LIVRO DAS
JORNADAS
Gino Iafrancesco V.
35ª Jornada
ZALMONA
Z A L M O N A
“E partiram do monte Hor, e
acamparam-se em Zalmona”.
Números 33:41
Sombra de morte
Vamos dar continuidade na presença do Senhor a
O Livro das Jornadas e estaremos de novo no capítulo 33 do livro de Números,
agora no versículo 41, para examinar na presença do Senhor a seguinte jornada.
Todas essas jornadas lhes aconteceram e estão escritas para admoestarmos uns
aos outros, para quem já são chegados os fins dos séculos; é o que nos ensina
Paulo destas jornadas em sua primeira carta aos Coríntios, capítulo 10. Também
esta jornada de hoje chamada Zalmona, se encontra registrada em 1 Coríntios 10.
Vamos ler Números 34:41: “E partiram do
monte Hor, e acamparam-se em Zalmona”.
Todas as jornadas são de avanço, ainda que alguns avanços se realizam através
de lições difíceis; às vezes obscuras como a que temos que estar examinando na
noite de hoje; sem restrição, na providência divina, ainda as coisas negativas,
más, difíceis, obscuras, se passamos tomados pela mão do Senhor e se aprendemos
a lição, são um avanço; talvez na experiência seja um retrocesso. Às vezes
temos experiências de retrocesso no sentido de que voltamos a experimentar
coisas negativas e às vezes não simplesmente negativas no sentido suave, senão
fortemente negativas que não imaginávamos que íamos voltar a experimentar; mas
Deus sabe que ainda nas camadas mais avançadas e nas jornadas já mais
adiantadas pode-se tornar a cometer grandes e terríveis pecados; e precisamente
disto que nos fala a jornada de hoje chamada Zalmona, cujo nome vem
precisamente do hebraico “tzel” e também “moná”. Zalmona quer dizer: sombras
densas, ou trevas profundas; pode chamar-se também, sombra
de morte.
Um dos juízes, Gideão, teve que lutar
nesse mesmo território de Midiã. Midiã é todo esse lado oriental do Golfo de
Acaba, do Mar Vermelho; todo esse lado oriental é o território de Midiã; vocês
veem aqui Punom, que é a próxima de Zalmona. Nesta região Gideão teve que lutar
depois com uns reis midianitas; um deles tinha um nome similar a este, com as
mesmas raízes: Zalmuna. A letra “o”
e a letra “u” no hebraico não tem
nenhuma diferença, é a mesma letra vau,
só quando se coloca um ponto acima ou dentro, é que se faz a diferença entre “o” e “u”; mas esses pontinhos quem os colocaram foram os massoretas entre
os séculos VI e X da era Cristã. Mas o hebraico antigo não tinha esses pontos
massoréticos, então a pronuncia que se tinha era somente das consoantes. A
letra vau serve tanto para a letra “o”
como para a letra “u”, de modo que
Zalmona e Zalmuna seria mais ou menos o mesmo; a diferença está mais na
terminação “a”, do final onde aqui é
a letra “He”; e no livro de Juízes
referido àquele rei de Midiã derrotado por Gideão, é a letra “ayn”; mas são duas letras guturais das
que aqui no ocidente quase não fazemos diferença. Somente aquelas tonalidades
do oriente podem diferenciar a “he”
da “ayn”; são letras guturais muito
similares.
Praticamente também Zalmona significa: proteção
retida. Quando Deus tem que
reter providencialmente, por um momento, sua proteção e permitir as serpentes
avançar, permitir alguma experiência negativa, tudo é no sentido positivo, tudo
é para o bem; mas é uma proteção providencialmente retida para que alguns
dentre Seu povo que tentam a Deus, experimentem o que é estar sem Deus, e o
experimentem aqui nessa vida para que tenham oportunidade de arrepender-se e
não ter que experimentá-lo eternamente. Por isso às vezes Deus permite estas
experiências de sombra de morte, de tocar fundo, para que Seu povo implore ao
Senhor e conheça o que é estar na obscuridade, longe da verdadeira luz que é
somente o Senhor. Nessa experiência, Zalmona, o nome já é muito sério: sombras
densas, como dizer sombra de morte, trevas tenebrosas, proteção retida; todo
esse significado está debaixo dessa palavra hebraica que se traduz Zalmona.
Se me acompanham no capítulo 21 do livro
de Números, vamos ver a parte que corresponde com esta jornada chamada Zalmona.
Se vocês recordam a jornada anterior: Monte de Hor, começava no capítulo 20
desde o verso 22, onde havia dito: “Então
partiram de Cades; e os filhos de Israel, toda a congregação, chegaram ao monte
Hor”. Tenham a mão o capítulo 33 de Números, porque estaremos nestes
primeiros momentos lendo e voltando a este capítulo. Vocês podem se dar conta
que a porção de Números 20 desde o 22 até o 21:3, corresponde com a jornada
anterior do Monte de Hor que está em Números 33 desde o versículo 37 até o 40;
ou seja, Números 33:37-40 corresponde exatamente com Números 20:22 até Números
21:3.
