sexta-feira, 18 de março de 2022

34ª Jornada - MONTE DE HOR

 


 


MONTE DE HOR [1]

 

“E partiram de Cades, e acamparam-se no Monte Hor, no fim da terra de Edom” .

 

                                                                                                                                 Números 33:37

O verdadeiro avanço é um juízo na carne

        Vamos dar continuidade com a série de O Livro das Jornadas e vamos a Números 33: 37-40: “³⁷E partiram de Cades, e acamparam-se  no monte Hor, no fim da terra de Edom. ³⁸Então Arão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, conforme ao mandato do SENHOR; e morreu ali no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês. ³⁹E era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no monte Hor. ⁴⁰E ouviu o cananeu, rei de Harade, que habitava no sul da terra de Canaã, que chegavam os filhos de Israel”. Até aí é a jornada do monte de Hor. Em Deuteronômio 10:6 também se refere ao mesmo. “⁶... a Moserá; ali faleceu Arão, e ali foi sepultado, e Eleazar, seu filho, administrou o sacerdócio em seu lugar”. Irmãos amados, esta jornada que estaremos considerando no dia de hoje ,é uma jornada bastante séria; é séria porque Deus é sério; Deus é sério porque Deus é santo. Devemos conhecer ao Senhor em Sua seriedade e em Sua santidade, e assim nós seremos sóbrios. Sempre que perdemos a sobriedade e a seriedade, de alguma maneira afetamos a santidade do Senhor. Se vocês observam o versículo 38, vocês podem ver que aparece um numeral específico: “... e morreu ali Arão no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito,...”. Este número 40 era o número de juízo. Eles haviam percorrido por quarenta dias a boa terra, desde Cades; desde Ritma no deserto de Cades, haviam enviado os espias; mas temeram, foram incrédulos a Deus, protestaram contra o Senhor e o Senhor por cada dia lhes fez vagar um ano pelo deserto. Quando se completaram esses quarenta anos o juízo do Senhor veio e inclusive sobre Arão. Irmãos, Deus é misericordioso, Deus é paciente, Deus é longânimo, Deus sabe esperar, mas também sabe atuar, e a lição que aprendemos hoje aqui nesta passagem e em Números 20:1, é uma lição de seriedade; temos que caminhar em seriedade com Deus.

        Vamos ver a descrição desta jornada no capítulo 20 de Números. O que diz em Número 33: 37-40, está mais desenvolvido em Números 20:22 até o capítulo 21:3; são dois textos correspondentes. Vamos, então, fazer o seguimento mais lento desta passagem e recordemo-nos que esta passagem está dentro de um contexto maior, e é o contexto maior o que ressalta as lições da passagem de hoje. “²²Então partiram de Cades; e os filhos de Israel, ...”. Que interessante! Esta partida de Cades é um avanço do povo; esta vez sim foi um avanço; a vez passada quando chegaram a Ritma no deserto de Cades, eles não avançaram, eles retrocederam, e aqui em contra partida nesse mesmo deserto de Cades, eles avançam, mas notem que eles avançam por um caminho estreito, eles avançam através do juízo do Senhor na carne. O verdadeiro avanço é um juízo na carne, é um juízo ao pecado, é um juízo ao que é meramente adâmico e ao que é meramente natural. Digamos que o verdadeiro avanço é um juízo à velha criação; só se pode avançar na nova criação. Esses dois aspectos: (a) o juízo à velha criação, aparece aqui aos quarenta anos, e aparece também resumido na morte de Arão; (b) mas também o avanço no novo homem, aparece na vitória de Horma, no capítulo 21, quando o rei de Harade se opôs a eles em Moserá, que significa prisões, porque ali vários foram tomados prisioneiros. O avanço é, pois, o novo homem, e se revela na vitória de Horma que vamos ler. Vocês recordam que antes neste mesmo Cades e nesta mesma Horma houve uma derrota. O Senhor já havia conduzido Seu povo até certo ponto; mas Seu povo não avançou e não avançaria até não julgar o que corresponde ao velho homem, o que corresponde a velha criação, o que corresponde ao adâmico; somente no novo homem, somente em Cristo, somente a nova geração, já libertada do pecado da velha criação pode realmente avançar em direção a terra prometida, que representa a plenitude de Cristo; mas é precioso poder ler essa palavra: “Então partiram de Cades; ...”. Aqui há muita misericórdia, ainda no meio do juízo. Deus faz juízo, e sem restrições diz um versículo que em Seu juízo triunfa a Sua misericórdia. (Tg 2:13) Às vezes o Senhor tem que derrubar a árvore, mas deixa a raiz, e a árvore volta a brotar e volta a crescer mais bonita do que antes. O juízo é para purificar, o juízo não é para destruir; o juízo é como uma poda; ninguém poda uma árvore para destruí-la, senão para fazê-la mais bonita; assim a poda do deserto é para fazê-lo mais belo.

