. Aos
demais filhos lhes deu presentes, mas a linha de Deus era com Isaque; e ele
investiu tudo em Isaque e o separou dos demais para que não houvesse mistura,
para que não ficassem indefinições, senão que as coisas ficassem claras; e o
mesmo está acontecendo aqui. Há muitas coisas, Timóteo, o mundo religioso, há
muitas correntes, muitos assuntos, mas eu te estou encarregando isto, Timóteo:
Foge, foge destas coisas e entra nestas outras; aqui é onde tens que estar, na
justiça, na fé, no amor, na paz, com os que de coração puro invocam ao Senhor.
Agora, e os que não são de coração puro, que tem de fazer com eles? Bem, aí vem
o capítulo 3. “¹Sabe, porém, isto: que
nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. ²Porque haverá homens ...”.
assim, assim, assim; e chega ao versículo 5: “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. (que se
faz com estes?) Destes afasta-te”. O
que fez Abraão com Isaque, está fazendo Paulo com Timóteo. Evita misturar-se
com pessoas que estão com os corações impuros, que estejam fazendo mercadoria
do Evangelho, que estejam fazendo mercadoria da verdade; Deus os há de julgar,
não te mistures aí, mantenha distância; mas com os que de coração puro de
verdade invocam a Deus, com esses anda, segue a verdade, segue a fé, segue a
justiça, com os que de coração puro invocam o Senhor. Aparta-te, mantém
distância daqueles que fazem mercadoria da verdade. Paulo aqui está dando uma
informação clara que ele mesmo havia aprendido em seu caminho. Não é verdade?
Então, aí nos damos conta da formação do discipulado que está fazendo Paulo.
Testemunho do mestre
Agora olhemos o relativo aos poços. Vamos voltar a Timóteo,
mas vamos primeiro a 2ª Coríntios 3. Aqui Paulo nos mostra como é este assunto
do discipulado: “¹Porventura começamos
outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de carta de
recomendação para vós, ou de recomendação de vós?” Claro, Paulo era o que
evangelizava aos Coríntios e aos de Acaia; depois, bem, passou por ali nosso
irmão Apolo e lhe deram carta para que fosse e o recebessem; mas ele não era
conhecido, e por isso os que o conheciam tinham que escrever cartas
recomendando-lhe; mas Paulo está dizendo: mas vocês sabem que nós mesmos não
necessitamos, que outros nos recomendem, para chegar até vocês; vocês nos
conhecem, vocês chegaram a ser o que são agora, pelo que nós fomos entre vocês, por isso nós não necessitamos que outros nos
recomendem a vocês; nossas credenciais não são as cartas que outros escrevem a
favor de nós; nossas credencias são vocês. O que Deus tem estado fazendo com
vocês desde que nos conhecemos, essas são nossas credenciais. Então diz Paulo: “²Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida
por todos os homens”. Aqui já passa do nível de cartas escritas em papel,
ao nível de discipulado.
O mesmo faz João. Passemos a segunda e
terceira de João. Essas duas pequenas cartinhas as termina de maneira muito
similar. Na segunda carta de João verso 12, diz João assim: “Tendo muito que escrever-vos,...”. João
tinha muito que escrever, por quê? Porque tem que deixar as coisas claras; tem
que falar. Diz o Senhor a Ezequiel: ao menos saberão que houve profeta em
Israel. Tem que deixar as coisas escritas, mas João confia mais em escrever em
seus discípulos; por isso diz: Tendo muito que escrever-vos, “... não quis fazê-lo com papel e tinta; mas
espero ir ter convosco e falar face a face, para que o nosso gozo seja
cumprido”. Isso é passar de Moserote a Bene-Jaacã. Não quero só deixar
escritos; o que quero é falar bem claro com vocês; vai ser mais útil que
falemos cara a cara, bem francamente; isso vai produzir um efeito maior que se
eu te deixo uma carta. Claro, graças a Deus por estas cartas. Que teria sido de
nós sem estas cartas; mas o Senhor não quer só bibliotecas; Ele não quer
bibliotecas no céu, Ele quer filhos, Ele quer discípulos seus no céu.
Na terceira carta de João diz o mesmo a
Gaio; verso 13: “Tinha muito que escrever, mas não quero escrever-te com
tinta e pena”. Sim as quero escrever, mas as quero escrever de outra
maneira, como se escrevem as coisas neste novo nível, o nível de deixar as
coisas claras; que tenhais memória. Esse é um nível importante, mas há outro nível
maior, uma etapa posterior um avanço de Moserote a Bene-Jaacã.
Agora voltemos a 2 Coríntios 3:2: “Vós sois a nossa carta,...”. Veem? Por
isso não vou escrever em papel; ainda que diz: agora vou escrever em ti com o
Espírito; ou seja, olha, o que para mim é mais importante não é o papel. É como
se João dissera: Não é que tu tenhas uma carta minha, e enquadres e diga: Ai!