Logo aparece o versículo 4, onde começa
Zalmona; mas se vocês fixam-se, em Números 21:10 diz “Então os filhos de Israel partiram, e alojaram-se em Obote”.
No verso 10, aparece Obote; então regressando a Números 33, fixem-se o que diz
o 41: “E partiram do monte Hor, e
acamparam-se em Zalmona”. O 42 diz: “E
partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom”. O 43: “E partiram de Punom, e acamparam-se em Obote”. Vemos que Zalmona e
Punom encontram-se no capítulo 21 entre os versos 4 e 9. Nessa passagem, há
duas jornadas: uma positiva e uma negativa; a negativa é a primeira e
corresponde a Zalmona; a positiva é depois e corresponde a Punom. Tem que
dividir essa passagem em duas, porque a partir do verso 10 do capítulo 21 já
chegamos em Obote; ou seja, Zalmona e Punom estão entre os versos 4 e 9 de
Números 21.
Estas duas jornadas, Zalmona e Punom,
correspondem-se entre si; somente que a negativa começa primeiro, que é
Zalmona. Então hoje vamos somente considerar essa primeira metade desta
passagem que é a que corresponde à realidade espiritual representada por
Zalmona, e deixemos Punom para uma consideração mais detalhada para próxima vez,
que é a resposta de Deus a condição que hoje devemos diagnosticar em Zalmona.
Então Zalmona vai desde o verso 4 ao verso 6 do capítulo 21. Zalmona, os versos
4, 5 e 6; Punom, os versos 7, 8 e 9. Obote, 10. Deste modo já nos localizamos
geograficamente. Se vocês olham aqui no mapa, indo desde o deserto de Cades
eles tem que passar para Moabe; para o oriente está Midiã, para o sul da terra
está Edom. Eles a vez passada que estiveram no monte Hor, este ficava entre o
limite ou a região limítrofe de Edom; mas Deus lhes havia dito que não
passassem por Edom; de modo que eles não podiam ir direto, tinham que dar uma
volta. Aqui no mapa vocês veem Punom; antes de Punom é Zalmona; isso no mapa.
Desanimo no povo
Localizados, pois, geograficamente, agora
vamos ler devagar, para considerar estes três versículos de Zalmona que são
bastante sérios. Números 21: “⁴Então ...”; ou seja, depois da peleja com
Arade, depois da experiência de Hormá, depois daquela vitória. Detalhe
importante é, que depois de uma vitória devia haver outra vitória, mas pode
haver uma derrota séria; às vezes acontece. “Então
partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho , ...”. Sublinho
a palavra “caminho” para que vejam
que esta experiência ocupou um caminho, mínimo duas jornadas; a primeira parte
do caminho foi Zalmona, a segunda parte foi Punom; por isso diz: “Então partiram do monte Hor, pelo caminho
do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom;...”. Sublinho a palavra
“rodear” para que vejam que é uma experiência em duas etapas, em duas jornadas,
Zalmona e Punom. “... a rodear a terra de
Edom;...”. O que aconteceu nestas duas jornadas, mas principalmente nesta
primeira? “... porém a alma do povo
angustiou-se naquele caminho”. Arão havia morrido, eles haviam visto em
Arão o sumo sacerdote, mas agora viram o juízo de Deus e nem sequer Arão entrou
na terra prometida; tiveram que lutar depois da morte de Arão e ainda que
tiveram uma vitória, porém, o deserto era bastante difícil.
Deste deserto nos diz Jeremias 2:6 que
era de obscuridade, numa experiência que se refere precisamente a essa região
do deserto. Leiamos desde o verso 5 para entendê-la. Pelo contexto vão se dar
conta que Jeremias está se referindo a situação de Israel em sua época como uma
analogia com certos problemas na época de Moisés. Diz Jeremias 2: 5-6: “⁵Assim diz o SENHOR: Que injustiça acharam vossos pais em mim,
para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se levianos? ⁶E não
disseram: Onde está o SENHOR, que nos fez subir da terra do Egito, que nos
guiou através do deserto, por uma terra árida, e de covas, por uma terra de
sequidão e sombra de morte, por uma terra pela qual ninguém transitava, e na
qual não morava homem algum?” Vocês podem ver que aqui está se referindo a
uma experiência no deserto como o diz aqui, de sombra de morte, ou seja,
Zalmona, como diz no original hebraico.
Vamos a outros versos que também nos
mostram as duas experiências, tanto a de Zalmona como a de Punom, mas vamos ver
hoje mais Zalmona. Salmos 107: 10-12. Nos versículos 10 ao 12 está representada
a experiência espiritual de Zalmona; desde o 13 a de Punom. A de Zalmona: “¹⁰Tal como a que se assenta nas trevas e
sombra da morte, presa em aflição e em ferro; ¹¹porquanto se rebelaram contra
as palavras de Deus, e desprezaram o conselho do Altíssimo. ¹²Portanto, lhes
abateu o coração com trabalho; tropeçaram, e não houve quem os ajudasse”.