        Depois da velha geração que representa o adâmico, a nova geração encaminhou-se mais além do que a velha pode encaminhar-se; a velha chegou até Cades e retrocedeu; a nova avança desde Cades, depois do juízo da carne. As coisas do Senhor avançam. “Então partiram de Cades; ...”. Que precioso que o Senhor volta e nos trás de novo a uma situação na que havíamos sido derrotados para agora vencer essa mesma situação; mas a situação só pode ser vencida se o pecado for julgado, se não houve uma substituição do velho homem pelo novo homem, Adão por Cristo, não  há avanço; e a palavra nos mostra que sim, há um avanço em Cristo. “²²Então partiram de Cades; e os filhos de Israel, toda a congregação, chegaram ao monte Hor”. O monte Hor era onde se representava o juízo, e logo em Horma, ali com o rei de Harade; representa-se a vitória no mesmo lugar onde antes houve uma derrota; o verdadeiro avanço é vencer onde fomos derrotados.

A morte de Arão

        “²³E falou o SENHOR a Moisés e a Arão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo”. Nos damos conta que é um lugar chave, um lugar fronteiriço, um lugar de verdadeiro avanço, e o que foi que falou Jeová? Falou dizendo: “²⁴Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, (e explica porque) porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá”. Aqui Deus está falando a Moisés e a Arão. Não há registro de outra falha de Moisés. De Arão há mais registros, mas de Moisés não há registro de outra falha, mas esta falha de Moisés haveria de ser julgada de uma maneira séria, porque Moisés recebeu muito. Ao que muito é dado, muito será cobrado. Moisés foi posto em um lugar privilegiado, Moisés praticamente devia representar ao Senhor; não era a ele mesmo. Quando as pessoas ouviam o que Moisés falava, sabiam que não era Moisés, sabiam que era Deus falando por meio de Moisés; portanto Moisés devia ter tido o cuidado de não falar algo diferente ao que Deus falava.

        Essa é a responsabilidade séria da autoridade espiritual. A autoridade espiritual não pode falar por si mesmo; a autoridade espiritual deve representar ao Senhor, e se o representa mal e não reconhece que houve uma má representação. Obriga Deus a vindicar-se e dizer: Este foi Moisés, este não foi Eu. Até aqui Moisés havia me representado bem, mas agora vocês vão pensar que Eu também me irrito igual a Moisés, que Eu também duvido como Moisés, que Eu bato na rocha duas vezes como Moisés; e nisso Deus não se sentiu representado. Se Moisés tivesse feito as coisas corretas, Deus não teria necessidade de intervir; mas o povo estava vendo Moisés e reconhecendo em Moisés a obra de Deus; portanto requeria-se de maneira estrita que Moisés e Arão fossem fiéis. Aqui Moisés não protesta, vamos ler. Moisés não diz: Senhor, mas foi a única falha, não; Moisés não está interessado nele mesmo, ele está interessado que Deus seja conhecido; ele está interessado na santidade de Deus; ele não está interessado em sua própria pessoa; ele prefere que Deus seja santificado e não ele; ele prefere levar sobre si o juízo de Deus para que Deus seja conhecido como santo e não fazer passar o impuro como se fosse algo leviano ou trivial. É delicado ser posto por Deus em uma posição representativa de autoridade. Todos os filhos de Deus tem uma medida representativa de autoridade. Quando o sal se faz insípido, diz o Senhor Jesus, já não serve para mais nada senão para ser pisoteado e ser pisado pelos homens. Não devemos representar mal ao Senhor, e se em algo o representamos mal, imediatamente devemos dizer: fui eu, isto foi mau, isto fui eu, aqui há um equívoco meu, me equivoquei, o reconheço, me retrato; não seja o caso de que Deus tenha que nos envergonhar para santificar-se.

        O que o Senhor lhes havia dito no capítulo anterior como vocês o podem ver, é: por que não me santificastes? O que é santificar ao Senhor? Santificar ao Senhor é mostrar que Ele é santo, que Ele é puro, separá-lo do comum, do imundo, não fazer crer que o Senhor é como nós somos. Irmãos, nós os cristãos levamos um nome mui excelso, e não devemos fazer que esse nome seja vituperado por causa de uma má representação; não devemos fazer com que o nome de cristãos não caiba em nós. Aqui diz “Arão será recolhido a seu povo, ...”. Essa é uma maneira de dizer: sua vida na terra com os companheiros da terra acabou; agora começa a viver com os que já partiram antes; será reunido a seu povo, morrerá, se ajuntará com seus avós, com Miriã que já havia morrido, com seu povo que já havia partido desta terra. Aqui o Senhor está revelando a imortalidade da alma, ou o sentido da sobrevivência da alma depois da morte e o encontro da alma com seus entes queridos e conhecidos. “Arão será recolhido a seu povo, ...”. O diz Deus; assim o disse a Abraão, assim se diz também de Isaque, se diz também de Ismael e de outros patriarcas. “Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes (aí está Arão e Moisés; é a Moisés e a Arão a quem está falando) à minha ordem, nas águas de Meribá”. Antes de passar ao seguinte verso, deixemo-lo o Espírito enfatizar a seriedade deste evento, deixemo-lo ao Espírito que nos mostre que Deus é sério.

        Em primeira Coríntios capítulo 11 diz que alguns irmãos que não discerniram o corpo de Cristo receberam certos níveis de juízo do Senhor; também nos diz que o Senhor é vingador do que faz o mal. São Paulo falando aos Tessalonicenses, lhes diz (1Ts 4:6-7) : “⁶Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. ⁷Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação”. O Senhor é vingador de todo agravo ou engano que um irmão cometa contra o outro irmão, e não de algo disto, senão de tudo isso. Não devemos permitir nenhum mínimo engano ou agravo. O que significa isto que diz: como também antes vo-lo dissemos e testificamos? Que temos testificado a esse respeito, lhes temos dado testemunho, lhes temos contado muitas maneiras como o Senhor tem corrigido aos irmãos ou irmãs que tem enganado ou agravado irmãos ou irmãs; não podemos ser indiferentes ou levianos com estas coisas porque o Senhor é vingador de todas estas coisas; cedo ou tarde sobre nós vem o juízo do Senhor; um dia nos encontramos com Ele.

O monte do juízo do Senhor

        Deus usava Moisés, usava Arão, mas Deus não ia diminuir Sua santidade; Ele dá tempo para que nos arrependamos, como diz a Jezabel: Lhe dei tempo para que se arrependa, mas não quis arrepender-se de sua fornicação. Eis aqui, eu a lanço na cama, e aos que adulteram com ela, e a seus filhos ferirei de morte, e todas as igrejas saberão que eu sou o que esquadrinho a mente e o coração;[2] todas as igrejas sabem; O Senhor o faz para que as igrejas saibam e a igreja tema; santo temor de Deus. Tem que conhecer o Senhor a sério, é melhor não aproximar-se do que aproximar-se mal. Ao princípio, ninguém se atrevia a juntar-se com a igreja, temiam a Deus e começaram a temer a Deus quando Ananias e Safira caíram mortos porque enganaram a igreja, mentiram ao Espírito Santo. O Senhor quer viver no meio de Seu povo; para isso Ele quer levantar um santuário. Habitarei no meio de vós; mas habitar com o Senhor é habitar com Fogo Santo. O Senhor quer preparar um povo que viva diante dEle em santidade e Ele terá esse povo e esse povo anelará viver e conhecer ao Senhor em santidade; os demônios não podem aproximar-se da luz; para eles estão reservadas as densas trevas exteriores. Então quando diz aqui que ninguém agrave nem engane em nada a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como já os temos dito, isto já havia sido ensinado e testificado. O mesmo diz em 1 Coríntios 11; diz que alguns por não haver discernido o corpo do Senhor, de maneira leviana participaram do pão e do cálice do Senhor, com algo leviano, sem temer ao Senhor, então come juízo para si; não o eterno, mas juízo, porque o juízo eterno foi pago na morte de Cristo; mas para aprender a santidade o Senhor deixa uma correção a Seus filhos levianos, ligeiros, irresponsáveis, superficiais, medíocres, que tem repreensão sincera do Senhor. Pelo qual, diz Paulo, alguns estão enfermos, outros estão débeis e alguns dormem, e diz que essa enfermidade, essa debilidade, ou essa morte precoce ou prematura é um castigo do Senhor; somos repreendidos pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo. O mundo é condenado; os filhos são somente castigados. Há uma diferença entre a condenação eterna e o castigo; esse castigo às vezes pode ser uma morte prematura. O caso de Arão e de Moisés; o de Moisés se verá depois, foi uma morte prematura. Deus queria que entrassem, mas fixem-se que foi prematura. “Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto (por que não vai entrar na terra? Por que não pode avançar mais?) porquanto rebeldes fostes ...”. Essa é a razão; por isso morreu no número quarenta. Quarenta é o número de juízo; porque tarde ou cedo o Senhor tem que vindicar Seu nome, Sua santidade.

        A primeira frase que o Senhor Jesus nos ensinou a orar tem esse sentido: “Pai nosso que estás no céu santificado seja o teu nome  ...”. Se nós zombamos, o menosprezamos, não o levamos a sério, se nós priorizamos nossos interesses diante dos d´Ele, não estamos santificando Seu nome. Quando Arão se submeteu ao juízo de Deus sem pedir clemência, estava santificando o nome de Deus. Arão não estava interessado em obter clemência e ficar na terra, ele estava interessado em santificar o nome do Senhor Deus. Moisés tampouco pediu clemência, Moisés acatou o juízo de Deus. Disse: Assim seja, Senhor. Justos e verdadeiros são teus juízos; para que Ele seja conhecido em sua santidade e Seu nome seja santificado. Irmãos, devemos receber a disciplina do Senhor com dignidade, para que o nome do Senhor seja santificado. Não devemos pedir que seja diminuído o juízo do Senhor. Quando quiseram dar ao Senhor Jesus vinagre misturado com mel, (isso era uma espécie de narcótico para aliviar as dores dos condenados a morte) o Senhor não bebeu esse narcótico; Ele aceitou o juízo de nossos pecados sobre Si mesmo; isso nos mostra a integridade do Senhor Jesus. Uma pessoa que se arrepende, que vem ao Senhor, deve se fazer responsável das consequências temporais de seus pecados, porque a consequência eterna foi solucionada; sem restrições, o Senhor reserva uma cruz para que nós carreguemos. Por isso ainda que Ele tenha levado a cruz na salvação eterna e definitiva, Ele quer que nós morramos com Ele, que levemos a cruz em união com ele; não que nossa cruz seja sem Ele. Nossa cruz é só com Ele, com a Sua ajuda, por Sua graça; mas devemos tomar nós a cruz que Ele nos dá cada dia, cada dia Ele nos dá uma cruz para julgar nosso pecado, cada dia somos colocados em circunstâncias onde se expõe nossa dureza, nosso egoísmo, nossa maldade, para ser julgados; se não o julgamos, bem, Deus queira que haja uma segunda oportunidade, mas se dilapidamos as oportunidades, haverá um momento em que o Senhor terá que dizer: filho, não me conheces bem, tens visto a minha bondade, mas não a minha severidade; como dizia o Senhor ao irmão Rick Joyner: Me tens conhecido como cordeiro, mas agora me conhecerás como leão: O leão é o mesmo cordeiro.

        Devemos ter entendimento da santidade do Senhor e isso é o que representa este monte aqui. “... porquanto rebeldes fostes...”; o Senhor julgou. Devemos estar interessados em que o nome e a santidade do Senhor sejam vindicados por cima de nós mesmos; como diz no Salmo: Ainda as custas de si mesmo o justo nem por isso muda, ele não sobrepõe seu interesse mesmo sabendo que vai sofrer perda por causa da justiça; o justo aceita receber esta perda, porque ele ama a justiça e ama ao Senhor. Uma pessoa nova que vem conhecer ao Senhor deve saber que tem que se fazer responsável pelas consequências dos seus pecados do passado; o Senhor o tem perdoado sincera e totalmente, mas isso não quer dizer que o Senhor não vai corrigir como filho, não vai disciplinar como filho, não vai treinar como filho; e uma maneira de treiná-lo e de formá-lo e de lhe dar o caráter de seu Pai é fazendo-lhe colher pelo menos em parte, algo do que temos semeado. Às vezes fazemos coisas impensadas, às vezes fazemos coisas pecaminosas, e não queremos levar as consequências; mas já é tarde, as consequências ficam, o monte de Hor chega; nossos pecados nos alcançam, as consequências do que temos feito, no temporal, alcança aos filhos para aperfeiçoa-los, para purificá-los. Não é que a cruz não tenha sido suficiente; a cruz de Cristo foi suficiente para salvar-nos, mas a cruz de Cristo não é só para salvar-nos do inferno; é para salvar-nos de nós mesmos; e por isso essa cruz objetiva também deve ser subjetiva e experimentada por todos nós para sermos livrados do miserável que somos; devemos aceitar o juízo de Deus sem protestar. Moisés e Arão não protestaram porque queriam honrar a Deus, esqueceram-se de si mesmos e se alegraram na santidade de Deus. “Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá”.

 

 

 

 

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Beber o cálice do juízo de Deus

        Vocês se recordam dessa outra passagem em Hebreus que nos fala de Esaú? Esaú foi descuidado; por um prato de lentilhas vendeu sua primogenitura. Rubén fornicou e perdeu a primogenitura; mas Esaú a vendeu, a menosprezou, menosprezou os direitos da primogenitura por uma bobeira, e depois diz que ainda quis a benção e a procurou com lágrimas, mas não conseguiu, porque a menosprezou. Então diz o Senhor: “¹⁶E ninguém seja devasso, (como Rubén) ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. ¹⁷Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”. (Hebreus 12:16-17) Isso não quer dizer que a pessoa não seja salva; mas o que se esperava da pessoa era possuir, tomar a terra prometida e desfrutar dela, não, já não pode; só pode chegar até um ponto onde a santidade de Deus deve ser honrada, santificada. Irmãos ao princípio eu pensava que o Senhor fazia uma espécie de seleção rigorosa e de quinhentos tomava cento e vinte, e de cento e vinte tomava setenta e de setenta tomava doze e de doze tomava três; mas depois fui entendendo, que não é o Senhor que seleciona, senão o homem que se aparta, o homem se desqualifica, ele mesmo se desqualifica por não está próximo do Senhor. Aqueles três que estavam com Ele foi porque o Senhor os considerou qualificado para estar com Ele; os outros teriam criado problemas. E se o Senhor houvesse tomado aos doze e esses doze não houvesse estado a altura de acompanhar o Senhor em certas coisas, que haveria acontecido? É porque nós não estamos a altura de acompanhar ao Senhor, que não lhe acompanhamos em certas coisas; só podemos acompanhá-lo até certo ponto, mas o Senhor queria poder encontrar em nós a disposição para podermos acompanhá-lo um pouco mais. Ainda ao três, o Senhor lhes disse: ficai aqui e esperai, que vou um pouco mais adiante; o Senhor os deixou ali, porque eles não podiam acompanhar-lhe até onde Ele ia, e sabem qual era o caminho a seguir e onde Ele ia? Ele ia beber integralmente o cálice do juízo de Deus. O caminho do Senhor é julgar o pecado até o último cantinho; isso fez o Senhor. O senhor percorreu esse caminho e não se perdoou nada; nem sequer um narcótico para diminuir suas dores; Ele aceitou o juízo de Deus pelo pecado, porque Ele veio honrar o Pai, a vindicar o Pai, que foi desonrado por satanás. O Senhor Jesus veio honrar o Pai e desfazer as obras do diabo. O diabo ofendeu a Deus, atuou como uma criatura com profunda ofensa ao Deus santo que o havia feito tão glorioso e lhe havia dado a visão da glória de Deus. Agora, Ele veio e se fez homem; o Senhor Jesus se fez homem e se colocou em posição de criatura para ser provado como criatura e honrar a

 

 

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Seu Pai que foi desonrado pela criatura; e veio para submeter-se a prova, e julgou o pecado até as últimas consequências, e esteve disposto a levar sobre Si o último juízo do pecado. Agora, seguir ao Senhor é beber o cálice do Senhor, é ser batizado com o Senhor, em estreita união com o Senhor, o último resquício de pecado em nosso próprio ser. Se nós não julgarmos o pecado em nosso próprio ser, não podemos acompanhar o Senhor até onde Ele manda; só podemos acompanhá-lo até onde julgamos o pecado; só podemos acompanhá-lo até onde somos semelhantes a Ele, naquilo que diferimos dEle, naquilo que não julgamos como Ele julga, naquilo não podemos acompanhá-lo. Moisés e Arão não puderam acompanhá-lo; Josué e Eleazar puderam acompanhá-lo, que representam a nova geração, que representam o novo homem, que representa a Cristo. Irmãos, somos nós os que nos excluímos a nós mesmos de estar com o Senhor; somos nós que preferimos a escuridão, a penumbra, o pecado, porque o que anda no pecado, permanece nas trevas e não vem a luz para que não se descubra que suas obras são más; mas o que faz suas obras em Deus vem à luz para que se descubra e está constantemente vivendo à luz para ser descoberto e para ser julgado pela cruz de Cristo, julgar-se a si mesmo; até aí pode estar com o Senhor, até aí pode caminhar com o Senhor. Se alguém quer caminhar com o Senhor tem que levar a sério, tem que firmar seu rosto para Jerusalém e para o Calvário; não há outra maneira de acompanhar ao Senhor; há muita gente que se diz cristã, mas acompanha o Senhor Jesus de longe. Oxalá o Senhor possa ter mais pessoas por perto; Ele quer que estejamos próximos a Ele.