Nos recordamos assim é, e aqui está escrito, não; o que me importa é que você
ande no mesmo Espírito em que eu tenho andado, que tenhas a mesma retidão que
eu tenho tido, que tenhas o mesmo propósito, a mesma conduta; que não ande
fazendo as coisas de outra maneira; isso é o importante, que mais pessoas sejam
como o Senhor quer que sejamos. Por isso o Senhor Jesus disse assim: “Nisso é glorificado meu Pai, que deis muito
fruto; e assim sereis meus
discípulos”. (João 15:8) Também por isso diz Paulo: “Vós sois a nossa carta,...”;
ou seja, estas credenciais “escritas”,
já não em papel; claro que há cartas em papel também, mas diz “... escrita em nossos corações, conhecida
e lida por todos os homens”. Todas
as pessoas que vejam vocês viverem, como você atuam em seus trabalhos, em suas
casas, em suas coisas, vão se dar conta que vocês são pessoas retas, são gente
que ama, gente que anda com Deus; qualquer um pode ler essa carta; vocês são
nossas credenciais. Por isso diz que quando ouviam a João, a Pedro,
reconheciam que haviam andado com o Senhor Jesus; ou seja, eles eram as cartas
do Senhor Jesus. O Senhor Jesus não escreveu cartas a mão, mas que cartas
escreveu o Senhor Jesus! Os reconheciam que haviam andado com o Senhor Jesus,
por quê? Porque andavam em um caminho reto.
“...
conhecida e lida por todos os homens. ³Porque já é manifesto que vós sois a
carta de Cristo, (porque somos
discípulo de Cristo, mas) ministrada por
nós,...”. Por isso é que nos manda fazer discípulos; ou seja, fazer discípulos é
expedir cartas vivas para que os homens leiam, mas estas cartas são de Cristo;
não fazemos discípulos para nós; não somos nós o modelo; o modelo é o Senhor
Jesus. Fazemos discípulos para o Senhor Jesus, imitamos ao máximo ao
Senhor Jesus. Paulo dizia: Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo. O
fundamental é que haja pessoas que continuem nos passos do Senhor Jesus Cristo
na terra; de nada nos serviria ter bibliotecas cheias se não há pessoas que
caminhem nos passos de Cristo. Então por isso diz: “Vós sois a nossa carta,...”, amém? E diz: “... sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta,...”. Por isso espero não
escrever com papel, com pena e tinta; então com que? “... mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de
carne do coração”. Agora, isso é coisa séria, mas Paulo diz: “⁴E é por Cristo que temos tal confiança em
Deus; ⁵Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós
mesmos; (por isso era a confiança) mas
a nossa capacidade vem de Deus, ⁶O qual nos fez também capazes de ser ministros
de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o
espírito vivifica”. Tem que passar de deixar letras escritas para a obra do
Espírito.
Perseverança
na fé
Agora voltemos a segunda carta a Timóteo e
vamos ver de que maneira Paulo falava aqui a Timóteo. No capítulo 3:10 Paulo
diz a Timóteo: “Tu, porém,...” este
porém é olhe, nos últimos tempos vai haver gente assim, assim, assim; evita a
estes e anda com os que andem de verdade invocando de coração puro o nome do
Senhor Jesus; anda com estes, evita aqueles; não te mistures, não deixes que as
coisas se misturem; estamos em um combate e a luz tem que prevalecer. Então
agora vai dizer como são os tempos do fim, inclusive com aparência de piedade,
e tem que guardar distância. E na continuação lhe diz: “¹⁰Tu, porém, tem seguido a minha doutrina,...”. Esse é o primeiro
nível, minha doutrina; aí está o ensino, conserva o modelo das sãs palavras; aí
está, guarda o bom depósito; espero que tenhais memória sempre destas coisas;
sempre estarei falando do mesmo: minha doutrina. Em Atos diz: “Perseveravam na doutrina dos apóstolos...”;
mas esse é Moserote; mas o que se segue depois da doutrina? “... tens seguido a minha doutrina, modo de
viver,...”; você tem visto como tenho me conduzido; não somente as palavras
que tenho dito, a maneira como tenho ensinado; não me interessa que se recorde
da minha eloquência; me interessa que se recorde da minha retidão, em que
espírito tenho andado. Isso é passar de alunos a discípulos; então diz: “... modo de viver, intenção,...”. Com
que motivos se fazem as coisas; tem muitas coisas religiosas que se fazem no
mundo religioso mas se faz por vanglória, se faz por rivalidade, se faz por
inveja, se faz por pretexto; não se faz com motivos puros para Cristo;
mas tu me conheces de perto. Continua dizendo: “... tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé,
longanimidade, amor, paciência, ¹¹Perseguições e aflições...”. E aí ele dá
exemplo de alguns de suas aflições.