Essa experiência dura um tempo. Graças a Deus que diz: “¹³Então clamaram ao
SENHOR na sua angústia, e os livrou das suas dificuldades. ¹⁴Tirou-os das
trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões”. Aí saem de Zalmona e vão
para Punom; mas enquanto isto tem que considerar Zalmona. Voltemos a Números
21:4: “... porém a alma do povo
angustiou-se naquele caminho”. Agora fixem-se quais são os frutos do desânimo.
Temos
que ter temor ao desanimo, porque o desanimo produz a murmuração e a murmuração
produz a blasfêmia. A blasfêmia não chega facilmente; a blasfêmia se gera
na murmuração, e a murmuração se gera no desanimo; mas Deus perguntava: Mas que
injustiça acharam em mim vossos pais? Nenhuma injustiça; e no entanto, não
olharam para Deus, não compreenderam as razões de Deus; somente se concentraram
em sua própria experiência negativa passageira, e sem entender as razões de
Deus para permitir-nos uma passageira aflição, então nos perdemos nessa
obscuridade da aflição, deixamos de ver Deus e nos abatemos, e debaixo do
abatimento, começamos antes de falar mal, se sentir mal, depois de se sentir
mal, a pensar mal, e depois de pensar
mal, a falar mal, e esse falar mal começa por pequenas escapadinhas da pressão.
As recaídas
Permitimos-nos uma pequena coisa, e se
não corrigimos a tempo e seguimos permitindo, se converte já em murmuração e
logo pode converter-se em algo mais grave: em tentar a Deus, que foi o que
aconteceu aqui com o povo nesta ocasião. “...
porém a alma do povo angustiou-se
naquele caminho. ⁵E (aí está o que vem junto com o desanimo, a murmuração) o povo falou contra Deus e contra Moisés: ...”.
Não é a primeira vez; já havia acontecido em Mara, já havia acontecido em
Refidim, já havia acontecido em muitas outras jornadas. Pensaríamos que já tínhamos
aprendido a lição; e observem que temos que aprender que não se aprende assim
tão rápido; temos que aprender que no ser humano existe algo muito misterioso
que constantemente reaparece. Pensaríamos que caminhando com Deus a carne
desapareceria, a lei do pecado e da morte em nossa carne desapareceria; não desaparece
da carne. Às vezes desaparece de nossa experiência quando estamos no
Espírito, mas estar desanimado não é precisamente estar no Espírito; deixar-se
desanimar é deixar-se arrastar pelas razões da carne, e quando nos deslizamos
do Espírito às razões da carne, a carne segue viva e continua a lei do pecado e da morte à que se refere
Romanos capítulo 7.
É necessário, por causa dos irmãos mais
novos, voltar a Romanos capítulo 7, e porque vai servir de base para a próxima consideração
de Punom, mediante Deus. Então vamos a Romanos capítulo 7, para entender porque
depois de haver caminhado com o Senhor, de repente pode acontecer uma coisa
extremamente lamentável, nada superficial, não uma pequena queda, senão uma
queda grave; depois de estarmos muito adiantados. Aqui está a razão em Romanos
capítulo 7. Antes de entrar em Romanos capítulo 7, consideremos que o capítulo
7 obviamente vem depois do 6. Mas que importância tem? O que nos havia ensinado
Romanos capítulo 6? No capítulo 6 nos foi ensinado que estávamos mortos para o
pecado, que nosso velho homem foi crucificado com Cristo e que fomos libertados
do pecado. Podemos ler isso no capítulo 6, por exemplo nos versículos 3-5:
“³Ou
não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na
sua morte? ⁴De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para
que, como Cristo ressuscitou dentre os mortos, pela glória do Pai, assim
andemos nós também em novidade de vida. ⁵Porque, se fomos plantados juntamente
com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;”.
Fixem-se que aqui está se falando de
fatos, e estes fatos do capítulo 6 são posteriores aos do 5. No 5, o que dizia?
“¹Tendo sido, pois, justificados pela fé,
temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;”. Bem, resulta que agora
experimentamos a justificação pela fé, fomos perdoados e nos sentimos em paz
com Deus, temos paz com Deus; por isso diz: “...
justificados pela fé, temos paz com Deus,...”.
O pecado a raiz do problema
Quando somos justificados, temos paz, mas de
repente voltamos a cometer outro pecado e dizemos: mas já não havia sido
justificado? E perdemos a paz pelo pecado, e pelo pecado voltamos a nos separar
de Deus; então necessitamos outra vez ser justificados; então voltamos a ser
justificados, voltamos a ser perdoados; permanecemos assim um tempo, pode ser
um dia, pode ser dois dias, pode ser uma semana; não sei. A cada quanto tempo pecamos nós?
Bem, o problema é que depois de haver sido justificados “N” vezes, necessitamos
continuar sendo justificados “N” vezes; então nos damos conta que há um
problema mais profundo. Somos justificados, perdoados dos pecados que
cometemos, mas voltamos a cometer pecados, porque há algo mais profundo em
nossa natureza que nos ensina ou nos leva ou nos guia, não somente um ensino
exterior, senão uma escravidão, um poder maligno que está operando em nossa
natureza humana, caída, herdada de Adão, que nos leva ao pecado.
Nosso irmão Watchman Nee em seu livro “A
vida cristã normal” explica isso de uma maneira muito boa. Também no livro “O
Evangelho de Deus”, no volume I, recomendo aos irmãos. Aqui estamos somente
recontando o assunto, mas vale a pena considerá-lo bem depois. Não temos
problemas só com os pecadinhos que cometemos de vez em quando; esses pecados
que cometemos demonstram que há algo radicalmente mal em nossa natureza que
pode voltar a aparecer depois; não importa quantas vezes tenhamos sido
justificados, a natureza adâmica que herdamos, é maligna e enquanto andarmos na
carne, não importa que tenhamos sido perdoados do pecado, voltaremos de novo a
pecar, porque a carne está vendida ao poder do pecado, e o perdão é para limpar
os pecados cometidos; mas a carne segue produzindo pecados. Se além do perdão
não andamos no Espírito, então temos um experiência negativa de voltar a pecar,
apesar de haver sido perdoados.
A natureza do pecado
Por isso no capítulo 5 nos fala da
justificação, mas o 6 nos fala da libertação do pecado. Então, irmãos, depois
no 7, nos fala da lei do pecado e da morte em nossa carne; e olhem o que nos
diz o capítulo 7, vou lê-lo desde o versículo 14: “¹⁴Porque bem sabemos que a lei é espiritual; ...”; ou seja, a lei
expressa o que Deus manda, o que com todo o direito espera e exige do homem; a
lei é espiritual. Ninguém pode dizer que amar a Deus e ao próximo não seja uma coisa boa,
legítima e espiritual; o que Deus espera, o que Deus quer e o que nós queremos
é o espiritual; “mas (porém) eu”; o problema não é a lei, o problema sou
eu; a lei é espiritual, o que Deus espera é espiritual, o que Deus demanda é
espiritual, o direto de Deus é legítimo, o problema sou eu, “... mas eu sou
carnal, (e agora não somente carnal,
senão que quando ando na carne, há um problema) vendido sob o pecado”. Quando fui vendido ao pecado? Quando meu
primeiro pai, Adão, tomou a decisão de abrir as portas ao pecado. A natureza do
pecado que estava fora de Adão, antes estava só em satanás e nos anjos caídos.
Enquanto Adão se mantinha fiel, o pecado estava fora de Adão; mas quando Adão
decidiu participar do pecado, também a natureza humana foi submetida ao poder
do pecado.
Então agora, fixem-se como chama Paulo
em Efésios capítulo 2. Quero que os irmãos mais novos, para entender um pouco a
si mesmos e não desanimar-se pelo caminho ao entender que não são tão bons como
esperavam, entendam esta palavra. Efésios capítulo 2: “¹E vos vivificou, (Cristo) estando
vós mortos em ofensas e pecados, ²Em que noutro tempo andastes segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, (e agora observem
aqui nesta frase, aqui há dois graves problemas) do espírito que agora opera nos filhos da desobediência”.
Primeiro
fixem-se nesta palavra, não só desobediência, senão “... filhos da desobediência.”;
ou seja. que a desobediência produziu filhos. A desobediência produziu muitas
outras desobediências; porém diz algo mais, o espírito de satanás opera nos
filhos da desobediência, ou seja, o que tem herdado de Adão. Os filhos da
desobediência são um aeroporto totalmente habilitado, aberto para aterrissagem
de todos os espíritos malignos; os espíritos malignos encontram correspondência
com a desobediência adâmica, com a natureza humana herdada do nascimento
natural.
A desobediência produz desobediência
Então diz o verso seguinte: “³Entre os quais todos nós também antes
andávamos nos desejos da nossa carne, (quando estamos na carne, estamos na
desobediência e estamos sob a potestade de satanás, o espírito que opera nos
filhos da desobediência) fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos (observem esta frase) por natureza (éramos por quê? Não por desobediência,
não é que desobedeceste e então hoje começaste a ser pecador nesta coisinha,
não; aqui se trata de ser pecador por natureza) filhos da ira, como os outros também”. Então a experiência é:
filhos da ira por natureza; quer dizer, não é que você é bonzinho, mas algum
dia te descuidaste um pouco e então cometeste um pequeno pecado, mas isso não é
grande coisa. Não é esse o problema; o problema não é que o bonzinho cometeu um
pecadinho; o problema é que cada vez que nasce um ser humano, nasce um homem
mal, nasce um filho da ira, nasce um filho da desobediência por natureza. O
pecado é herdado desde a concepção. Diz o salmo : “Em pecado me concebeu minha mãe”;[2]
ou seja, a natureza pecaminosa é herdada desde a concepção no ventre da mãe; quer
dizer, quando o pai transmite sua semente, transmite o pecado. O pecado entrou
no mundo por um homem , por Adão, e
todos nós herdamos; por isso nos chama filhos da desobediência por natureza,
filhos da ira por natureza.
O pecado que mora em mim
Essa é a condição humana; não é que somos bons
e de vez em quando nos tornamos maus e depois tornamos a ser bons, não; o homem
enquanto esteja na carne, sempre é mau; enquanto se arrepende, Deus lhe perdoa;
pode andar um tempo no espírito e faz as coisas bem, mas um dia volta à carne e
aparece toda a sua maldade na sua carne; pode haver aprendido muitas
experiências, mas se desliza do espírito à carne, e ainda que seja um ancião de
99 anos, santo, pode tornar-se um velho tarado em um segundo. Não é que algo
entrou nele, não; é que ele saiu do que o protegia e o que estava retendo se
retirou; “proteção retida”. Uma vez que você toma a decisão de não depender da
graça de Cristo e estar em suas próprias forças, estás à mercê do pecado e da
morte, e a proteção está retida sobre ti, não porque Deus queira retê-la, senão
porque você não está em Cristo nem no Espírito, senão em Adão e na carne; então
por isso podem-se dar essas surpresas e acontecer pecados abomináveis, ainda
nos filhos de Deus. Não deixaram de ser filhos de Deus, mas de onde vem essa
monstruosidade entre os filhos de Deus? Porque somos filhos de Deus no
Espírito, e no dia de nossa ressurreição, o Espírito transformará nossos corpos
de morte em um corpo de glória, semelhante ao de cristo ressuscitado;[3]
enquanto isso, qualquer surpresa pode acontecer. Por isso de tantas lições
aprendidas no deserto se dão experiências como Zalmona, onde o povo se desanima
e volta e volta a cometer um pecado grave como os que antigamente cometia e
agora cada vez mais grave; isto é triste.
Por isso voltemos então ali ao que diz
em Romanos 7, para que os irmãos mais novos entendam isso na Bíblia e em suas
próprias experiências e não confiem mais em si mesmos nem em homem algum, senão
somente no Senhor Jesus. Romanos 7: “¹⁴Porque
bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido pelo pecado”.
Quem está falando isso? Paulo; mas Paulo não acabava de falar no capítulo que
havia sido morto para o pecado? E no capítulo 5 que havia sido justificado?
Claro, o sangue o justificou, a cruz o libertou, mas isso é no Espírito; se não
anda no Espírito, na carne não tem sido libertado; na carne está o que estamos
lendo aqui. Diz Paulo: “... a lei é
espiritual, mas eu (o grande
apóstolo Paulo) sou carnal vendido pelo
pecado. ¹⁵Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o
que aborreço isso faço”. Acontece isso com vocês? Aiaiai! Quantas vezes
protestamos por qualquer bobeira; quantas vezes fazemos coisas e depois; que
vergonha! Não sabemos como nos entristecer e devemos nos entristecer nós mesmos e valer-se do Senhor; não só ficarmos tristes, “... mas o que aborreço isso faço. ¹⁶E, se
faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa”. Quer dizer, o que eu
detesto, eu estou de acordo com Deus. Mas há algo em mim que não está de acordo
com Deus; isso é o estranho; não é culpa da vovozinha, não é do vizinho, não é
que a esposa tem a culpa, não é que o patrão é muito ruim, não; nunca é só a
sogra, sempre sou eu, “eu sou carnal”.
A lei do pecado e da morte
“¹⁷De
maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim”.
O
pecado já não mora só em satanás; desde Adão passou a morar na natureza humana.
Qualquer homem que nasce é um pecador que nasce; comete pecado para demonstrar
que nasceu pecador. Diz: “¹⁸Porque eu sei
que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer
está em mim, mas não consigo realizar o bem”. Por isso as boas intenções não
são suficientes; por isso todo o discurso moralista não é suficiente; por isso
todos os belíssimos provérbios de Salomão não são suficientes.
Poderíamos ler todos os Provérbios e dizer: Não, mas que beleza de Provérbios!
Mas a Bíblia não termina em provérbios; por isso veio um maior que Salomão, que
é o Senhor Jesus. A lei veio por meio de Moisés, mas pela lei ninguém, nem
sequer é justificado, muito menos libertados; pela lei é descoberto para ser
condenado; a lei só condena. A lei é boa, é de Deus, mas não pode salvar, só
nos condenar; por isso diz aqui:
“¹⁸Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o
querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. ¹⁹Porque não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero esse faço. ²⁰Ora, se eu faço o que não quero, já
o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”.
Vemos, pois, que há um poder mais forte que
nosso próprio eu, que nossa própria alma; quer dizer, a lei de Deus está fora
de nós. A lei do Espírito está no Espírito; a lei da mente está na alma, mas na
carne está a lei do pecado e da morte. Na carne opera a lei da morte,
na alma opera a lei da mente que concorda com Deus, mas não faz o que concorda.
Sei que deve ser assim, esse é o ideal, mas não é a realidade; a realidade é
outra. A lei do Espírito opera no Espírito Santo e no espírito do crente
regenerado; em seu espírito opera a lei de vida, mas em sua alma a lei da
mente, e em seu corpo a lei do pecado e da morte; e a lei de Deus está em Deus,
opera em Deus e se revela na lei de Moisés, mas a lei de Moisés manifesta que
existe uma condição misteriosa no ser humano, e aqui está descrita como nenhum
psicólogo poderia tê-la descrita. Esta é a descrição inspirada por Deus.
A luta do cristão
Diz no verso “²⁰Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que
habita em mim. ²¹Acho então esta lei em mim, (outra lei) que, quando quero fazer o bem, (quero fazer, essa é a lei da mente) o mal está comigo”. Esse é o problema. “Acho então essa lei em mim, Que, quando quero fazer o bem,...”, algo
que constantemente se repete, como a lei da gravidade, por mais que você atire
uma pedra para o céu, a pedra volta a cair, por quê? Porque constantemente a
atrai para baixo, assim sempre que estamos na carne, sempre, sempre, sempre,
ainda que tenhamos andado cem anos com Cristo, se no primeiro dia do ano cento
e um, andamos na carne, a carne nos atrairá para o pecado e para morte; podes
viver em cristo e em Cristo ser livre da lei do pecado pela lei do Espírito,
mas na carne, nunca seremos livres até o dia da ressurreição; por isso em qualquer
momento pode acontecer algo que não esperamos, se nos descuidamos, isto é, para
aprender a lição; por isso diz: “Acho
então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo”.
Por isso, irmãos, não demos lugar ao diabo; não pense que você vai poder se
controlar, não; não confie em você, invoque ao Senhor, porque ainda que você
queira não pode fazer o bem que quer e o mal que não quer pode fazer se você
não depende do Senhor e só confia em você.
Então diz: “²²Porque, segundo o homem interior, (esse é o espírito) tenho prazer na lei de Deus; ( essa é a lei de Deus, a que opera na pessoa de
Deus e está revelada nos mandamentos) ²³Mas
vejo nos meus membros outra lei, (não a de Deus) que batalha contra a lei do meu entendimento,...”. A lei
da minha mente é a da minha alma; minha alma concorda. Sim, estou de acordo em
que amar a Deus e ao próximo é o melhor, concordo, mas não faço o bem que
quero, senão o mal que não quero; em minha carne há outra lei. Então diz aqui: “²³Mas vejo nos meus membros outra lei, que
batalha contra lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado
que está nos meus membros. ²⁴Miserável homem que eu sou! (quem está falando
isso? São Paulo) quem me livrará do corpo
desta morte?” Sabem o que se chamava corpo de morte? Sabem o que fazia o
império romano com os assassinos? Quando um assassino matava um homem ou uma
mulher, tomavam o cadáver desse morto e o amarravam ao assassino para que
andasse para cima e para baixo levando seu morto, o morto que matou, decompondo-se
e apodrecendo-se, carregando isso; essa é a imagem de que fala Paulo.
Nós em Adão, somos como esses assassinos
do império romano que levamos conosco o cadáver apodrecido dos que matamos, um
corpo de morte. “Miserável homem que eu
sou! ...”. Até aqui Paulo havia
tentado solucionar as coisas por si mesmo. Querendo fazer o bem, acho em mim
esta lei: que o mal está em mim; eu quero, faço um esforço, madrugo, oro, leio,
procuro andar com Deus; agora sim vou andar com Cristo; e na semana, o que me acontece
outra vez? Então já vamos sendo conduzidos a uma pergunta. Já não é como me livrarei.
Antes dizia: vou me livrar orando mais, vou madrugar, vou ler a Bíblia, vamos
ter reuniões de jovens, vamos ter acampamento, vamos à oração, vamos a
conferência; coisas, e armamos coisas, e depois outra vez aquele mesmo monstro.
Que
aconteceu? É o problema. Antes estava dizendo: Como me livrarei? Até que
descobre que nunca pode se livrar; agora necessita de outro que não é ele
mesmo. Agora pergunta: Quem me livrará? Agora a pergunta não é como me
livrarei? Senão quem me livrará? Graças a Deus que tem sim uma resposta. “²⁵Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso
Senhor ...”. Por isso, ainda uma pessoa avançada, se se descuida e anda na
carne, pode ser surpreendida não só por um pecado pequeno, senão por um pecado
grave.
As murmurações
Então, voltemos a Números 21. Estamos em
Zalmona, versos 4, 5 e 6: “⁴Então
partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom;
porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho”. Aí está o problema,
então o que aconteceu? “⁵E o povo falou
contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que
morrêssemos neste deserto? ...”. Olhem
que sentimentos. Deus os havia feito subir, e perguntam por que nos fizeste
subir? Ou seja, prefiro, como dizendo: Estou mais confortável no Egito. A carne
está mais confortável no mundo do que caminhando com a cruz do nosso Senhor
Jesus. “... Por que nos fizestes
subir? ...”; mas diz: “... para que morramos neste deserto?...” O Senhor não atuava para matá-los, senão ao
velho homem, mas eles não entendiam que havia libertação em Cristo, vida em
Cristo; eles não estão entendendo. “...
Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma (esse é o problema da alma) tem fastio desse pão tão vil”. Isso é
delicado, porque esse pão era o maná, que era figura de Cristo.
A alma exposta às serpentes
Notemos que a alma ainda não quer as
coisas de Cristo. Às vezes a alma chega a tentar a Deus, e apesar de saber a
verdade, e apesar de ter experimentado, às vezes quer algo mais psicodélico,
algo mais forte. Digo; agora sou Cristão, agora ando por fé, não sinto o que
sentia quando estava com o LSD, com a maconha, com cocaína, com heroína; isso parecia
mais forte, mais psicodélico, mas isto de andar por fé é tão suave. Que tal que
não existe Deus e no fim eu esteja perdendo muitas orgias? Essa é a carne e
essa é a alma. “... nem água há; e a
nossa alma tem fastio deste pão tão vil. ⁶Então o SENHOR mandou entre o povo
serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel”. Isto
é até aí, é a experiência de Zalmona. Morreu muito povo de Israel; o Senhor
mesmo, diz, enviou serpentes ardentes; quer dizer, quando a pessoa se solta, se
desfaz da mão do Senhor, se solta da mão de Cristo e anda na carne, pouco a
pouco Deus vai respeitando a decisão da pessoa e vai soltando a pessoa à sua
decisão de amar mais ao pecado, amar mais ao Egito do que amar mais ao Senhor. O Senhor vai respeitando o amor que a alma
tem pelo Egito, e na medida em que a alma insiste em seguir seu próprio caminho
e não voltar para o Senhor, então a pessoa vai sendo entregue a sua própria
decisão. Antes estava protegida; enquanto a pessoa busca a Deus e busca
ser ajudada por Deus é protegida, mas enquanto a pessoa mantém a decisão de
seguir em seu pecado e começa a protestar dizendo: e a minha alma tem fastio
deste pão tão vil, não quero isto, porque me fizeste subir para morrer neste
deserto? Então que acontece? Ao soltar-se do Senhor, a alma imediatamente fica
entregue ou exposta a satanás, a estas serpentes. Por isso o nome Zalmona
significa também: proteção retida. Quando é retida a proteção? Quando a pessoa
não a quer mais. Deus não tem nenhum problema com sua terrível
monstruosidade enquanto você à confias a Ele; não importa quão monstruoso você
seja, enquanto tragas tua monstruosidade ao Senhor e Lhe digas: Senhor,
encarrega-te deste monstro que eu sou, tem misericórdia de mim!
A tentação de alguns
Deus não tem nenhum problema contigo;
Ele sabe que você nasceu assim e Ele veio para encarregar-se de Você; Ele não
se escandaliza com o que você é. Deus sabe que és ainda pior do que você mesmo
pensa; no entanto, te amou e veio ajudar-te; não importa o problema enquanto o
entregas a Ele; mas quando você não o entregas a Ele e começas a ter fastio do alimento
que vem dEle para nós, que é vil, porque você quer algo mais forte, então aí é
quando o homem se solta da mão de Deus, se desanima, e quando se desanima e se
desliza do espírito à carne e começa a acostumar-se à penumbra e acostumar-se
ao maligno, então o Senhor respeita essa decisão. Não é pela magnitude
da sua monstruosidade que o Senhor te abandona, senão porque você decidiu em
gozar da sua monstruosidade; Por isso é que Ele deixa que as serpentes venham
até você; não importa sua debilidade, se às entrega a Ele; mas se decide
gozá-la, então Ele respeita sua decisão. E por isso diz aqui: “Então o SENHOR mandou entre o povo
serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel”.
Na primeira carta de Paulo aos Coríntios
10:9, está sucintamente descrita esta jornada de Zalmona, pelas primeiras
palavras de Paulo. “⁹E não tentemos a
Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes”.
Este versículo 9 de 1 Coríntios 10 corresponde com esta jornada de Zalmona, de
densas trevas, de sombra de morte, de tocar fundo, de descobrir a malignidade
que há no ser humano.
Agora como descreve Paulo essa lição de
Zalmona? Com um verbo chave: o verbo tentar ao Senhor. “E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e
pereceram pelas serpentes”. Então Paulo está chamando isto de “tentar a Cristo”, aceitar esse desânimo, tolerar o desanimo em nosso ser,
tolerar o protesto, a crítica, a murmuração e o amor pelo que não é Cristo, o
menosprezar a provisão de Cristo. Isso é tentar a Deus, porque você continua
com isso, você descobre o mal em você. Deus sabe que isso é assim, e Ele disse:
A
guerra não é tua, a guerra é minha; o Senhor compreende o que és, e Ele
vai guerrear por você; mas se você diz: tenho fastio deste pão tão vil, Senhor.