As vestiduras de Cristo

        “²⁵Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor. ²⁶E despe a Arão as suas vestes, e veste-as em Eleazar, seu filho, porque Arão será recolhido e morrerá ali”. As vestiduras representavam a Cristo, as vestiduras sacerdotais representavam o revestimento de Cristo, o novo homem. O Novo Testamento fala de vestir-se de Cristo; é quando estamos revestidos de Cristo, quando estamos no novo homem que podemos ministrar o sacerdócio e podemos ser fiéis; se estamos no pecado, se estamos na carne, se não temos reconhecido com sincera dor nossos pecados, não podemos estar vestidos do novo homem nem podemos exercer o ministério; então somos excluídos do ministério quando não julgamos o pecado, porque não estamos no novo homem, senão no velho.

 

 

 

 

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        Vou contar-lhes um evento que aconteceu em Santander do Sul. Não vou dizer os nomes. Havia uma pessoa que havia sido chamada ao ministério; tinha do Senhor um chamamento ao ministério, para isso Deus o criou e para isso Deus o chamou, mas no momento da prova, havia dois caminhos diante dele: ou aceitava dedicar-se a servir ao Senhor, a servir Seu povo naquela região, ou aceitava um bom salário na polícia, oferecido pelo diabo. O diabo vai sempre te oferecer uma alternativa contrária ao serviço do Senhor; e ele tinha que tomar a decisão: ou aceitava assumir a responsabilidade de cuidar dos santos naquela região, incluso alguns irmãos o iam enviar, mas muito mais o Senhor que o havia chamado, ou preferia dedicar-se a si mesmo, a sua família, as suas coisas, ganhar um bom salário da terra. Esta pessoa tomou a decisão definitiva de servir a polícia, e no dia seguinte de ter tomado a decisão, se afogou num rio. Ele foi chamado para isso, mas tomou a decisão errada; ele se esqueceu que ele pertencia a Deus e que nada que está na terra é para si mesmo; tudo foi feito por Ele e para Ele; e quando aquele tomou a decisão equivocada, já a tomou tão fortemente, que o Senhor não lhe deu outra oportunidade; sua decisão foi tão definitiva e ofendeu ao Senhor com tal desprezo, que o Senhor lhe disse:Bem, que vais fazer mais na terra? Já não há mais nada que você possa fazer na terra; vem para cá; e a oportunidade de servir a Deus lhe foi tirada. Que Deus tenha misericórdia de nós e tomemos decisões definitivas pelo Senhor, porque não sabemos se haverá outra oportunidade; para Esaú não houve.

        “²⁵Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor. ²⁶Edespe a Arão as suas vestes, (já não vai mais exercer) e veste-as em Eleazar, seu filho,...”. Como diz o Senhor: “...para que ninguém tome a tua coroa”. Vocês recordam isso? Vamos lê-lo, porque é exatamente o espírito deste princípio. Apocalipse 3: “⁵O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; (então seu nome será confirmado como vencedor para o milênio) e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”. O que não vencer não será confirmado como vencedor para o milênio; pode ser um filho derrotado, mas seu nome não será confirmado para reinar mil anos. “¹¹Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome tua coroa”. Aí nos diz que existe a possibilidade de que o que Deus havia esperado que fizéssemos e não fizemos, perdemos o que nos pertencia por não fazermos o que tínhamos que fazer. A vontade de Deus, é que fosse você e tiveste a oportunidade, mas a menosprezaste; então agora podes chegar até aqui, mas não podes ir mais além. Por isso, irmãos, isto é delicado. Ninguém tome nossa coroa; sejamos sérios, porque Deus é santo.

 

 

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Números 20: “²⁷Fez, pois, Moisés como o SENHOR lhe ordenara; (não há registro de protesto, senão santa obediência) e subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação. ²⁸E Moisés despiu a Arão de suas vestes, e as vestiu em Eleazar, seu filho; (agora o que não pôde fazer Arão e Arão deveria ter feito, o vai fazer Eleazar; Eleazar tomou o lugar de Arão por culpa de Arão. Josué tomou o lugar de Moisés por culpa de Moisés) e morreu Arão ali sobre o cume do monte; e desceram Moisés e Eleazar do monte”. Todavia não veio o juízo de Moisés porque Moisés ainda tinha um trabalho para fazer, mas o que haveria de ser feito em Canaã caberia a Josué no lugar de Moisés. “²⁹vendo, pois, toda a congregação que Arão era morto, choraram a Arão trinta dias, toda a casa de Israel”. Mas agora olhem o que seguia dizendo em Números 33 e o que diz aqui em Números 21. Fixem-se em que momento astuto aparece satanás; quando estavam de luto, quando haviam exercido o juízo de Deus e Sua santidade e glória haviam sidos vindicados, nesse momento quando eles estão tristes é quando satanás aproveita e aí vem. “¹Ouvindo o cananeu, rei de Arade, que habitava para o lado sul, (esta foi a experiência complementária no monte de Hor) que Israel vinha pelo caminho dos espias, pelejou contra Israel, e dele levou alguns prisioneiros”. Por isso é que aquele lugar se chamou Moserote que significa prisões e uma dessas prisões era Moserá. O singular de Moserote é Moserá, o lugar onde estava o monte Hor; Moserá era um dos lugares de Moserote. Moserote é um plural, e esse lugar se chamou Moserote por causa destes prisioneiros, aqui é aonde  foi concedido a Arão a previsão de sua morte como faz o Senhor. O Senhor deixa que façamos a previsão do que há de acontecer e nos dá a oportunidade de prepara-nos, mas depois já chegou o momento de ir-se; depois de havermos nos preparados há que ir-se. Em Moserá, fica o monte de Hor, lugares onde alguns dos israelitas foram tomados prisioneiros.

As batalhas de Deus

        “²Então Israel fez um voto ao SENHOR, dizendo: Se de fato entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades”. Olhem que diferença! A vez passada neste mesmo lugar eles tiveram temor de aplicar o juízo de Deus, tiveram temor dos cananeus, tiveram temor de tomar suas cidades e pelejar a guerra de Deus, porque eram as batalhas de Deus. Irmãos, estamos aqui para pelejar as batalhas de Deus, as batalhas de Jheová; esse é o livro que todavia está sendo escrito no céu; o livro das batalhas de Jheová. Israel temeu aquela vez, então Deus pelejou com Israel; depois quiseram pelejar por si mesmos, mas já não podiam, já era tarde; era quando devia ter sido. Isto o digo para que não sejamos levianos; temos que conhecer

 

 

 

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o caráter de Deus, não seja que o tomemos por pouco e digamos: Não, Deus vai nos perdoar; assim que fiquemos tranquilos, Deus é muito bom, Deus vai nos perdoar; e assim de nos vai perdoar, nos vai perdoar, nos vai perdoar, vamos burlando a santidade do Senhor, vamos desconhecendo-o e fazendo-nos mais diferentes dEle e mais parecidos ao diabo. Ele não pode ficar quieto, tem que atuar, e Ele atua. Aqui o povo fez um voto muito diferente ao da vez passada em Ritma, no deserto de Cades; agora o povo, havendo conhecido o juízo de Deus, conhecendo mais a Deus, agora já era uma posição mais avançada, um conhecimento mais profundo do Senhor, disse o povo: “...Se de fato entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades.”; é dizer, eu vou aplicar o juízo, Senhor, com teu socorro. Se Tu o entregas, eu aplico o juízo; Senhor, se me ajudas eu caminho por este caminho, só se o Senhor quiser; se me ajudas eu ando por aqui. Se entregares este povo na minha mão. Os gigantes, os cananeus, representavam as potestades de satanás, as pessoas que estão com o diabo; eu destruirei suas cidades, suas fortalezas; é dizer aplicarei Teu juízo. Aqui está o que Deus queria de Israel, que Israel fosse veículo de Seu juízo contra os cananeus.

        Para que criou Deus o homem? Porque havia criado uma criatura e ela se rebelou. Deus como Deus não vai julgar essa criatura. Deus fez uma criatura, o homem, para que estando em uma situação inferior a essa criatura vindique o nome de Deus e envergonhe a satanás. Satanás foi desobediente; uma criatura menor, o homem seria obediente. Agora o homem se complicou com satanás; mas o Senhor também o sabia, e veio Ele e se fez homem e o julgou; e agora quer, necessita um povo, necessita companheiros que apliquem seu juízo a satanás. “...Se de fato entregares este povo na minha mão,destruirei totalmente as suas cidades”. Senhor,Tu julgaste a satanás, mas Tu queres que ele também seja posto em breve em baixo de nossos pés, sob os pés da igreja. Está sob os pés do Senhor, mas tem que estar em baixo de nossos pés;o pecado, o mal, o oculto, o perverso tem que ser envergonhado, tem que ser como o Senhor o expôs publicamente e o expôs a vergonha pública, mostrou quem é satanás, mostrou toda a sua sutileza refinada, para que o juízo de Deus seja também exercido pela igreja. Por isso a igreja julgará também os anjos; mas como seremos facultados para julgar os anjos, sem julgar primeiro o pecado em nós mesmos? Quando julgamos o pecado em nós mesmos e não toleramos em nós  um ápice, nisso estamos sendo capacitados para julgar os anjos e ainda os caídos. O Senhor julgou a satanás, então o Senhor o porá em breve sob nossos pés; mas temos que julgar satanás em nossa carne e em nosso ego; aí é onde temos que julgá-lo.

 

 

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        “³O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, (Aleluia! A vez passada não a escutou, mas agora sim) e lhe entregou os cananeus; e os israelitas destruíram totalmente, a eles e às suas cidades;...”. Quem? Deus. Pela mão de quem? Do Seu povo. Como queremos que haja uma mudança na Colombia, uma mudança na civilização, uma verdadeira mudança na civilização? Somente julgando o pecado em nós mesmos e vivendo nesta terra diante das pessoas como alguém em quem vive Cristo, e juntos, devemos viver em Cristo, ser uma proposta de Deus ao mundo; então as cidades serão destruídas, a civilização será mudada; não de outra maneira, não com discursos. O problema é o pecado, não é uma questão nem de política nem de filosofia, de arte, de estética; isso é o que nos destrói, destrói a tua família, tuas relações familiares; isso é o que destrói as relações sociais, o que destrói a relação com a natureza, é o pecado; esse é o cananeu, esse é o que deve ser julgado. O Senhor Jesus o julgou. Até aonde seguimos ao Senhor Jesus? Até aonde o acompanhamos? Seremos a grande multidão ou seremos os íntimos? Ele quer íntimos; quem quer seguir-lhe? “...a eles e às suas cidades; e o nome daquele lugar chamou Hormá.”, que quer dizer destruição. Aqui vemos o juízo de Deus exercido a favor e por meio do Seu povo. Na morte de Arão vemos o juízo de Deus em Seu povo, mas em Hormá vemos o juízo de Deus através do Seu povo sobre satanás. Se não julgamos satanás em nossa carne e em nosso ego não vamos poder julgar o inimigo; primeiro temos que ser diferentes dele, e para ser diferentes dele temos que ser provados; por isso Deus permite que sejamos provados, por isso Deus permite que haja tentações, que haja circunstâncias difíceis; as vezes não entendemos a Deus, por que nos deixa ser tentados, por que nos deixa passar situações difíceis, por que é que necessitamos pronunciar-nos. Nossas pronuncias diárias, constantes, são necessárias; desta maneira comprovamos que caminharemos com o Senhor Jesus e que reinaremos com o Senhor Jesus, mas temos que ser provados; nosso amor ao Senhor tem que ser comprovado por seguir a Ele, e segui-Lo é julgar o pecado que há em nós; e para ter ocasiões de julgá-lo Deus permite as tentações e as provas. Como diz: Eu tenho deixado alguns cananeus para que o povo conheça a guerra; porque não a conhece, para que conhecendo-a a ensinem, ensinem a guerra aos que não conhecem. Irmãos, estamos em guerra contra satanás, mas para vencer satanás temos que vencer a nós mesmos; para vencer-nos a nós mesmos temos que estar em comunhão íntima com o Senhor Jesus. Creio que esta lição do monte de Hor é sumamente séria, porque Deus é sério e quer que andemos em seriedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Ensino à igreja na localidade de Teusaquillo, Bogotá D. C., Colômbia, 27 de abril de 2001.

 

[2] Referência a Apocalipse 2:20-23 

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