Agora, olhem o que diz no capítulo 4: “⁵Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as
aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. ⁶Porque eu
(aqui Paulo já está partindo) já estou
sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está
próximo”. Ocorre como Arão, já vai morrer, vai deixar o sacerdócio a
Eleazar, não é verdade? Agora Paulo vai partir e vai deixar Timóteo; ou seja, Moserote. Partiram de Moserote e acamparam-se
em Bene-Jaacã. “... já estou sendo
oferecido por aspersão de sacrifício. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as
aflições, (outra vez) faz a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério. Porque eu...”, já termino aqui e agora cabe a você dar
continuidade. Paulo poderia ter dito: Bem, me vou e não importa; como que não
importa? Porque Paulo não pensava nele; Paulo pensava nos demais e sobre tudo
no Senhor Jesus. Eu já me vou, então você, Timóteo, sê sóbrio, suporta. Notem
que Paulo passa do nível só de ensinamento didático, que poderíamos dizer
informação, à formação; mas não pode ele formar se ele mesmo não é exemplo.
Alguém pode informar ainda sendo um ateu, um ateu pode aprender uma aula de
teologia e pode ser contratado por uma universidade e dar um curso de hebraico
ou pode dar até um curso de teologia dogmática; mas ele quem é? Ele não pode
fazer discípulo para o Senhor; ele pode ditar uma aula e essa aula pode ser
ortodoxa, mas será que essa pessoa vai levar gente perdida à salvação em Cristo
e salvos imaturos a salvos maduros, e salvos soltos a salvos conectados no
corpo e comprometidos com o propósito de Deus? Esse é o objetivo; assim que os
precedentes que devemos deixar devem penetrar em uma etapa mais profunda. Daí
estas palavras que estamos vendo ali, amém irmãos?
A verdadeira inteligência
Agora voltemos a segunda carta de Timóteo
capítulo 2, porque no capítulo 2 havíamos visto que fala dos filhos da
inteligência. Quando eu estudava psicologia na Universidade Nacional, uma das
matérias em psicologia 1 era estudar a alma, porque psicologia é o estudo da
alma, da psique, e uma das partes da psique é a inteligência; pois para vocês
vai parecer estranho, mas, irmãos, as escolas de psicologia não sabiam colocar-se
de acordo acerca do que é inteligência; não entendem o que é inteligência;
inclusive vai lhes parecer curioso que a melhor forma de expressão que se usava
na universidade para definir inteligência é: inteligência é o que mede os
testes de inteligência. Parecia uma contradição, mas eu o estudei ali na
Universidade; mas ali na Universidade foi quando comecei a ler a Bíblia e que
tinha frescas em minha mente essas questões; e resulta que me encontrei na
Bíblia com um versículo onde Deus diz qual é a verdadeira inteligência. Deus
diz: O apartar-se do mal é a inteligência. Se a pessoa é inteligente para
roubar, astuto para fazer armadilha, essa pessoa é um bobo, porque está
investindo seu tempo em fazer armadilha, está pondo laço à sua própria alma,
vai viver fugindo; esse é um bobo, esse não é um inteligente, esse é um bruto.
Mas diz a Bíblia: o apartar-se do mal é a inteligência. Então quando diz:
Filhos da inteligência, não é gente sábia mentalmente, intelectualmente, nesse
sentido da mentalidade; claro que Deus nos deu também intelecto, e isso é
parte, e na formação temos que também nos ocuparmos disso; mas o essencial é a
pessoa íntegra e o caráter da pessoa. Por isso essa parte diz ali: o apartar-se
do mal, essa é a inteligência, filhos da inteligência. Mas não só a estação ou
a jornada se chama Bene-Jaacã, senão Berote-Bene-Jaacã, ou seja, poços dos
filhos da inteligência; quer dizer, Israel, o povo, bebeu, saciou-se nesses
poços. Chega um momento em que esses discípulos tem que servir para que o povo
de Deus beba, o povo de Deus beba e sacie sua sede. Os poços dos filhos de
Jaacã são para que ali o povo possa beber; eles acamparam nesse lugar porque
ali havia água para beber. Então vamos distinguir espiritualmente esses poços.
Voltemos pois a segunda carta a
Timóteo, agora sim capítulo 2. Havíamos lido o verso 2: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens
fiéis,...”, mas Berote-Bene-Jaacã, os poços dos filhos da inteligência
estão aqui. No verso 7 deste mesmo capítulo, Paulo diz: “Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo”. Notem, aqui há três: O Senhor, é
o que dá entendimento; mas Paulo é o que diz, mas você é o que considera.