Eu queria que mandasse um anjo, mandasse ao diabo para lá, mas parece que não é
tão sobrenatural; o Senhor não vai criar um anjo; Ele mesmo vai guerrear, mas
vai guerrear no seu espírito e vai guerrear se você quiser, vai guerrear
respeitando sua decisão, vai te ajudar se você quiser Sua ajuda.
Às vezes dizes: Se Deus quer que não
peque por que não me agarra pela orelha e me leva para o céu? Não é assim; você
deve se pronunciar. Se quer que Ele te ajude, deve dizer: Senhor, olha. Com toda sua
imaturidade, mostra as coisas ao Senhor. Olha, Senhor, quão imaturo é o meu
problema, mas o entrego a Ti, e de coração venho a Ti e me agarro em Ti e
espero somente em Ti e conto contigo e me mantenho. Então o Senhor sabe
que você o quer; como diz Paulo: Não sou eu, é o pecado que mora em mim; eu
quero fazer o bem, mas outra lei em minha carne se rebela contra a lei do meu
entendimento. A lei do meu entendimento diz: Deus tem razão; quer está com
Deus, mas há outra lei em minha carne, Que misteriosos somos! Ainda que com
nossa mente queremos fazer o bem, o mal nos acusa não só por fora; por dentro
está o mal, por dentro somos luxuriosos, por dentro somos adúlteros, por dentro
somos avarentos, por dentro somos insuportáveis, somos o pior e está sempre
dentro de nós; mas se trazemos ao Senhor, Ele pode nos ajudar; mas se toleramos
a nós mesmos, se tiramos férias, se preferimos o pão do Egito ao maná do céu,
aí é quando começamos a tentar ao Senhor.
A provisão de Deus
Não há problema com a tentação, não
importa quão grande seja, quão monstruosos sejamos, o Senhor já sabe, o Senhor
é um médico, Ele não vai se escandalizar com nenhum sintoma que encontre em
Adão; Ele sabe que esse é o homem, que estamos perdidos e que sem Sua
intervenção não podemos fazer nada. O problema é quando dizemos que a
intervenção de Deus é vil. Que pão tão vil é este! Esse é o problema, quando
não aceitamos a intervenção de Deus, quando preferimos continuar e
justificar-nos e gozar-nos em nosso pecado, então aí o que acontece? Vem as
serpentes ardentes e a pessoa já não fica somente com sua carne, senão que os
demônios que encontram correspondência nessa carne acariciada vem acrescentar à carne sua própria presença
diabólica, e já não há problema só com a carne, senão também com os demônios.
A pessoa começa com a carne, mas se não se entrega ao Senhor, virão os demônios
e o problema já será mais grave.
Primeiro pode ser uma pequena inclinação
desordenada, digamos, pornográfica; pode ser uma propaganda, mas se descuidou e
já não vai ser uma propaganda, já vai ser um programa de meia noite, e depois
já não vai ser um, senão toda a semana e depois já não poder tirar isso da
cabeça; já não vai ser só uma debilidade da carne, vão ser uma legião de
demônios oprimindo esse crente. De maneira que sendo crente, não vai ser
possuído, mas sim oprimido, terrivelmente oprimido; de tal maneira que esse
crente pode morrer e perder seu galardão. Por isso diz aqui: “Então o SENHOR mandou entre o povo
serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel”. O
que Paulo diz que aconteceu aqui? Tentaram ao Senhor. Como o tentaram?
Começando pelo desânimo; depois seguiu a murmuração, até chegar o um ponto de
haver desprezo por Cristo. Quando Cristo é desprezado, então tem que se
posicionar.
“²²Disse-lhe
Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e
não ao mundo? ²³Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a
minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele
morada.²⁴Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que
ouviste não é minha, mas do Pai que me enviou”. (João 14:22-24)
O Senhor se manifestará àquele que o
ama, não importa quão débil seja. Pode amar ao Senhor e dizer-lhe: Senhor
sara-me e Deus o sara; porque para isso ele veio; Ele veio para se encarregar
de nós. Ele se vestiu de nós e nos carregou com Ele na cruz, na ressurreição, e
Seu Espírito é todo suficiente para ajudar-nos a vencer; mas tenho que querer a
intervenção, tenho que invocá-la, tenho que querê-la, crer; tenho que comer o
maná. Mas se começo a ter fastio do maná, começo a enfastiar-me da ajuda de
Cristo, prefiro que Cristo não me ajude até que não termine esse filme.
Irmão querido, aí está o pecado. Dão-se
conta? Temos que pedir a ajuda do Senhor a tempo; não pensemos que podemos
brincar com fogo porque estamos diante de monstros assustadores; somente depois
de muito sofrimento se aprendem essas lições. Graças a Deus que esta lição
continua com outra. A provisão de Deus, que mediante o Senhor veremos a próxima
vez. Vamos orar ao Senhor.
[1]
Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo,
Bogotá D. C., Colômbia, 4 de maio de 2001.
[2] Salmos
51:5
[3] Referência
a Filipenses 3:21
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