sexta-feira, 18 de março de 2022

36ª Jornada- PUNOM


Jornada 36

P U N O M

 

“E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom”.

                                                                                                                                 Números 33:42

Uma provisão mais profunda

        Vamos estudar,  irmãos, com ajuda do Senhor, a seguinte jornada Do Livro das Jornadas, e leiamos o verso base em Números 33:42: “E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom”. Quando na vez passada estivemos considerando a experiência terrível de Zalmona, vemos que não é terrível somente porque foi terrível, senão que o que foi terrível era para mostrar o que é terrível no homem. Que precioso é que todas estas etapas começam por esta preciosa experiência: “E partiram”! Graças a Deus, graças a Cristo pode-se sair e pode-se avançar. Essa jornada está descrita ali em Números 21:7-9. Em Números 21 é onde se descreve o que aconteceu em Punom. Se os irmãos recordam o que aconteceu no monte de Hor, se encontra no capítulo 20:22 até 21:3; por isso no capítulo 21 verso 4 diz: “Então partiram do monte Hor,...”; e no verso 10 diz: “Então os filhos de Israel partiram, e alojaram-se em Obote”. Isso quer dizer que no capítulo 21, em especial os versos 4 e 10, se encontram as duas jornadas de Zalmona e Punom; as duas estão intimamente relacionadas; só que uma foi uma experiência muito negativa. Não pensemos que quando caminhamos com Deus, não temos experiências negativas; as experiências mais negativas e mais lamentáveis são as que acontecem conosco e em nós e acontecem e estão previstas, estão escritas.  Deus sabe com que tipo de homens difíceis Ele tem se envolvido; Ele sabe a quem veio salvar; Ele não veio por aparências, Ele veio salvar monstros; Ele sabe que está se metendo com monstros, Ele sabe que o ser humano é um monstro; por isso o que nos descrevia nos versos 4 ao 6 é apenas para mostrar-nos até onde o homem pode chegar.

        Mas pode-se sair. “E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom”. Fixem-se que o verso 7 diz: “Por isso...”; mas para compreender o aspecto da jornada, da caminhada, leiamos o verso 4: “Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho. Isso o dizia em Zalmona; ou seja, que não foi uma jornada de muita estabilidade num lugar; porque como iam estar estáveis se isso estava cheio de serpentes e eles tiveram que seguir caminhando? E Punom foi a resposta a condição triste de Zalmona, que se descreve dos versículos 7 ao 9. Olhem uma coisa, se recordam das demais jornadas anteriores? Deus permitia experiências tristes, mas sempre depois de uma série de experiências difíceis Deus permitia uma jornada de reparação, com o abraço de Deus. A obra é Cristo iniciar a saída. Depois de Mara veio Elim, depois de Rimom-Perez veio Libna, depois das lições difíceis ao redor do monte de Seir veio Mitca. Isto demonstra a vontade de Deus manifestada nessas coisas difíceis; porque Deus sabe quem somos, quem não sabe somos nós, mas Ele conhece os sintomas e conhece sua gravidade; mas o homem não sabe a medida da gravidade e pode ser que esteja enganado acerca da sua condição por um bom tempo. Estas jornadas são jornadas que se vivem para aprender a conhecer-nos a nós mesmos e conhecer a Deus. Ele põe Sua mão em nossa vida e entra diretamente no problema; Ele não veio para acusar-nos. Moisés deu a lei, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.[2] Jesus Cristo veio resolver, Jesus Cristo veio sarar; mas cada vez aparece algo mais profundo de cristo que é revelado. Já em ocasiões passadas havíamos visto jornadas difíceis; sem restrição, temos visto repetidas vezes como depois das jornadas difíceis há sempre uma jornada de restauração, uma jornada de superação, uma lição nova; porque Deus nos está conduzindo e está nos tirando de nós mesmos, do velho homem, para colocar-nos Nele mesmo, no novo homem; por tanto, claro que tem que haver um diagnóstico e claro que tem que haver uma operação; e não são agradáveis, são tristes, mas essa tristeza é necessária para estar disponíveis à próxima alegria. Não sei se vocês se deram conta que as sucessivas alegrias são cada vez mais profundas, porque o problema nos é revelado da parte de Deus em nós, cada vez mais profundo.

        Se vocês recordam em ocasiões anteriores nos revelavam os diferentes aspectos dos sacrifícios, e se insistia no sangue espargido sete vezes; vocês recordam esses sacrifícios de sangue que vimos em Mitca; agora nessa passagem nos revela algo de Cristo, onde não é mencionado o sangue; sem restrição, revela uma salvação. Não é que seja uma salvação sem sangue, senão que na obra de Cristo, o sangue de Cristo é para perdoar-nos do que fizemos; mas o nosso problema não é só o que fizemos; nosso problema é o que somos; necessitamos não somente ser perdoados muitas vezes; além de ser perdoados necessitamos ser libertados do que somos; não só perdoados do que fazemos, o qual é um nível, senão libertados do que somos. Fazer de vez em quando um coisa mal não parece ser um problema grave, mas quando se descobre que sempre fazemos coisas más é porque descobrimos que não só fazemos coisas más, senão que fazemos coisas más porque somos maus; não vamos nos enganar, não somos bons. Agora, isso nós não sabíamos; só quando queremos caminhar com Deus é que descobrimos quão difícil é, quão contra a natureza parece ser caminhar com Deus; que fácil é ser hipócrita, que fácil é ser mentiroso, que fácil é ser avarento, que fácil é ser luxurioso. Parece que o pecado é fácil; mas que difícil é ser honesto, que difícil é ser puro, que difícil é ser misericordioso, que difícil é ser generoso. Não é que somos bonzinhos, e que de vez em quando damos coices. Damos os coices para revelar-nos o tipo de seres humanos que somos; o problema não é superficial; Deus sabe que o problema é radical; não somos bons que às vezes fazemos coisas más; somos maus que às vezes fazemos coisas boas, mas não somos bons em nós mesmos; somos maus, isso o sabe Deus, e isso veio tratar. Ele não veio somente para perdoar; Ele veio também regenerar, transformar-nos, libertar-nos, mudar-nos; Ele não quer só perdoar-nos. Claro que Ele estará nos perdoando sempre; necessitamos o perdão de Deus pelo sangue de Cristo todos os dias, mas não só necessitamos o perdão; necessitamos da libertação, e aqui em três versículos do Antigo Testamento que se associam com o Novo Testamento, o Senhor nos revela uma provisão mais profunda do que só o perdão; o Senhor não somente tem provido perdão; o Senhor sabe que necessita prover libertação; o Senhor não quer somente nos perdoar, Ele quer nos transformar.

A serpente ardente

        Então vamos fixar-nos na resposta do Senhor à condição de Zalmona; a resposta está em Punom, Números 21:7, onde conforme a cronologia destas jornadas correspondem-se a estes três versículos, Números 21:7-9: “⁷Por isso...”; Ah! sim, enquanto eles viviam uma vida comum e corriqueira não lhes ocorria o socorro à intercessão  nem a Deus, mas depois de haver experimentado o desânimo, o pecado, a blasfêmia, a rebelião, os efeitos das serpentes por causa da rebelião, “Por isso o povo veio a Moisés, e disse: Havemos pecado porquanto havemos falado contra o SENHOR e contra ti; ...” Ah! Claro, alguém dirá: mas o que é uma palavra? As palavras são levadas ao vento, mas ninguém fala as coisas sem que tenham raízes, não se fala contra Deus sem ser inimigo de Deus; não se fala contra Deus e se protesta contra Deus sem ter dentro de nós essas raízes de rebelião, de incomodo. Às vezes nos surpreendemos que poderia haver justo juízo para causar tal tipo de incomodo; não é só falar; as vezes temos até a tendência de calar como se isso não existisse; que possa ter existido tal tipo de rebelião, tal tipo de blasfêmia como a que houve em satanás, nos assusta.  A Deus não assusta, porque Ele sabe quem somos, e Ele veio tratar isso; mas não sabíamos o que era, nem o que havia em nós, senão nas circunstâncias da vida e as jornadas do caminho; e aqui nesta jornada Israel teve essa descoberta. Tanto havia recebido de Deus, até ali havia recebido muitas vezes perdão, mas agora descobriu que segue pecando. “... Havemos pecado porquanto temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós estas serpentes ...”. Agora o povo em seu desespero, em seu sofrimento é conduzido a confiar na intercessão. Aqui Moisés movido pelo Espírito de Cristo que se tipificava nele, é movido a interceder, e diz: “... Então Moisés orou pelo povo. ⁸E disse o SENHOR a Moisés: (que coisa misteriosa esta!) Faze-te uma serpente ardente,...”. Aqui Deus está ensinando; Deus diz coisas estranhas que produz efeitos estranhos, Deus está ensinando; aqui há ensinamento. “... Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela”. Pensaríamos que depois de uma coisa tão terrível Deus vai ser duro, mas ao contrário, agora diz: qualquer que olhar a serpente de bronze enfiada na haste viverá; qualquer que olhar. Porque Deus sabe que em nós não há capacidade de sermos livres de nossa própria condição, então Ele nos tira de olhar para nós mesmos; como diz em outro lugar; diz o Senhor: Olhai para mim e sede salvos. Se o enfermo vai tratar de olhar a si mesmo e curar-se por si mesmo, no melhor dos casos adoece mais e até morre; o médico tem que lhe dizer: confia em mim, você está doente, você não sabe o que aconteceu contigo, você não pode ajudar a si mesmo, mas Eu sim posso; o que não podes, o que te assombras, o que te assustas, o que te desesperas, o que te afundas, o que te leva ao ponto do suicídio, acontece a você, mas não a mim; não olhe o que você é, não olhe o que você sente; olha para mim e seja salvo.

        Mas como o Senhor se compara com uma serpente de bronze em uma haste? Diz: “E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste;...”. Aqui Deus estava lhes adiantando o mistério da cruz; não pense que já entende o mistério da cruz; O mistério da cruz é tão profundo! O que pode sarar esta serpente? Será que estamos olhando para a cruz? “E Moisés fez uma serpente de metal. E pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, (é verdade que constantemente a serpente nos morde? E esse deserto estava cheio de serpentes) quando esse olhava para a serpente de metal, vivia”. Não era algo que a pessoa podia fazer por si só; a pessoa tinha que transferir a confiança de suas manobras, de seus esforços, de seu desespero, para outro que estava fora de si mesmo; tinha que olhar para outro e não olhar para si mesmo, tinha que olhar ao que Deus é capaz de fazer, como Deus pode salvar, como Deus pode libertar. O que você não pode para Deus é fácil. Faze-te uma serpente de bronze, qualquer que olhe para ela, viverá. Quando alguma serpente mordia alguém, olhava para serpente de bronze. Para onde Deus nos leva a olhar? Ao juízo da serpente; porque isso é o que significa o bronze na Bíblia. Cada metal tem um significado na Escritura: o ouro representa a natureza divina, a prata representa a redenção e o bronze representa o juízo. Vocês recordam o que o Senhor Jesus disse quando estava para ir para a cruz? “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.”, e “... já o acusador (diz em Apocalipse) de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite”.[3]

Um sentido cristológico

        Vamos ver que isto se refere a Cristo. São João 3:14. Por que estamos falando cristologicamente  desta passagem de Números? Porque Deus estava preparando um sentido Cristológico desde a tipologia do Antigo Testamento. Olhem o que disse o Senhor Jesus em João 3:14, para que se deem conta do que está falando Jesus. Vejamos em seu contexto imediato, desde o versículo 10. Jesus está falando a Nicodemos. Nicodemos era um homem sábio, era dos principais dos judeus, era um rabino, seguramente uma pessoal de muita moral, mas sabia que sua sabedoria e sua moralidade não era o suficiente. De noite foi às escondidas e veio falar com o Senhor Jesus, porque via que o que o Senhor Jesus vivia e o que Nicodemos vivia era bem diferente e ainda que ele era um grande sábio e um homem de muita moral, realmente comparado com o Senhor Jesus, não era senão um pobre diabo. Se não se houvesse dado conta da grande diferença entre O Senhor Jesus e ele, acaso iria Nicodemos ter com o Senhor Jesus? Mas Nicodemos foi onde estava o Senhor Jesus e lhe disse: “... Rabi, bem sabemos que és mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele”. Nós somos tão diferentes; mas o Senhor Jesus foi direto à necessidade de Nicodemos. “¹⁰Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” O que era que Nicodemos não sabia? Como nascer de novo. Nicodemos se sentia agarrado em sua velha natureza e não tinha ideia de como ser introduzido numa natureza diferente à que havia herdado do papai e da mamãe, como deixar de ser simplesmente um homem pecador, miserável e entrar para participar de algo do céu, de algo do Espírito. Como se pode nascer de novo? Ele era mestre, mas não era regenerado, não era nascido de novo; não importa o quanto fosse mestre, ele ainda estava na ordem natural e não tinha participação ainda na ordem do espiritual, e o Senhor Jesus lhe diz: “... Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? ¹¹Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho”. O Senhor Jesus diz: Estou te falando da vida no Espírito que “... assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele nascido do Espírito”. O Senhor Jesus havia nascido do Espírito e por isso Ele vivia em um nível superior ao de Nicodemos, e podia fazer o que Nicodemos não podia, mas Nicodemos era mestre de Israel e não sabia como viver um tipo de vida como a do Senhor Jesus. Graças a Deus que não foi egoísta. “¹²Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? ¹³Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o filho do homem, que está no céu”. O Senhor Jesus está lhe falando desde uma posição da nova criação; Ele estava na terra, mas Ele está dizendo que está no céu; ele está dizendo que nasceu do Espírito e que veio do céu; o Senhor Jesus está vivendo por Deus, por Seu Espírito, por Seu Pai e não somente pelo meramente humano, natural; por isso Ele podia falar estas palavras de Deus: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu ...”. Irmãos, os verdadeiros filhos de Deus, são filhos de Deus porque nascem do Espírito em lugares celestiais, tem algo distinto ao meramente humano, lhes tem sido semeado o elemento de Deus; só o elemento de Deus acrescentado ao homem, pode salvar o homem do que o homem é; o homem consigo mesmo, por si só, está condenado a dar voltas e voltas no deserto, sem poder avançar. O homem em si mesmo não tem como superar-se; o homem necessita da intervenção do céu, algo que não é humano, algo que é divino, algo que é celestial, algo que é do Espírito para que o homem possa avançar. Está dizendo o Senhor Jesus a Nicodemos: O Filho do Homem está no céu; Ele vivia na presença de Seu Pai, Ele vivia no novo homem, ele vivia em lugares celestiais; ainda que estava na terra, Ele vivia vinculado ao céu pela fé, no Espírito. Ele não vivia somente a vida humana; isso foi o que fez Adão.

        Adão podia escolher entre viver por si mesmo, representado na árvore do bem e do mal, sabendo coisa e vendo coisas com sua própria natureza humana, ou podia escolher viver pela árvore da vida eterna, viver com Deus, incorporar Deus em sua vida, alimentar-se de Deus, um elemento sobrenatural.  O Senhor Jesus continua dizendo nesse contexto: “¹⁴E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado; ¹⁵Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Aí saímos do plano natural e passamos ao plano sobrenatural; deixa de ser somente um homem e passa a ser um filho de Deus; porque era isso o que perguntava Nicodemos: Como nascer de novo? E aqui o Senhor Jesus lhe diz: crendo em Mim como os israelitas criam em Deus, e ao olhar o juízo da serpente espetada na haste, viviam; Deus lhes fazia viver. Porque Deus havia dito: Olhem e viverão. Se eles não cressem, não olhavam; só o que crê olha; o que não crê olha outra coisa, olha nos livros, olha em seus músculos, olha em tudo que pode, menos em Deus; mas quando já tem sido bastante decepcionado, já não vai buscar onde não há nada; como diz o hino que cantamos: “Jesus Cristo, conhecer-te é a melhor coisa que poderia me acontecer; andando pela vida provei de muitas coisas, pareciam aprazíveis mas no fim eram vazias”.

Novo nascimento

        “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha vida eterna”. É uma questão de olhar; não é uma questão de esforço, não é uma questão de estudo, não é uma questão de conhecimento, não é uma questão de exercício; é uma questão de fé em Deus; o que crer no remédio provido por Deus. E qual é o remédio provido por Deus? O filho do homem crucificado, à maneira como a serpente de bronze foi espetada na haste; aqui o Senhor Jesus está se comparando. O Senhor Jesus está dizendo: essa serpente de bronze espetada na haste era uma figura. E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa, no contexto, nascer de novo, de um tipo de vida diferente: celestial, espiritual, superior, não só natural. Assim importa que o filho do homem seja levantado; foi levantado na cruz, também na ressurreição e agora tem que ser levantado por nós no espírito. Contar com alguém que não somos nós, mas que entrou na história pela graça de Deus. Moisés o que vamos fazer? Temos pecado contra ti e contra Deus; intercede por nós; e Deus diz a Moisés: Faze-te uma serpente de metal e coloque sobre uma haste, e todo aquele que for mordido pela serpente e olhar a serpente de bronze, viverá.

        Que fácil o fez Deus, porque tira de você mesmo, da esfera meramente natural, à esfera da fé, espiritual; porque se crês dás ocasião a Deus. Enquanto está em ti mesmo, ainda que saiba, não conta com Deus; só quando confia Nele, dá a Ele a oportunidade de que acrescente em sua vida o que você não tem. O podes ter comigo; por isso Ele não põe condições difíceis. Olhem para mim, não olhem para vocês, não busquem noutro lado; olhem para mim; Eu os salvo, Eu conheço o problema, Eu sou todo suficiente; confia em mim ou seguireis revirando na lata de lixo como mendigos. Essa é a vida do homem; a busca humana é a do mendigo buscando pão velho na lata de lixo; mas o Senhor nos diz: olha para mim, olha-me a mim; Eu ressuscitei dos mortos, Eu estou no céu, Eu não sou comum e corriqueiro, não sou como vocês. É verdade que o Senhor Jesus não é como nós? É homem, mas que homem! Ele é o Filho do Homem, mas que Filho do Homem! E nesse contexto é onde diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho...”. Que diferença! Moisés nos deu mandamentos, mas os mandamentos só revelavam os débeis que somos; em contra partida Deus nos deu seu filho. Nos deu, não nos vendeu; não é por cotas, ou algum de vocês está pagando cotas? Tem-nos dado. Aleluia! “... que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê (tão fácil Senhor! Olhar a serpente na haste, olhar, exatamente, mas quem olha para cima? Ai! Sempre olhamos para qualquer parte, menos para onde temos que olhar) não pereça mas tenha (o que não tem) a vida eterna.”; ou seja, a vida de Deus, a que estava na árvore da vida, a que Deus se propunha a dar-lhe, se o homem quisesse viver por Deus; ou viver por si mesmo, viver em seu próprio poder, em sua própria sabedoria, em seu próprio dinheiro, em sua própria astúcia ou crer em Deus e dar-lhe oportunidade de ajudar-nos. Mas agora se fixem em um detalhe: que misterioso como se representou o Senhor Jesus. Em outras ocasiões como um cordeiro imolado; nas vezes passadas a solução para os pecados era um cordeiro, um bezerro, um cabrito que derramava sangue para purificar, para perdoar; mas por que além de representar-se como um cordeiro em ocasiões passadas, por que Ele agora se representa como uma serpente de bronze em uma haste? A serpente representa satanás.

        Na Bíblia se chama a satanás a antiga serpente, se chama diabo e satanás; assim está escrito claramente em Apocalipse, mas o Senhor Jesus cristo representou a si mesmo também como uma serpente, mas de bronze e enfiada em uma haste, ou seja, julgada. O Senhor Jesus Cristo veio submeter-se às provas humanas e condenou ao pecado em sua carne; o Senhor Jesus Cristo venceu o que nós não vencemos; Ele o venceu em sua pessoa; Ele não te ajudou somente como Deus, senão que Ele veio como homem para vencer o pecado, a satanás, à morte, a tentação, à prova, como homem, na carne, para quando você olhar para Ele, Ele tem como ajudar-te. Por isso não era suficiente que Deus te ajudasse só do céu; para ajudar-te tinha que vir um homem que vivesse a vida que Deus quisesse, para que agora por meio Dele, tomando Dele, passasse a nós por Seu Espírito o que nós não temos e o que agora Ele sim tem, o que ganhou, a vitória. O que dizia João? O que vimos com nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida, porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada;[4]  agora olharemos com Cristo; temos caminhado com Cristo, antes dEle morrer e depois de ressuscitar dos mortos; eles conheceram a vida eterna que vence a morte. Então,  isto vos anunciamos para que tenhais comunhão conosco e nossa comunhão verdadeiramente é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. Então Ele se representou como uma serpente; quer dizer, o que nós vamos encontrando de monstruoso em nós, Ele enfrentou; Ele foi tentado como nós, Ele passou por este caminho, Ele passou primeiro, Ele é o caminho e ele venceu.

Feito pecado por nós

Fixem-se no que diz aqui em 2 Coríntios capítulo 5:21: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós;...”; por isso é identificado com a serpente, mas julgada, de bronze, enfiada na haste, como que diz: a cruz é a lança que transpassou e matou a serpente. A cruz. Irmãos, uma coisa é o sangue e outra coisa é a cruz; o sangue é para perdoar, que é o preço de nossos pecados, mas a cruz é a experiência que passou o Senhor Jesus para vencer o pecado até a morte. A cruz não é somente uma coisa de pau, não é uma coisa externa; porque às vezes nós pensamos que a cruz se refere ao exterior e pomos uma cruz no pescoço, ou a pomos nos templos e fazemos o que fizeram os Israelitas depois que tomaram essa serpente de bronze e começaram a colocar incenso, até que veio Ezequias e teve que desfazer essa serpente de bronze que os israelitas adoravam, e dizer: isso é uma coisa de bronze. Porque às vezes nós pomos nossa confiança no aspecto exterior, mas a verdadeira cruz do Senhor Jesus é interna. O que é a cruz? A cruz é morrer para si mesmo. Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me; quer dizer, o nosso caminho é o que Ele passou primeiro; Ele negou a si mesmo, Ele viveu o princípio da cruz em seu interior; Ele se negou ao pecado, Ele se negou à tentação, Ele se negou ao velho homem, Ele venceu, e agora Ele é o caminho; não para dizer-nos: não faça isso, senão para que em nós haja essa vida vitoriosa pela qual Ele passou; e o que nós não podemos em nós mesmos, o podemos em união com Ele, pela fé e pelo Espírito.

        Fixem-se nisso: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; (por isso Ele se representou em uma serpente) para que nele fossemos feito justiça de Deus”. Aí está a chave: Nele. Eu recordo uma vez, uma pessoa estava lendo um livrinho que eu havia escrito e lhe parecia muito estranho que eu dissesse muito “em Cristo”; ao leitor parecia que essa expressão era poética e me disse: por que repetes tanto em Cristo, caminhar com Cristo, falar em Cristo, pensar em Cristo, por que não só caminhar, por que não só falar, por que não só pensar? Ele pensava que essa expressão em Cristo, era uma palavra lírica, poética.

        Irmão Jorge, você está sentado na cadeira, mas não você sozinho. Fixa-te, Você está na cadeira, verdade? Isso quer dizer que o peso não esta em suas pernas; se estivesse em pé, já estarias cansado; mas todo o seu peso está na cadeira; a cadeira é que carrega seu peso, porque você está na cadeira. Assim é estar em Cristo. Estar em ti mesmo,  é você sozinho, estar em Cristo é descansar Nele, contar com Ele, colocar todo o peso Nele e contar com Ele; você Nele e Ele em você. O que é estar Nele? Todo seu caso, seu problema, não os leva você sozinho; você olha para Ele, crês Nele, conta com Ele, e os deixa a Ele e tira sua mão; isso é estar Nele. Agora diz: “... para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. O que quer dizer isso? Ninguém pode ser justo por si mesmo, mas Ele foi quem te colocou. Eu posso confiar; Ele veio para que eu confie; o que Ele nos pede é confiança. Se não o fizer como crianças, não podeis entrar no reino de Deus; temos que confiar; confiar é crer em Deus; confiar é contar com o que seus olhos não veem, mas que em teu coração crês. Senhor: olho para Ti, não olho para mim mesmo, olho para Ti; se olho para mim mesmo, me entristeço; pode ser que me equivoque. Às vezes eu creio no grande Napoleão, na rainha Elizabete, como todos os loucos do manicômio; ou às vezes dizemos: não, nisto sim há uma saída. Não tem que olhar para si mesmo; sim, temos que dizer: temos pecado, mas há saída. O Senhor Jesus disse: Eu sou a porta das ovelhas, o que por mim entrar achará pasto; por isso diz: “E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom”. Sabem o que significa Punom? Significa escuridão; quase o mesmo que Zalmona, porque se Zalmona era trevas, Punom é escuridão. Uma é a escuridão de cristo, outra é a escuridão de satanás; O Senhor Jesus Cristo tomou sobre si o pecado, Ele foi feito pecado; isso é o que significa Punom: escuridão. Ele foi feito pecado, Ele foi feito maldição, Ele foi circuncidado, cortado na carne, para que nós o sejamos Nele.

        Então, irmãos, uma coisa é confiar Nele para o perdão e essas são umas jornadas anteriores; tudo começa com a páscoa; se não confias no Cordeiro que foi sacrificado ali em Ramessés e não se colocou o sangue na ombreira da porta, e quando o juízo de Deus vinha e via que o sangue havia sido derramado por um cordeiro inocente, porque o juízo do pecado havia caído no cordeiro, então o juízo de Deus passava por alto dessa essa família. Isso é o que quer dizer páscoa, passar por alto; quando se reconhecem os pecados e se confia na graça de Deus no Cordeiro provido. Mas ao início da caminhada era o cordeiro, mas agora mais adiante da caminhada, nos damos conta que além de necessitar dum Cordeiro, a Cristo como Cordeiro, necessitamos de Cristo como serpente de bronze enfiada na haste. Porque assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário, isso é algo necessário, é necessário que o Filho do Homem seja levantado.

        Irmãos, não só temos que confiar para o perdão, temos que confiar para libertação; não tem que contar com Cristo só para que Ele te perdoe, tem que contar com Cristo para que ele te substitua; ou seja, que ele viva contigo e você viva com Ele. Essa é a noiva do Cordeiro que vive em união com Cristo pela fé, um ato constante de fé; não viver por ti mesmo; não é suficiente ser perdoado, necessita-se ser libertado e ninguém pode ser libertado revirando em seu próprio lixo; só pode ser libertado quando todo o seu ser está Nele; porque o pecado foi posto Nele; Deus o fez pecado por nós. Nosso velho homem foi crucificado com Ele; tudo o que nós somos foi posto Nele; Ele tomou o juízo sobre si. Ele venceu, Ele na cruz. Na sua cruz condenou o pecado; portanto, Nele há libertação do pecado, não só o perdão para você; Nele há libertação; Ele ressuscitou livre do pecado e seu Espírito é livre do pecado; então quando você confia Nele, olha para Ele, conta com Ele, não estás sozinho; um elemento sobrenatural te é acrescentado pela fé. Por isso diz: não olhe o que você é, olha o que Eu sou, olha o que te provi; te amo e por isso te dou meu Filho para que se crês Nele, não te percas e tenhas o que não tens, tenhas vida eterna.

Feito maldição por nós

        O Senhor Jesus disse: Eu sou a vida, o que me come, o que vive por mim, viverá por mim; porque Eu vivo também vivereis; não é algo vosso, sou Eu em vós; o Senhor foi feito pecado, o Senhor foi feito maldição. Em Gálatas capítulo 3 fala que Ele foi feito maldição por nós; por isso se Ele foi feito maldição como vai ser só um cordeiro? É também uma serpente enfiada na haste; Ele foi feito pecado, foi feito maldição, Ele foi circuncidado e nós somos circuncidados na circuncisão de Cristo. O que representa a circuncisão? Cortar com a carne, cortar com o que somos no natural. Cristo cortou com o que no homem é natural; Cristo introduziu na humanidade a vida sobrenatural, tirou Luz da mortalidade pela ressurreição, Ele venceu. Por isso Ele podia falar com Nicodemos em uma posição de nova criação, o viver em Deus; Ele vivia na fé, Ele vivia nos céus, e agora Deus nos deu a Solução; não olhem para vocês mesmos, não confie no que vocês são,  não se deixem enganar mais; confiem em Mim, creiam em Mim.

        O Senhor Jesus também disse: No mundo tereis aflições, mas confiai em Mim, eu venci o mundo. O Senhor Jesus Cristo venceu ao mundo. Agora diz João: quem é o que vence o mundo, senão o que crê que Jesus é o Filho de Deus? Então Nele, o do céu, o da nova criação, o da ressurreição passa a ser teu pelo Espírito. O Espírito é o primeiro adiantamento da herança; assim se chama ao Espírito, o adiantamento, o penhor; a herança é mais que o Espírito; o Espírito é a primeira parte e por meio do Espírito nós recebemos em nosso espírito o que Ele é,  o que Ele venceu. Quando eu confio é como conectar um ferro de passar na tomada; quando eu conecto um ferro de passar, eu sei que receberá uma corrente que o ferro não tem; o ferro não pode esquentar-se sozinho, mas logo que é conectado, ele recebe uma energia que não é dele; mas ele foi conectado, e o que não é dele passou a ser dele, e começa a esquentar, e agora pode passar a camisa porque recebeu algo que ele não tinha. Essa lanterna não pode iluminar sozinha, um liquidificador não pode funcionar sozinho, mas se você conecta na tomada, dá a condição para fluir a energia. O Senhor Jesus disse: o que está cansado venha a mim e o que vier a mim, eu o não lançarei fora; o que em mim confia,  o que em mim crê, do seu interior fluirão rios de água viva; isso disse do Espírito que receberiam os que cressem, os que confiassem. Se não olhamos para Ele, se não confiamos, nunca seremos nada de mais, senão uns medíocres pecadores, nada mais; mas se olha para Ele, Ele te perdoa. Mas Ele não quer só te perdoar, quer te constituir para que sejas outro, que deixe de ser o que eras e passe a ser uma nova criatura Nele; você descansando Nele, você confiado Nele, preso a Ele e Ele em ti. A vida do Espírito; por isso não o fez difícil; a questão é olhar, olhar. Ah!  Quantas vezes dizemos: mas o que tenho que fazer, para onde devo ir, qual é a nova modalidade, qual é o novo método, o novo truque, a nova tática, outra conferência nova, um novo profeta? Olhai para Mim e vivereis, confia em Mim; mas não nos conectamos em qualquer outra coisa, a não ser na tomada de Deus. Tem que dizer: Senhor em Ti confio. Olha-me; Ele já passou por tudo, Ele já venceu tudo; agora é necessário que Ele seja levantado para que todo aquele que nele crer não pereça, senão que tenha vida eterna.

        De onde vem? Como nos conectamos? Pela fé, por olhar; é um ato voluntário e de fé. Olhar, quer dizer confiar; decido arriscar-me à voluntariedade de Deus; tenho crido em Sua bondade; porque Deus não ficou calado, Ele interveio, Deus atuou. Ele diz: estou convosco todos os dias, Eu os amo, me fiz homem para que me vejam; por isso sim vocês me amam, confiem em Mim; os demais estão mortos. Todos os filósofos estão podres, todos os políticos estão podres, todos os grandes triunfadores estão podres, mas o Senhor não; Ele ressuscitou dos mortos, e São Pedro sabia que o iam matar e estava dormindo. Vocês acreditam que se pode dormir sabendo que no outro dia vão te matar? Sabem por que Pedro estava dormindo tranquilo? Porque ele conhecia ao Senhor Jesus, ele sabia em quem confiava; isso é o que temos que crer,  no Senhor Jesus Cristo; não é crer em um corpo de doutrina, não é crer na interpretação de certos versículos; é crer mesmo na pessoa do Filho de Deus, que veio na história, que morreu para pagar o preço de nossos pecados e para terminar com o velho homem; ressuscitou para ter novos homens e esse novo homem sustentado pela fé. O Filho do Homem tem sido levantado para que todo aquele que Nele crê,  viva. Olha, não é questão de fazer, é questão de crer, de confiar, a maneira de conectar o ferro de passar. Não tenho que ir a nenhuma parte, não tenho que fazer peregrinações, não tenho que fazer viagens a Roma; aí onde estás,  perto de ti está a palavra, na sua boca e em seu coração. “... Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. (Romanos 10:9). Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos. Se creres. Temos que crer. Falamos com o Senhor um pouco?

 

 



[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 11 de maio de 2001.

 

[2] Referência a João 1:17 

[3] João 12:31; Apocalipse 12:10

 

[4] Referência a 1 João 1:1-3

 

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