Considera o que digo, e o Senhor te dará entendimento em tudo. Agora, o que é
que diz Paulo? Ele acaba de dizer algo curioso aqui. Nos versículos 3, 4 e 5
acaba de mencionar algo que esses filhos da inteligência deviam considerar: “³Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom
soldado de Jesus Cristo”. Aqui passou de mera teoria a sofrer aflições; nesta
carta ele diz que sofre aflições; ele diz no verso 9: “Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor;...”.
Paulo sofre aflições ainda como malfeitor; ele foi acusado diante dos tribunais
e teve que defender-se; e aqui diz: todos me abandonaram, ninguém esteve comigo
quando estive nos tribunais, mas o Senhor me livrou da boca dos leões; ou seja
que lhe coube passar por umas aflições difíceis; mas agora o que está dizendo a
Timóteo? Timóteo: Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver,
intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições, padecimentos; todos
os que querem viver piedosamente em Cristo, padeceram perseguições.
Disposição para sofrer
Vemos que a primeira coisa que está ensinando
é a disposição para sofrer; se não há disposição para sofrer, não há discipulado;
tem pessoas que não se enquadram na obra do Senhor, por medo de sofrer, porque
não atuam como soldado; mas Paulo foi um soldado, então podia ajudar aos outros
serem soldados. Como alguém vai treinar soldados se primeiro não é um soldado? Como uma
borboletinha vai treinar soldados? Então diz: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
⁴Ninguém que milita (volta a usar a palavra milícia) se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o
alistou para guerra”. Primeiro é soldado, e é soldado para passar aflições,
é soldado; é guerra, estamos em uma guerra, é uma milícia; não estamos de
férias, não estamos numa reunião para bater papo, estamos em guerra;
então um soldado é alguém que está disposto a colocar sua vida por sua pátria;
e agora o que se segue é: “... se
embaraça com negócios desta vida,...”; ou seja, é uma pessoa que tem que
estar disponível para o Senhor, disposta a sofrer, e disponível para ser usada
por Deus. Disponível. Às vezes não fazemos o que deveríamos fazer por não
estar disponíveis; ou seja, por estar enredado. Logo lhe diz o seguinte ponto: “⁵E, se alguém (tudo isso já tem a ver com caráter) também milita, não é coroado se não militar legitimamente”. Que
importante é isso da luta legítima; porque quão fácil é tomar as coisas
religiosas como modus vivendi, trapaceando, incrementando a Palavra de Deus, falsificando;
e o Senhor diz que no final se saberá quem de verdade servia a Deus e quem não.
Vocês sabem que as pessoas que querem tirar proveito de outros são muito
diplomáticos. Isso diz a Escritura: bajulando as pessoas para tirar proveito;
muita gente se move no ambiente da religião em um espírito incorreto, não no
espírito correto. Paulo se moveu em um espírito correto e queria que Timóteo
andasse no mesmo espírito; e por isso lhe diz: O lutador, o atleta, ou seja, o
que luta como atleta, é um lutador, “... não
é coroado se não militar legitimamente.”; quer dizer, se não cumpre a
regra, se anda fazendo armadilha, como vai ser coroado? Tudo isso tem a ver com caráter;
quando ninguém te vê na terra; mas Deus e muitas testemunhas estão te vendo no
céu, aí é onde temos que ser vitoriosos, amém, irmãos? Ser pessoas
legais, não legalistas; leais e retas. “⁶O
lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos”. Hoje em dia,
o que se quer é trabalhar depois. Quando já tenho os frutos assegurados, então
trabalho; mas Paulo diz a Timóteo: Se queres colher frutos, tens primeiro que
trabalhar, e o fruto do teu trabalho te dará frutos. Então para mim, irmãos,
estes são como poços, porque esta é como fonte de água onde está sendo guiada a
pessoa a conformar-se com Cristo. Cristo é o verdadeiro poço, o Espírito é o
verdadeiro poço. Paulo diz em outra parte; Tu tens seguido meu espírito; não é
o de Paulo, senão que tem andado no mesmo espírito de Paulo, assim como João
Batista andou no espírito de Elias. Não é uma reencarnação de Elias, não; é que
andou nos mesmos passos, com a mesma atitude de Elias. Então, irmãos,
Beerote-Bene-Jaacã, são os poços, ou seja, o fluir, as correntes, o espírito
dos discípulos, os filhos da inteligência, os que se apartam do mal.
Creio que esta jornada é
muito formosa, nobre, aprazível; é um desafio tremendo. Não se trata de fazer
colégios, não se trata de matricular alunos e cobrar matricula; se
trata de fazer discípulos. É um desafio muito grande; é muito fácil
ficar pelas bordas, mas temos que estar onde realmente Deus quer nos levar; não
enganar-nos, nem enganar. Obrigado, irmãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário